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OUÇA Bendita Sois Vós #28 A narrativa do desmatamento

Geórgia Santos
10 de agosto de 2019

No episódio seis da segunda temporada do Bendita Sois Vós, os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol discutem a narrativa do desmatamento. A forma como o governo de Jair Bolsonaro lida com a questão do meio ambiente tem repercussões não apenas na questão da sustentabilidade, mas também na economia e política internacional. 

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais mostram que o desmatamento da Amazônia cresceu 88% e junho deste ano em comparação com o mesmo mês do ano passado. Em julho, o desmatamento cresceu 278% em relação ao mesmo mês em 2018. E a resposta de Bolsonaro? Além de demitir o diretor do INPE, Ricardo Galvão, fez piadinhas e disse que é o “capitão motosserra”. 

Na década de 70, os músicos Sá e Guarabyra já perguntavam na canção Sobradinho, que é trilha desse episódio, se o sertão vai virar mar. “Dá no coração, o medo que algum dia o mar também vire sertão.”

Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.

ECOO, Eleições

Meio ambiente . Dois candidatos não contemplam propostas para a área

Geórgia Santos
10 de setembro de 2018

É notório que o problema ambiental se agrava a cada dia que passa. Além do aquecimento global,  há o excesso de consumo de plástico e péssimos hábitos sociais e alimentares. Mas a forma como os governos conduzem as políticas públicas voltadas para o meio ambiente é determinante para o nosso futuro. E a forma como os governos NÃO conduzem as políticas públicas voltadas para o meio ambiente é ainda mais importante.

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Por isso, decidimos explorar o conteúdo dos planos de governo dos candidatos à presidência da República – disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – e compreender o nível de comprometimento de cada um e cada uma com as questões ambientais.

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Alvaro Dias (Podemos) – Plano de metas 19+1: para refundar a República!

O plano de governo de Alvaro Dias (Podemos) tem 15 páginas e traça as principais diretrizes de um projeto com 19 metas. Até pelo tamanho, não é um texto com muitos detalhes sobre a forma como cada proposta será realizada. Uma das metas é voltada para o meio ambiente e se chama  “Verde-água e saneamento 100%”.

No texto, o candidato propõe “preservação e aproveitamento integral dos biomas nacionais; proteção dos mananciais (replantio de matas em 3500 municípios); gestão produtiva dos cursos d’água e aquíferos; cumprimento do plano RenovaBio (créditos para descarbonização); e prioridade Saneamento RS 20 bilhões/ano em esgoto tratado.” 

Alvaro Dias garante, ainda, que “o meio-ambiente não pode ser negligenciado e desenvolvimentos tecnológicos devem ser utilizados para a sua preservação.” São propostas gerais e genéricas, sem um plano focado nos problemas mais graves do Brasil como desmatamento para criação de gado e produção de soja, além da exploração de reservas naturais. 

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Cabo Daciolo (Patriota) – Plano de nação para a colônia brasileira

O plano de governo de Cabo Daciolo (Patriota) não contempla o meio ambiente. Mas faz questão de dizer, em caixa alta, que “BEM-AVENTURADA É A NAÇÃO CUJO DEUS É O SENHOR”. Salmos 33:12″ Ok. 

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Ciro Gomes (PDT) – Diretrizes para uma estratégia nacional de desenvolvimento para o Brasil

O plano de governo de Ciro Gomes tem 62 páginas e lista o que são diretrizes gerais, mas não definitivas, de governo. É um projeto desenvolvimentista que tem no horizonte o fortalecimento do agronegócio, algo que, no Brasil, é um problema em si se considerarmos as atuais práticas de desmatamento e consumo de água para criação de animais e plantio de culturas sem rotação. De qualquer forma, é um dos planos mais completos e específicos no que tange ao meio ambiente e ainda prevê “prática de menores taxas de juros para aquelas que inovarem e preservarem o meio ambiente.”

No ítem “Desenvolvimento e Meio Ambiente”, o candidato dá detalhes do plano para a área ambiental reforçando que processos de desenvolvimento econômico, reindustrialização, agricultura e infraestrutura devem ocorrer de forma sustentável, preservando o meio ambiente. “A maior parte dos conflitos observados na Política de Meio Ambiente é fruto de uma oposição artificial entre dois conceitos originalmente interligados, a ecologia e a economia. Percebemos que não há falta de espaço, mas sim de ordenamento no uso e ocupação das terras.”

Ciro Gomes alerta para o fato de que os sistemas produtivos não precisam ocupar áreas vocacionadas a preservação, o que é um ponto importante para um candidato que tem Kátia Abreu (PDT) como candidata a vice, notória defensora do agronegócio e conhecida informalmente como a “rainha da motoserra”. Ele promete, então, avançar em “políticas de harmonização da preservação com a produção” por meio do desenvolvimento, no país,  de agrotóxicos específicos e menos agressivos e ao incentivo à adoção de sistemas de controle alternativos na agricultura.

O projeto ainda prevê a redução da emissão dos gases de estufa até 2020, definidas pelo Acordo de Paris, e estímulo ao desenvolvimento de ecossistemas de inovação sustentável.

