Raquel Grabauska

O ano dos guris

Raquel Grabauska
28 de dezembro de 2019

7/1 – Benja chateou o Tom, que me disse: O benja quebrou meu sentimento;

18/1 – O Tom quer ver algo na TV e não quer que eu saiba. Daí disse: Mamãe, tu pode ir pra outro lugar? Agora a sala de TV tá ocupada pelo Tom;

20/1 – Papai, você pode ficar a noite toda acordado pra ver se eu caminho durante a noite dormindo? Eu te deixo descansar outro dia. Na verdade, quando a pessoa fica a noite sem dormir, fica cansada;

29/1 – O Tom perguntou: por que as mamães são meninas? Eu: Porque sim, só mulher pode ser mãe. Ele: Ai… Eu: Então, a partir de hoje, eu sou o papai! O Benja: Então se tu é o papai, pode ceder mais fácil, né?  Eu: Como assim? Benja: Eu pedi pra ver YouTube e tu não deixou. Pedi pro papai e ele deixou;

6/2 – Eu disse pro Tom: Sou apaixonada por ti. E ele: Ai, não quero namorar. Que nojo!

10/2 -Benja pediu um celular pra o Gonza. Pedido negado, explicações dadas, filho conformado: Criança com celular é a mesma coisa que gato comendo bacon;

22/2 – Almoço no Bar do Beto, comemoração do aniversário da Geórgia. Tom patifando. Benja: Mamãe, tu não vai dar educação pra o teu filho mais novo?

24/2 – Quarto dente do Benja que vai! Foi linda a queda do dente! Estávamos no aniversário da Alice, filha da Diva, que é a amiga mais antiga dele. Estávamos brincando os dois e o dente voou!

11/3- Li uma história sobre porco espinho pro Tom. Quase dormindo, ele disse: Mamãe, porco espinho ataca as pessoas? Eu disse: Acho que não, filho. Só se alguém atacá-lo. Tom: Acho que ninguém ataca ele, porque ele tem espetos muito afiados. Que nem minhas unhas agora. Ninguém cortou  minhas unhas…

26/3 – Benja olhando o Tom passar manteiga na bolacha: Ai, crescidinho do Benja, já tá usando faca…

28/3 – Benja fez slime no colégio e ficou um pouco duro. Uma colega disse que pasta de dente deixava mole. Ele testou, não funcionou. Conclusão: Mamãe, isso que ela leu da pasta de dentes só pode ser fake news!

31/3 – Benja dizendo nomes de filmes: Caminhada no lugar. Traduzindo: a volta dos que não foram;

12/4 – Hoje aconteceu uma das cenas mais singelas da minha vida. Madrugada, Tom com febre e eu dando homeopatia de 15 em 15 minutos. Quando fui tentar colocar as bolinhas na boca dele, ele, dormindo, deu beijinho na minha mão;

25/4 – Mamãe, não tem a cor azul no arco-íris, sabia? Não, filho. Tem uma linha faltando. E o céu reflete nela. Eu não aprendi isso na aula, é uma teoria, disse o Benja;

27/4- Benja: “Mamãe, acho que tô com febre. Meu saco tá quente. Quando tenho febre, meu saco fica quente”;

8/5 – Tom fez cocô e me chamou para limpar. Abriu o vaso e me mostrou que não tinha nada. “Eu fiz um cocô silencioso”;

7/8 – Benja foi de novo essa semana abordado para ser modelo. Fez aquela cara de “que novidade…”. Ontem ele me disse que queria pensar num jeito de ganhar dinheiro, mas sem ser modelo. Hoje ele viu minhas fotos do ensaio de ontem e me disse: tu tá desfilando como modelo, mamãe?

