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Cantinho da Leitura #33 Como falar de trabalho com as crianças

Geórgia Santos
2 de fevereiro de 2024
Capa do livro "Mamãe foi trabalhar", de Kes Gray. Créditos: Reprodução

Neste episódio do podcast Cantinho da Leitura, como falar de trabalho com as crianças. A jornalista Geórgia Santos conversa com Flávia Cunha, jornalista, mestre em Literatura pela UFRGS, produtora editorial de livros infantojuvenis e colunista do Vós.

Mães e pais muito ocupados podem gerar uma sensação de abandono nas crianças. Mas como explicar as obrigações do trabalho para os pequenos sem romantizar o excesso de obrigações profissionais?

 

A nossa convidada é Denise Ceroni, professora de Pedagogia da UniRitter, doutora e mestre em Educação, especialista em Psicopedagogia Clinica e em Educação Especial e Inclusiva, graduada em Pedagogia, com formação em Mediação de Conflitos.

Uma das sugestões de leitura é “Mamãe foi trabalhar”, de Kes Gray, lançado aqui no Brasil pela editora Globinho. A capa do livro tá na capa do episódio. Para mais dicas de leitura, aperta o play.

Raquel Grabauska

Praga de filho!

Raquel Grabauska
25 de agosto de 2023

Dias desses comentei com o namorado de um amigo que já tem filhos grandes sobre o sono que estava sentindo. Contei que meus filhos acordaram váááááááááááárias vezes durante a noite, fazendo com que eu me tornasse um zumbi matinal. Foi quando ele me disse: “Filhos pequenos dão trabalho. Filhos grandes dão dor de cabeça”. Nunca mais parei de pensar nisso. Resolvi aproveitar para me divertir um pouco com o trabalho que os filhos pequenos nos dão.

Às 10h da manhã, o filho menor pede colo para o pai. O objetivo é ver o que tem no armário das comidas. Descobriu um pirulito que jazia escondido. Começa a negociação. O pai não cede. Filho frustrado. Manha, fúria, desgosto. Por fim, desabafo: “Se eu fosse adulto, eu faria o que queria”. Certamente o primeiro ato da sua vida adulta será comer um pirulito às 10h da manhã de um feriado.

Por aqui, quando não deixamos fazer alguma coisa que querem muito, ouvimos coisas terríveis:

– Não vou te convidar pro meu aniversário!

– Não vou te emprestar os meus brinquedos!

– Não gosto mais de ti, só do papai!

– Não gosto mais de ti, só da mamãe!

– Ninguém me entende!

Nada de amor!

Essas duras palavras duram em torno de doze segundos. Daí vem o melhor abraço do mundo. Sempre. E somos novamente convidados para o aniversário. E podemos brincar com seus brinquedos. E eles ficam sabendo que os amamos.

Imagem de Rudy and Peter Skitterians por Pixabay

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Cantinho da Leitura #27 Rita Lee para crianças

Geórgia Santos
2 de junho de 2023

Neste episódio do podcast Cantinho da Leitura, o assunto é Rita Lee. A jornalista Geórgia Santos conversa com Flávia Cunha, jornalista, mestre em Literatura pela UFRGS, produtora editorial de livros infanto-juvenis e colunista do Vós. 

O legado imenso de Rita Lee para a Arte vai além da música. Muito se tem falado sobre as autobiografias da artista, mas a incursão de Rita na literatura infantil não é tão comentada. E é por isso que a gente vai fazer uma justa homenagem à também escritora Rita Lee.

Sugestões de leitura: Série Dr Alex que foram livros escritos entre 1986 e 1992 e relançados recentemente; Amiga ursa: Uma história triste, mas com final feliz, de 2019; e Dr. Alex e Vovó Ritinha: Uma aventura no espaço. Todas as obras infantis da Rita Lee foram publicadas pela editora Globinho

 

Foto: Guilherme Samora/ Globo Livros

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Cantinho da Leitura #25 Como falar de divórcio com crianças

Geórgia Santos
7 de abril de 2023

Neste episódio do podcast Cantinho da Leitura, como falar sobre divórcio com as crianças. A jornalista Geórgia Santos conversa com Flávia Cunha, jornalista, mestre em Literatura pela UFRGS, produtora editorial de livros infanto-juvenis e colunista do Vós. 