Outro ponto importante é a proposta de estimular setores que possam agregar mais valor à produção a partir parâmetros de sustentabilidade. Por exemplo,  a indústria de móveis pode utilizar madeira de reflorestamento certificada e a indústria de cosméticos pode utilizar insumos vegetais em vez de químicos.

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Eymael (DC) – Carta 27: diretrizes gerais de governo para construir um novo e melhor Brasil

Em um plano de nove página, Eymael dedica um espaço ao “Meio Ambiente Sustentável”, em que promete “proteger o meio ambiente e assegurar a todos o direito de usufruir a natureza sem agredi-la”, além de “orientar as ações de governo, com fundamento no conceito de que a TERRA É A PÁTRIA DOS HOMENS.”

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Fernando Haddad (PT) – O Brasil Feliz de Novo

O plano de governo do candidato do PT tem 58 páginas e é um dos mais detalhados no que tange às propostas para os problemas ambientais, dedicando 13 paginas ao tema. Promete “garantir práticas e inovações verdes como motores de crescimento inclusivo.” No item 5 do programa, Lula propõe uma “Transição Ecológica para a nova sociedade do século XXI”. Esse item em específico contempla propostas para uma economia de baixo impacto ambiental e valor agregado por meio  inovação; políticas de financiamento e Reforma Fiscal verde; infraestrutura sustentável para o desenvolvimento; soberania energética com foco na transição para a energia renovável; diversificação da matriz de transporte; gestão de resíduos e o fim dos lixões; e produção de alimentos saudáveis, com menos agrotóxicos etc.

O programa contempla uma proposta de país em que “as práticas, tecnologias e inovações verdes vão ajudar a criar mais e melhores empregos e serão novos motores de crescimento inclusivo”, com foco no longo prazo, em uma economia justa e de baixo carbono. Além de se comprometer a cumprir as diretrizes do Acordo de Paris.

De maneira geral, o projeto do candidato do PT, seja Lula ou Haddad, considera a área ambiental estratégica para questões de saúde, saneamento e infraestrutura.  Dentre as principais propostas ainda estão a de reduzir o desmatamento e as emissões de gases do efeito estufa; a regulação do grande agronegócio para amenizar os danos socio-ambientais; promoção da agricultura familiar; e um programa de redução de agrotóxicos.Há, ainda, a promessa de adotar medidas concretas para diminuição dos impactos ambientais gerados pelo consumo de descartáveis, estimulando a mudanças de hábitos para redução de seu uso e/ou substituição por materiais biodegradáveis.

O texto do plano de governo do candidato do PT ainda foca nas conquistas dos governo anteriores de Lula e Dilma, em que houve redução do desmatamento e das emissões de gases de efeito estuda. Embora ignore que o agronegócio se fortaleceu nos moldes de sempre e que não houve uma política pública específica para a redução de agrotóxicos.

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Geraldo Alckmin (PSDB) – Diretrizes gerais

No texto de nove páginas, o candidato do PSDB garante que, nas Relações Exteriores, o Brasil vai defender valores como a democracia e os direitos humanos e os “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável” (ODS), servirão como referências no relacionamento externo brasileiro. Geraldo Alckmin ainda garante que a gestão da Amazônia receberá atenção especial, uma vez que o “meio ambiente e o desenvolvimento sustentável são grandes ativos do Brasil.”

Um ponto importante do programa é a garantia do cumprimento das metas assumidas no Acordo de Paris. 

O plano ainda prevê que o Brasil deve liderar a economia verde e garante que a questão ambiental será tratada de forma técnica, “evitando a politização e a visão de curto prazo que pautaram os debates ambientais.” Infelizmente, essas palavras são códigos conhecidos de ambientalistas. Especialmente quando vem de uma candidatura que tem como vice Ana Amélia Lemos (PP), defensora ferrenha do agronegócio e barreira humana quando o assunto é o meio ambiente. Além disso, o partido de Alckmin representa uma série de problemas ao meio ambiente. Nilson Leitão (PSDB-MT), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária é um exemplo disso. 

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Guilherme Boulos (PSOL) – Programa da coligação Vamos sem medo de mudar o Brasil

programa de Guilherme Boulos é o mais extenso, com 228 páginas, e é um dos que mais se dedica ao tema do meio ambiente,  recursos naturais, florestas e comunidades humanas. No item 10 do programa, Boulos fala de “Terra, Território e Meio Ambiente: um novo e urgente modelo de desenvolvimento.”

O plano dá muita importância à demarcação de terras indígenas, força da vice da chapa, Sônia Guajajara; reforma agrária e agroecológica; desmatamento zero e restauração das florestas com espécies nativas. 

Boulos afirma, no plano de governo, que é possível e necessário zerar o desmatamento em uma década em todos os biomas e apresenta uma série de medidas para que isso aconteça, como aumento da fiscalização à atividade agropecuária e à grilagem de terra e o confisco de bens associados à crimes ambientais; estabelecimento de novas áreas protegidas; o uso da tributação para o estimulo à conservação; e incentivos financeiros para aumentar a produtividade. Além disso, a União, os Estados, Municípios e o Distrito Federal não mais concederão autorizações de desmatamento das florestas nativas brasileiras.

O programa ainda prevê a proteção das águas e sistemas hídricos; a defesa dos bens comuns e dos direitos da natureza; transição energética e produtiva, visando superar o uso dos combustíveis fósseis. 