20/8 – Benja: Mamãe, por que gente idosa é sempre mais simpática? Idosos seriam bons vendedores de lojinha

17/12 – Montando a árvore de Natal, Benja viu os enfeites que minha mãe fez quando ele era pequeno. “Como que a Dadá sabia que eu ia gostar disso depois de grande? Ela devia me amar muito…”

24/12 – Tom quer ver Star Wars no cinema. Classificação, 12 anos. Dissemos que não rola. Ele: tenho um plano secreto… (depois confessou que vai entrar conosco no cinema para ver outro filme e vai pé por pé para a sala onde tá o filme que ele quer)

Imagem: Pixabay

PodCasts

OUÇA Bendita Sois Vós #42 Retrospectiva 2019

Geórgia Santos
23 de dezembro de 2019

Não foi nada fácil fazer uma retrospectiva de 2019. De todo modo, todos nós, do Vós, concordamos que o ano foi marcado pelo desgoverno de Jair Bolsonaro. Então selecionamos alguns temas em que esse desgoverno se destacou. Começamos com as questões ambientais, em especial os incêndios na amazônia e vazamento de óleo – sem esquecermos, é claro, das declarações estapafúrdias do presidente.

Outro tema em destaque é a corrupção. Porque apesar de o ministro Sérgio Moroafirmar que não houve corrupção em 2019, encerramos o ano com mais notícias das rachadinhas do clã  Bolsonaro –  sem falar no escândalo da Vazajato.

Não podemos esquecer que 2019 também foi o ano em que a educação foi acossada, universidades federais atacadas e Paulo Freire, sim, Paulo Freire, demonizado. A desigualdade aumentou e o ministro da economia, Paulo Guedes, não parece se incomodar com isso. Sem contar os constantes ataques às minorias, que foram normalizados – senão institucionalizados.

Para acompanhar as discussões dos jornalistas Geórgia Santos, Tércio Saccol e Igor Natusch, selecionamos algumas das entrevistas que fizemos ao longo de 2019 para o Bendita Sois Vós. Você também pode ouvir o episódio no SpotifyItunes e Castbox.

PodCasts

OUÇA Bendita Sois Vós #15 O que levamos de 2018?

Geórgia Santos
28 de dezembro de 2018

No último episódio do ano, os jornalistas do Bendita Sois Vós perguntam o que aprendemos em 2018 e fazem uma retrospectiva dos principais acontecimentos. Foi um ano intenso em que testemunhamos, perplexos, a execução de Marielle Franco e Anderson Gomes. Em seguida, a prisão do ex-presidente Lula. Greve dos caminhoneiros, Copa do Mundo, incêndio no Museu Nacional, Bolsonaro esfaqueado, eleições, Bolsonaro eleito presidente, e agora João de Deus culpando o todo poderoso pelos crimes dos quais é acusado.

Participam da conversa os jornalistas Geórgia Santos, Igor Natusch e Tércio Saccol.

No Sobre Nós desta semana, Raquel Grabauska e Angelo Primon trazem Luis Fernando Veríssimo.

PodCasts

Sobre Nós #15 Dia da Confraternização

Geórgia Santos
28 de dezembro de 2018

No Sobre Nós desta semana, Raquel Grabauska e Angelo Primon trazem Dia da Confraternização, de Luis Fernando Veríssimo. Um ótimo conselho para o ano que termina.

Tão série

As 7 melhores séries de 2017

Geórgia Santos
30 de dezembro de 2017

É muito difícil fazer uma lista reduzindo grandes produções a números tão diminutos. Ao mesmo tempo, algumas são simplesmente melhores do que as outras. Por isso, escolhi sete séries que se destacaram em 2017 usando única e exclusivamente o critério do instinto. Lembrei dessas instantaneamente. Foram as mais memoráveis. As que mais marcaram o ano.

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Master of None

No último post, eu avisei que era importante que Master of None fosse vista antes de o ano acabar. Mas isso não impede que tu corra atrás depois da virada. Vale a pena. Afinal, o que era para ser só mais uma comédia romântica com o simpático Aziz Ansari acabou por tornar-se uma das produções mais representativas do momento em que a gente vive. Especialmente se tu estás na casa dos 30 anos. A segunda temporada tem episódio em preto e branco, episódio mudo, com e sem os protagonistas, história de amor, tolerância e, ainda por cima, o Dev falando “allora” durante o período em que ele vive na Itália – é muito fofo.

