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Sobre Nós #4 Desigualdade

Geórgia Santos
12 de outubro de 2018

O Brasil está dividido. Sempre esteve. No quarto episódio de Sobre Nós, o tema é Desigualdade. E entre relatos nas redes sociais e depoimentos de quem mora ou trabalha na rua, a desigualdade aparece.

 

PodCasts

OUÇA Bendita Sois Vós #4 E agora?

Geórgia Santos
12 de outubro de 2018

No primeiro programa depois da eleição, os jornalistas Geórgia Santos, Igor Natusch, Flávia Cunha, Evelin Argenta e Renata Colombo discutem os rumos da política nacional. Alguma estratégia teria mudado o resultado dessas eleições? Quais são os desafios de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) par ao segundo turno? E agora?

O entrevistado é o professor e cientista político Augusto de Oliveira. No quadro Sobre Nós, Raquel Grabauska traz o tema da desigualdade. E na semana das crianças, o que será que elas fariam na presidência?

 

Raquel Grabauska

Amor incondicional?

Raquel Grabauska
5 de outubro de 2018
Eu tive um ataque de amor e abracei meu filho menor bem forte, cherei e disse: como posso te amar tanto?
Ele: porque tu é minha mãe, ora!

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Fiquei rindo muito, claro. E depois fiquei pensando no tal amor incondicional. Eles ainda não me desafiaram a ponto de eu questionar esse amor. Por enquanto, sei que é amor incondicional porque tenho a sorte de ter dois fofos como filhos. Mesmo nos dias em que não dormem. Mesmo nos dias em que deixam os brinquedos jogados. Ou que todas as roupas incomodam. Mesmo quando eles precisam de mim a cada meio segundo. Mesmo quando eles não precisam de mim o dia todo. Mesmo que…

Ver os filhos crescendo é um desafio terno e assustador. Não é só pelas roupas que deixam de servir de um dia pro outro. Não é só porque temos que saber os nomes de todos os personagens dos desenhos animados. Não é só porque num dia tu faz a comida que eles mais amam e no outro dia eles não suportam aquela mesma comida.

É um estado de atenção, vigília. Sem trégua. Porque se a gente não está atento, deixa passar o que mais importa. Deixar de ver que eles aprenderam algo novo, que o vocabulário aumentou, que ele já sabem dizer “procrastinar”e mais, já sabem o que isso significa! Um amor incondicional. Por ora é assim. Pra sempre assim.

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OUÇA Bendita Sois Vós #3 Como decidir?

Geórgia Santos
4 de outubro de 2018

Nós já discutimos os aspectos atípicos dessa eleição. Já discutimos o que o eleitor quer e como renovar a agenda eleitoral. E agora, a poucos dias da eleição, chegou a hora de escolher. Como faz?

No terceiro episódio do Bendita Sois Vós, Geórgia Santos, Tércio Saccol e Igor Natusch discutem a escolha que está entre a democracia e a ameaça autoritária. O professor e cientista político Rafael Madeira fala sobre o caminho da democratização no Brasil e o que é o voto útil, que provavelmente decidirá a eleição.

Já a professora e cientista política Teresa Schneider Marques fala sobre poder de influência do movimento #elenão, que pode não acontecer agora. Há quem diga que o movimento das mulheres é mimimi, então a gente separou algumas declarações machistas do candidato do PSL, do seu vice e uma musiquinha deplorável de seus apoiadores que mostram a importância do #elenão.

Por isso, no quadro Sobre Nós desta semana, o Machismo está em pauta. Com direção de Raquel Grabauska, atores interpretam relatos retirados do projeto The Every Day Sexism que mostram o machismo no ambiente de trabalho. Os depoimentos estão em contraste com comentários machistas retirados de sites de notícias.

 

Clique aqui para outras formas de ouvir. Disponível no Soundcloud e Itunes.

PodCasts

Sobre Nós mistura jornalismo e arte para tratar de problemas reais do Brasil

Flávia Cunha
28 de setembro de 2018
O primeiro episódio trouxe relatos de vítimas de tortura durante a Ditadura Militar

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É quase frustrante pensar na quantidade de temas urgentes na vida dos brasileiros. Desemprego, racismo, machismo, homofobia, insegurança, baixa qualidade da educação, filas em emergências e até, mais recentemente, a ameaça do fantasma materializado da Ditadura Militar. Mas em um país desigual, os problemas não são os mesmos para todos. Enquanto a classe média foge de assaltos, há quem passe fome. Enquanto roubam seu carro, há quem não tenha farinha em casa.