Boulos também se compromete a reduzir as emissões de gás  e a restaurar 120 mil km2 de suas florestas até 2030, conforme previsto no Acordo de Paris. 

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Henrique Meirelles (MDB) – Pacto pela confiança!

O programa de 21 páginas indica que o governo patrocinará ações que visem à defesa das riquezas naturais e do meio ambiente – particularmente na Amazônia. Henrique Meireles afirma a importância da valorização da biodiversidade e ações de proteção ao patrimônio natural.

O candidato do MDB afirma que cumprirá com as diretrizes do Acordo de Paris, elevando a participação de bioenergia sustentável, incentivando o reflorestamento e estimulando o investimento em energias renováveis.

O plano de governo de Meirelles ainda prevê programas de redução do desmatamento na Amazônia; de recuperação de nascentes e de revitalização do Rio São Francisco; e a conversão de multas ambientais em novos recursos para serem usados em programas de conservação e revitalização do meio ambiente.

É importante lembrar, porém, que o governo de Michel Temer, do qual Meirelles fazia parte, foi extremamente nocivo ao meio ambiente e  protagonizou retrocessos importantes, como o  decreto extinguindo a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), na Amazônia.

Jair Bolsonaro (PSC) – O caminho da prosperidade

O plano de governo de Jair Bolsonaro tem 81 páginas e não contempla propostas ao Meio Ambiente. O candidato propõe, inclusive, terminar com o ministério da área e unir com o Ministério da Agricultura, tornando a questão ambiental secundária. “A nova estrutura federal agropecuária teria as seguintes atribuições: Política e Economia Agrícola (Inclui Comércio); Recursos Naturais e Meio Ambiente Rural; Defesa Agropecuária e Segurança Alimentar; Pesca e Piscicultura; Desenvolvimento Rural Sustentável (Atuação por Programas) Inovação Tecnológica.”

João Amoêdo (Novo) – Mais oportunidades, menos privilégios

O plano de 23 páginas dá bastante destaque às questões do meio ambiente, ressaltando a “responsabilidade com as futuras gerações com foco na sustentabilidade”.  Como a maioria dos programas, também dá um grande destaque ao agronegócio, mas o que chama de um agronegócio “moderno e indutor do desenvolvimento” com uma economia de baixo  carbono. 

João Amoêdo foca na questão de que é essencial combinar preservação ambiental com desenvolvimento econômico. No longo prazo, pretende universalizar o saneamento no Brasil e promover o que chama de conciliação definitiva entre conservação ambiental e desenvolvimento agrícola.  O candidato do partido Novo também promete eliminar o desmatamento ilegal.

Dentre as principais propostas estão o saneamento e recuperação dos rios por meio de parcerias com o setor privado; aplicação do Código Florestal; avanço no cadastro ambiental rural; fim dos lixões também por meio de PPPs; ampliação da energia renovável na matriz energética e fim de subsídios à energia não-renovável.

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João Goulart Filho (PPL) – Distribuir a renda, superar a crise e desenvolver o Brasil

O plano de João Goulart Filho tem 14 páginas e vincula, inicialmente, a questão ambiental à reforma agrária. O candidato se compromete a priorizar o processo de desapropriação de todas as terras que não cumprem, entre outras coisas,  a preservação do meio ambiente.

O candidato ainda pretende rever o Código Florestal de forma a aumentar a proteção do meio ambiente e garantir a produção agropecuária, promovendo um desenvolvimento que supõe o uso racional dos recursos naturais, de forma a atender às necessidades crescentes da população e a respeitar o meio-ambiente. Segundo o programa, o capitalismo dependente brasileiro é vítima da exploração predatória não apenas da força de trabalho, mas também dos recursos naturais. Dentre as propostas estão o aumento da multa e da pena a crimes ambientais, o fim dos lixões e tratamento de esgoto. Além de fortalecer a transição para combustíveis menos poluentes. 

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Marina Silva (Rede) – Brasil justo, ético, próspero e sustentável

A área do meio ambiente é especial para a candidata Marina Silva, que tem a sustentabilidade como bandeira pessoal há muitos anos. Tanto é assim que o tema aparece já no nome do plano de governo, “BRASIL JUSTO, ÉTICO, PRÓSPERO E SUSTENTÁVEL.  O programa reforça a convicção de uma sociedade socialmente justa e ambientalmente sustentável, “que assuma o papel de líder global, principalmente no que diz respeito à qualidade de vida de sua população, ao uso inteligente dos recursos naturais.” 

O plano de Marina, com relação ao meio ambiente, foca no bem-estar animal; ciência, tecnologia e inovação; cidades sustentáveis e urbanismo colaborativo; futuro com sustentabilidade, inovação e emprego; infraestrutura para o desenvolvimento sustentável; e liderança para uma economia de carbono neutro.

O plano de governo destaca que “em nenhum outro país as condições naturais para uma transição justa para uma economia de carbono neutro são mais evidentes do que no Brasil. Temos alta capacidade para gerar energia de fontes renováveis como biomassa, solar, eólica e hidrelétrica e detemos as maiores áreas de florestas entre os países tropicais, enorme biodiversidade e a segunda maior reserva hídrica do mundo.” A partir disso, Marina propõe o alinhamento das políticas públicas econômica, social, industrial, energética, agrícola, pecuária, florestal, e da gestão de resíduos e de infraestrutura.

