É muito difícil fazer uma lista reduzindo grandes produções a números tão diminutos. Ao mesmo tempo, algumas são simplesmente melhores do que as outras. Por isso, escolhi sete séries que se destacaram em 2017 usando única e exclusivamente o critério do instinto. Lembrei dessas instantaneamente. Foram as mais memoráveis. As que mais marcaram o ano.
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Master of None
No último post, eu avisei que era importante que Master of None fosse vista antes de o ano acabar. Mas isso não impede que tu corra atrás depois da virada. Vale a pena. Afinal, o que era para ser só mais uma comédia romântica com o simpático Aziz Ansari acabou por tornar-se uma das produções mais representativas do momento em que a gente vive. Especialmente se tu estás na casa dos 30 anos. A segunda temporada tem episódio em preto e branco, episódio mudo, com e sem os protagonistas, história de amor, tolerância e, ainda por cima, o Dev falando “allora” durante o período em que ele vive na Itália – é muito fofo.
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Mindhunter

A grata surpresa do ano. Confesso que, dentre tantos títulos do catálogo da Netflix, escolhi Mindhunter somente por causa da minha estranha obsessão com serial killers. Ou melhor, com suas histórias. Foi uma opção despretensiosa, mas que valeu a pena.
Nos anos 70, agente Holden Ford (Jonathan Groff), do FBI, se dedica a traçar um perfil psicológico para o então novo fenômeno dos serial killers. A ideia é desenvolver um método que os ajude a compreender porquê a morte quando não há “motivo”. Para isso, eles passam a entrevistar assassinos condenados. São todos personagens reais como o aterrorizante, estranho e simpático – sim, ele é – Ed Kemper (Cameron Britton).
A série foi criada por David Fincher (Seven) e é baseada em fatos reais, com uma boa dose de licença poética e suspense.
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Twin Peaks
No ultimo episódio da segunda temporada, Laura Palmer disse: “I´ll see you again in 25 years” – “Eu o verei novamente em 25 anos”. Atrasou, mas David Lynch cumpriu a promessa. E como o fez. No retorno de Twin Peaks, o diretor explora algumas lacunas das temporadas passadas e apresenta novos mistérios ao público.
Os longos episódios não são empecilho para não querer desgrudar da TV. Afinal, o suspense compensa a tensão. É uma bela obra em termos de estética e narrativa.
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The Handmaids Tale
Recomendar a série The Handmaids Tale ( O conto da Serva, em tradução livre) é um tanto desconfortável diante do contexto político no qual estamos inseridos. A obra da Hulu é uma adaptação do livro homônimo de Margaret Atwood, que apresenta um cenário distópico em que mulheres férteis são escravizadas por homens poderosos que as estupram com fins de reprodução.
Enquanto produto de entretenimento, apesar da bela fotografia e do suspense, é uma obra de linguagem arrastada por vezes, que atrasa o engajamento inicial. Mas é uma observação absolutamente pessoal, que resistiu à vontade de acompanhar aquela realidade tão distante e tão próxima. É uma produção importante e que deve ser vista. E que bom que eu insisti.
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This is Us

A série só estreou no Brasil neste ano, mas já conquistou a quem teve a felicidade de cruzar seu caminho. This is Us é um drama familiar que inova em formato e linguagem, já que conta duas histórias paralelas com um gap temporal de mais de 30 anos.
A trama principal gira em torno de um grupo de pessoas que nasceu no mesmo dia. Na década de 80, o casal Jack (Milo Ventimiglia) e Rebecca (Mandy Moore), espera a chegada de trigêmeos. No presente, Kevin (Justin Hartley) é um ator de televisão frustrado com os papéis superficiais que interpreta; Kate (Chrissy Metz) luta contra a obesidade; e Randall (Sterling K. Brown) reencontra o pai que o abandonou quando ele era bebê.
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Veep
É quase um crime que eu ainda não tenha falado sobre a série que considero uma das melhores de sempre – e não apenas no gênero da comédia. Veep tem simplesmente um dos textos mais engraçados e ácidos da TV. É impossível não rir muito com a brilhante atuação de Julia Louis-Dreyfus no papel da ex- presidente Selina Meyer, que agora luta com todas as forças e falta de noção para não cair no ostracismo. Não à toa o papel já lhe rendeu cinco Emmys de Melhor Atriz.
O elenco é impecável e os personagens impecavelmente imbecis. E para pânico geral de todas as nações, a série é assustadoramente verossímil com suas lambanças na Casa branca e desencontros entre deputados, presidentes e quaisquer pessoas que passem por Washington DC.
Infelizmente, no momento, Julia Louis-Dreyfus luta contra um câncer. Veep deve volta para uma última temporada em 2019.
Orange is The New Black
A nova temporada começa três dias após a morte de Poussey Washington (Samira Wiley) e é de partir o coração. Mas mais do que isso, as detentas abordam temas que tem permeado a nossa realidade durante uma rebelião, como o movimento Black Lives Matter. A gente vê, através das grades da Penitenciária de Litchfield, o preconceito do nosso mundo enquanto mulheres tentam encontrar sua voz. Vale cada minutinho, cada grão de pipoca.