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E assim, também de maneira desigual, vamos nos distanciando dos problemas que não parecem ser nossos, até que se tornem subjetivos, história, passado. Até que fiquem lá, longe

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É dessa distância que nasce o Sobre Nós, projeto de radioteatro que mistura jornalismo e arte com o objetivo de aproximar o indivíduo dos problemas que são de todos. A produção é uma parceria do Vós com o Grupo Cuidado Que Mancha e é coordenada pela jornalista Geórgia Santos e pela atriz, produtora e diretora Raquel Grabauska. A partir de depoimentos reais, de pessoas reais, atores interpretam verdades cruéis da nossa realidade. “A nossa ideia é chocar. Os brasileiros já passaram e passam por coisas horríveis, mas a gente se distancia dos outros e se recusa a enxergar a realidade alheia. Então o nosso objetivo é trazer essa realidade de forma desconfortável, pra que as pessoas fiquem mexidas e reflitam sobre a nossa sociedade”, explicou Geórgia. 

O quadro é parte do podcast Bendita Sois Vós, veiculado todas as quintas-feiras pela Rádio Estação Web e disponível para download em outras plataformas. Mas o Sobre Nós também pode ser ouvido em separado, pelo Soundcloud ou Itunes (em breve estará em outros aplicativos).

O primeiro episódio, Tortura, traz relatos de vítimas de tortura durante o período da Ditadura Militar no Brasil. O roteiro foi escrito com textos extraídos de depoimentos à Comissão da Verdade e é interpretado por Angelo Primon, Vinícius Petry, Vika Schabbach e Raquel Grabauska.

O próximo episódio vai ao ar estará disponível na próxima sexta-feira, 28, e  traz relatos do livro Quarto de Despejo, de Carolina de Jesus. Em pauta, a fome.

 

Vós Ativa

Vós se torna plataforma de jornalismo experimental – saiba o que mudou

Geórgia Santos
31 de março de 2018

Há um ano, o site existe como um portal de jornalismo colaborativo cujo foco é a reflexão sobre os temas mais sensíveis à sociedade. Agora queremos transcender a conversa: o Vós passa a ser uma plataforma de jornalismo experimental.

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Novo visual, novos formatos

Fotos: Kátia Bressane

A página está com um novo visual para atender à demanda do nosso leitor, que espera um design clean em que o conteúdo tenha o verdadeiro destaque. Com os novos espaços, o Vós passa a apresentar formatos e abordagens diferentes. Além das colunas de opinião e informação, serão produzidas reportagens especiais; séries documentais; e podcasts de edição limitada.

O Vós retoma o estilo proposto pelo New Journalism, mesclando a narrativa jornalística com a literária. Dessa forma, apresentamos um produto de qualidade e que preenche uma lacuna deixada pela falta de tempo e recorte editorial dos veículos tradicionais.

Cursos e seminários

Outra novidade do Vós são os cursos, seminários e palestras. O catálogo apresenta dois cursos desenhados especificamente para jornalistas e um seminário destinado a estudantes. Já as palestras na área da comunicação e política são moldadas conforme demanda e público.

OS TRÊS LADOS DO JORNALISMO POLÍTICO tem as eleições de 2018 na mira e cobre as áreas de análise (Ciência Política); reportagem; e assessoria. Início em 2018.

JORNALISMO E SOCIEDADE é inspirado em um curso da Universidade da Califórnia – Berkeley. Mescla as Ciências Sociais com jornalismo investigativo para provocar a mudança social. Início em 2019.

