PodCasts

Cantinho da Leitura #4 Política também pode ser coisa de criança

Geórgia Santos
26 de fevereiro de 2021

No quarto episódio do podcast Cantinho da Leitura, política também pode ser coisa de criança. A jornalista Geórgia Santos conversa com Flávia Cunha, jornalista, mestre em Literatura pela UFRGS, produtora editorial de livros infantojuvenis e colunista do Vós.

A política está em todos os lugares. E o tema é cada vez mais comum nas conversas dos adultos, principalmente depois da eleição de 2018 e da polarização decorrente. As crianças ficam por perto e começam a fazer perguntas. Como explicar o que faz
um presidente? O que é democracia? O que é comunismo? Pois a literatura infantil pode ajudar nessa missão.

Nas sugestões de leitura para crianças, “Esopo – Liberdade para as fábulas”, de Luiz Antonio Aguiar, que é um lançamento da BrinqueBook;  “A democracia pode ser assim”, organizado por Flavio Aguiar Og Doria, do selo Boitatá, da Boitempo Editorial; o polêmico “Comunismo para crianças”, de Bini Adamczak, Editora 3 Estrelas; “A anarquia explicada aos nossos filhos”, do escritor catalão José Antonio Emmanuel, lançado no Brasil pela Edições Barbatana. Para os adultos, “Democracia”, de Charles Tilly, lançado no Brasil pela Editora Vozes; e “Como as democracias morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, da Zahar.

Raquel Grabauska

Mães empreendedoras

Raquel Grabauska
6 de dezembro de 2019

A maternidade é linda. É sim. Mas o que acontece coma gente… Dar conta do filho,  de tomar banho, escovar os dentes e seguir vivendo. E para muitas de nós, uma das angústias que surge é o trabalho.

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Como conciliar o trabalho e a maternidade?

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Pois tem uma iniciativa rolando em Porto Alegre que é de uma lindeza. Uma feira de mães empreendedoras organizada por um grupo de mães incríveis. Daniela Garcia, Andressa Gabriele da Silva e Tanise Matheus. O Clube de Mães foi criado por uma mãe que já não participa mais com o intuito de reunir mulheres com filhos de idades parecidas (era algo bem pequeno). Com o crescimento, essa mãe sentiu a necessidade de chamar as amigas para ajudar a moderar o grupo. Uma delas foi a Daniela Garcia, que depois chamou outras e assim por diante. Hoje, o grupo tomou outra proporção e já  somos mais de 20mil mães de vários lugares – mas a maior parte é da região Sul.

A feira será no Espaço Cuidado Que Mancha, na Rua Damasco, 162, em Porto Alegre.  serve para nos conhecermos pessoalmente e nos reunirmos, além de fomentar os negócios  entre mães! As feiras/eventos do Clube de Mães são sempre um sucesso e, apesar de amarmos a função, nem sempre damos conta de organizar esses eventos com a frequência que gostaríamos!

Raquel Grabauska

Amor incondicional?

Raquel Grabauska
5 de outubro de 2018
Eu tive um ataque de amor e abracei meu filho menor bem forte, cherei e disse: como posso te amar tanto?
Ele: porque tu é minha mãe, ora!

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Fiquei rindo muito, claro. E depois fiquei pensando no tal amor incondicional. Eles ainda não me desafiaram a ponto de eu questionar esse amor. Por enquanto, sei que é amor incondicional porque tenho a sorte de ter dois fofos como filhos. Mesmo nos dias em que não dormem. Mesmo nos dias em que deixam os brinquedos jogados. Ou que todas as roupas incomodam. Mesmo quando eles precisam de mim a cada meio segundo. Mesmo quando eles não precisam de mim o dia todo. Mesmo que…

Ver os filhos crescendo é um desafio terno e assustador. Não é só pelas roupas que deixam de servir de um dia pro outro. Não é só porque temos que saber os nomes de todos os personagens dos desenhos animados. Não é só porque num dia tu faz a comida que eles mais amam e no outro dia eles não suportam aquela mesma comida.

É um estado de atenção, vigília. Sem trégua. Porque se a gente não está atento, deixa passar o que mais importa. Deixar de ver que eles aprenderam algo novo, que o vocabulário aumentou, que ele já sabem dizer “procrastinar”e mais, já sabem o que isso significa! Um amor incondicional. Por ora é assim. Pra sempre assim.

Tão série

Especial Dia das Mães – Modern Family

Geórgia Santos
13 de maio de 2017

Depois de oito temporadas e inúmeros Emmys e Globos de Ouro, o sucesso de Modern Family é inegável. Não é exatamente uma série sobre mães e filhos, eu sei. Mas então por que falar dela justamente hoje? Explico. Porque acho que ela aborda maternidade de uma maneira saudável ao invés de exibir aquela imagem clichê que mostra a mãe como uma mulher perfeita ou como a fonte de todos os problemas dos filhos. Geralmente, é o tal do oito ou oitenta. Mas não em Modern Family.

