Quando se viaja a outro país, a tendência é ser excessivamente cuidadoso com a alimentação, além de economizar ao máximo com comida. Pois eu sou o oposto. Essa foto aí em cima, por exemplo, é de um café da manhã maravilhoso no meu último dia em San Francisco, na Califórnia, Estados Unidos. Mais especificamente, um brunch no maravilhoso Kitchen Story, um lugar que me fez vibrar na mesma frequência que a cidade.
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Acredito que grande parte da experiência de conhecer um lugar novo esteja na cultura e na gastronomia
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Não acho que seja possível conhecer uma cidade sem provar sua comida, seu tempero, seu sabor. Da mesma forma, prefiro investir em um bom restaurante e ficar em um hotel modesto, por exemplo, do que comer sanduíches ou frango de supermercado para economizar. Ora, porque eu comeria um panini nas ruas de Roma se posso experimentar um belo spaghetti alla carbonara?
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Explorar os restaurantes de outro país é uma excelente oportunidade para conhecer mais sobre costumes e cultura
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Dito isso, eu tenho plena consciência que comer em outro país pode ser bastante difícil. Não somente pela resistência que algumas pessoas tem a novos sabores, mas também porque as tradições e etiqueta variam de acordo com a região. E isso pode ser bastante desconfortável.
Para evitar constrangimentos, pensei em algumas sugestões para aproveitar ao máximo as mais variadas experiências gastronômicas
Coma na hora certa
Faça as refeições no mesmo horário em que os moradores locais. Dessa forma, tu não corres o risco de não ter onde almoçar caso os restaurantes fechem cedo, por exemplo. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos o jantar é bastante cedo para os padrões brasileiros, por volta das 18h. Na Inglaterra é ainda pior, no final da tarde. Por isso, se tu saíres para jantar às 21h em um desses dois países, tu vais ficar com fome;
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Use os utensílios corretos – ou nenhum
É preciso ter cuidado com esse detalhe, em alguns países, comer da maneira errada pode ser uma ofensa. Então informe-se. O ideal pode ser garfo e faca, hashis, ou simplesmente comer com as mãos. O lance é dar uma espiada na mesa ao lado e copiar;
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Coma sem pressa
Tu estás de férias, não precisa comer rapidão para pular para o próximo passeio. Um bom restaurante pode ser tão interessante quanto um ponto turístico. Aqui no Brasil, nossas refeições costumam ser demoradas – com exceção dos dias de trabalho e correria. O mesmo acontece na Itália, por exemplo. Então não devore um prato de pasta em 10 minutos. Saboreie;
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Pesquise sobre gorjetas
Já passei muita vergonha com isso. Aqui no Brasil, é costume incluir 10% de serviço na conta final. Por isso, não temos o hábito de dar gorjeta, muito menos de 20%. Mas em muitos países, não deixar gorjeta é extremamente deselegante. Por outro lado, em lugares como o Japão é considerado ofensivo. Por isso, pesquise;
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Fuja de restaurantes turísticos
Geralmente, os melhores restaurantes não estão nas proximidades dos pontos turísticos. Pelo contrário. Ali estão os lugares mais caros e com pior comida disponível. Procure os restaurantes escondidos e despretensiosos para uma ótima relação de custo benefício.
Se você entrar em um restaurante e só enxergar turistas, há algo errado. A boa comida típica está onde os moradores estão. Uma boa pesquisa antes da viagem pode ajudar bastante. Pergunte a amigos que já visitaram o lugar.
O carnaval está chegando e muita gente vai viajar para curtir o feriadão. Alguns vão para a praia, outros para o Rio, outros para o Nordeste. Há também quem vá escapar para mais longe e atravessar o Oceano. Mas o que todos tem em comum é o fato de que ninguém quer se preocupar com o que colocar na mala. Até porque, no caso do carnaval há outras prioridades – e trajes sumários. Mas como não se preocupar?
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É muito simples, basta viajar apenas com a bagagem de mão
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Não precisa se preocupar com bagagem extraviada. Nada de ficar mil anos esperando a mala aparecer na esteira. Nenhuma chance de precisar pagar alguma taxa extra. Parece difícil, mas é bastante simples. Basta ser objetivo. No inverno complica um pouco, mas é perfeito pra o carnaval, especialmente com alguns truques na manga. E se a ideia é voltar com muitas compras, basta comprar uma mala no país de destino e despachar somente na volta, que tal?
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1. Comece comprando uma mala compacta, porém espaçosa
As malas que podemos carregar no avião, sem despachar, não são todas iguais. O ideial é encontrar uma que seja compacta, para ser fácil de carregar, mas espaçosa. De preferência com alguns bolsos externos e um expansor;
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2. Espalhe tudo pela cama
Essa etapa é fundamental. Sem pensar no tamanho da mala, espalhe pela cama tudo o que tu achas que é imprescindível. A partir daí, edite e fique com o básico;
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3. Não repita itens pesados
É absolutamente desnecessário levar dois tênis, duas calças jeans, dois casacos, duas saias. Claro que tu precisas de mais de uma blusa, por exemplo, mas leve apenas uma peça dos artigos mais pesados;
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4. Invista em peças únicas
Essa vale para mais as mulheres. Invista em peças únicas, vestidos e macacões. . Afinal, em geral, um vestido ocupa menos espaço que uma saia e uma blusa;
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5. Não exagere nas peças íntimas
Leve somente o necessário, ou seja, uma para cada dia. Afinal, não é difícil lavar uma calcinha ou cueca. O mesmo vale para meias;
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6. Economize nos cosméticos
Leve somente o essencial, o mínimo. Creme dental, desodorante, sabonete, xampu, condicionador. Se a qualidade dos produtos não for importante, nem isso precisa, já que alguns hotéis oferecem miniaturas.