FAKE NEWS – COMO IDENTIFICAR NOTÍCIAS FALSAS NA INTERNET é um seminário oferecido a estudantes de Ensino Médio e universitários.
Gustavo Mittelman (Catraca Filmes), Raquel Grabauska (Cuidado Que Mancha), Binho Ferronatto
(Catraca Filmes), Geórgia Santos (Vós) e Emerson Zapata (Vós). Foto: Kátia Bressane

Equipe

A plataforma foi desenvolvida pela jornalista e cientista política Geórgia Santos e pelo gerente de projetos Emerson Zapata. Hoje, o Vós conta com a parceria da atriz, diretora e produtora Raquel Grabauska, do Grupo Cuidado Que Mancha; dos publicitários Gustavo Mittelmann e Binho Ferronato, da Catraca Filmes; da jornalista, produtora cultural e Mestre em Literatura Flávia Cunha; do crítico de cinema Pedro Henrique Gomes; do cientista político Sacha Nixon; do jornalista e escritor Igor Natusch; e dos jornalistas Airan Albino, Alvaro Andrade, Evelin Argenta, Fernanda Ferrão, Marcelo Nepomuceno, Renata Colombo, Samir Oliveira e Tércio Saccol.

Festa de lançamento

As mudanças foram anunciadas durante coquetel na sede do IAB-RS, em Porto Alegre. Os convidados foram recepcionados pela jornalista Geórgia Santos e pelo gerente de projetos Emerson Zapata, proprietários do Vós. Além da oportunidade de conhecer o projeto em primeira mão, também puderam apreciar a exposição fotográfica Tokyos – Retratos do Cotidiano, de Gustavo Mittelmann, montada especialmente para o evento.

Exposição Tokyos – Retratos do Cotidiano, de Gustavo Mittelmann (Foto: Kátia Bressane)

Entre os presentes estavam Giba Assis Brasil e Ana Luiza Azevedo, da Casa de Cinema de Porto Alegre; os jornalistas Cléber Grabauska e Luciano Périco, da Rádio Gaúcha e RBS TV, e Taline Oppitz, do Correio do Povo e Rádio Guaíba; Iraguassu Farias e Márcia Christofoli, da Coletiva.net.

Confira as fotos do evento

Fotos: Kátia Bressane

Pedro Henrique Gomes

15h17 – Trem para Paris

Pedro Henrique Gomes
30 de março de 2018

Uma sensação de estranhamento percorre o filme, contorna grande parte de suas cenas. 15h17 – Trem para Paris tem lá sua radicalidade, que não é, para evitar desentendimentos, uma radicalidade narrativa. Clint Eastwood entende a psique americana com precisão e coloca, tanto neste filme como em Sniper Americano, o militarismo, o valor das armas como símbolos de autonomia, liberdade e segurança contra ameaças externas, a constituição da fé e o cristianismo obstinado que se conecta a isso tudo de maneira natural e autoevidente.

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Ele está seguro de que, se há uma maneira de filmar histórias de vidas comuns que presenciam e atuam em grandes acontecimentos, é imperativo que se abrace seus personagens sem tantas certezas morais. Se ele as mantêm, o filme as coloca em conflito.

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O exemplo é, novamente (assim como em Sniper Americano), o papel do narrador na condução das possibilidades de leitura que o filme faz abrir. Os filmes de Clint, como a sociedade americana, só parecem simples. O espectador é convocado a partilhar o mundo e toda a sujeira que o sustenta a partir da convocação de estereótipos e clichês. É uma posição paradoxal e instigante esta que sua obra evidencia: Clint não faz um cinema político puro padrão, conciliador de boas intenções e de seguranças intelectuais. A vitória dos bons e a punição dos maus, lógica do faroeste de herança fordiana, comporta também alguma contradição (inclusive emocional), pois o justiçamento nem sempre determina moralmente seus filmes (ao contrário de John Ford), deixando que a consciência espectatorial elabora seus sentidos.

O republicanismo de Clint se costuma somar ao argumento na esperança de resolver a moral formal que circunda seu cinema: ele é um reacionário, até um fascista, disseram por ocasião de alguns de seus filmes, mais recentemente (de novo) sobre Sniper Americano. Se por um lado isso não parece ser algo relevante para o entendimento do filme ou para a discussão crítica, todavia chama atenção para algo que é, no ponto de vista que articulo aqui, a ambiguidade sedutora da obra recente Eastwood. É notável inclusive como o cineasta percebe que a construção do imaginário do herói, materializado na figura de Spencer Stone, é um processo que passa também por aqueles que criam imagens: a televisão e o cinema, claramente. Clint tem culpa no cartório e explicita isso, pois entre os cartazes de filmes que Stone guarda em seu quarto quando jovem há um de Cartas de Iwo Jima.

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Assim como Sniper Americano, Trem para Paris não é um filme preocupado em contextualizar “o outro lado da história”. Ao contrário, o terrorismo aparece apenas como ameaça e como ponte para a jornada de salvação da qual os três jovens americanos serão protagonistas.