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A gente sabe que família de comercial de margarina não existe mesmo. Mas às vezes os adultos percebem que o melhor para eles é acabar com o casamento

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Dados do IBGE divulgados em fevereiro de 2023 apontam um recorde de quase 387 mil divórcios em 2021, um aumento de 17 por cento na comparação com 2020. Só que quando se trata de um casal com filhos, é inevitável que as crianças estejam envolvidas nessa mudança na vida familiar. Mas como contar para uma criança que os pais não são mais um casal? Existe uma fórmula ideal? E como a literatura pode ajudar nesse processo?

O convidado deste episódio é o psicólogo clínico Gilberto Gerson. As sugestões de leitura são: “Minha vida em duas casas”, de Fernanda Vernilo e Viviane Marques, da coleção Conto com Você; “Brincar de ser Feliz”, Libby Rees, selo Best Seller, da Editora Record; “O Grande e Maravilhoso Livro das Famílias”, Mary Hoffman, editora SM;

Dicas do especialista: “A vida mentirosa dos adultos”, da Elena Ferrante, da editora Intrínseca; “A cartilha do divórcio para filhos adolescentes“, do Conselho Nacional de Justiça; “Quando os pais se separam”, de Françoise Dolto, editora Zahar.

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Cantinho da Leitura #22 Como falar de eleições com as crianças

Geórgia Santos
30 de setembro de 2022
 
Neste episódio do podcast Cantinho da Leitura, como falar de eleições com as crianças. A jornalista Geórgia Santos conversa com Flávia Cunha, jornalista, mestre em Literatura pela UFRGS, produtora editorial de livros infanto-juvenis e colunista do Vós. O Cantinho da Leitura é um podcast parceiro da Companhia das Letrinhas.
 

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Falar sobre eleições com as crianças parece ser um grande desafio

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Afinal, muitos adultos não entendem direito o sistema eleitoral e as atribuições de cada cargo, como presidente, deputados, senadores e governadores. Mesmo assim, acreditamos que possa haver caminhos para trabalhar esse assunto com os pequenos, usando alguns recursos como os livros infantis, claro, mas também outras ferramentas, como vídeos, além de muita conversa em família.
 
Nas sugestões de leitura, Quem manda aqui? Um livro de política para crianças, de André Rodrigues, Larissa Ribeiro, Paula Desgualdo e Pedro Markun, da Companhia das Letrinhas; Meu reino por um chocolate, com texto e ilustrações de Bruno Nunes, da Trioleca Casa Editorial; Se Criança Governasse o Mundo, de Marcelo Xavier, da editora Formato.

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Cantinho da Leitura #4 Política também pode ser coisa de criança

Geórgia Santos
26 de fevereiro de 2021

No quarto episódio do podcast Cantinho da Leitura, política também pode ser coisa de criança. A jornalista Geórgia Santos conversa com Flávia Cunha, jornalista, mestre em Literatura pela UFRGS, produtora editorial de livros infantojuvenis e colunista do Vós.

A política está em todos os lugares. E o tema é cada vez mais comum nas conversas dos adultos, principalmente depois da eleição de 2018 e da polarização decorrente. As crianças ficam por perto e começam a fazer perguntas. Como explicar o que faz
um presidente? O que é democracia? O que é comunismo? Pois a literatura infantil pode ajudar nessa missão.

Nas sugestões de leitura para crianças, “Esopo – Liberdade para as fábulas”, de Luiz Antonio Aguiar, que é um lançamento da BrinqueBook;  “A democracia pode ser assim”, organizado por Flavio Aguiar Og Doria, do selo Boitatá, da Boitempo Editorial; o polêmico “Comunismo para crianças”, de Bini Adamczak, Editora 3 Estrelas; “A anarquia explicada aos nossos filhos”, do escritor catalão José Antonio Emmanuel, lançado no Brasil pela Edições Barbatana. Para os adultos, “Democracia”, de Charles Tilly, lançado no Brasil pela Editora Vozes; e “Como as democracias morrem”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, da Zahar.