Marina também se compromete a cumprir as diretrizes do Acordo de Paris por meio de uma estratégia de longo prazo de descarbonização da economia com emissão líquida zero de gases de efeito estufa até 2050.

O programa ainda  prevê papel de liderança da Petrobras nos investimentos em energias limpas. “Criaremos um programa de massificação da instalação de unidades de geração de energia solar fotovoltaica distribuída nas cidades e comunidades vulneráveis.”

Vera (PSTU) – 16 pontos de um programa socialista para o Brasil contra a crise capitalista

O programa de cinco páginas de Vera Lúcia, do PSTU, não aborda o meio ambiente em específico. Mas no item três, em que fala dos “Planos de obras públicas para gerar emprego e resolver problemas estruturais”, ressalta que o meio ambiente deve ser respeitado. Também, no item sete, vincula o tema à Reforma Agrária. “Defendemos a nacionalização e estatização do grande latifúndio e do chamado agronegócio sob o controle dos trabalhadores para que definam a sua produção de acordo com as necessidades do povo e em harmonia com o meio ambiente.”

 

ECOO

Quantos planetas seriam necessários se todo mundo vivesse como você? 

Geórgia Santos
5 de agosto de 2018

No dia primeiro de agosto, chegamos ao Dia de Sobrecarga da Terra. Isso significa que nós já consumimos uma quantidade de recursos naturais equivalente ao total de recursos que o planeta pode produzir em 2018. Pelo restante do ano, estaremos consumindo além da capacidade de renovação da Terra. O levantamento é realizado pela Global Footprint Network (GFN), uma organização não-governamental que desenvolve a pesquisa na área da sustentabilidade. Viveremos em dívida com a natureza pelos próximos cinco meses. Bem, na verdade estamos em dívida com a natureza há muito tempo, mas a velocidade com que estamos aumentando esse déficit é assombrosa

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O Dia de Sobrecarga da Terra é lembrado todos os anos desde 1970 e, naquele ano, o consumo de recursos naturais só superou o volume de renovação no dia 29 de dezembro

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A organização indica que há dois problemas que são cada vez mais recorrentes na sociedade e são os principais responsáveis por chegarmos esse ponto: o consumo e o consequente desperdício. O consumo excessivo faz com que a gente compre muito mais do que a gente necessita. E isso serve para todas as esferas da nossa vida. Compramos muita roupa, muita comida, muita bugiganga. Obviamente, o resultado também é desperdício, principalmente de comida. Segundo dados da GFN, um terço de toda a comida comprada em supermercados acaba na lata de lixo.

No Brasil, a situação é pior do que a média do planeta. Se todos vivessem como os brasileiros, o Dia de Sobrecarga da Terra seria em 19 de julho. Nos Estados Unidos, um dos piores com relação à demanda natural e consumo, a data cairia em 15 de março.

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Qual a sua Pegada Ecológica?

A Global Footprint Network acredita que nós não podemos controlar aquilo que não podemos medir. Por esse motivo, a Pegada Ecológica é a única métrica de sustentabilidade para indivíduos, governos e negócios. Mas o que é isso, afinal? A expressão Pegada Ecológica vem do inglês ecological footprint e mede a demanda humana por recursos naturais. A grosso modo, são os rastros que nossos hábitos deixam no ambiente, a quantidade de recursos necessários para suportar as pessoas ou a economia.
A GFN tornou possível, então, que as pessoas meçam suas próprias pegadas e determinem o seu dia de sobrecarga.
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Quantos planetas seriam necessários se todo mundo vivesse como você?

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O primeiro passo pode ser difícil, mas você pode fazer o teste aqui. Está em inglês, mas as perguntas são as seguintes: Com que frequência você consome produtos de origem animal?; Quanto da comida que você come é não-processada, não embalada e produzida localmente?; Como é a sua casa? Casa, apartamento, condomínio de luxo?; Com que material sua casa é construída?;

Quantas pessoas vivem na sua casa e qual o tamanho do espaço?; Você tem eletricidade em sua casa? Quão eficiente é em termos de energia?; Quanto da energia da sua casa provem de fontes renováveis?; Comparando com os vizinhos, quanto lixo você produz?; Quantos quilômetros você anda de carro ou moto? Como motorista ou passageiro; Qual a média de economia de combustível dos seus veículos?; Quanto você anda de carro, você pega ou oferece carona?; Quanto você usa o transporte público?; Quantas horas você voa por ano?

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Eu fiz o teste e fiquei triste, bem triste

De acordo com esses parâmetros, o meu Dia de Sobrecarga seria 25 de junho e, se todos vivessem como eu, precisaríamos de duas Terras

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E olha que eu sou o tipo de pessoa que compra comida na feira e não dirige. É verdade que algumas dessas coisas, na maioria das vezes, não estão ao nosso alcance, como o material com que nossa casa é construída. Além disso, a pegada ecológica é fruto também da estrutura social e governamental, como mobilidade, assistência médica e social, rodovias e infraestrutura. Mas outras são fruto de nossas escolhas, como o uso de energia renovável em casa, produzir menos lixo e consumir menos produtos de origem animal. E aqui eles não estão entrando na questão de proteção dos animais, mas a quantidade de recursos naturais consumidos para a criação. O projeto Cowspiracy mostra, por exemplo, que é preciso 2500 galões de água para produzir um hambúrguer de 500g. São DEZ MIL LITROS DE ÁGUA consumidos para produzir um hambúrguer de meio quilo.