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Ao filme interessa os procedimentos internos, a consagração moral de seus três personagens centrais. Por outro lado, desde a infância o aparato bélico-religioso se manifesta exigente na educação dos meninos, moldando suas personalidades, motivando-os a buscar em certos mitos de origem (o exército e Deus, nas armas e na fé cristã) o combustível para negarem certas regras comuns, seja na escola, seja em casa, seja na rua. O filme sublinha essa ambiguidade – até com certa redundância, com certo exagero visual e textual.

Ambiguidade que está carregada na própria fotografia. Pois é curioso como os elementos documentais se misturam ao jogo da ficção proposto por Clint, não apenas pelo uso de imagens de arquivo do então presidente francês François Hollande congratulando os três, mas pela própria materialidade de suas imagens encenadas. O fato dos três interpretarem eles mesmos, não sendo atores profissionais, contribui para a sensação de estranhamento geral que o filme transmite, pois é também a ideia de representação que o filme quer colocar em crise. 

Com o tempo, no contexto da filmografia de Clint Eastwood, Trem para Paris ficará condicionado ao reconhecimento de filme menor. Não sem razão, pois apesar de continuar a tradição da autocrítica recente que o cineasta vem fazendo sobre a representação do heroi clássico americano o filme já não tem a mesma força.

The 15:17 to Paris, de Clint Eastwood, EUA, 2017. Com Spencer Stone, Anthony Sadler, Alek Skarlatos, Jenna Fischer.

Geórgia Santos

30 coisas que aprendi com o Retorno de Saturno

Geórgia Santos
19 de fevereiro de 2018

O Retorno de Saturno acontece quando o planeta completa sua órbita ao redor do sol e volta ao mesmo lugar do céu em que estava no momento do nosso nascimento. É uma p* de uma piração cósmica que interfere nas nossas vidas entre as idades de 27 e 33 anos. Segundo astrólogos, é a transição crucial da infância para a vida adulta.

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Em outras palavras, o Retorno de Saturno é o período em que amadurecemos – à força

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Raramente é um ciclo tranquilo. Pelo contrário. Está muito associado a comportamentos destrutivos como o consumo excessivo de álcool e drogas. Lembra do Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e Amy Winehouse? Então, todos morreram com 27 anos. Tenso.

Eu não morri aos 27, mas foi uma tortura psicológica. Emagreci, engordei, fumei muito, parei, bebi, parei, casei, estudei, fumei mais, viajei, chorei, morri de medo, deprimi. Houve coisas boas, casei com meu amor, viajei, me diverti. Mas o drama da vida real não terminava. Era como se eu estivesse presa no Feitiço do Tempo, mas com mais frustração e letargia. Mas eu sobrevivi. Sobrevivi e entendi.

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Era o momento de decidir o que eu queria levar para a vida. Espiritual, emocional e fisicamente. E o que deixar para trás

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Amanhã eu faço 30 anos, então aqui estão 30 coisas que eu aprendi com o Retorno de Saturno

 

1. As coisas não mudam a menos que a gente faça mudar. É fundamental compreender isso desde cedo. Se a gente não alterar determinados padrões de comportamento, os resultados serão sempre os mesmos. A soma de 2 + 2 sempre será quatro;

2. Amar é fundamental para a sobrevivência de qualquer ser humano. Ame diariamente e diga em voz alta. Pessoalmente, por telefone, por escrito. Apenas diga. Sempre. E isso inclui amor próprio;

3. Se emagrecer 10 quilos em um mês com alguma dieta maluca, eles voltarão em dobro no verão seguinte;

4. NÃO precisa ter o corpo de uma Angel da Victoria Secrets para merecer atenção e se sentir bonita;

5. É importante sempre ter um docinho em casa, pois a fúria de uma vontade súbita de comer doce é incontrolável e pode estragar o dia. Mas em pouca quantidade;

6. Refrigerantes são um atraso. É sério. Só vale manter em casa uma lata de tônica para o gim e uma lata de coca-cola para acompanhar uma Fernet. Só;

7. A mentira nunca é permanente. Mas a verdade brutal às vezes machuca. Portanto não esqueça de Cazuza e suas mentiras sinceras;

