Um dos livros mais sensíveis que já li sobre maternidade é o depoimento dado à jornalista Regina Echeverria por Lucinha Araujo, mãe do cantor e compositor Cazuza. Só as mães são felizes, título de uma das canções mais viscerais do artista também dá nome a essa autobiografia pungente e sincera. Os capítulos têm epígrafes do cantor, como essa do prefácio:
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“Mãe, aconteça o que acontecer, eu vou estar sempre junto de você “ Cazuza
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O que as mães fazem quando perdem seus filhos? No caso de Lucinha, ela encontrou forças para seguir em frente. O livro foi uma de suas formas de expressar seu amor infinito pelo filho e também uma forma de desvendar sua própria trajetória.
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“Nos 32 anos de vida de Cazuza, nosso relacionamento atravessou o tempo sempre no fio da navalha. Foi intenso enquanto ele era criança, intensíssimo na adolescência e transcendental na idade adulta. Tive, nos três anos e quatro meses de doença de meu filho, inúmeras oportunidades de pensar e repensar tudo o que vivemos juntos. Nos devaneios de meu pensamento, buscava em mim a explicação para seu comportamento, fosse ele alegre ou triste, expansivo ou retraído. E percebi que era preciso entender primeiro a minha história, antes de compreender a dele.”
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E Lucinha conta as histórias de família, o seu ponto de vista sobre a trajetória meteórica e genial do filho e também como lidou com o luto. A Fundação Viva Cazuza, ainda em atividade, que dá assistência a crianças e adolescentes de baixa renda e portadores do vírus HIV é a prova concreta de que a perda de alguém querido pode ser transformada em algo benéfico.
Lucinha, para mim, é um exemplo de mãe que preferiu doar seu amor aos outros, sem deixar de cultuar a memória de seu filho amado. Afinal, de acordo com o poeta, só as mães são felizes. E Lucinha seguirá mãe, mesmo sem receber um abraço especial no próximo domingo.
10 momentos em que minha mãe foi ecologicamente correta sem saber
Geórgia Santos
14 de maio de 2017
Não fui criada com uma intenção de ser ecologicamente correta. E falo de intenção porque há famílias em que ensinam isso pra os filhos desde muito cedo ou sempre. Lá em casa, não era parte da conversa ou da rotina. Isso não significa que meus pais não são conscientes. E eu não estou falando de reciclagem de lixo, falo de medidas bastante importantes.
Na casa dos meus pais há duas claraboias que iluminam as áreas de convivência, o que elimina a necessidade de usar lâmpadas durante o dia. Além disso, o aquecimento da água da casa e da piscina é solar. Bacana, né? Mas a minha mãe é mais consciente do que ela imagina.
10 momentos em que minha mãe foi ecologicamente correta sem saber – ou sem perceber
1 “Vai a pé”
2 “Rápido nesse banho, Geórgia. Tu tá aí há quase uma hora, a água do planeta vai acabar”
3 “Apaga a luz quando tu for pra cama”
4 “Come a sobra de ontem, não precisa fazer mais comida”
5 “Usa açúcar pra esfoliar a cara, é mais barato. Ou farinha de milho”
Depois de oito temporadas e inúmeros Emmys e Globos de Ouro, o sucesso de Modern Family é inegável. Não é exatamente uma série sobre mães e filhos, eu sei. Mas então por que falar dela justamente hoje? Explico. Porque acho que ela aborda maternidade de uma maneira saudável ao invés de exibir aquela imagem clichê que mostra a mãe como uma mulher perfeita ou como a fonte de todos os problemas dos filhos. Geralmente, é o tal do oito ou oitenta. Mas não em Modern Family.
A série mostra o turbulento dia-a-dia de três núcleos da – nada convencional – família Pritchet, O que nos interessa, no entanto, são as mães. Ao menos por hoje. E, nesse caso, são dois tipos bastante diferentes de mãe. De um lado temos Gloria (Sofía Vergara), a mãe superprotetora, que elogia o filho o tempo inteiro e tem certeza de que ele é a criatura mais maravilhosa do mundo. E faz tudo isso ao mesmo tempo em que sufoca o rebento e o isola do mundo real. De outro, temos Claire (Julie Bowen), bastante pragmática, que não hesita em julgar e esfregar o mundo real na cara deles. Tudo isso ao mesmo tempo em que ajuda com o trabalho de Ciências e faz cupcakes pra feira da escola.
