Raquel Grabauska

A desigualdade pelos olhos de uma criança

Raquel Grabauska
17 de novembro de 2019

Faz tempo que tenho o hábito de ter comida no carro para quem pede na rua. Nos últimos meses, aumentou muito o número de pedintes. Tenho explicado para os meus filhos o que acontece no mundo. Explicado sobre a desigualdade. Explicado que não julguem. Explicado o impacto de não nascer “no lugar certo”, “na hora certa”.

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Esses dias, eu estava no carro com meu filho de cinco anos. Ele, com a lancheira na mão, disse:
“Mamãe, se a gente encontrar um morador de rua, vou dar meu lanche.”
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Eu quase tive um troço. Achei lindo. Ao mesmo, fiquei triste. Fiquei triste por perceber que ele, com cinco anos, entende tanto desse assunto. E seguiu.

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“Mamãe, ufa que nós temos casa, né?”
“Ufa, filho!”
“Mamãe, porque os moradores de rua não pedem pros trabalheiras fazerem casa pra eles?”
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O que responder depois disso? A lógica dele é perfeita. As pessoas precisam de casa e comida. Me comoveu a sensibilidade desse menino. Quero poder votar em algum político que tenha essa visão de mundo.