Eu gosto de pensar que faço muito pelo planeta, que consumo pouco dos recursos naturais, mas não é verdade. Ainda há muito por fazer. Muito. Curiosamente, enquanto escrevo essa coluna começa a tocar Papagaio do Futuro, com Geraldo Azevedo e Alceu Valença, no Spotify. “Eu fumo e tusso fumaça de gasolina.”

ECOO

#PlasticFreeJuly . 5 maneiras de deixar o plástico longe da comida

Geórgia Santos
27 de julho de 2018

Quando pensamos no consumo de plástico, é óbvio e automático pensarmos em produtos de limpeza, higiene e limpeza. Nas embalagens e composições. Mas você já parou para olhar quão cheia fica a lata do lixo seco depois de um supermercado? A alimentação padrão do brasileiro gera muito lixo e já passou da hora de mudar isso. O desafio do Julho Sem Plástico é um ótimo momento para dar início a essa mudança de hábitos. Então, vamos aproveitar o #plasticfreejuly para começar.

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Cinco maneiras de deixar o plástico longe da comida

  1. Sacola reutilizável – essa a gente não cansa de repetir, nada de usar sacolas plásticas; 
  2. Cozinhe a própria comida – a tele-entrega é uma tentação para os dias de preguiça, eu sei. Não foi somente uma vez em que cedi a essa tentação. Mas vamos pensar na quantidade de embalagens na proporção com a quantidade de comida. Não precisa, né?
  3. Frequente a feira e/ou compre a granel – supermercados são cheios de produtos dos quais a gente não precisa. Mas a gente compra mesmo assim, porque estão na nossa cara. Frenquentar a feira – orgânica, de preferência – é uma ótima maneira de gastar menos, ter uma alimentação mais saudável e, claro, consumir menos plástico. O mesmo vale para mercados e armazéns que vendem a granel;
  4. Saquinhos de pano ou potes de vidro – não adianta comprar na feira ou a granel e utilizar saquinhos plásticos. Se não quiser deixar as compras soltas na sacola – reutilizável =) – basta levar saquinhos de pano, bem parecidos com aqueles que a gente usa para guardar sapato. Outra alternativa é utilizar potes de vidro para comprar grãos e coisas parecidas;
  5. Garrafa reutilizável – fique longe da garrafa PET.  Utilize uma garrafa de vidro ou inox para a água e fique longe dos refrigerantes. Vinho pode =)

Imagens: Pixabay

ECOO

#PlasticFreeJuly . casa mais limpa e sem plástico

Geórgia Santos
26 de julho de 2018

No desafio do Julho Sem Plástico, a ideia é reduzir o consumo de plástico no dia-a-dia. Desde 2011, o #PlasticFreeJuly traz essa provocação com o intuito de fazer com que as pessoas reflitam sobre seus hábitos. E na rotina do cuidado de uma casa, é fácil notar que há muito plástico envolvido quando se trata de produtos de limpeza. Das embalagens à composição de alguns, que podem conter microplástico. Mas se teve algo que aprendi com essa jornada de tentar levar uma vida mais sustentável é que precisamos de muito pouco para limpar uma casa adequadamente.

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É possível limpar a casa somente com água, sabão de coco, bicarbonato de sódio, álcool e vinagre 

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Parece que estou ouvindo minha mãe falando: “Ah, mas uma água sanitária faz milagres.” Não, essa não seria minha mãe, ela falaria “QBoa”, mesmo. De qualquer forma, ela levantaria o questionamento e eu responderia: é verdade, especialmente contra mofo. Mas não é imprescindível.

Então, para dar aquela ajudinha, dá uma conferida nessa receita de sabão líquido natural, que pode ser utilizado para limpar a casa, lavar a louça e lavar a roupa. 

Sem contar que uma bucha vegetal – ela de novo – substitui perfeitamente a esponja de pia comum e limpa tão bem quanto. Aproveita o desafio do #PlasticFreeJuly e se joga nessa vida mais sustentável.

ECOO

#PlasticFreeJuly . 10 maneiras de evitar o plástico da rotina de higiene e beleza

Geórgia Santos
25 de julho de 2018

Ainda falta uma semana para o mês acabar. Isso significa que ainda dá tempo de participar do desafio do Julho Sem Plástico, ou #PlasticFreeJuly. Tomar a decisão de consumir menos plástico pode ser desafiador, mas é muito importante que se pense sobre esse problema. E esse movimento faz justamente isso, incentiva a refletir sobre a real necessidade do plástico em nossas vidas.

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E um dos momentos em que mais se consome plástico é justamente durante rotina de higiene e beleza

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Por esse motivo, pensamos em 10 maneiras de reduzir o consumo de plástico na hora de cuidar de si. Algumas são mudanças mais drásticas, outras mais simples. Mas todas possíveis.