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Cantinho da Leitura #3 A importância da literatura infantil antirracista

Geórgia Santos
29 de janeiro de 2021
O terceiro episódio do podcast Cantinho da Leitura trata da literatura infantil antirracista. A jornalista Geórgia Santos conversa com Flávia Cunha, jornalista, mestre em Literatura pela UFRGS, produtora editorial de livros infantojuvenis e colunista do Vós.
Para alguns especialistas, a partir dos dois anos de idade já é possível identificar racismo, ou comportamentos racistas, em crianças criadas em lares preconceituosos. Outros estudos indicam que crianças com quatro anos tendem a julgar brancos como mais ricos e bem-sucedidos. Isso mostra que, quanto mais cedo falarmos sobre o assunto, melhor.  
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Nas sugestões de leitura, “Pequeno Manual Antirracista”, Djamila Ribeiro, editora Companhia das Letras; “Amoras”, do Emicida, editora Companhia das Letrinhas; “Minha mãe é negra, sim!” de Patrícia Santana, Mazza Edições; “Meu crespo é de rainha”, Bell Hooks, editora Boitempo, selo boitatá; e “Racismo Estrutural”, de Silvio Almeida, editora Jandaíra.
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O episódio ainda traz um trecho da entrevista do professor Silvio Almeida ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em que ele explica de que forma o racismo está vinculado a todos os aspectos da vida em sociedade.
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Raquel Grabauska

O ano dos guris

Raquel Grabauska
28 de dezembro de 2019

7/1 – Benja chateou o Tom, que me disse: O benja quebrou meu sentimento;

18/1 – O Tom quer ver algo na TV e não quer que eu saiba. Daí disse: Mamãe, tu pode ir pra outro lugar? Agora a sala de TV tá ocupada pelo Tom;

20/1 – Papai, você pode ficar a noite toda acordado pra ver se eu caminho durante a noite dormindo? Eu te deixo descansar outro dia. Na verdade, quando a pessoa fica a noite sem dormir, fica cansada;

29/1 – O Tom perguntou: por que as mamães são meninas? Eu: Porque sim, só mulher pode ser mãe. Ele: Ai… Eu: Então, a partir de hoje, eu sou o papai! O Benja: Então se tu é o papai, pode ceder mais fácil, né?  Eu: Como assim? Benja: Eu pedi pra ver YouTube e tu não deixou. Pedi pro papai e ele deixou;

6/2 – Eu disse pro Tom: Sou apaixonada por ti. E ele: Ai, não quero namorar. Que nojo!

10/2 -Benja pediu um celular pra o Gonza. Pedido negado, explicações dadas, filho conformado: Criança com celular é a mesma coisa que gato comendo bacon;

22/2 – Almoço no Bar do Beto, comemoração do aniversário da Geórgia. Tom patifando. Benja: Mamãe, tu não vai dar educação pra o teu filho mais novo?

24/2 – Quarto dente do Benja que vai! Foi linda a queda do dente! Estávamos no aniversário da Alice, filha da Diva, que é a amiga mais antiga dele. Estávamos brincando os dois e o dente voou!

11/3- Li uma história sobre porco espinho pro Tom. Quase dormindo, ele disse: Mamãe, porco espinho ataca as pessoas? Eu disse: Acho que não, filho. Só se alguém atacá-lo. Tom: Acho que ninguém ataca ele, porque ele tem espetos muito afiados. Que nem minhas unhas agora. Ninguém cortou  minhas unhas…

26/3 – Benja olhando o Tom passar manteiga na bolacha: Ai, crescidinho do Benja, já tá usando faca…

28/3 – Benja fez slime no colégio e ficou um pouco duro. Uma colega disse que pasta de dente deixava mole. Ele testou, não funcionou. Conclusão: Mamãe, isso que ela leu da pasta de dentes só pode ser fake news!

31/3 – Benja dizendo nomes de filmes: Caminhada no lugar. Traduzindo: a volta dos que não foram;

12/4 – Hoje aconteceu uma das cenas mais singelas da minha vida. Madrugada, Tom com febre e eu dando homeopatia de 15 em 15 minutos. Quando fui tentar colocar as bolinhas na boca dele, ele, dormindo, deu beijinho na minha mão;

25/4 – Mamãe, não tem a cor azul no arco-íris, sabia? Não, filho. Tem uma linha faltando. E o céu reflete nela. Eu não aprendi isso na aula, é uma teoria, disse o Benja;

27/4- Benja: “Mamãe, acho que tô com febre. Meu saco tá quente. Quando tenho febre, meu saco fica quente”;

8/5 – Tom fez cocô e me chamou para limpar. Abriu o vaso e me mostrou que não tinha nada. “Eu fiz um cocô silencioso”;

7/8 – Benja foi de novo essa semana abordado para ser modelo. Fez aquela cara de “que novidade…”. Ontem ele me disse que queria pensar num jeito de ganhar dinheiro, mas sem ser modelo. Hoje ele viu minhas fotos do ensaio de ontem e me disse: tu tá desfilando como modelo, mamãe?