8. Lágrimas são combustível. Chore bastante, sempre que sentir vontade. Jamais reprima um choro, não importa aonde estiver. Choro é liberdade;

9. Não há lugar melhor que a nossa casa;

10. Vinho é vida. Faz bem para a pele e faz bem para a alma;

11. Meditar todos os dias alivia a carga de estresse. Autoconhecimento e concentração ajudam em absolutamente todas as esferas da nossa vida em níveis inacreditáveis. O simples fato de parar para respirar no meio da loucura do dia-a-dia já tem o potencial para mudar o curso das coisas;

12. Tudo passa. Esse período é como a adolescência, tudo é muito dolorido, as reações muito viscerais, mas com o passar de alguns meses ou anos, tudo não passa de um borrão quase infantil. Acredite;

13. Os produtos naturais são infinitamente melhores que os químicos. A natureza fornece tudo o que a gente precisa para cuidar do cabelo, da pele e da casa. #Gogreen

14. Uma camiseta branca, um jeans e um tênis é tudo o que se precisa para vestir bem . Ah, e um batom vermelho;

15. Desapego é importante para seguir em frente. Faça revisões periódicas e doe as roupas que não são usadas há mais de um ano. Há quem precise delas – e muito;

16. O nosso mundo é desenhado pra que a gente acredite na necessidade de consumir tudo ao mesmo tempo agora. Simplesmente não é verdade. Provavelmente a gente tenha o suficiente para viver por anos e anos e anos e anos;

17. Viajar é fundamental. Escapar para a praia ou para o interior pelo menos a cada dois meses ajuda a colocar as ideias no lugar, fugir da violência e da pressa;

18. Não há a menor necessidade de guardar papeis velhos, recibos antigos ou contas de luz de 1912. Isso só acumula sujeira e energia e atrasa a nossa vida. É coisa de mãe, eu sei, mas uma casa organizada reflete em uma mente organizada. É muito mais fácil viver em um ambiente livre;

19. Ajudar os amigos é importante, mas jamais negligencie sua saúde mental para isso. Algumas pessoas não querem ser ajudadas e os seus próprios dramas são grandes o suficiente;

20. Comer menos carne clareia a mente. Além, é claro, de os puns ficarem menos fedorentos;

21. É vital sempre ter um remédio para dor de cabeça na bolsa. Sempre;

22. Ser gentil com todos torna a vida bem mais fácil;

23. Sorrir bastante, todos os dias, é contagiante e melhora o astral. Mesmo nos dias em que tudo parece ruim;

24. É importante ter coragem para mudar o que está errado e se afastar de quem nos faz mal;

25. Jamais trabalhe com quem não gosta de você. Um ambiente hostil pode destruir o espírito e autoconfiança de qualquer pessoa;

26. Escolha sempre a felicidade e a realização ao dinheiro. Um alto salário é atraente, óbvio, mas se não vier acompanhado de orgulho pelo ofício, não de nada vale. É fugaz;

27. Todo mundo tem (muita) celulite. E a Anitta tá aí pra não me deixar mentir;

28. As mulheres são seres extremamente resilientes. Resistem a provações inimagináveis para um homem;

29. Cinema e música curam quase tudo;

30. Nós somos responsáveis por quase tudo o que acontece em nossas vidas. Encontrar um terceiro culpado é cômodo, quase sempre óbvio, quase sempre o terceiro culpado existe, de fato. Mas reconhecer que a nossa vida é fruto das nossas escolhas é ações é a consequência dura e do amadurecimento.

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Foto: Arquivo Pessoal

Guia de Viagem

Como comer bem em outro país

Geórgia Santos
17 de fevereiro de 2018

Quando se viaja a outro país, a tendência é ser excessivamente cuidadoso com a alimentação, além de economizar ao máximo com comida. Pois eu sou o oposto. Essa foto aí em cima, por exemplo, é de um café da manhã maravilhoso no meu último dia em San Francisco, na Califórnia, Estados Unidos. Mais especificamente, um brunch no maravilhoso Kitchen Story, um lugar que me fez vibrar na mesma frequência que a cidade.

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Acredito que grande parte da experiência de conhecer um lugar novo esteja na cultura e na gastronomia

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Não acho que seja possível conhecer uma cidade sem provar sua comida, seu tempero, seu sabor. Da mesma forma, prefiro investir em um bom restaurante e ficar em um hotel modesto, por exemplo, do que comer sanduíches ou frango de supermercado para economizar. Ora, porque eu comeria um panini nas ruas de Roma se posso experimentar um belo spaghetti alla carbonara?