  1. Utilizar xampu e condicionador em barra – se comprar direto do produtor, melhor ainda. Afinal, algumas marcas que enviam pela internet o fazem em embalagens plásticas 🙁
  2. Fazer depilação definitiva ou utilizar barbeador de metal – aquela “giletezinha” normal mistura plástico e metal e não pode ser reciclada, sem contar que tem uma vida útil reduzida;
  3. Utilizar desodorante natural – mas escolha um que tenha embalagem de vidro ou que seja em barra;
  4. Sabonete natural – da mesma forma que o xampu e o condicionador, quanto menos intermediários, melhor;
  5. Discos de limpeza reutilizável – sabe aquele disco de algodão para limpar o rosto? Então, ele vem em embalagem, né? Que tal usar disquinhos de crochê e evitar mais esse plástico na vida?
  6. Escova de dentes de bambu – a escova tradicional é um pavor, todinha feita de plástico. A de bambu é barata, biodegradável  (com exceção das cerdas) e tão boa quanto;
  7. Coletor menstrual – esse assunto é polêmico e algumas pessoas não se sentem confortáveis, mas é uma ótima alternativa aos montes de plástico dos absorventes comuns, além de ser seguro e deixar a área “respirar”. Se você é do time que não confia no coletor, experimente as calcinhas absorventes. O mesmo vale para protetores diários, que agora tem opões reutilizáveis;
  8. Hidrante caseiro – ao produzirmos os cremes hidratantes – e outros cosméticos – em casa, diminuímos o consumo de plástico e ainda tratamos bem do corpo;
  9. Talco para os pés – abandone os tubinhos plásticos e experimente fazer a mistura em casa, é bem mais barato;
  10. Bucha natural – nada melhor para esfoliar rosto e corpo do que uma bucha vegetal. É barata, natural, biodegradável e vem sem embalagem, prontinha direto da terra;

Há inúmeras outras alternativas como oleo vegetal para demaquilar; pó de café para espantar a celulite; máscara de abacate para os cabelos; mel para combater caspa e espinhas; essas são apenas sugestões para o pontapé inicial. Que tal? Ainda dá tempo de aceitar o #PlasticFreeJuly. E se não for em Julho, não tem problema. Qualquer dia é dia para embarcar em uma jornada sustentável.

Imagens: Pixabay

ECOO

#PlasticFreeJuly . vamos tentar viver sem plástico?

Geórgia Santos
2 de julho de 2018

Você já ouviu falar no Plastic Free July? Em tradução livre para o português, o Julho Livre de Plástico é um movimento global que propõe o desafio de reduzir o uso de plástico no dia a dia. A ação começou na Austrália, em 2011, com poucos participantes. Felizmente, sete anos depois já atinge milhões de pessoas em mais de 150 países. O importante crescimento possibilitou que o grupo se transformasse em uma fundação de caridade, sem fins lucrativos, que vislumbra um mundo sem lixo plástico.

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Desafio #PlasticFreeJuly

Para que as futuras gerações encontram um planeta sustentável e habitável, é imperativo que o consumo de plástico seja reduzido drasticamente. Pouco tempo atrás, falamos sobre a baleia encontrada na Espanha com 29Kg de sacolas plásticas no estômago. Para se ter uma ideia, estima-se que mais de OITO MILHÕES DE TONELADAS de plástico sejam despejadas nos mares em todo o mundo. A crise é global e os números são assustadores. A previsão é de que em 2050 teremos mais plástico do que peixes nadando nos oceanos.

Por esse motivo, foi criado o Desafio #PlasticFreeJuly. Quem aceita o desafio, aceita reduzir o consumo de plástico ao longo de todo o mês de julho, com o compromisso de seguir com os bons hábitos adquiridos. A ideia é conscientizar as pessoas para que as próximas gerações encontrem um mundo mais limpo. Aceitar o desafio é um passo importante na direção da mudança de comportamento.

A hashtag #choosetorefuse é autoexplicativa: recusar o plástico é uma escolha.  É uma escolha recusar sacolas plásticas, canudos plásticos, embalagens de comida e copos plásticos.

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Como participar do Desafio #PlasticFreeJuly

  1. Clique aqui para se inscrever. Esse é o primeiro passo. A partir da confirmação da inscrição, você receberá emails com dicas e receitas ao longo do mês de julho;
  2. Faça o Quiz do Plástico para que você saiba de onde vem o plástico que você consome, é bastante útil para começar a recusar algumas embalagens e mudar hábitos. É bastante surpreendente;
  3. Escolha qual será seu objetivo principal: evitar os plásticos que parecem encher a lixeira dos recicláveis; evitar pedir comida que venha em embalagem plástica; ou ainda escolher o caminho mais difícil e #livredeplástico, nem que seja por um dia, ou uma semana;

Gostou da ideia? A gente vai abraçar o desafio e, ao longo das semanas, vamos contar qual a parte mais difícil e, claro, dividir algumas ideias.