O mesmo vale para a maquiagem: corretivo, batom e rímel. Até porque, é sempre uma compra possível – ou provável. Além da quantidade, cuidado com o tamanho. As embalagens precisam ter menos de 100ml e guardadas em um saquinho transparente. No carnaval tá liberado o brilho, hein;
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7. Otimize o espaço
Nada de atirar as coisas de qualquer maneira. Dobre com cuidado e organize os itens de maneira a aproveitar ao máximo o espaço da mala;
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8. Deixe os líquidos em local acessível
Nada de esconder os líquidos no fundo da mala, sempre coloque por último. Deixe por cima do restante, porque talvez a segurança do aeroporto queira averiguar; Por precaução, leve um segundo kit de higiene na bolsa;
Não viajo sem – Sete itens indispensáveis em uma viagem
Geórgia Santos
27 de janeiro de 2018
Na rotina de quem viaja muito, há alguns itens indispensáveis na hora de fazer a mala. Pensando sobre eles, percebi que não se trata de uma lista imutável, pelo contrário. A experiência de uma viagem nos ensina muito, por isso frequentemente acrescento algum artigo que torna meus passeios bem mais fáceis. Não falo de documentação específica, vacinas e coisas do gênero, mas de amenidades.
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Estes são os sete itens indispensáveis em uma viagem
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1. Travesseiro de pescoço
Era algo que eu subestimava, até me dar por vencida e comprar um. Melhor compra da vida. É muito mais fácil viajar quando a gente não acorda babando no ombro de um desconhecido. Se tu achares muito grande, olha o item 2;
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2. Casaquinho
Sabe aquela frase clássica da mãe? “Leva um casaquinho!” Então, no caso de uma viagem, é mais importante do que nunca. Você nunca sabe o ar condicionado que irá encontrar pela frente. E se tu não quiseres levar o travesseiro de pescoço, enrola o casaquinho e usa para apoiar a cabeça;
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3. Livro
Pelo menos um. Sempre há um momento em que se está em um aeroporto, sem fazer nada. Não há coisa melhor para passar do tempo do que ler. Se não for tua praia, pense em um passatempo que se adeque melhor. Música, revista etc;
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4. Algo para comer
Pode ser uma maçã, uma barrinha, uma bolachinha. Porque você pode não conseguir comer a comida do avião, ou do aeroporto. Enfim, é sempre bom ter algo por perto;
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5. Lenço umedecido
Porque mulheres não podem simplesmente sacudir, não é mesmo? É sempre bom ter um lenço umedecido por perto. Papel já resolve, mas o lenço umedecido é bom para limpar as mãos e o rosto, também. Especialmente em viagens longas;
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6. Adaptador de tomada
Eu não sei qual o acordo do inferno realizado por todos os países do mundo, mas cada um usa uma tomada diferente do outro. Sério. É ridículo. Então, se tu não quiseres ficar sem bateria no rico do celular, leve um adaptador.
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7. Celular
Obviamente levo o celular para poder manter contato e para emergências. Mas não nos enganemos, o celular é muito mais usado para qualquer outra coisa além de um telefonema. O lance é que, atualmente, o celular substitui a câmera fotográfica para amadores, o mapa e o guia turístico. Com o GPS, não precisa mais carregar o mapinha embaixo do braço (embora, na minha opinião, ajude). Sem contar na infinidade de aplicativos que fazem as vezes do guia em papel (que eu também ainda adoro).
Ah, se a viagem for internacional, não esquece o passaporte =)
Seis dicas fundamentais para curtir uma viagem tranquila
Geórgia Santos
13 de janeiro de 2018
Nós passamos muito tempo fazendo contas para garantir que teremos grana o suficiente para viajar. Com sorte, dá para parcelar a passagem em cinco vezes, sem juros. São dias a fio à procura do hotel mais barato. Sem café para economizar. Planjeamos cada passo na cidade desconhecida, com medo de que não saber por onde começar. Ai, a mala. Que inferno. Faz frio? Calor? Precisa levar roupa mais arrumadinha ou um vestidinho e tênis é só o que eu vou usar? Enfim, são muitos os motivos para que o período que antecede qualquer viagem seja estressante.
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Mais do que planejamento, porém, há uma série de atitudes que a gente pode adotar para aproveitar ao máximo um passeio
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Por isso, listamos
Seis dicas fundamentais para curtir uma viagem tranquila
1. Viaje sem julgamentos e ideias pré-concebidas
O maior empecilho a qualquer viagem é partir com ideias pré-concebidas sobre o lugar. Deixe-se levar pelo desconhecido e aproveite para explorar os cantos e sabores de cada cidade. Não é porque a tua amiga comeu mal em Roma que a Itália não tem boa comida. Só o que faltava;
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2. Seja flexível com seus planos
Tudo bem, foram dias e mais dias de planejamento para que desse tempo de ver tudo. O problema é que, às vezes, com a pressa de conhecer os pontos turísticos do guia de viagem, a gente deixa de aproveitar o que está fora dos roteiros. Um itinerário rígido pode estragar a viagem. Um fado em uma pequena casa recém descoberta em Alfama, Lisboa, pode ser muito mais interessante que um passeio ao Mosteiro dos Jerónimos;
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3. Não se irrite com os contratempos, você está de férias
Os hábitos são diferentes de um país para outro, por isso, entre no clima e relaxe. Assim como gestos e palavras podem significar coisas totalmente diferentes. Portanto, informe-se. Rapariga, em Portugal, não é ofensa;
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5. Experimente coisas novas
Isso vale para comida, música, lugares, passeios. Enfim, tudo. Experimente coisas novas, saia da zona da conforto. São essas pequenas aventuras que tornam uma viagem memorável. Que graça tem viajar à Taiwan para comer batatas fritas, certo?
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6. Não passe o tempo todo olhando para a tela do celular
Fotografias são lembranças importantes de uma viagem, é aquilo que fica depois que o passeio acaba. Mas não desperdice o tempo precioso em um local especial olhando para a tela do celular. Tire suas fotografias rapidamente e aproveite o tempo curtindo o lugar. Isso ninguém tira de ti.
O começo do ano é perfeito para planejar uma viagem para o exterior. Aquela energia para experimentar está constantemente pulsando em nossas veias, como se o sangue fosse composto única e exclusivamente por adrenalina. É o momento ideal para explorar o mapa do mundo à procura de lugares legais para conhecer. Especialmente agora em que lugares antes ignorados por viajantes inveterados passam a entrar na lista de aventuras inesquecíveis. Assim como alguns destinos esquecidos voltam a aparecer na lista em função de uma espécie de reafirmação cultural.
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Mas o mundo é grandão. E para te poupar um pouco do trabalho de fazer essa varredura, a gente fez uma lista com
Cinco lugares bem legais para conhecer em 2018
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Buenos Aires – Argentina
Caminito, Buenos Aires, Argentina
Estive na capital argentina há muitos anos e, finalmente, chegou o momento de voltar. É a minha escolha de viagem para este ano. Buenos Aires é uma capital impregnada por cultura, arte e história. Em que a tristeza das mães da Plaza de Mayo se misturam ao som do Tango e ao aroma dos vinhos, que se mescla à memória de Evita e seu túmulo, que estão ligados ao Caminito e suas cores, compartilhadas com o futebol e o mate. Sem contar que uma viagem a Buenos Aires pode ser esticada até Mendoza, terra dos vinhos, ou, quem sabe, até ao Sul e à fria Bariloche.
Neste ano ainda há um detalhe: a Feira de Arte Contemporânea, agendada para setembro, acontece na capital dos Hermanos. Um ótimo momento para conhecer Buenos Aires e tomar um mate.
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Costa Vicentina e Algarve
Algarve, Portugal
Sempre que se fala sobre turismo em Portugal, imediatamente pensa-se em Lisboa ou Porto – alguns talvez lembrem de Fátima ou Coimbra. Mas o fato é que raríssimos são os que pensam em praia. E eu não era diferente. Qual não foi minha surpresa quando deparei com cenários paradisíacos, escondidos na Costa Vicentina e no Algarve? Minha amiga Ana e eu embarcamos em uma road trip inesquecível. Partimos do Cascais e fomos até Portimão, parando em pequenas vilas e praias pelo caminho, sem destino certo, sem lugar para ficar. Decidíamos onde dormir na hora, perguntando por aí se havia quartos para uma noite. Vimos quartos sujos dos quais fugimos; pousadas, nas quais ficamos, que abrigavam assustadoras bonecas de porcelana; pensão com senhoria preconceituosa. Cantamos “Cheira a Lisboa”, levemente embriagadas, pelas ruas de Vila Nova de Milfontes.
Experimente, em qualquer lugar, ameijoas fresquinhas e cataplanas de frutos do mar. Babe com as construções mouras, as cerâmicas, os penhascos, a água transparente e fria. Cada passo do caminho certamente faz da costa sul de Portugal um destino especial para conhecer em 2018.
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Santiago – Chile
A isolada capital chilena está se tornando uma queridinha em guias de viagem mundo afora e sua popularidade só tende a aumentar em 2018. Por isso, este ano é um ótimo momento para conhecer Santiago. Mesmo porque, é uma visita que se estende aos vinhedos do interior e às praias de Viña del Mar e Valparaíso; ou à Cordilheira dos Andes e seus picos nevados; ou ao Deserto do Atacama. O Chile oferece aos viajantes uma gama bastante extensa de atrações, capaz de agradar aos públicos mais diversos. Vá às degustações de vinho, passeios por museus, à casa de Pablo Neruda. Se não for teu caso, há também esportes radicais, escalada, montanhismo. Ainda não? Então desfrute das praias e deliciosos frutos do mar. Em resumo, qualquer época é época para viajar ao país, tão diverso que chega a ser difícil definir.
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Toscana – Itália
Montepulciano, Toscana, Itália
Assim como no caso do litoral português, a sugestão não é uma cidade, mas uma região, talvez uma das mais emblemáticas da Itália, impregnada pelo romantismo que a precede. A Toscana já foi imortalizada em filmes e certamente o será por ti. Não fique em hotel, alugue uma casinha no interior, em algum vilarejo pequeno, e se deixe levar pelo calor. Aprenda a fazer massa. Aprenda italiano. Alugue um carro e explore os vinhedos, as cantinas, os queijos. Esqueça os passeios turísticos com guia, explore os cantos sem pressa, coma uma pizza, beba um vinho, experimente a Bisteca Fiorentina, aprecie David.
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Cidade do Cabo
Table Mountain, Cidade do Cabo, África do Sul
Os planos de viagem raramente incluem o continente africano. Por um hábito de origem preconceituosa, é comumente associado à pobreza e violência. O lance é que pensar assim é uma perda de tempo que nos afasta de maravilhas como Marrocos, Egito, Moçambique e tantos outros. Ao sul, por exemplo, encontra-se a Cidade do Cabo, na África do Sul. Meu marido fala que as praias do Cabo são tão bonitas quanto as do Rio de Janeiro. De fato, é uma cidade maravilhosa. Apenas não tem a badalação da orla carioca. Infelizmente, os traços do Apartheid permanecem e o povo ainda sofre essa consequência. E assim como na Argentina, em que a história triste história política se mistura à cultura, a Cidade do Cabo tem esse período marcado na carne. Ter consciência do que se passou ali, porém, torna o passeio cheio de significados. A cada passo na Table Mountain ou a cada gole dos vinhos sul-africanos.
O projeto Tokyos – Retratos do Cotidiano apresenta a capital do Japão que os estereótipos de guias de viagem deixam de fora. Na exposição do fotógrafo Gustavo Mittelmann, Tóquio supera as grandes construções e o neon para ser desvendada em sua essência humana.
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Tóquio são as pessoas
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As fotos exibem a cidade de que só existe por uma fração de segundo e depois se transforma. Uma cidade viva, com grande contraste cultural e movida por uma engrenagem humana que não tem nada de fria.
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Gustavo está compartilhando conosco a poesia visual das ruas
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Tokyos – Retratos do Cotidiano está em exposição no Centro Cultural Érico Veríssimo, na sala O Retrato, entre 23 de novembro e 16 de dezembro. Parte das fotos integrará, em janeiro de 2018, uma mostra coletiva na Agora Gallery, em Nova York.
Centro Cultural Érico Veríssimo – Rua dos Andradas, 1223 – Centro Histórico, Porto Alegre – RS
Gustavo Mittelmann é publicitário de 38 anos formado pela UFRGS. Sócio e diretor de cena da Catraca Filmes há 11 anos, já atua no audiovisual desde o final dos anos 90. Foi nessa mesma época que a paixão pela fotografia começou a se manifestar. Não demorou muito para o quarto se transformar em um laboratório de fotos preto e branco.
Ao longo dos anos, a atividade profissional ajudou a aprimorar o hobby e vice-versa. Como resultado, vieram dois prêmios de fotografia amadora e duas publicações na revista francesa Photo, uma das mais importantes da área no mundo.
O fato de eu não ter filhos faz com que eu, naturalmente, ignore destinos que sejam interessantes e divertidos para os pequenos. Isso mudou neste ano. Não, não estou grávida. Acontece que nos meses em que vivi na Califórnia, Estados Unidos, recebi visitas muito especiais. A Nanda (minha tia) e o Ronaldo passaram 12 dias comigo e não viajaram sozinhos: levaram a Helo, filha deles que tem quatro anos; e a Victoria, minha prima e afilhada que tem 14 anos.
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Imediatamente comecei a fazer um roteiro na Califórnia que fosse divertido pra uma criança e pra uma adolescente
E deu muito certo
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Deu tão certo que os adultos adoraram também e se divertiram tanto quanto. Eu escolhi quatro programações diferentes (todas no sul da California) pra dividir com vocês ao longo de quatro semanas. Mas como sempre acontece por aqui, obviamente algumas coisas saíram do script. Mas enquanto tudo dava certo, eu vestia minhas orelhinhas de Minnie e brinquei como se tivesse cinco anos.
Disneyland
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Eu e a Vic; Helo e a Minnie
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Geralmente, quando os brasileiros pensam em Disney, imediatamente lembram de Orlando e do gigante parque da DisneyWorld. Acabam esquecendo que a Califórnia guarda com todo o carinho o primeiro parque temático que o senhor Walt construiu. A Disneyland foi aberta em 1955, em Anaheim, e é a história viva desse mundo mágico. É bem menor que a versão da Flórida, mas quando se viaja com uma criança de quatro anos, isso é uma grande vantagem.
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O que levar
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Essa etapa é muito importante, afinal, um passeio à Disney não dura por duas horas, mas o dia inteirinho. Por isso, é importante pensar em alguns itens para passar o dia:
1. Garrafa d´água é fundamental, porque o clima de Anaheim é extremamente seco. Há água para vender, mas é cara. Então em vez de torrar o dinheiro comprando água, encha a garrafinha nos bebedouros espalhados pelo parque;
2. Muda de roupa, ou uma camiseta extra. Há brinquedos em que a gente pode se molhar, como o Splash Mountain. Sem contar que, com crianças, uma roupinha extra nunca é demais;
3. Filtro solar. Não precisa explicar, né;
4. Boné ou chapéu ajudam muito. O clima no sul da California é bastante estável e chove muito pouco. Isso significa que mesmo em dias de temperaturas relativamente baixa, o sol é bastante forte – e às vezes as filas podem demorar;
5. Carregador de bateria ou bateria extra. Não há celular que resista a um dia inteiro de fotos e vídeos;
6. Lanchinho como frutas, castanhas e barrinhas. Há muitos lugares para comer na Disney, mas eu recomendo os restaurantes somente para as refeições maiores como almoço e jantar, porque se perde muito tempo – além de ser caro e, quase sempre, porcaria;
7. Carrinho de bebê – mesmo para crianças mais velhas, porque elas vão cansar. Há carrinhos para alugar no local, então não precisa se preocupar muito com esse detalhe. O problema é que esses carrinhos não são os mais confortáveis, então a criança não fica muito acomodada ao dormir. Mas quebra o galho;
8. Casaquinho ou outro agasalho, pois a temperatura cai bastante à noite, mesmo no verão;
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Como chegar
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A melhor maneira é ir de carro e deixar no estacionamento do resort. Mas se não pilha de alugar, pode pegar um trem até Anaheim e de lá pegar um uber.
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O que ver
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Antes de mais nada, é muito importante baixar o aplicativo. Ali você tem acesso ao mapa e, principalmente, o tempo de espera de cada brinquedo. As filas são enormes e, em alguns casos, a espera passa de duas horas. Para evitar esse tipo de problema, é só controlar o tempo de espera no app. Às vezes, em função de algum evento, paradas com os personagens ou até mesmo horário, abre uma janela de menor espera. Além disso, existe um passe rápido que pode ser utilizado em alguns brinquedos e por tempo limitado.
A organização é muito importante porque não dá tempo de ver tudo, a menos que você fique mais de um dia. Abaixo, sugestões do que eu achei mais legal. Mas obvio que é apenas o meu gosto, por isso é legal baixar o app e explorar antes mesmo da viagem.
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MAINSTREET – É a entrada e o diferencial desse parque, que ó primeiro que o seu Disney construiu. A rua tem ares históricos com a reprodução de uma pequena cidade cenográfica, restaurantes, carruagens e vários personagens dando sopa, só esperando uma fotinha;
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FANTASYLAND – É a área perfeita para os pequenos, com atrações dos filmes clássicos da Disney, aqueles que todos vimos mil anos atrás. Alice no País das Maravilhas, Pinóquio, Rei Arthur, Peter Pan. É como voltar à infância. A gente vira criança. O lugar também é especial porque é onde “moram” as princesas. Teve adulto chorando ao ver a Rapunzel. Dá pra fazer um tour e conhecer várias princesas, o castelo da Bela Adormecida e ainda assistir a uma peça de teatro incrível;
.MICKEY´S TOONTOWN – É o coração da Disneyland, é onde tem a casa do Pateta, o barco do Donald, a casa do Tico e Teco, da Minnie e, é claro, a casa do Mickey, que é uma atração à parte e uma viagem no tempo . A gente tem a sensação de estar dentro de um desenho animado. É uma delícia e vale muito a pena;
TOMORROWLAND – A área futurista do parque, onde estão as atrações de Star Wars e Toy Story. Mas a minha favorita é o Submarino do Nemo, em que a gente embarca em um submarino de verdade e é levado por todas as aventuras que o pai do peixinho e a Dory enfrentaram;
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ADVENTURELAND – Aqui a gente encontra as aventuras do Tarzan e uma das melhores atrações de todo o parque, na minha opinião: Indiana Jones. É simplesmente incrível, especialmente pra quem conhece os filmes de cabo a rabo. Tem o jipe, tem a bola rolando, tem o Indi descendo do teto pra te salvar. E como se não bastasse, a área ainda abriga a Enchanted Tiki Room. Eu não entrei pra ver o que acontece, mas paramos do lado de fora onde há o Tiki Juice Bar, onde eles vendem uma sobremesa maravilhosa.
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E foi aí que a viagem que parecia tranquila virou um pequenino desespero
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Paramos os cinco para comprar o que eles chamam de Dole Whip Float, que é basicamente um sorvete de abacaxi dentro de um copo com suco de abacaxi e pedaços de abacaxi. Uma delícia docinha e refrescante – e com guarda-chuvinhas de papel. Mas essa iguaria não é uma descoberta minha, TODOS que pisam na Disney procuram por esse sorvetinho. Isso significa que o lugar tem zilhões de pessoas. Isso não seria problema se as crianças ficassem sentadinhas e quietinhas em seus lugares, não é mesmo? Mas sabemos que isso não acontece e não foi diferente com a Heloísa.
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Corre pra lá e corre pra cá até que … cadê a guria?
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A mãe dela se desespera e começa a gritar: “Heloísa! Heloísa!”A gente tentou acalmar a Nanda e começou a olhar pra os lados, até que o pai avistou a menina em forma de terremoto. Estava a dois passos de todos, olhando o poço dos desejos. Ufa. A sorte é que a Helo tinha uma pulseira com todos os dados e telefones, justamente pra o caso de se perder. No fim não precisamos desse recurso, felizmente, mas é uma ótima dica. E não esquece do sorvetinho;
NEW ORLEANS SQUARE – É, sem dúvida, a “vizinhança” mais legal da Disney. A gente é transportado pra New Orleans, especialmente à noite, e simplesmente não quer mais sair. Sem contar que tem duas atrações clássicas do parque estão lá: Piratas do Caribe e a Mansão Mal Assombrada. Vale cada segundinho;
Além disso, fique de olho no horário de atrações que ocorrem por todo o parque, como as Paradas e Paradas Elétricas, e os pontos em que os personagens estão dando autógrafos.
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Onde comer
Cada área do parque oferece restaurantes com refeições de todos os tipos e pra todos os gostos. Nós almoçamos na FantasyLand, na Taverena do Gaston. Sim, ele mesmo, aquele da Bela e a Fera. O lugar é super bacana, como se a gente estivesse dentro do desenho. E a comida estava uma delícia.
Eu vivi em Lisboa por um ano e, de fato, poderia escrever por horas sobre os lugares que conheci em Portugal, sobre o que comi e, claro, sobre os deliciosos obstáculos que encontrei pelo caminho. Mas neste final de semana, só importa o que ela tem a dizer sobre Lisboa. Ela quem? Dona Gertrudes, a Tude, também conhecida como minha querida e adorada mãe.
Mamãe e eu damos um pulinho em Fátima. A gente não gostou nem um pouquinho, mas não conta pra ninguém =P
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Lisboa é a cidade favorita da minha mãe apesar de, como não poderia deixar de ser com membros da família, muita coisa ter dado errado. Muita coisa
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A Tude visitou Lisboa três vezes. Na primeira vez, tudo correu de maneira tranquila (os problemas aconteceram em Madri, Barcelona e Sevilha, que visitamos na sequência). Na segunda eu já morava por lá e, ah, ela não imaginava o que estava a sua espera. Dois dias antes de voltar pra casa, meu pai teve febre e começou a tossir de maneira bastante assustadora, algo como um pastor alemão tentando falar. Insistimos pra que ele procurasse ajuda e uma médica foi até minha casa. Foi a vez de ela insistir pra que ele fosse ao hospital. Chegou lá e foi internado depois de dar respostas completamente sem nexo à médica que o atendia naquele momento. Ele estava com nada mais, nada menos, que Gripe A. Que evoluiu para pneumonia.
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Os dois ficaram duas semanas presos dentro do Hospital da Cruz Vermelha com meu pai delirando por falta de oxigênio e abstinência do cigarro
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Ele só foi liberado depois que eu garanti que ele teria oxigênio em casa e no transporte de volta pra casa. Sim, oxigênio no avião. E foi operado assim que chegou ao Brasil. Foi bizarro. A mãe pirou (com razão), mas isso não afetou o amor por Lisboa. Deixou ela morrendo de medo de voltar, é verdade, mas ela continuou amando a cidade
Depois de muita insistência, ela resolveu voltar. Quase um ano depois do fatídico episódio. Lisboa a esperava de braços abertos, como diz a musiquinha da TAP, mas não era só isso. Portugal a esperava também com mais um punhado de surpresas que renderiam, aproximadamente, uns 15 posts. Mas eu vou encurtar o lance e listar os episódios:
1. Saindo do El Corte Inglés, uma loja de departamentos, o alarme disparou. Dois seguranças correm na direção dela pra revistar as sacolas enquanto a gringa fica vermelha. Eu, do lado de fora fumando um cigarro, só ri. Ela, do lado de dentro, queria matar todo mundo. Foi uma comoção, de fato. Todo mundo olhando, aquele preconceito com as brasileiras que devem ter roubado uma mercadoria e tal. Deveríamos ter processado.
2. Numa bela noite, ela e minha madrinha saem pra ir ao supermercado. Minha prima e eu ficamos em casa. Nós sabíamos que havia lojas pelo caminho e que não seria uma tarefa de 15 minutos. Mesmo assim, elas estavam demorando demais, eu já estava preocupada. Umas duas horas depois elas aparecem encharcadas e morrendo (sério) de tanto rir, elas mal conseguiam respirar. Acontece que no caminho de casa, que ficava a duas quadras do lugar, elas conseguiram se perder. Só que era noite e um temporal desabava sobre a cidade. Elas começaram a dar voltar no centro comercial e, finalmente, foram para o lado errado. Nesse meio tempo, o chapéu da minha mãe sai voando pela rua alagada e a doida começa a correr atrás. Duas horas depois….
3. Num passeio ao Cabo da Roca, onde há penhascos deliciosos, ela se desequilibrou com o vento e levou um tombão. Longe dos penhascos.
4. Entediada em uma loja, resolveu esperar pela irmã do lado de fora. Pra passar o tempo, resolveu brincar de estátua viva com a sobrinha. Com direito a passar o chapéu e tudo. Eu amo minha mãe.
Eu passaria o dia escrevendo sobre a as aventura da Tude, mas vocês já entenderam, né? Então dá uma olhada no que ver e o que fazer em Lisboa. Claro, os lugares favoritos da mãe. Não é um guia definitivo, mas é o roteiro perfeito pra ela.
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Lugares pra ver
A mãe adora passear por Lisboa, bater perna, mesmo. Felizmente, é uma cidade perfeita pra isso, mesmo com as lombas.
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Chiado
É um dos bairros mais charmosos da cidade. Perfeito para caminhadas, também abriga algumas das lojas e cafés mais interessantes de Lisboa, como o Café à Brasileira, famoso pela estátua de Fernando Pessoa. Mas também é onde se pode observar alguns dos pontos turísticos mais importantes de Lisboa, como o Museu do Carmo e o Elevador de Santa Justa. Se caminhar um pouquinho além do convento, há um mirante espetacular. E se quiser subir umas lombas, aproveita pra explorar o Bairro Alto.
Rossio/Baixa
Perfeito para bater perna e descobrir as lojinhas e lojonas das ruas do entorno do centro da cidade. Vale caminhar até a Praça do Comércio, que fica à beira do Tejo.
Belém
É uma região mais afastada do centro da cidade, mas é uma das bonitas de Lisboa. Tem jardins lindos além de uma feira de antiguidades incrível aos domingos. Sem falar da possibilidade de caminhadas deliciosas à beira do Tejo. Alguns dos pontos turísticos mais legais estão por lá, como a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos e o Mosteiro dos Jerônimos. Ah, e é onde se come o famoso Pastel de Belém.
Onde comer
A mãe é malinha pra comida, mas em Lisboa não encontrou qualquer problema. É tudo uma delícia.
Do ladinho dos famosos pastéis de Belém tem um restaurante minúsculo e nada glamouroso, mas que serve um peixe dos deuses e por um preço bastante honesto. E o gerente (ou dono, não sei) é uma figura. Fala mil idiomas e vai fazer de tudo pra que todos se sintam à vontade. Sugestão da Tude: prove os carapaus, dois peixes grelhados na brasa com azeite e alho e umas batatas ao murro. Hm!
É um café e restaurante que serve uma comida maravilhosa ao estilo bistrô e por um preço convidativo. Sem falar do terraço nos fundos da propriedade. Escolha perfeita pra o verão.
Uma ótima escolha pra quem tiver grana pra gastar. As paredes forradas com fotos de celebridades dão o atestado. A comida é gostosa de verdade, mas é caro.
Como se movimentar
Lisboa é perfeita para andar à pé, mas não deixe de andar com os famosos elétricos, os bondes amarelos da cidade. A mãe não só adora como recomenda. Táxi também ajuda e é bem barato.
Foi uma semana congelante no sul do Brasil, segundo relatos que recebi. Previsivelmente, a gauchada já começa a se coçar pra viajar pra serra e passar aquele frio gostoso enchendo a cara de vinho em frente a uma lareira e coisa e tal. Três amigas e eu resolvemos fazer isso e viajamos para Cambará do Sul há quase cinco anos. E valeu a pena, mas foi uma viagem turbulenta – óbvio.
O suposto atropelamento deixou a viagem estranha, mas bastante propensa a ataques de riso eventuais. No meu caso, de puro nervosismo. Provavelmente algo que herdei de minha mãe, considerando que não há ninguém no mundo que ria mais que ela ou o faça em situações mais inadequadas. E os risos eram realmente aleatórios, não estávamos bebendo nem fumando maconha. Só coca-cola e uns marlboros.
Quando avistamos a placa indicando que estávamos em Cambará do Sul, já havia passado de 1h da manhã. A cidade parecia o cenário de um filme do Clint Eastwood. Abandonada, escura, com uma baita neblina e sem uma viva alma na rua. Veja bem, almas, havia. Vivas, nenhuma.
Todos os celulares estavam sem bateria – lembrem, era 2012 e as fotos foram tiradas com câmera digital – e nós não tínhamos a menor ideia de como chegar à pousada. Estávamos condenadas a vagar até que alguma pessoa aparecesse. Renata começou a dirigir em círculos pela cidade, na esperança de que encontrássemos alguém que pudesse nos ajudar. Felizmente, de alguma forma, chegamos até a casa em que ficava a Brigada Militar.
Neste ponto é importante ressaltar que Fernanda e eu estávamos em meio a um dos piores ataques de riso de toda a viagem. Eu não conseguia respirar, meu diafragma estava distendido e louco pra soluçar e minha barriga estava tão tensa que a câimbra já se anunciava. Não bem câimbra, mas aquela dor que dá quando a gente corre sem ter o menor preparo físico, sabe. Por isso, Renata e Evelin, muito responsáveis, sugeriram que nós ficássemos no carro pra que os policiais não se sentissem ofendidos. Justo.
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Elas desceram e começaram a bater na porta, aparentemente sem muito sucesso. Quando já estavam voltando pra o carro, aparece alguém na porta. Sem farda e armado. Elas se borraram, Fernanda e eu rimos ainda mais
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Esclarecida a situação de estarmos vagando pela madrugada, as gurias pediram ajuda. Se desculparam pelo nosso comportamento infantil e eles, gentilmente, explicaram como chegar à pousada. Quando elas voltaram pra o carro, perguntei pra Renata se ela havia entendido, ao que ela me garantiu que sim. Mentira. Duas quadras depois ela não sabia mais pra onde ir e nós não conseguíamos mais encontrar a Brigada.
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“Sem demora, notei que um carro nos seguia. As gurias estavam céticas, me chamaram de paranóica”
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A essa altura nós já não ríamos mais. Estávamos com medo, mesmo. E tínhamos razão pra isso. Sem demora, notei que um carro nos seguia. As gurias estavam céticas, me chamaram de paranoica. Riram. Mas aquilo estava estranho. Renata resolveu testar o motorista e começou a entrar em ruelas improváveis. A cada curva que nós fazíamos, eles seguiam o mesmo trajeto. Viramos à direita. Eles também. Viramos à esquerda, eles também.
Ficamos desesperadas. Assustadas de verdade. Estávamos em uma cidade fantasma sendo seguidas por um automóvel que parecia ter quatro homens dentro – exatamente a quantidade de mulheres em nosso carro. Renata foi mais corajosa –e doida – e resolveu parar o carro e perguntar o que estava acontecendo. Não reagimos bem.
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“Tu tá louca. Eles vão nos estuprar, nos matar, a gente não vai sair viva disso. Não para esse carro. A gente vai ser presa fácil. Não faz isso!!!”
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Eu estava em pânico, a Fernanda chorava, a Évelin blasfemava e a Renata abaixou o vidro e perguntou: “O que vocês querem?” Notando o nosso desespero, o rapaz sorriu e disse: “A gente sabia que vocês iam se perder, por isso resolvemos ajudar.” Eram os brigadianos que decidiram nos seguir, garantindo que chegaríamos ao destino. “A gente leva vocês até lá, segue o carro”, explicou. Obviamente, diante do ridículo, caímos na gargalhada de novo e fizemos o que eles disseram.
Mas algo soou estranho. Eles não estavam de viatura ou fardados. Hm, não parecia certo. Ao mesmo tempo, o carro seguia para uma rua escura, de chão batido, sem casas ou prédios no entorno. Todas pensamos a mesma coisa.
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“Nós somos muito trouxas. É uma emboscada!!!!”
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Começamos a gritar, eu comecei a chorar e a Fernanda não parava de gritar que era uma emboscada. A Évelin e a Renata tentaram manter a calma, mas elas estavam apavoradas também. “Eles vão nos estuprar no mato, cortar nossos corpos em pedacinhos e ninguém nunca mais vai encontrar. Meu Deus, nossas famílias. Que horror. Arranca esse carro, foge. É uma emboscada! É uma emboscada!!!!”
Eu sei que parece coisa de quem vê muito Criminal Minds, mas a situação era tensa. Eu alternava entre risos e choro e estava muito assustada. Até que tudo ficou ainda pior. Eles pararam o carro em uma rua escura e, aparentemente, sem saída. Não conseguiríamos passar por eles. Nisso, outro carro surge do nada e nos fecha. Fodeu.
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“Eu disse que era uma emboscada, a gente vai morrer!!!”, gritou a Fernanda
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A essa altura do campeonato, todas nós acreditávamos nisso. De verdade. Quando eles desceram do carro, o discurso de despedida já começava a ser ensaiado e as lágrimas eram bastante intensas. Era o fim. Adieu. Era uma emboscada.
Exceto pelo fato de que estávamos em frente à pousada e o cara que “nos fechou” só estava entrando na garagem da própria casa. Mas também, dá uma olhada na rua do bagulho. Imagina à noite. Compreensível, né?
Sim, adivinhou, caímos na gargalhada. De novo. Só que dessa vez foi difícil de parar. Eu levei muito tempo. Acordamos o dono da pousada, demorei uma hora pra fazer a lareira funcionar (que já estava preparada e era só acender um fósforo) e quase fui expulsa do quarto ao melhor estilo Big Brother, com votação e tudo, porque não calava a boca.
Hoje “A Emboscada” virou nome de grupo no whatsapp. Mas a saga daquele final de semana não parou por aí. Ainda fizemos estragos em São Francisco de Paula…
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Lugares para ver
Fortaleza e Itaimbezinho
O turismo em Cambará é totalmente voltado pra natureza e as grandes atrações são os canyons da Fortaleza e o Itaimbezinho. Particularmente, acho o da Fortaleza mais bonito e interessante. O único inconveniente é o acesso. A estrada pra chegar até lá é horrível. Mas não tem erro, é só seguir as placas, mesmo quando parece que alguém vai te matar no meio do nada. Chegando lá, é só caminhar bastante e explorar as trilhas ao máximo – e desviar dos boizinhos – e aproveitar a vista maravilhosa. Pra quem gostas de algo mais radical, é possível fazer a trilha no riacho que corta o canyon, mas pra isso é preciso procurar as empresas especializadas que oferecem esse serviço. Os hotéis e pousadas, na maioria, oferecem pacotes com passeios exclusivos por trilhas em diversos locais da região.
Já o Itaimbezinho tem uma infraestrutura mais preparada para receber turistas, com guias, banheiros e tudo muito bem sinalizado. Há duas trilhas, que o visitante escolhe de acordo com o quanto quer caminhar. Ao longo do caminho, há recantos lindos esperando por quem está afim de explorar o matagal, com riachos e cascatas pra recarregar as energias. Só tomem cuidado com os búfalos. Não é piada. Especialmente com neblina….
Turismo rural
Eu nasci na colônia, então passear por sítios e fazendas em meio a animais não me impressiona. Mas pra quem nasceu na cidade, pode ser um passeio interessante. Há uma série de estâncias que estão prontas para receber visitantes que queiram conhecer um pouco mais do universo campeiro. Os hotéis da região estão todos preparados pra indicar o melhor roteiro pra tua viagem.
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Onde comer
Não é uma cidade grande, com grandes restaurantes. por isso, recomendo a hospedagem em um local que ofereça café da manhã. Os melhores restaurantes da cidade estão localizados no hotéis mais equipados – e caros -, que qualquer pessoa pode acessar. Mas há outras alternativas.
É um local delicioso que vende geleias e antepastos orgânicos, produzidos no local, a Querência Macanuda. Quando nós visitamos pela primeira vez, em 2012, só era possível fazer uma pequena degustação dos produtos. Hoje o sítio está preparado para receber quem queira degustar um espumante ou uma boa cerveja artesanal. Ainda oferecem tábuas de queijos, sorvetes e outras delícias.
O lugar perfeito pra quem quer experimentar uma boa comida campeira, sem falar na ótima seleção de cachaças que a casa oferece. É um espetáculo no inverno, com a comida reconfortante e fogões à lenha. A comida é maravilhosa e rola até um som bem gaudério.
Se tem grana sobrando, nem pense em ficar em outro lugar. É a experiência perfeita. Da vista à comida, dos spas à lareira. Desenhado para agradar até ao cliente mais exigente, é sofisticado sem apagar o clima rural da cidade.
Foram essas as cabanas difíceis de achar. Apesar do local ermo – que nem é tanto assim -, vale muito a pena. O preço é acessível e as cabanas são bem equipadas e aconchegantes. Uma ótima alternativa.
As temperaturas já começaram a cair no Rio Grande do Sul e o primeiro instinto é se enfiar debaixo de um cobertor e ascender a lareira ou o fogão a lenha ou uma espiriteira (aquele lance de jogar álcool na panela e tocar fogo, super seguro). O segundo instinto é viajar pra Serra. Gramado, Canela e blá blá blá. Um saco, lamento. Tudo muito fake pro meu gosto. Já Cambará do Sul é outra história.
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Cambará é a essência do inverno gaudério: campos de cima da serra, um frio do cão, comida campeira, chimarrão, poncho e neblina. Perfeito
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Por esses e outros motivos, minhas amigas e eu resolvemos nos bandear praqueles lados e explorar a natureza da região, intercalando as trilhas com vinho em frente à lareira. Fernanda, Évelin, Renata e eu estávamos empolgadas naquele inverno de 2012, afinal, seria nossa primeira viagem juntas e, certamente, seria linda. Mas nem tudo correu como imaginávamos.
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Aliás, nem com a imaginação da J.K. Rowling nós chegaríamos ao que nos aconteceu naquele final de semana
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Reservamos uma cabaninha charmosa em Cambará. Ficaríamos de sexta a domingo e, na volta, ainda passaríamos em São Francisco de Paula. Como eu dava aula na sexta à noite, só poderíamos sair depois das 22h. E foi o que fizemos. Levei minhas coisas pra Universidade e as gurias me buscaram lá. Renata foi dirigindo. Estávamos tranquilas, afinal, mesmo que a estrada não fosse uma maravilha, não teria muito movimento àquela hora da noite. Estávamos certas.
A primeira bizarrice aconteceu na estrada, na ERS-020Estávamos felizes e cantantes, empolgadas com aquelas musiquinhas clássicas de roadtrips entre quatro amigas e nenhum jeans viajante.
Obrigada, Alemão Ronaldo, por esse momento. Continuando, passamos a viagem comendo porcaria e bebendo coisas açucaradas sem nenhuma culpa.
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Estávamos falando mal dazinimiga, trocando confidências e dando gargalhadas quando vimos um corpo na beira da estrada e um carro estacionado ao lado. Sim. Foi isso
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Ficamos em imediato silêncio e resolvemos parar pra ver o que estava acontecendo, aquele instinto sem noção de jornalista. Quando nos aproximamos do veículo que não conseguimos identificar, um homem desce do automóvel. Com uma silhueta significantemente assustadora ao melhor estilo cadeirudo à meia noite, ele caminha na nossa direção.
Ele não disse nada, não fez nenhum sinal ou tentativa de comunicação. Simplesmente caminhou na nossa direção e parecia que ele tinha algo em mãos. Mas a gente não conseguia ver, por causa da luz no nosso rosto. Ele não passava de uma sombra, na verdade.
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Me borrei toda. Corremos o mais rápido possível e saímos dali em um fração de segundos, berrando como cabritas sem a mãe
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Claro que precisávamos fazer alguma coisa, mas cinco corpos na beira da estrada não ajudariam a resolver o mistério. Chegamos à conclusão que deveríamos ligar para a polícia. Felizmente, com quatro jornalistas no carro, encontrar o telefone direto do batalhão não seria um problema. Não foi. Ligamos para o Comando Rodoviário da Brigada Militar e explicamos, com parcimônia, a situação. A verdade é que não sabíamos o que tínhamos visto, mas acreditávamos que valia a pena averiguar.
Depois deste fato, estávamos menos felizes e cantantes e mais tensas e silentes. Continuamos comendo porcaria, mas aquilo mexeu com a gente e com os nossos medos. Mas a gente não perdia por esperar….
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Como chegar
Carro ou ônibus. Há vários caminhos possíveis mas, apesar do corpo na beira da estrada, a melhor alternativa é usar o caminho pela ERS-020 quando sai de Porto Alegre.