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Mindhunter

MINDHUNTER

A grata surpresa do ano. Confesso que, dentre tantos títulos do catálogo da Netflix, escolhi Mindhunter somente por causa da minha estranha obsessão com serial killers. Ou melhor, com suas histórias. Foi uma opção despretensiosa, mas que valeu a pena.

Nos anos 70, agente Holden Ford (Jonathan Groff), do FBI, se dedica a traçar um perfil psicológico para o então novo fenômeno dos serial killers. A ideia é desenvolver um método que os ajude a compreender porquê a morte quando não há “motivo”. Para isso, eles passam a entrevistar assassinos condenados. São todos personagens reais como o aterrorizante, estranho e simpático – sim, ele é – Ed Kemper (Cameron Britton).

A série foi criada por David Fincher (Seven) e é baseada em fatos reais, com uma boa dose de licença poética e suspense.

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Twin Peaks

No ultimo episódio da segunda temporada, Laura Palmer disse: “I´ll see you again in 25 years” – “Eu o verei novamente em 25 anos”. Atrasou, mas David Lynch cumpriu a promessa. E como o fez. No retorno de Twin Peaks, o diretor explora algumas lacunas das temporadas passadas e apresenta novos mistérios ao público.

Os longos episódios não são empecilho para não querer desgrudar da TV. Afinal, o suspense compensa a tensão. É uma bela obra em termos de estética e narrativa.

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The Handmaids Tale

Recomendar a série The Handmaids Tale ( O conto da Serva, em tradução livre) é um tanto desconfortável diante do contexto político no qual estamos inseridos. A obra da Hulu é uma adaptação do livro homônimo de Margaret Atwood, que apresenta um cenário distópico em que mulheres férteis são escravizadas por homens poderosos que as estupram com fins de reprodução.

Enquanto produto de entretenimento, apesar da bela fotografia e do suspense, é uma obra de linguagem arrastada por vezes, que atrasa o engajamento inicial. Mas é uma observação absolutamente pessoal, que resistiu à vontade de acompanhar aquela realidade tão distante e tão próxima. É uma produção importante e que deve ser vista. E que bom que eu insisti.

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This is Us

THIS IS US — “Last Christmas” Episode 110 — Pictured: (l-r) Sterling K. Brown as Randall, Justin Hartley as Kevin, Chrissy Metz as Kate, Susan Kelechi Watson as Beth — (Photo by: Ron Batzdorff/NBC)

A série só estreou no Brasil neste ano, mas já conquistou a quem teve a felicidade de cruzar seu caminho. This is Us é um drama familiar que inova em formato e linguagem, já que conta duas histórias paralelas com um gap temporal de mais de 30 anos.

A trama principal gira em torno de um grupo de pessoas que nasceu no mesmo dia. Na década de 80, o casal Jack (Milo Ventimiglia) e Rebecca (Mandy Moore), espera a chegada de trigêmeos. No presente, Kevin (Justin Hartley) é um ator de televisão frustrado com os papéis superficiais que interpreta; Kate (Chrissy Metz) luta contra a obesidade; e Randall (Sterling K. Brown) reencontra o pai que o abandonou quando ele era bebê.

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Veep

É quase um crime que eu ainda não tenha falado sobre a série que considero uma das melhores de sempre – e não apenas no gênero da comédia. Veep tem simplesmente um dos textos mais engraçados e ácidos da TV. É impossível não rir muito com a brilhante atuação de Julia Louis-Dreyfus no papel da ex- presidente Selina Meyer, que agora luta com todas as forças e falta de noção para não cair no ostracismo. Não à toa o papel já lhe rendeu cinco Emmys de Melhor Atriz.

O elenco é impecável e os personagens impecavelmente imbecis. E para pânico geral de todas as nações, a série é assustadoramente verossímil com suas lambanças na Casa branca e desencontros entre deputados, presidentes e quaisquer pessoas que passem por Washington DC.

Infelizmente, no momento, Julia Louis-Dreyfus luta contra um câncer. Veep deve volta para uma última temporada em 2019.