ECOO

4 coisas que você precisa saber sobre o PL do Veneno

Geórgia Santos
20 de maio de 2018
Faz um exercício comigo. Imagina encher duas garrafas e meia com veneno. Falo dessas garrafas de 2L, garrafas PET de refrigerante. Agora imagina beber esses 5L de veneno. Impossível, né? Qualquer ser humano morreria. Mas e se fosse beber aos pouquinhos? Um golinho por dia? Não?
Lamento informar, mas todos os brasileiros fazem isso.

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Dados  Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que os brasileiros consomem 5L de agrotóxicos por ano. Isso porque o Brasil é líder mundial no uso de pesticidas desde 2008. Aqui, é permitido o uso de determinadas substâncias que são proibidas em países desenvolvidos, por exemplo.

Mesmo assim, há quem queira flexibilizar o uso de agrotóxicos e fazer com que pareça algo bom. No site da Câmara dos Deputados, o PL 6299/02 é apresentado como um projeto de lei que regula Defensivos FitossanitáriosChique, né. Em propagandas redes sociais afora, há quem chame de Defensivos Agrícolas. Bonito.

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O nome é bonito, mas ainda estamos falando de agrotóxicos

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O projeto de lei em questão é o famoso PL do Veneno. Nome apropriado ao teor do texto que revoga a lei que controla o uso de agrotóxicos e flexibiliza o registro, controle e fiscalização desses produto no Brasil. Na gaveta há anos, a ideia volta com toda força. Foi reativada uma Comissão Especial na Câmara dos Deputados para acelerar a votação e a bancada ruralista não está para brincadeira. A saber, o autor do projeto é Blairo Maggi, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo Michel Temer.

Também estão em análise outras 17 propostas, entre elas o PL 3200/15, que substitui o nome AGROTÓXICO por defensivos fitossanitários e produtos de controle ambiental.  No Twitter, o perfil @LeiDoAlimento advoga pelo que chama de Lei do Alimento Mais Seguro. Há uma página também, em que se garante que a nova legislação fará com que os alimentos cheguem à mesa com mais segurança para todos. Afirma-se que o texto do projeto prevê a proteção dos consumidores e do meio ambiente.

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Não sou ingênua sobre a necessidade do uso de agrotóxicos em produções de grande escala. O problema é que ao invés de caminharmos na direção de uma alimentação cada vez mais limpa, corremos para abraçar uma substância que está nos matando.

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A ideia de que agrotóxicos fazem mal à saúde é amplamente aceita e comprovada, tanto que o consumo de alimentos orgânicos aumenta no Brasil e no mundo. Mesmo assim, parlamentares colocam interesses econômicos acima da saúde de gerações de brasileiros, afinal, agrotóxico não se tira com água. Porém, entre o PL do Veneno e a Lei do Alimento Mais Seguro, fica difícil saber do que se trata o projeto e de que forma ele pode afetar nossa vida de fato. Por isso, vamos listas algumas questões importantes.

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1 Mudança de Nome

O projeto prevê a mudança do nome agrotóxicos para defensivos fitossanitários. Além disso, altera o nome pesticida para enfermidade endêmica que mata. O relator do projeto, Luiz Nishimori (PR-PR) disse à Agência Brasil  que o termo agrotóxico é depreciativo e que não é usado em outros países.

Quem se opõe ao projeto afirma que o risco de mudar o nome está no fato de que as pessoas podem ser enganadas com uma falsa sensação de segurança que a palavra defensivos pode oferecer.  Tanto que entidades como o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e o Ministério Público Federal (MPF) publicaram notas em que demonstram grande preocupação com a aprovação do projeto. 
A Anvisa informou que a proposta não contribui com a disponibilidade de alimentos mais seguros. Portanto, “não atendendo, dessa forma, a quem deveria ser o foco da legislação: a população brasileira”. Já o MPF afirmou que a proposta é inconstitucional.
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2 Controle de Registro

A proposta exclui os ministérios da Saúde e o do Meio Ambiente do processo de análise e registro dos produtos sob o argumento de que demora de três a oito anos, o que faz com a tecnologia fique defasada. Isso significa que as atribuições ficam sob responsabilidade exclusiva do Ministério da Agricultura – eu mencionei que  autor do projeto é o atual ministro da Agricultura?

Hoje, o registro só é concedido depois de  passar também pelo Ibama e Anvisa, que analisam os possíveis danos para o meio ambiente e saúde. Ou seja, se apenas o Ministério da Agricultura analisar o produto, não há garantias de que seja seguro para o ambiente e para a saúde das pessoas que vão ingerir a substância.

Obviamente há um problema com relação à morosidade do poder público brasileiro, mas a saúde das pessoas precisa ser prioridade.

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3 Flexibilização

Hoje, a Lei dos Agrotóxicos proíbe o registro de pesticidas  mutagênicos, carcinogênicos teratogênicos. Ou seja, é proibido utilizar qual substância que cause câncer, que prejudique o desenvolvimento do feto, que gere mutações ou danos ao aparelhos reprodutor, além de danos ao meio ambiente e à saúde pública.

A nova proposta torna o conceito mais genérico, o que flexibiliza o uso de substâncias altamente perigosas.

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4 Registro temporário

O projeto advoga que se depois de 12 meses o parecer de um produto não for concedido, pode haver um registro temporário de um pesticida desde que ele tenha sido usado em, ao menos, três países. Basicamente, se as autoridades brasileiras não autorizarem o uso de uma substância, os agricultores podem usar mesmo assim, desde que tenha sido utilizado em outros lugares.

