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BSV Especial Coronavírus #39 Razões para ficarmos atentos

Geórgia Santos
6 de janeiro de 2021

No episódio desta semana, trazemos razões para ficarmos ainda mais atentos ao Brasil do novo ano.

Antes de mais nada, o constante descaso do governo de Jair Bolsonaro com a pandemia de coronavírus. No último final de semana, o estadista mergulhou no mar de uma praia aglomerada onde foi saudado por uma horda de negacionistas.

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O Reveillon da Covid foi forte
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O ministro da saúde, general Eduardo Pazzuello, não se manifesta publicamente há duas semanas e a vacina não está nem perto de chegar, temos nem seringa.

O Reino Unido, que já está vacinando a população contra a Covid-19, entrou em lockdown. Por aqui, o presidente diz que a vacina transforma em jacaré, estimula aglomeração e não faz absolutamente nada para impedir que a pandemia se agrave. Enquanto isso, a disputa à presidência da Camara dos Deputados está acirrada. Há quem fale em frente ampla? Será?

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E para finalizar, ainda vamos falar em resoluções. Qual a tua?
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Participam do programa os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no SpotifyItunes e Castbox

Vós Pessoas no Plural · BSV Especial Coronavírus #39 Razões para ficarmos atentos
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BSV Especial Coronavírus #38 Sobre o ano de 2020

Geórgia Santos
30 de dezembro de 2020

Se você nos perguntar por onde andamos ao longo de 2020, a resposta é que nos desesperávamos. Desesperadamente gritamos em português. Gritamos de medo, por revolta, angústia, ansiedade, incerteza, dor, luto, desalento, desespero, desesperança, dúvida e mais medo.

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Desesperadamente gritamos em português por mais cuidado, mais emprego, renda, saúde, educação, mais atenção, remédios, mais médicos, empatia, respeito, máscaras, comida
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Mas não nos ouviram. O ano de 2020 fica marcado na historia do mundo como o receptáculo da pior pandemia dos últimos cem anos. E presentemente, nós, brasileiros, não podemos nos considerar sujeitos de sorte. Porque 2020, por estas bandas, fica marcado na história como o ano em que fomos abandonados à própria sorte.

Mais de 190mil brasileiros morreram vítimas do coronavírus, principalmente, porque o governo de Jair Bolsonaro escolheu ser guiado pela ignorância. Mais de 190mil famílias passaram o Natal de luto também porque o governo de Jair Bolsonaro escolheu não combater a pandemia. Mais de 190mil famílias não estão sãs, salvas e fortes porque o governo de Jair Bolsonaro escolheu ironizar medidas de proteção, incentivar o consumo de medicação não aprovada para combater a Covid-19, desacreditar as vacinas que chegam como um sopro de esperança.

Mais de 190mil brasileiros sangraram demais e pagaram a conta por termos escolhido uma pessoa que não é apenas despreparada para governar o nosso país, mas que é imoral, sádica e não, não está nem aí para a pátria, para Deus ou para qualquer família que não seja a dele.

De todas as vezes em que o brasileiro quis que um ano acabasse, o desejo nunca foi tão sincero. Mas emprestando a letra da canção de Belchior que virou o hino desta pandemia, chegamos ao último episódio do ano com o alívio de que pelo menos agora a gente já não pode sofrer no ano passado.

2021 se avizinha. Sim, com esperança, porque estamos juntos. Participam do programa os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no SpotifyItunes e Castbox

Vós Pessoas no Plural · BSV Especial Coronavírus #38 Sobre 2020
Voos Literários

Ansiedade de ano-novo

Flávia Cunha
27 de dezembro de 2019

Nesse último texto de 2019, resolvi abordar um dos males da nossa pós-modernidade, a ansiedade. Ser ansioso é cada vez mais comum e democrático, atingindo diferentes faixas etárias e classes sociais, sem discriminar ninguém. No período de fim de ano e início de um novo ciclo, os ansiosos lá estão, nervosos com os afazeres a cumprir (depois das brutais compras de Natal vem a ceia de Ano -Novo e, para alguns, férias, o que pressupõe uma grande organização ou mero nervosismo, dependendo de como a ansiedade atinge cada pessoa). E, junto, vem a pressão interna e externa para ter metas concretas para 2020: emagrecer, ter um novo emprego, ser feliz no amor, ser bem-sucedido. 

