A temperatura do planeta aumentou e continua a aumentar graças à progressiva queima de combustíveis fósseis. “O Caminho parao fim do mundo” mostra que o investimento em infraestruturas de transportes precisa ser parte da agenda ambiental e deve ser prioridade para um governo que se preocupa em mitigar os efeitos do aquecimento global e também da desigualdade. No Brasil, e no resto do planeta.
A jornalista Geórgia Santos se debruçou sobre uma série de relatórios e documentos para entender de que forma os governos e a sociedade podem agir de modo a interromper o aquecimento da superfície da Terra e, com a ajuda de especialistas, apresenta três possibilidades de ação. Todas elas envolvem tirar o automóvel do centro da vida.
OUÇA Bendita Sois Vós #28 A narrativa do desmatamento
Geórgia Santos
10 de agosto de 2019
No episódio seis da segunda temporada do Bendita Sois Vós, os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol discutem a narrativa do desmatamento. A forma como o governo de Jair Bolsonaro lida com a questão do meio ambiente tem repercussões não apenas na questão da sustentabilidade, mas também na economia e política internacional.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais mostram que o desmatamento da Amazônia cresceu 88% e junho deste ano em comparação com o mesmo mês do ano passado. Em julho, o desmatamento cresceu 278% em relação ao mesmo mês em 2018. E a resposta de Bolsonaro? Além de demitir o diretor do INPE, Ricardo Galvão, fez piadinhas e disse que é o “capitão motosserra”.
Na década de 70, os músicos Sá e Guarabyra já perguntavam na canção Sobradinho, que é trilha desse episódio, se o sertão vai virar mar. “Dá no coração, o medo que algum dia o mar também vire sertão.”
Sim, há muitas pessoas que se dedicam a reduzir o impacto do estilo de vida contemporâneo no planeta. São pessoas corajosas que lutam em várias frentes para que os recursos naturais não se esgotem. Mas enquanto sociedade, enquanto grupo, fazemos muito pouco. E já estamos pagando por isso.
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O Dia da Terra é celebrado em 22 de abril desde 1970 com a finalidade de criar uma consciência ambiental comum, chamar atenção aos problemas ambientais.
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Naquele período surgiu a famosa narrativa de plantar uma árvore. E já nos anos 70 se falava em utilizar uma sacola de pano reutilizável no lugar de sacos plásticos. Mas em 50 anos, os problemas aumentaram muito. O que exige uma narrativa mais forte e incisiva: o planeta pode não resistir.
Precisamos mudar a maneira como vivemos de forma drástica, precisamos mudar hábitos se quisermos continuar vivos
É fundamental entendermos o aquecimento global como uma ameaça real; temos um problema gravíssimo relacionado ao consumo de plástico; estamos imersos em cosméticos e produtos de limpeza abarrotados de química; somos intoxicados com quantidades inverificáveis de agrotóxicos; estamos à mercê de um grupo político que não está preocupado com o meio ambiente; o presidente do país mais importante do mundo ironiza o ativismo ambiental.
Então, o que estamos fazendo por ela?
Muito pouco, repito. Desperdiçamos água, desperdiçamos comida, desperdiçamos energia, desperdiçamos vida
Se há uma crise, a responsabilidade é nossa e cabe a nós a recuperação. Não é fácil, mas comecemos. Comecemos com pouco, mas comecemos. Aqui tem cinco sugestões para dar esse primeiro passo e levar uma vida mais sustentável. Coragem.
Por que é tão difícil aceitar que o aquecimento global existe?
Geórgia Santos
14 de janeiro de 2018
Eu faço essa pergunta com frequência. O planeta está entrando em colapso em função do nosso estilo de vida e, mesmo assim, há quem prefira acreditar que está tudo bem. Acham que é questão de opinião, de ideologia. Entre eles está o presidente dos Estados Unidos, o que torna a mudança ainda mais difícil. Em meio a onda de frio extremo que atinge o leste dos Estados Unidos, Donald Trump tuíta o seguinte:
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“No Leste, pode ser o Ano Novo mais FRIO de que se tem registro. Talvez a gente pudesse usar um pouco daquele bom e velho Aquecimento Global pelo qual o nosso país, mas não outros países, ia pagar TRILHÕES DE DÓLARES para se proteger”
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Mas aquecimento global não é questão de opinião, de ideologia ou conspiração dos chineses. É um fato científico. CIENTIFICAMENTE COMPROVADO. Porque acreditamos que cigarro faz mal para a saúde mas não acreditamos no aquecimento global? Como disse o astrofísico Neil Degrasse Tyson em 10 de agosto do ano passado:
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“Estranho. Ninguém está negando o eclipse solar do dia 21 de agosto nos EUA. Assim como o aquecimento global, métodos e ferramentas científicos previram o acontecimento”
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Mas afinal, por que é tão difícil acreditar que aquecimento global existe? O lance é que as mudanças climáticas são causadas, em grande parte, por indústrias milionárias que não pretendem deixar de ganhar dinheiro. E aí vamos desde a indústria do petróleo, combustíveis fósseis, até a agropecuária. Sim, aquele bifinho e aquela soja estão nessa lista. Ou seja, as grandes potências econômicas não tem interesse em mudar a configuração social que se estabelece há décadas. Todo o estilo de vida propiciado pela revolução industrial causou algum tipo de impacto no meio ambiente. Isso significa que o famoso “progresso” ocorreu às custas do planeta. E se o “progresso” é o grande responsável pelo aquecimento global, é melhor que o aquecimento global não exista.
Confesso que não compreendo essa justificativa. Mesmo que a economia tenha diminuído, ela ainda existe, certo?
Por que alguém não ia querer economizar R$ 159 milhões?