20/8 – Benja: Mamãe, por que gente idosa é sempre mais simpática? Idosos seriam bons vendedores de lojinha

17/12 – Montando a árvore de Natal, Benja viu os enfeites que minha mãe fez quando ele era pequeno. “Como que a Dadá sabia que eu ia gostar disso depois de grande? Ela devia me amar muito…”

24/12 – Tom quer ver Star Wars no cinema. Classificação, 12 anos. Dissemos que não rola. Ele: tenho um plano secreto… (depois confessou que vai entrar conosco no cinema para ver outro filme e vai pé por pé para a sala onde tá o filme que ele quer)

Imagem: Pixabay

Raquel Grabauska

A desigualdade pelos olhos de uma criança

Raquel Grabauska
17 de novembro de 2019

Faz tempo que tenho o hábito de ter comida no carro para quem pede na rua. Nos últimos meses, aumentou muito o número de pedintes. Tenho explicado para os meus filhos o que acontece no mundo. Explicado sobre a desigualdade. Explicado que não julguem. Explicado o impacto de não nascer “no lugar certo”, “na hora certa”.

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Esses dias, eu estava no carro com meu filho de cinco anos. Ele, com a lancheira na mão, disse:
“Mamãe, se a gente encontrar um morador de rua, vou dar meu lanche.”
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Eu quase tive um troço. Achei lindo. Ao mesmo, fiquei triste. Fiquei triste por perceber que ele, com cinco anos, entende tanto desse assunto. E seguiu.

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“Mamãe, ufa que nós temos casa, né?”
“Ufa, filho!”
“Mamãe, porque os moradores de rua não pedem pros trabalheiras fazerem casa pra eles?”
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O que responder depois disso? A lógica dele é perfeita. As pessoas precisam de casa e comida. Me comoveu a sensibilidade desse menino. Quero poder votar em algum político que tenha essa visão de mundo.

Raquel Grabauska

Educação Financeira

Raquel Grabauska
4 de janeiro de 2019

Finanças sempre foi uma coisa complicada pra mim. As contas eu sei fazer bem, mas administrar nunca foi o meu forte. A gente comete muitos erros, e quando se tem filhos, sabe que vai errar, que eles vão errar. Há uma vontade danada de que os erros deles não sejam os mesmos que os nossos.
Os guris ( 4 e 7 anos) andavam pedindo brinquedos. Só que o fervor do brinquedo novo era efêmero. Alguns dias e lá tava o pobre brinquedo atirado num canto.
Nesse fim de ano pedi pra eles separarem três brinquedos cada um para doarmos pra outras crianças. Quando vi, separaram quatro sacolas. E brinquedos bons, daqueles que eu quase disse para não dar. Fiquei orgulhosa deles e agradecida por me ensinarem esse tipo de generosidade.
Vínhamos dando mesada, para cada um o valor em R$ correspondente a sua idade. Mas nós mesmos, os pais, às vezes esquecíamos de dar ou facilitávamos a compra de um brinquedo.
Ao ver a quantidade de coisas adquiridas e ao vê-los mega felizes desenhando, brincando com uma caixa, brincando sem brinquedo algum, percebemos que estávamos falhando nesse quesito.
Instituímos com eles a mesada fixa, com nosso comprometimento em pagar em dia, desde que eles façam as tarefas deles na semana.
Tem funcionado bem. Essa semana meu filho mais velho me disse: “mamãe, eu vi um brinquedo que é um absurdo! R$ 119,00 por uma coisinha de nada!”. Ele tá entendendo como funciona. E seguiu: eu não vou gastar meu dinheiro nisso pra brincar um pouquinho e depois não dar bola”.
Num mundo tão consumista, sei que o caminho é longo. Eu realmente andava aflita com isso. Não sou de compras. Reaproveito muita coisa, estou sempre doando também.
Hoje mesmo entregamos para uma creche um carregamento imenso de brinquedos, roupas, panelas e outras costas que arrecadamos entre nós e com amigos.
A educação financeira passa sim pelo dinheiro, é claro. Mas tem mais que isso. Muito mais. Vamos aprendendo.