Raquel Grabauska

Precisa-se de tédio

Raquel Grabauska
6 de julho de 2018

Faz tempo que sinto vontade de ficar entediada. O tédio nunca fez muito parte da minha vida. Depois de dois filhos então, tédio inexiste. Cada dia é completamente diferente e inusitado. E olha, sou bem fã de rotina!

Na última sexta-feira eu estava de aniversário. Comemorei com amigos queridos. No sábado de manhã, trabalhei. Depois do trabalho, confraternização com os colegas e amigos. Esquecendo a idade que completei, resolvi sair pra dançar. Praticamente um Kerb!

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Voltei às 4:30h!

Meus filhos acordam cedo. Sempre. Já estava preparada pra ter sono o dia todo. Mas…

 

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Às 7h da manhã ouço um choro. Meio sem conseguir acordar, vou cambaleando em direção ao barulho. Meu marido já estava com o filho no colo. O filho com a mão na cabeça. Muita dor, lágrimas escorrendo. Acabou o meu sono. Isso foi domingo. Estou escrevendo na terça. Contem os dias comigo.

Na segunda-feira, quando a dor de cabeça cedeu, um dente resolveu nascer. Uma noite inteira de choro. Inteira. Uma agonia. Noite acordada, tentando dar carinho e conforto para aliviar a dor. Dia de zumbi. Hoje ele acordou completamente abatido. Olhos fundos. Dava para sentir todos os ossinhos do corpo.

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No fim da manhã, parece que alguém ligou a criança na tomada. Riu, comeu, brincou. Respiramos novamente! Filho doente deixa a gente sem ar…

 

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Como já estava disposto, resolveu se limpar depois de fazer cocô. Foi bonito. As costas, então, ficaram lindas. Arruma tudo pra dar banho – em Porto alegre, inverno, 11 graus. Aquece o banheiro, pega a roupa, pega toalha. Olho pro chão e tem uma bolinha que tá quase embaixo do meu pé. Não dá tempo de desviar, pisei.

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Era um cocô. Não sei como. Na tentativa de não pisar com todo o pé no cocô, faço um movimento rápido e derrubo toda a xícara de café recém feito no outro pé. Um pé queimado e o outro… prefiro não rimar.

Preciso de um dia de tédio. Só um, por favor! 

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A ilustração de hoje é do Tom. Ele nunca gostou de desenhar e, com esse desenho (claramente é um dinossauro rex!), inaugurou uma série de ilustrações e não parou nunca mais de  desenhar. Principalmente na hora de dormir.

Raquel Grabauska

Um dia tu vai rir disso tudo…

Raquel Grabauska
20 de janeiro de 2018

Tem dias que a gente quer que não existam. Tem dias que a gente pensa que noutro dia vamos rir disso tudo. E tem dias em que chega mesmo o dia de rir do que passou!

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Resumo do dia 31/12/2017

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Nosso filho mais novo amanheceu com o olho inchado e  picadas de mosquito na perna. Imaginamos que o olho deva ter tido uma reação alérgica. Tinha comprado espumante. Dia de folga, fomos na feira, bicicleta, almoço fora. Voltamos e coloquei o espumante pra gelar. A ideia era ir no super e beber na volta. No caminho, ponderei que não era bom beber, caso o olho piorasse… num impulso, resolvemos reorganizar a casa:

O nosso quarto virou dos guris. O que era do menor, sala de tv. O do maior, o nosso. O escritório, quarto de brinquedos. Cozinha e banheiro continuaram eles mesmos. No meio disso tudo, pensei, “ah, tá tudo bem!” Espumante aberto, só que congelado. Começou a vazar por tudo. Meu marido serviu 3 taças de vez. Ele não tomou nenhuma. Nisso foi quase meia garrafa. Aí o olho inchou. Resolvemos ir no Banco de olhos. Espumante ficou aberto. Banco de olhos cheio, muito tempo de espera.

Muito cheio. Postei num grupo de mães do facebook (obrigada, mulherada!!!) um pedido de socorro e todo mundo relatou casos parecidos. Fomos pra casa, pediatra disse que tá tudo bem. Dê-lhe homeopatia. Tinha brinquedo que não tinha dado no natal, evitando o consumismo exagerado. Dei hoje.

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Não tem coisa melhor pra acabar com posição ideológica que filho doente…

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Todas as peças da casa bagunçadas. Muito bagunçadas. Organizamos o quarto dos guris e o nosso. Lugar pra dormir e espaço pra pisar. Ficou ótimo. Dei um jeito na cozinha. O esqueleto da casa tá semi-estruturado. Os dois quartos mais bagunçados tiveram as portas fechadas. Talvez pra sempre. Guris no banho, aproveito pra dar mais uma arrumada. Dormiram. Marido fazendo um jantar. Fui pro banho. Lembrei do meio espumante. Tinha posto no congelador. Explodiu quase todo em mim. Banho de espumante, novo banho de chuveiro. Sentada agora no sofá, a taça restante de espumante comigo. Jantar pronto. Feliz ano novo!