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No Brasil, o horário de verão é aplicado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Distrito Federal (Brasília). De acordo com os dados divulgados pelo Ministério de Minas e Energia nos últimos quatro anos, o Brasil economizou cerca de R$1,4 bilhão. A adoção do horário de verão gerou uma economia de R$853 milhões para os consumidores. Tanto que especialistas recomendam a manutenção da extensão do dia.
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Mas a discussão está centrada em uma abordagem equivocada
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Testemunhei jornalistas bradando em suas TLs sobre achar o horário de verão ótimo ou desagradável e, lamento, mas considero essa abordagem extremamente leviana. Até agora, as justificativas que apresentei se sustentam na questão financeira. Obviamente é um fator importante, mas não podemos nos esquecer que economia na geração de energia é, antes de mais nada, uma redução no impacto ambiental. Em tempos de negação da ciência e do aquecimento global, é preciso levar em conta este aspecto do horário do verão, que é uma medida adotada pela maioria dos países ocidentais, com resultados efetivos e eficazes.
Por outro lado, há cientistas que acreditam que o horário de verão contribui para o aquecimento global, e não o contrário, uma vez que o ar-condicionado permaneceria ligado por mais tempo. O problema com essa afirmação é que ela é derrubada pela redução do consumo de energia, afinal, ar-condicionado depende da mesma eletricidade que a lâmpada.
Pode não parecer, mas horário de verão é assunto sério e precisa tratado como tal, com seus prós e contras devidamente pesados. Por isso formulamos uma lista de benefícios e malefícios (formulada a partir de uma pesquisa com múltiplas opiniões), para que você possa tomar uma decisão informada caso o governo resolva consultar a população. Não pensa no choppinho no final da tarde, não pensa no dia que não termina nunca. Pensa no planeta.
BENEFÍCIOS
Economia de energia
Redução de impacto ambiental (com a economia de energia elétrica)
Redução no número de acidentes nos horários de pico
Papo vai, papo vem, minha mãe perguntou: o que eu posso fazer ?
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A dúvida que ela tem é a mesma de milhares de pessoas. E assim como a dona Tude, essas milhares de pessoas acreditam que levar uma vida mais sustentável é difícil e caro. Mas é mais simples do que se imagina. Mais do que isso, é totalmente possível. Por isso nós preparamos algumas dicas para quem não sabe por onde começar.
Cinco passos para começar a levar uma vida sustentável
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1. Economize energia
Essa era meio óbvia, né? Nem por isso a gente se preocupa o suficiente. E eu sou a primeira a assumir a culpa por deixar todas as luzes da casa ligadas – ou pelo menos deixava, no passado.
Começa por aí, apagando as luzes; desligando aparelhos que não estão em uso; tirando os carregadores da tomada; tomando banhos mais curtos; secando a roupa no varal; lavando a roupa e a louça à mão sempre que possível. Também evite usar o ar condicionado o tempo inteiro e escolha lâmpadas que consumam menos energia.
Se quiser dar um passo adiante, comece a utilizar fontes de energia renovável, como a solar – tem até c. Essas medidas não só ajudam o meio ambiente, mas reduzem – e muito – a conta de luz no final do mês. Ser sustentável economiza até grana. E nunca é demais lembrar que vivemos uma grave crise de energia. Quem não lembra dos apagões?
2. Economize água
Há estimativas de que 50% da água consumida em uma casa seja desperdiçada. E olha, eu lembro de fazer uma apresentação no colégio cantando aquela música horrível do Guilherme Arantes, Planeta Água, para chamar atenção para o desperdício. Isso há mil anos. Será que a gente não evoluiu nem um pouquinho?
Vamos lá, precisamos tomar banhos mais curtos (estou melhorando esse item); fechar a torneira enquanto escovamos os dentes; enquanto lavamos a louça; consertando vazamentos. Sem contar que já passou a era em que era necessário lavar calçada, né? Água da chuva tá aí pra essas e outras coisas.
As nossas fontes de água potável estão se esgotando e precisamos ser responsáveis quanto a isso. A quem acha que não passa de alarmismo, lembro que o nordeste brasileiro enfrentou, em 2017, a pior seca em 100 anos. Agora mesmo, fazendeiros do sul da europa enfrentam a pior estiagem em décadas. O estado da California, nos Estados Unidos, de onde escrevo neste momento, enfrentou os piores anos de seca de sua história. Estudos atestam que foi a pior estiagem em 1200 anos. É isso mesmo, eu não escrevi errado, em MIL E DUZENTOS ANOS.
Abaixo, o vídeo do National Geographic explica: menos de 3% da água do planeta é potável; apenas 0,3% está disponível para consumo humano; e isso é tudo o que temos. E deu.
3. Abandone o carro
Ande a pé ou de bicicleta sempre que possível. Além de ser saudável, é outra maneira de ser gentil com o ambiente. Se usar o carro for imperativo, opte por um modelo mais econômico, de preferencia elétrico. Parece um contrassenso, mas há maneiras de abastecer o carro em plugues alimentados por energia solar. Sem contar que é BEM mais barato que gasolina.
Enfim, evite o plástico sempre que possível. Prefira as alternativas produzias em materiais naturais e biodegradáveis. Esse pequeno documentário divulgado pela ONU Brasil ajuda a compreender o problema.
5. Adote uma rotina de higiene natural
Essa passa por evitar os químicos, e também é uma alternativa saudável. Opte sempre por produtos naturais, desde sabonetes; desodorantes; maquiagem; xampu e condicionador; pasta de dentes; hidratantes para o rosto e corpo e por aí vai.
E aí, tá afim de experimentar uma vida mais verde? Vale a pena. Ah, e não esquece de separar o lixo 😉