Orange is The New Black

A nova temporada começa três dias após a morte de Poussey Washington (Samira Wiley) e é de partir o coração. Mas mais do que isso, as detentas abordam temas que tem permeado a nossa realidade durante uma rebelião, como o movimento Black Lives Matter. A gente vê, através das grades da Penitenciária de Litchfield, o preconceito do nosso mundo enquanto mulheres tentam encontrar sua voz. Vale cada minutinho, cada grão de pipoca.

Voos Literários

Leituras para 2018 e uma retrospectiva de 2017

Flávia Cunha
26 de dezembro de 2017

2017 foi um ano “daqueles” para todos, eu imagino. Mas em vez de reclamar do que passou, vamos recorrer à literatura como uma forma de reagir ao momento sociopolítico conservador e tenso.

Para se inspirar com uma leitura, comece o novo ano com o novo romance da Carol Bensimon. Ela é uma das minhas escritoras favoritas pelo simples motivo de ser dona de uma escrita que me faz não querer desgrudar do livro até chegar em sua última página. Em O Clube dos Jardineiros da Fumaça , o protagonista é um professor de Porto Alegre que vai morar em uma região da Califórnia que concentra a maior produção de cannabis sativa dos Estados Unidos. Em pauta, a descriminalização da maconha, em um enredo que mistura realidade e ficção.

*Bônus Para quem não conhece o estilo da escritora, recomendo seu livro de estreia Pó de Parede.

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E agora, vamos a uma retrospectiva de textos, que podem ajudar a fazer o ano de 2018 mais literário e engajado

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Fevereiro – Dizem que o ano não começa antes do Carnaval. Nesse texto comentei sobre livros que tem a ver com a festa de Momo. Para quem não curte a folia, a leitura é sempre um  bom refúgio.

Março – O terceiro mês do ano é marcado pelo Dia Internacional da Mulher. Tem quem se contente com uma flor, mas o legal mesmo é apoiar a mobilização da mulherada nessa época do ano.  E respeitar as minas, sempre.

Abril – Primeiro de abril será a Páscoa em 2018, quando os adultos darão de presentes para a criançada muito chocolate. Mas e se ao invés disso, a opção for dar livros de presente? Aqui tem algumas sugestões de obras literatura infantil.

Maio – 2018 será um ano eleitoral, não podemos esquecer. E em maio acaba o prazo para regularizar o título de eleitor. Mas do que adianta ter esse documento em dia, se não houver uma consciência sobre os perrengues que estamos vivendo no Brasil? Esse texto pode ajudar em um reflexão sobre o assunto.

Junho – Esse também será um ano de Copa do Mundo. Se alguém por aí não é de futebol, não precisa se sentir mal. Eu, por exemplo, sou adepta do slogan da antiga MTV: desliga a TV e vai ler um livro.

Julho – Esse é um mês de férias de inverno para a criançada. E desculpem se posso parecer repetitiva, mas vale muito a pena incentivar a leitura dos pequenos.

Agosto – É o mês em que começará a propaganda eleitoral nas ruas e nos meio de comunicação. Como aguentar essa barra? Vamos de Caio Fernando Abreu que sempre dá certo.

Setembro – Eis que o nono mês chega, com aquele ufanismo do dia 7. Para quem anda meio sem vontade de compartilhar desse sentimento, recomendo esse texto sobre política e poder em um clássico literário.

Outubro – E chega o momento das eleições, em um cenário em que muita gente anda por aí defendendo a volta da ditadura. Nesse texto tem uma reflexão sobre porque devemos prezar a democracia, mesmo com seus percalços.

Novembro – Então, chegamos ao resultado das eleições. Desculpem parecer pessimista, mas o independente do resultado, o que deve rolar é o costumeiro “toma lá, dá cá”.

Dezembro – Mas não vamos desanimar. Para o último mês do ano, que tal um pouco de esperança, relembrando essa linda história da menina que salvou livros ao ter sua casa invadida pelas águas?

E em 2018 também terá novidades nessa singela coluna. Aguardem. Nos vemos no ano que vem!!