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Explorar os restaurantes de outro país é uma excelente oportunidade para conhecer mais sobre costumes e cultura

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Dito isso, eu tenho plena consciência que comer em outro país pode ser bastante difícil. Não somente pela resistência que algumas pessoas tem a novos sabores, mas também porque as tradições e etiqueta variam de acordo com a região. E isso pode ser bastante desconfortável.

Para evitar constrangimentos, pensei em algumas sugestões para aproveitar ao máximo as mais variadas experiências gastronômicas

  1. Coma na hora certa

Faça as refeições no mesmo horário em que os moradores locais. Dessa forma, tu não corres o risco de não ter onde almoçar caso os restaurantes fechem cedo, por exemplo. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos o jantar é bastante cedo para os padrões brasileiros, por volta das 18h. Na Inglaterra é ainda pior, no final da tarde. Por isso, se tu saíres para jantar às 21h em um desses dois países, tu vais ficar com fome;

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  1. Use os utensílios corretos – ou nenhum

É preciso ter cuidado com esse detalhe, em alguns países, comer da maneira errada pode ser uma ofensa. Então informe-se. O ideal pode ser garfo e faca, hashis, ou simplesmente comer com as mãos. O lance é dar uma espiada na mesa ao lado e copiar;

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  1. Coma sem pressa

Tu estás de férias, não precisa comer rapidão para pular para o próximo passeio. Um bom restaurante pode ser tão interessante quanto um ponto turístico. Aqui no Brasil, nossas refeições costumam ser demoradas – com exceção dos dias de trabalho e correria. O mesmo acontece na Itália, por exemplo. Então não devore um prato de pasta em 10 minutos. Saboreie;

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  1. Pesquise sobre gorjetas

Já passei muita vergonha com isso. Aqui no Brasil, é costume incluir 10% de serviço na conta final. Por isso, não temos o hábito de dar gorjeta, muito menos de 20%. Mas em muitos países, não deixar gorjeta é extremamente deselegante. Por outro lado, em lugares como o Japão é considerado ofensivo. Por isso, pesquise;

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  1. Fuja de restaurantes turísticos

Geralmente, os melhores restaurantes não estão nas proximidades dos pontos turísticos. Pelo contrário. Ali estão os lugares mais caros e com pior comida disponível. Procure os restaurantes escondidos e despretensiosos para uma ótima relação de custo benefício.


Encontrei a melhor pizza da minha vida quando me perdi em Roma. Espiei por uma porta, só vi alguns italianos. Não sabia onde estava, mas que pizza.

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  1. Coma onde os locais comem

Se você entrar em um restaurante e só enxergar turistas, há algo errado. A boa comida típica está onde os moradores estão. Uma boa pesquisa antes da viagem pode ajudar bastante. Pergunte a amigos que já visitaram o lugar.

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Geórgia Santos

Entre o Bolsa Família e uma Louis Vuitton

Geórgia Santos
5 de fevereiro de 2018

Há muitos anos são ouvidos brados retumbantes de quem é contra o Bolsa Família. Esse programa criminoso que ajuda os miseráveis a saírem da pobreza extrema, que absurdo, vejam só.

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“Onde já se viu, dar dinheiro a alguém sem que mereça”

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“As pessoas recebem esse dinheiro pra não ter que trabalhar. O povo tá sustentando vagabundo”

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“Não dá pra dar o peixe, tem que ensinar a pescar” (minha favorita)

 

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Esses são apenas três dos “argumentos” que recheiam caixas de comentários Facebook afora. Não vou entrar no mérito dos programas de mobilidade social, em cujo potencial eu acredito. Muito menos me dedico a comentar sua apropriação política, que não vem ao caso. Minha intenção é abordar o tema sob o ponto de vista humanitário.

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Você sabe o valor do Bolsa Família?

O benefício é pago de diferentes maneiras, dependendo da composição do grupo familiar e da faixa de renda. Não é um programa perfeito, mas ajuda as pessoas a superarem a linha da miséria. Há várias categorias dentro do Bolsa Família, mas para facilitar o entendimento, falemos do teto. O maior benefício possível de receber é de R$ 364,00.