As duas exibem uma característica que quase todas as mães tem em comum: aquele amor doido e incondicional pelos filhos
Mas o que me interessa é que as duas exibem outras características das quais quase todas as mães compartilham: elas se frustram, elas ficam com raiva, elas ficam cansadas, elas se irritam quando os filhos sabem de mais ou quando sabem de menos; não gostam quando as meninas usam roupa muito curta ou esquecem de passar maquiagem; se preocupam se os filhos saem muito, se preocupam se os filhos não saem; ficam doidas se os filhos não estudam, ficam doidas se os filhos estudam demais. E às vezes isso é demais.
Claire e Gloria nos mostram que as mães querem mandar tudo à merda, às vezes. E elas tem toda a razão.
As duas acertam e erram com seus filhos e normalizam essa humanização da família. E eu acho isso extremamente saudável. Todo mundo comete erros, e todo mundo tenta acertar enquanto isso também.
Há mães que erram mais, é verdade, como DeDe (Shelley Long), mãe de Claire e Mitchel (Jesse Tyler Ferguson). Ela bagunçou legal a cabeça dos dois, o que mostra que às vezes as mães simplesmente não conseguem lidar com a situação – ou não querem. E, às vezes, não há mãe na parada. Lily (Aubrey Anderson-Emmons) é criada pelos pais Mitchel e Cameron (Eric Stonestreet) e vai muito bem obrigada, tudo isso porque é cercada de muito amor e carinho. Afinal, é isso o que importa, né?
Enfim, Modern Family nos faz pensar sobre muitas coisas, eu acho. Tem casal com diferença de idade, tem casal homossexual, tem casal “tradicional”, tem estrangeiros, tem criança adotada, tem criança gênio e outra bem longe disso, tem gente bonita e outras nem tanto. E tem maternidade. Só falta uma coisa para Modern Family ser perfeita no quesito evolução humana na contemporaneidade: uma mulher que não queira ser mãe.
Eu vivi em Lisboa por um ano e, de fato, poderia escrever por horas sobre os lugares que conheci em Portugal, sobre o que comi e, claro, sobre os deliciosos obstáculos que encontrei pelo caminho. Mas neste final de semana, só importa o que ela tem a dizer sobre Lisboa. Ela quem? Dona Gertrudes, a Tude, também conhecida como minha querida e adorada mãe.
Mamãe e eu damos um pulinho em Fátima. A gente não gostou nem um pouquinho, mas não conta pra ninguém =P
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Lisboa é a cidade favorita da minha mãe apesar de, como não poderia deixar de ser com membros da família, muita coisa ter dado errado. Muita coisa
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A Tude visitou Lisboa três vezes. Na primeira vez, tudo correu de maneira tranquila (os problemas aconteceram em Madri, Barcelona e Sevilha, que visitamos na sequência). Na segunda eu já morava por lá e, ah, ela não imaginava o que estava a sua espera. Dois dias antes de voltar pra casa, meu pai teve febre e começou a tossir de maneira bastante assustadora, algo como um pastor alemão tentando falar. Insistimos pra que ele procurasse ajuda e uma médica foi até minha casa. Foi a vez de ela insistir pra que ele fosse ao hospital. Chegou lá e foi internado depois de dar respostas completamente sem nexo à médica que o atendia naquele momento. Ele estava com nada mais, nada menos, que Gripe A. Que evoluiu para pneumonia.
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Os dois ficaram duas semanas presos dentro do Hospital da Cruz Vermelha com meu pai delirando por falta de oxigênio e abstinência do cigarro
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Ele só foi liberado depois que eu garanti que ele teria oxigênio em casa e no transporte de volta pra casa. Sim, oxigênio no avião. E foi operado assim que chegou ao Brasil. Foi bizarro. A mãe pirou (com razão), mas isso não afetou o amor por Lisboa. Deixou ela morrendo de medo de voltar, é verdade, mas ela continuou amando a cidade
Depois de muita insistência, ela resolveu voltar. Quase um ano depois do fatídico episódio. Lisboa a esperava de braços abertos, como diz a musiquinha da TAP, mas não era só isso. Portugal a esperava também com mais um punhado de surpresas que renderiam, aproximadamente, uns 15 posts. Mas eu vou encurtar o lance e listar os episódios:
1. Saindo do El Corte Inglés, uma loja de departamentos, o alarme disparou. Dois seguranças correm na direção dela pra revistar as sacolas enquanto a gringa fica vermelha. Eu, do lado de fora fumando um cigarro, só ri. Ela, do lado de dentro, queria matar todo mundo. Foi uma comoção, de fato. Todo mundo olhando, aquele preconceito com as brasileiras que devem ter roubado uma mercadoria e tal. Deveríamos ter processado.