A série mostra o turbulento dia-a-dia de três núcleos da – nada convencional – família Pritchet, O que nos interessa, no entanto, são as mães. Ao menos por hoje. E, nesse caso, são dois tipos bastante diferentes de mãe. De um lado temos Gloria (Sofía Vergara), a mãe superprotetora, que elogia o filho o tempo inteiro e tem certeza de que ele é a criatura mais maravilhosa do mundo. E faz tudo isso ao mesmo tempo em que sufoca o rebento e o isola do mundo real. De outro, temos Claire (Julie Bowen), bastante pragmática, que não hesita em julgar e esfregar o mundo real na cara deles. Tudo isso ao mesmo tempo em que ajuda com o trabalho de Ciências e faz cupcakes pra feira da escola.

As duas exibem uma característica que quase todas as mães tem em comum: aquele amor doido e incondicional pelos filhos

Mas o que me interessa é que as duas exibem outras características das quais quase todas as mães compartilham: elas se frustram, elas ficam com raiva, elas ficam cansadas, elas se irritam quando os filhos sabem de mais ou quando sabem de menos; não gostam quando as meninas usam roupa muito curta ou esquecem de passar maquiagem; se preocupam se os filhos saem muito, se preocupam se os filhos não saem; ficam doidas se os filhos não estudam, ficam doidas se os filhos estudam demais. E às vezes isso é demais.

Claire e Gloria nos mostram que as mães querem mandar tudo à merda, às vezes. E elas tem toda a razão.

As duas acertam e erram com seus filhos e normalizam essa humanização da família. E eu acho isso extremamente saudável. Todo mundo comete erros, e todo mundo tenta acertar enquanto isso também.

Há mães que erram mais, é verdade, como DeDe (Shelley Long), mãe de Claire e Mitchel (Jesse Tyler Ferguson). Ela bagunçou legal a cabeça dos dois, o que mostra que às vezes as mães simplesmente não conseguem lidar com a situação – ou não querem. E, às vezes, não há mãe na parada. Lily (Aubrey Anderson-Emmons) é criada pelos pais Mitchel e Cameron (Eric Stonestreet) e vai muito bem obrigada, tudo isso porque é cercada de muito amor e carinho. Afinal, é isso o que importa, né?

Enfim, Modern Family nos faz pensar sobre muitas coisas, eu acho. Tem casal com diferença de idade, tem casal homossexual, tem casal “tradicional”, tem estrangeiros, tem criança adotada, tem criança gênio e outra bem longe disso, tem gente bonita e outras nem tanto. E tem maternidade. Só falta uma coisa para Modern Family ser perfeita no quesito evolução humana na contemporaneidade: uma mulher que não queira ser mãe.

 

 

Raquel Grabauska

O Professor Robert Kelly, a mamãe e as crianças

Raquel Grabauska
17 de março de 2017

Toda semana tem um vídeo polêmico que viraliza na internet. O da semana que passou me deu um nó na cabeça: o vídeo do Professor Robert, ao vivo na TV com suas duas crianças e mais a  esposa.

Assisti e me diverti bastante. Então, comecei a ver as opiniões das pessoas e fiquei um pouco assustada com a pressa em julgar o que assistiam. Entre outras coisas,  li que:

  • ele machucou a criança;
  • ele foi estúpido;
  • a mulher era a babá;
  • a mulher era babá e ia tomar um esporro;
  • e mais outras coisas que felizmente já apaguei da memória;

Fiquei pensando nessa condição humana de sermos, constantemente, os donos da verdade. Do julgamento que fazemos em dois segundos ou menos tempo que isso

Revi o vídeo e o que vi ali foi um homem que estava trabalhando em casa ser interrompido por duas crianças. Eu sou uma pessoa que brinca muito, falo muita bobagem, talvez até demais. Mas na hora do trabalho, sou muito, mas muito séria. Não sei o que faria se um filho meu invadisse o palco durante uma apresentação minha. Eu amo meus filhos de um jeito descomunal, mas não sei se não tentaria esconder um deles embaixo de um tapete, pendurar o outro num lustre ou se não inventaria alguma outra fórmula mágica pra que sumissem naquele momento.

Se alguém que não me conhece me visse em uma situação dessas, poderia me julgar uma péssima mãe, ter pena dos meus filhos, querer me denunciar ao conselho tutelar ou sabe-se lá o quê. Calma! É só uma mãe trabalhando! E ali no vídeo, era só um pai trabalhando. E às vezes (na maioria delas!) os pais não sabem o que fazer.  E isso não nos faz nem melhores nem piores, afinal, não tem test-drive. Depois que nasceu, não tem volta.

Então, às vezes (muitas), a gente se atrapalha. E acerta e erra e acerta e erra. E é bem bom assim. Todo mundo diz que os filhos crescem rápido. E que depois morremos de saudades eles pequenos.

Vou lá assistir o vídeo novamente. Que bom poder rir um pouco! E saber que continuo sendo uma mãe que ama os filhos!

PS.: O professor Robert Kelly voltou à BBC com a família toda – dessa vez de propósito – pra falar sobre o turbilhão. Dá uma olhada aí embaixo.