O ano “em branco”, o porvir, o desconhecido, também podem gerar ansiedade.

E a necessidade de ser feliz nesse período de festas também pode gerar o efeito oposto: melancolia, sentir-se deslocado ou oprimido. Mas como enfrentar tudo isso com o mínimo de serenidade?

No livro Mentes Ansiosas – O medo e a ansiedade nossos de cada dia, a psiquiatra carioca Ana Beatriz Barbosa Silva explica, de forma didática e acessível, do que se trata a ansiedade:

“Como tudo em medicina recebe nomes específicos, com direito a sobrenomes, foram denominados transtornos de ansiedade  quando o medo excessivo e,  consequentemente, a sua fiel companheira ansiedade passam a trazer prejuízos expressivos para a vida da pessoa. Os transtornos de ansiedade possuem diversos espectros que variam em grau, intensidade e na forma como se apresentam. Podemos percebê-los em diversas situações, tais como nas lembranças que insistem em nos perseguir após uma  experiência traumática (morte de um parente muito próximo, por exemplo); nas fobias ou no medo intenso de falar em público ou participar de eventos sociais; no temor exacerbado de determinados objetos ou animais […] Também são perceptíveis no terror (pânico) que surge do “nada” e nos dá a sensação de que podemos morrer a qualquer momento; nas preocupações excessivas com os fatos mais corriqueiros e triviais; nos pensamentos obsessivos e comportamentos repetitivos, mais conhecidos como manias, entre outros. […] Em graus variados, quando os transtornos de ansiedade já estão instalados,  inevitavelmente trarão prejuízos significativos para os setores vitais de suas vítimas (vida social, familiar, profissional, acadêmica etc.). Contudo, somente após muito tempo de sofrimento, de peregrinações em vão – entre as mais variadas especialidades médicas e não médicas –, ou quando suas vidas já estão reviradas pelo avesso, é que os pacientes procuram ajuda especializada.”

Já no livro A Terapeuta – Um Romance sobre a Ansiedade, o escritor espanhol Gaspar Hernández  aborda, em um enredo ficcional, a relação de um ator de teatro atormentado por um estresse pós-traumático e sua psicóloga, que o ajuda a manter-se em cena e a tentar lidar com a sensação crescente de ansiedade.  Interessante é perceber que o protagonista no início repele a ideia de fazer terapia, considerando-a como algo desnecessário em sua vida:

“Não tinha sofrido dano algum, não precisava de ajuda psicológica, nunca tinha precisado: suas feridas psíquicas, típicas de um homem normal e corrente, eram exteriorizadas no palco. Além disso, ir a um psicólogo teria significado se analisar, e ele não queria olhar para o próprio umbigo: mais interessantes eram os outros. Nunca antes na história tinha dado tanta importância ao eu: aquilo que gosto, meus amigos, o que penso, o que sinto. No palco precisa se desprender do ego. Se não, estaria  interpretando a si mesmo.”

Uma crise de ansiedade, no entanto, faz o personagem dar-se conta que precisa de ajuda especializada:

“Estava sofrendo um ataque do coração? Estava morrendo? Nunca tinha experimentado nada parecido. A sensação era de irrealidade. A visão do que tinha a seu redor – os pedestres, as barracas de flores, as bancas –, tudo se desvanecia numa  aquarela molhada. Não se lembrava de quantos minutos havia ficado sentado no chão, no meio da multidão. Quando viu que tinha forças para se levantar, foi até uma cabine para ligar para a psicóloga, apesar de ser verdade que, enquanto ligava, estava  pensando que deveria ir ao pronto-socorro, que aquilo não tinha sido nada de psicológico.”