2. Numa bela noite, ela e minha madrinha saem pra ir ao supermercado. Minha prima e eu ficamos em casa. Nós sabíamos que havia lojas pelo caminho e que não seria uma tarefa de 15 minutos. Mesmo assim, elas estavam demorando demais, eu já estava preocupada. Umas duas horas depois elas aparecem encharcadas e morrendo (sério) de tanto rir, elas mal conseguiam respirar. Acontece que no caminho de casa, que ficava a duas quadras do lugar, elas conseguiram se perder. Só que era noite e um temporal desabava sobre a cidade. Elas começaram a dar voltar no centro comercial e, finalmente, foram para o lado errado. Nesse meio tempo, o chapéu da minha mãe sai voando pela rua alagada e a doida começa a correr atrás. Duas horas depois….
3. Num passeio ao Cabo da Roca, onde há penhascos deliciosos, ela se desequilibrou com o vento e levou um tombão. Longe dos penhascos.
4. Entediada em uma loja, resolveu esperar pela irmã do lado de fora. Pra passar o tempo, resolveu brincar de estátua viva com a sobrinha. Com direito a passar o chapéu e tudo. Eu amo minha mãe.
Eu passaria o dia escrevendo sobre a as aventura da Tude, mas vocês já entenderam, né? Então dá uma olhada no que ver e o que fazer em Lisboa. Claro, os lugares favoritos da mãe. Não é um guia definitivo, mas é o roteiro perfeito pra ela.
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Lugares pra ver
A mãe adora passear por Lisboa, bater perna, mesmo. Felizmente, é uma cidade perfeita pra isso, mesmo com as lombas.
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Chiado
É um dos bairros mais charmosos da cidade. Perfeito para caminhadas, também abriga algumas das lojas e cafés mais interessantes de Lisboa, como o Café à Brasileira, famoso pela estátua de Fernando Pessoa. Mas também é onde se pode observar alguns dos pontos turísticos mais importantes de Lisboa, como o Museu do Carmo e o Elevador de Santa Justa. Se caminhar um pouquinho além do convento, há um mirante espetacular. E se quiser subir umas lombas, aproveita pra explorar o Bairro Alto.
Rossio/Baixa
Perfeito para bater perna e descobrir as lojinhas e lojonas das ruas do entorno do centro da cidade. Vale caminhar até a Praça do Comércio, que fica à beira do Tejo.
Belém
É uma região mais afastada do centro da cidade, mas é uma das bonitas de Lisboa. Tem jardins lindos além de uma feira de antiguidades incrível aos domingos. Sem falar da possibilidade de caminhadas deliciosas à beira do Tejo. Alguns dos pontos turísticos mais legais estão por lá, como a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos e o Mosteiro dos Jerônimos. Ah, e é onde se come o famoso Pastel de Belém.
Onde comer
A mãe é malinha pra comida, mas em Lisboa não encontrou qualquer problema. É tudo uma delícia.
Do ladinho dos famosos pastéis de Belém tem um restaurante minúsculo e nada glamouroso, mas que serve um peixe dos deuses e por um preço bastante honesto. E o gerente (ou dono, não sei) é uma figura. Fala mil idiomas e vai fazer de tudo pra que todos se sintam à vontade. Sugestão da Tude: prove os carapaus, dois peixes grelhados na brasa com azeite e alho e umas batatas ao murro. Hm!
É um café e restaurante que serve uma comida maravilhosa ao estilo bistrô e por um preço convidativo. Sem falar do terraço nos fundos da propriedade. Escolha perfeita pra o verão.
Uma ótima escolha pra quem tiver grana pra gastar. As paredes forradas com fotos de celebridades dão o atestado. A comida é gostosa de verdade, mas é caro.
Como se movimentar
Lisboa é perfeita para andar à pé, mas não deixe de andar com os famosos elétricos, os bondes amarelos da cidade. A mãe não só adora como recomenda. Táxi também ajuda e é bem barato.