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Dados da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) mostram que quatro mil pessoas por ano sofrem com intoxicação por agrotóxicos – isso só em 2017. Sem contar os inúmeros danos a longo prazo que essas substâncias podem causar ao organismo humano e ao meio ambiente. Apesar disso, nossos parlamentares pretendem flexibilizar o uso de veneno na nossa comida. Tudo para atender ao lobby de gigantes do setor agroquímico como Bayer, Monsanto, Syngenta, Bunge, entre outras. Tudo para atender às demandas de muralistas fichados por crimes ambientais e acusações de trabalho análogo ao escravo.

ECOO

O problema do plástico é pior do que pensávamos

Geórgia Santos
29 de abril de 2018

Nós já falamos aqui sobre o mar de plástico a que estamos submetendo as próximas gerações. E se já parecia ruim, tudo indica que seja ainda pior.

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No início do ano, uma baleia cachalote foi encontrada morta com 29 quilos de plástico no estômago

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O animal media dez metros de comprimento e apareceu em Múrcia, no sul da Espanha, em uma cena que mais parecia saída de um filme de terror. Especialistas do Centro de Recuperação de Vida Selvagem El Valle encontraram, durante a autópsia, 29 quilos de sacolas plásticas de supermercado, um galão de plástico e pedaços de cordas e redes de pesca.

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Os pesquisadores concluíram que a baleia havia morrido justamente porque não conseguia expelir todo o plástico que havia engolido.

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Esse é sinal mais do que alarmante, absurdo, da quantidade de plástico que estamos jogando nos oceanos. Estima-se que mais de OITO MILHÕES DE TONELADAS de plástico sejam despejadas nos mares em todo o mundo. A crise é global e os números são assustadores. Estima-se que em 2050 teremos mais plástico do que peixes nadando nos oceanos.

Por se tratar de um material sintético, há poucos processos naturais capazes de desintegrar o plástico. Isso significa que as sacolas, canudinhos, copos e garrafas podem nadar por décadas, senão séculos. E não é algo que vai parar no estômagos de animais, somente.

Uma pesquisa realizada pela Orb Media encontrou fibras plásticas em 83% das amostras de água potável em todo o mundo. Outro estudo publicado neste ano ainda encontrou partículas de microplástico em 93% das amostras de água engarrafada (geralmente mineral). A pesquisa investigou 259 garrafas, de 19 localidades em noves países. Ao todo, testaram onze marcas diferentes. No Brasil, a marca testada é Minalba, que contém até 863 partículas de plástico por litro de água. A pior é a Nestlé Pure Life, que chega a 10390 por litro.

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O lado bom da história

Há uma série de iniciativas no mundo inteiro para reduzir a produção e consumo de plásticos. A mais conhecida é a proposta de cobrar por sacolas plásticas de supermercado, o que estimula o uso de sacolas de pano reutilizáveis. Inclusive no Brasil. O projeto de lei (PL 91/2018) que prevê a retirada do plástico da composição de pratos, copos, bandejas e talheres descartáveis foi aprovado pela Comissão de Meio Ambiente do Senado. A proposta é que o material seja substituído em até 10 anos por opções biodegradáveis. Só espero que não seja tarde.

Foto: Twitter / Espacios Naturales Protegidos de la Región de Murcia

ECOO

Dia da Terra – o que estamos fazendo por ela?

Geórgia Santos
22 de abril de 2018

Muito pouco.

Sim, há muitas pessoas que se dedicam a reduzir o impacto do estilo de vida contemporâneo no planeta. São pessoas corajosas que lutam em várias frentes para que os recursos naturais não se esgotem. Mas enquanto sociedade, enquanto grupo, fazemos muito pouco. E já estamos pagando por isso.

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O Dia da Terra é celebrado em 22 de abril desde 1970 com a finalidade de criar uma consciência ambiental comum, chamar atenção aos problemas ambientais.

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Naquele período surgiu a famosa narrativa de plantar uma árvore. E já nos anos 70 se falava em utilizar uma sacola de pano reutilizável no lugar de sacos plásticos. Mas em 50 anos, os problemas aumentaram muito. O que exige uma narrativa mais forte e incisiva: o planeta pode não resistir.

Precisamos mudar a maneira como vivemos de forma drástica, precisamos mudar hábitos se quisermos continuar vivos

É fundamental entendermos o aquecimento global como uma ameaça real; temos um problema gravíssimo relacionado ao consumo de plástico; estamos imersos em cosméticos e produtos de limpeza abarrotados de química; somos intoxicados com quantidades inverificáveis de agrotóxicos; estamos à mercê de um grupo político que não está preocupado com o meio ambiente; o presidente do país mais importante do mundo ironiza o ativismo ambiental.

Então, o que estamos fazendo por ela?

Muito pouco, repito. Desperdiçamos água, desperdiçamos comida, desperdiçamos energia, desperdiçamos vida

Se há uma crise, a responsabilidade é nossa e cabe a nós a recuperação. Não é fácil, mas comecemos. Comecemos com pouco, mas comecemos. Aqui tem cinco sugestões para dar esse primeiro passo e levar uma vida mais sustentável. Coragem.