Buscar ajuda de um psicólogo, como fez o personagem do romance A Terapeuta, pode ser um bom caminho para quem identificar-se com eventuais sintomas descritos nesse texto. Na Internet, existem diversos testes para analisar o grau individual de ansiedade mas nenhum quiz substituirá o auxílio especializado. Comece 2020 investindo em autocuidado, algo fundamental nesses tempos tão difíceis que estamos vivendo. 

Imagem: Ansiedade, de Edvard Munch, de 1894

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OUÇA Bendita Sois Vós #16 O que podemos fazer para melhorar o mundo?

Geórgia Santos
4 de janeiro de 2019

Primeiro podcast do ano. Estamos na primeira semana de 2019, que traz com ela aquela esperança que a gente não larga de jeito nenhum, nem que seja por pouco tempo. Afinal de contas, desistir não serve a ninguém. Aproveitando esse espírito, o Bendita Sois Vós pergunta o que podemos fazer para melhorar o mundo.

Para responder, o Vós convidou pessoas inspiradoras a dividirem suas histórias. Renata Mattar, do Projeto Refugi, que promove a inserção social de refugiados por meio da música; Adriana Tomiello, da ONG Cirandar, que promove a democratização da leitura; Carla Rejane Goulart Bandeira, do Grupo de Arte, Dança e Expressão do Negro – Gaden; e Julio Ritta, do Coletivo Cozinheiros do Bem – Food Fighters, que luta contra a fome a desigualdade. Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol.

No Sobre Nós, Raquel Grabauska e Angelo Primon trazem a Esperança de Mário Quintana.

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Sobre Nós  #16 Esperança

Geórgia Santos
4 de janeiro de 2019

Primeiro podcast do ano. Estamos na primeira semana de 2019, que traz com ela aquela esperança que a gente não larga de jeito nenhum, nem que seja por pouco tempo. Afinal de contas, desistir não serve a ninguém. Aproveitando esse espírito, Raquel Grabauska e Angelo Primon trazem a Esperança de Mário Quintana. 

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Sobre Nós #15 Dia da Confraternização

Geórgia Santos
28 de dezembro de 2018

No Sobre Nós desta semana, Raquel Grabauska e Angelo Primon trazem Dia da Confraternização, de Luis Fernando Veríssimo. Um ótimo conselho para o ano que termina.

Raquel Grabauska

Um dia tu vai rir disso tudo…

Raquel Grabauska
20 de janeiro de 2018

Tem dias que a gente quer que não existam. Tem dias que a gente pensa que noutro dia vamos rir disso tudo. E tem dias em que chega mesmo o dia de rir do que passou!

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Resumo do dia 31/12/2017

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Nosso filho mais novo amanheceu com o olho inchado e  picadas de mosquito na perna. Imaginamos que o olho deva ter tido uma reação alérgica. Tinha comprado espumante. Dia de folga, fomos na feira, bicicleta, almoço fora. Voltamos e coloquei o espumante pra gelar. A ideia era ir no super e beber na volta. No caminho, ponderei que não era bom beber, caso o olho piorasse… num impulso, resolvemos reorganizar a casa:

O nosso quarto virou dos guris. O que era do menor, sala de tv. O do maior, o nosso. O escritório, quarto de brinquedos. Cozinha e banheiro continuaram eles mesmos. No meio disso tudo, pensei, “ah, tá tudo bem!” Espumante aberto, só que congelado. Começou a vazar por tudo. Meu marido serviu 3 taças de vez. Ele não tomou nenhuma. Nisso foi quase meia garrafa. Aí o olho inchou. Resolvemos ir no Banco de olhos. Espumante ficou aberto. Banco de olhos cheio, muito tempo de espera.