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Uma família com baixo nível de renda, com CINCO crianças e DOIS adolescentes vinculados ao benefício , recebe R$ 364,00

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E isso é uma ofensa aos brasileiros, aos que se dizem cidadãos de bem e não admitem pagar pelo sustento dos outros com seus impostos, mesmo que sonegados. Compreendo perfeitamente o fato de que há pessoas que não acreditam em programas deste tipo, que não enxergam benefícios no assistencialismo, que não percebem vantagens em um auxílio como este. Compreendo mesmo, sem ironia. O indivíduo é formado por múltiplas variáveis e não sou do tipo que acredita em ideologia certa, por mais que defenda o lado que considero mais adequado à nossa realidade. Mas não compreendo como alguém pode ser desconectado da realidade a ponto de acreditar que R$364,00 é dinheiro suficiente para acomodar uma família inteira. Uma família numerosa, esquecida e marginalizada pela desigualdade cruel que assola o Brasil.

 

Hoje, quase 30% de toda a renda do Brasil está na mão de apenas 1% da população. A Pesquisa Desigualdade Mundial 2018, coordenada pelo economista francês Thomas Pektty, ainda aponta que é a mais concentração no mundo. Em termos práticos, relatório da Oxfam indica que CINCO pessoas tem patrimônio equivalente ao da METADE DA POPULAÇÃO brasileira mais pobre.

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CINCO pessoas tem patrimônio equivalente ao de CEM MILHÕES

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Nessa linha, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que metade dos trabalhadores ocupados (formais) tem renda menor que um salário mínimo. A média salarial dessa fatia da população era, em 2016, de R$ 747,00, abaixo dos R$ 880,00 estipulados para o ano. Na outra ponta do espectro social há apenas 889 MIL pessoas, que compõem a fatia dos mais abonados e recebem, em média, R$ 27 mil por mês.

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É nessa faixa privilegiada em que se encontram os magistrados do país

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Segundo o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), um juiz substituo recebe R$ 27.500 mensais, para falar apenas do salário mais baixo. É uma categoria distinta, especialmente diante da desigualdade colossal que mancha de sangue e suor a nossa sociedade. Mas não para por aí, os juízes (assim como parlamentares e outros membros dos três poderes) tem direito a um benefício chamado auxílio-moradia.

Assim como fiz com o Bolsa Família, falemos de teto. O valor máximo do benefício é de R$ 4.377, 37, número que, segundo a pesquisa já mencionada do IBGE, supera o salario de 92% da população brasileira. O benefício é um reembolso das despesas com moradia que começou com a mudança da capital brasileira para Brasília. Supondo-se que os deputados só teriam imóveis em suas cidades de origem, criou-se um dispositivo que suprisse os gastos com moradia em Brasília. Em seguida foi ampliado para outros poderes. Hoje, 17 mil juízes recebem auxílio-moradia.

Entre eles está o juiz Sérgio Moro, símbolo da justiça em sua cruzada contra a corrupção. O magistrado tem imóvel próprio em Curitiba e ainda assim recebe o teto de auxílio que, segundo ele, supre a falta de reajuste. O salário base de Moro é de R$ 28.948,00, além de gratificações.

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Mesmo assim, o cidadão de bem não se incomoda com os R$4.377,37 de auxílio-moradia, o valor de uma bolsa modelo Speedy 30 da Louis Vuitton 

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Moro não está fora da lei. O recebimento do benefício é absolutamente legal e é um direito dele. Mas está longe de ser justo e todos sabemos disso. Eu sei disso e ele sabe disso. Ainda assim, diante da injustiça que nos é esfregada na cara diariamente, falta indignação, e a única explicação que parece fazer sentido é a ilusão de uma meritocracia que ignora pontos de partida e a ofensa com uma possível mobilidade de classes. “Os juízes trabalham duro, estudaram, se prepararam, passaram em concurso, tem pilhas e pilhas de processos para análise. Quem recebe o Bolsa Família é vagabundo, não faz nada, só quer saber de mamar nas tetas do governo. Tem é que trabalhar.” É isso? O engraçado dessa história é que as tetas são as mesmas para os dois.

No final das contas, o brasileiro se ofende com o Bolsa Família mas não se importa em pagar uma Louis Vuitton para os magistrados.

Foto capa: Pixabay

Foto Sérgio Moro: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil