Voos Literários

Batalha literária . Bélgica x Japão

Flávia Cunha
2 de julho de 2018

Dando continuidade aos embates literários, escolhi autores bem diferentes entre si. Inspirada pelas oitavas de final da Copa do Mundo, proponho uma espécie de super trunfo de livros dos países classificados nessa fase da competição. Para a escolha das obras, criei o seguinte critério: escritores contemporâneos e ainda em atividade. Um teve sua obra reconhecida pelo maior prêmio literário mundial, e, o outro, é aclamado por fãs da cultura pop.

Representante da Bélgica, Hermann Huppen, 79 anos

Minibiografia . Veterano criador de HQs, tem uma legião de fãs ao redor do mundo. Começou a carreira como desenhista e logo decidiu também escrever o argumento de suas histórias. Teve como inspiração o belga Hergé (1907-1983), criador do personagem Tintim.

Livro escolhido para essa batalha . Caatinga, lançado mundialmente na década de 1990.

Motivo da escolha . Uma história em quadrinhos lançada na Bélgica tendo o cangaço como ponto de partida é, no mínimo, motivo para curiosidade. O enredo se passa na década de 1930, no Nordeste brasileiro. Dois irmãos tentam vingar a morte do pai, assassinado por um rico fazendeiro da região. Perseguidos pelos capangas do latifundiário, eles são resgatados por cangaceiros, foras-da-lei que escondem-se no sertão.

Bônus . A obra foi premiada, inclusive no Brasil. Por aqui, o livro foi lançado pela Editora Globo e está esgotado. Mas é possível encontrá-la em sebos online.

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Representante do Japão, Kazuo Ishiguro, 63 anos

Minibiografia . O escritor ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2017. Japonês radicado em território britânico desde a infância, recebeu influência das duas culturas. Depois de ter o sonho de ser músico frustrado, resolveu dedicar-se à literatura. Seu plano de ter reconhecimento mundial deu certo e sua obra já foi traduzida para 28 idiomas.

Livro escolhido para essa batalha . O Gigante Enterrado, de 2015

Motivo da escolha . É uma mistura interessante de melancolia e magia, em um tom onírico. O épico inspira-se na lenda do rei Arthur, que influencia diretamente a cultura britânica. O enredo também tem dragões, monstros e seres mágicos, o que pode agradar a quem gosta de obras no estilo de Game of Thrones e O Senhor dos Aneis.

Bônus . O clima soturno já fica claro ao leitor no capítulo de abertura da obra:

“Uma névoa gelada pairava sobre rios e pântanos, muito útil aos ogros que ainda eram nativos daquela terra. As pessoas que moravam ali perto — e pode-se imaginar o grau de desespero que as teria levado a se estabelecer num lugar tão soturno — teriam razão de sobra para temer essas criaturas, cuja respiração ofegante se fazia ouvir muito antes de seus corpos deformados emergirem da neblina.”

Guia de Viagem

Tokyos – Retratos do Cotidiano

Geórgia Santos
22 de novembro de 2017

Desde que compreendi o prazer da leitura – há muito tempo – percebi a verdade por trás do clichê de que os livros nos fazem viajar. As palavras desenhadas por autores talentosos foram trampolins para a minha imaginação e, acreditem, Hemingway levou-me à Cuba, onde conheci o velho Santiago; e com Jorge Amado viajei à Bahia, no período do carnaval, onde conheci Dona Flor e seu marido Vadinho. Conforme o tempo foi passando, percebi que a possibilidade de viajar transcende a página de um livro e pertence à arte.

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E hoje vou viajar à Tóquio

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O projeto Tokyos – Retratos do Cotidiano apresenta a capital do Japão que os estereótipos de guias de viagem deixam de fora. Na exposição do fotógrafo Gustavo Mittelmann, Tóquio supera as grandes construções e o neon para ser desvendada em sua essência humana.

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Tóquio são as pessoas

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As fotos exibem a cidade de que só existe por uma fração de segundo e depois se transforma. Uma cidade viva, com grande contraste cultural e movida por uma engrenagem humana que não tem nada de fria.

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Gustavo está compartilhando conosco a poesia visual das ruas 

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Tokyos – Retratos do Cotidiano está em exposição no Centro Cultural Érico Veríssimo, na sala O Retrato, entre 23 de novembro e 16 de dezembro. Parte das fotos integrará, em janeiro de 2018, uma mostra coletiva na Agora Gallery, em Nova York.

Centro Cultural Érico Veríssimo – Rua dos Andradas, 1223 – Centro Histórico, Porto Alegre – RS

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Gustavo Mittelmann é publicitário de 38 anos formado pela UFRGS. Sócio e diretor de cena da Catraca Filmes há 11 anos, já atua no audiovisual desde o final dos anos 90. Foi nessa mesma época que a paixão pela fotografia começou a se manifestar. Não demorou muito para o quarto se transformar em um laboratório de fotos preto e branco.

Ao longo dos anos, a atividade profissional ajudou a aprimorar o hobby e vice-versa. Como resultado, vieram dois prêmios de fotografia amadora e duas publicações na revista francesa Photo, uma das mais importantes da área no mundo.