Muito cheio. Postei num grupo de mães do facebook (obrigada, mulherada!!!) um pedido de socorro e todo mundo relatou casos parecidos. Fomos pra casa, pediatra disse que tá tudo bem. Dê-lhe homeopatia. Tinha brinquedo que não tinha dado no natal, evitando o consumismo exagerado. Dei hoje.

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Não tem coisa melhor pra acabar com posição ideológica que filho doente…

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Todas as peças da casa bagunçadas. Muito bagunçadas. Organizamos o quarto dos guris e o nosso. Lugar pra dormir e espaço pra pisar. Ficou ótimo. Dei um jeito na cozinha. O esqueleto da casa tá semi-estruturado. Os dois quartos mais bagunçados tiveram as portas fechadas. Talvez pra sempre. Guris no banho, aproveito pra dar mais uma arrumada. Dormiram. Marido fazendo um jantar. Fui pro banho. Lembrei do meio espumante. Tinha posto no congelador. Explodiu quase todo em mim. Banho de espumante, novo banho de chuveiro. Sentada agora no sofá, a taça restante de espumante comigo. Jantar pronto. Feliz ano novo!

Geórgia Santos

Um ano novo de uva

Geórgia Santos
1 de janeiro de 2018

Quando alguém começa a contagem regressiva e a mãe puxa aquela música cafona do “Adeus ano velho”, eu olho pra baixo e vejo, escorrendo pelo meu corpo, 365 dias de energias pesadas que frequentaram os mesmos lugares que eu e viram as mesmas pessoas e coisas que eu vi. Aos meus pés, uma poça daquele líquido imaginário, ácido e ao mesmo tempo extremamente amargo, corre em direção a um bueiro, espero eu, distante.

Finalmente, à meia noite, olho para cima. E o que acontece a partir daí é quase sobrenatural. Meu sorriso fica distendido, sorvo um ansioso gole de espumante e, em um colapso, não controlo o choro que vem de uma vereda familiar.

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É o universo que, em um rompante de generosidade, não somente permite que eu continue existindo como me oferece a oportunidade de viver mais doce, em um ano mais doce

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E assim, bem assim, os abraços e beijos trocados transformam-se em prova irrefutável de que tudo vai ficar bem. E vale qualquer disparate para a acidez que a falta de otimismo possa anunciar. Escolhe-se cuidadosamente a cor da roupa íntima, da roupa, das fitas, não se come galinha porque o bicho anda para trás, lentilha dá dinheiro, e por aí vai. Há quem pule ondas do mar ou use folhas de louro na carteira para dar sorte. Outros comem três grãos de uva. Ou sete. Essa é a minha preferida. A uva. Como três. Como sete. Bebo espumante. Bebo vinho. Ai, a uva. Docinha.

Acho que é uma daquelas coisas que nos levam à melhor lembrança da melhor idade. Quando eu era criança, o melhor de tudo traduzia-se em uva. Eu só comia uva e sorvete de uva, ou picolé de uva. Bebia suco de uva, Fanta uva – e beberia vinho se não fosse a pouca idade. Preferia as roupas roxas e nas festinhas de aniversário, só queria os balões cor-de-uva. Uvada, torta de uva, vinho doce, chiclete de uva.

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Ai, mas o sorvete

“Sorvete de uva, sorvete de uva, sorvete de uva”

É quase uma oração

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Na minha concepção, o que havia de melhor no mundo só poderia ter vindo de uma parreira. E o melhor melhor do mundo era o produto da parreira congelado e cremoso.

Desejo, então, do fundo da minha infância, um ano novo de uva. Ou de sorvete de uva. Desejo que peguem uma colher e façam uma bolinha. Pode ser no copinho ou casquinha. Vale até pingar na roupa. Só não deixem derreter. Aproveitem o sabor do universo e tenham um 2018 mais doce.