Geórgia Santos

Qual a tua parcela de culpa no caos?

Geórgia Santos
10 de outubro de 2017

A essa altura do campeonato, creio que todos concordam que vivemos sob a ameaça iminente do caos, do obscurantismo, do autoritarismo. Sim, AINDA está no campo da ameaça porque, infelizmente, tudo ainda pode piorar por estas bandas.

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Mas será possível?

Será possível que as águas possam ficar ainda mais turvas?

Como?

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A verdade é que o caminho para uma espiral sombria de piração é bem curto, basta abrirmos mão do pensamento crítico. E, lamento, estamos bem avançados. Começamos negando a ciência; depois, foi a vez de relativizar a História com a cegueira daqueles que não querem ver; agora, estamos demonizando a arte; o próximo passo é o apedrejamento.

E nesse caminho em que a gente desaprende a pensar, é cada vez mais conveniente apontar terceiros culpados pela desgraça a que estamos submetidos. A culpa é sempre deles.

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ELES é que destruíram o país. ELAS é que são umas vadias. ELES é que são corruptos. ELAS é que são ladras. ELES é que são degenerados. ELAS é que acabaram com os valores da família. ELES é que serão apedrejados

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E nesse caminho em que a gente desaprende a pensar, a culpa sempre será deles, aqueles com quem não concordamos. Nunca nossa e dos nossos incautos. Nunca minha e dos meus puros. Torna-se cada vez mais fácil e conveniente esquecer que todos somos responsáveis, de uma forma ou outra, pela realidade que ajudamos a moldar. Consciente ou não, oferecemos as pedras que serão atiradas contra quem se levantar e que serão usadas para construir o muro do feudo que se cria em nossa nova idade média. Isso acontece toda vez que proferimos uma palavra de intolerância, uma ofensa, um desejo de morte, uma reverência à tortura, um pedido de intervenção. Isso acontece toda vez que censuramos o que deve ser dito. Uma palavra. Uma pedra.

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Voltemos a pensar, antes que seja tarde

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E nesse caminho em que a gente reaprende a pensar, pensa em qual a tua parcela de culpa no caos.

Geórgia Santos

Em que ano estamos? – Juiz autoriza tratar homossexualidade como doença

Geórgia Santos
18 de setembro de 2017

Adoraria começar este texto explicando que o título é algum tipo de piada ou ironia, ou ainda uma peça famigerada de fake news. Mas não é. A Justiça do Distrito Federal autorizou psicólogos a tratarem gays e lésbicas como doentes. Ou seja, liberou as conhecidas e cruéis terapias de reversão sexual. A decisão em caráter liminar é do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho e acata parcialmente a reivindicação de uma ação popular (sério). Leia a íntegra do documento aqui.

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As terapias de reversão sexual são proibidas no país desde 1999

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A proibição desse tipo de tratamento partiu de uma resolução do Conselho Federal de Psicologia, há quase 20 anos. Conselho que, aliás, garantiu recorrer da decisão. O problema, no entanto, transcende a prática. O problema maior está no fato de que ainda há quem acredite que homossexualidade é doença ou desvio de conduta. O problema maior reside no veloz retrocesso a que o nosso país está submetido, com conservadores no volante. Mas não quaisquer conservadores. São os mesmos conservadores que negam a ciência e colocam a Bíblia acima da constituição.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista de doenças em 1990

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Ainda assim, foi tarde. Muito tarde. Apesar disso, precisamos reafirmar o óbvio em 2017, em pleno século 21. Tanto é assim que a ação popular que provocou a decisão do juiz foi assinada por um grupo de psicólogos.

O juiz não altera a resolução, mas determina que o Conselho não proíba os profissionais de realizarem as terapias de REVERSÃO e REORIENTAÇÃO sexual. Tratamentos que representam uma cruel violação dos direitos humanos e que não tem absolutamente nenhum (zero) embasamento científico.

Segundo nota divulgada pelo CFP, a justiça se equivoca ao definir como o Conselho deve interpretar a resolução.

Em suma, não se pode fiscalizar as práticas de “cura gay”. Depois disso, só me resta perguntar: em que ano estamos?

Geórgia Santos

A pouca-vergonha dos postais que eu trouxe da Europa

Geórgia Santos
18 de setembro de 2017

Esse episódio do fechamento da exposição Queermuseu (sim, ainda vou falar disso), me fez pensar em um hábito de viagem que tenho. Eu não coleciono postais, mas sempre que visito um museu e deparo com uma obra da qual gosto muito, faço questão de comprar um postal desse quadro ou miniatura de uma determinada escultura. Diferente de outros souvenirs que faço questão de expor em um totem na sala do meu apartamento, os postais ficam guardados.

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Eles representam um momento íntimo, em que uma obra de arte me tocou profundamente

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Os motivos variam. Em Amsterdam, foras as cores de Van Gogh que me impressionaram – com o perdão do trocadilho impressionista. Em Florença, fiquei hipnotizada com o realismo de David, de Michelangelo, governando o espaço interno da Galleria dell´Accademia. Também me tocou a beleza crua da Vênus de Botticelli, exposta na galeria Uffizi. Na minha diminuta coleção de postais também está um fragmento da Capela Sistina que me atraiu pelas cores já que, confesso, não fiquei tão impressionada com o conjunto. Me julguem, acho que tem a ver com o fato de ficar olhando para cima.

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E nessa jornada, há dois postais particularmente interessantes. Que, certamente, devem considerados DEGENERADOS por quem foi favorável ao fechamento da exposição

Isso se há lógica nesse ato tão tosco

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O primeiro eu encontrei em Paris, em janeiro de 2007. Fazia minha primeira viagem a Europa e o fazia sozinha. Fui ao Louvre, é claro, que impressiona só pela existência, mas foi no Musée D´Orsay que encontrei algo que fez com que eu ficasse muito tempo olhando para o mesmo quadro. A obra em questão era A Origem do Mundo, do pintor realista Gustave Courbet, pintada em 1866. O que me chamou a atenção não foi o traço, somente, mas sua combinação com o nome. O desenho e o nome criavam uma relação de cumplicidade em que o nu feminino em sua forma mais crua era a origem de tudo. Nada mais puro.

Curioso é que, segundo a Wikipédia, é o segundo postal mais vendido no museu. Atrás somente do Le Moulin de la Galette, de Renoir – do qual comprei um quebra-cabeça, inclusive.

O segundo a que me refiro encontrei em Madri, na Espanha, em 2011. Quando visitava o Museu do Prado e já estava relativamente entediada, dei de cara com O Jardim das Delícias Terrenas, um tríptico de Hieronymus Bosch. Na tela, ele também descreve a criação do Mundo, mas com uma perspectiva bastante diferente. Apresenta o paraíso terrestre e o Inferno nas laterais e, ao centro, celebra os prazeres da carne. O que vemos é uma orgia quase lúdica com cores vibrantes em que assistimos aos participantes desinibidos e sem culpa. São símbolos e atividades sexuais retratados sem julgamento de valor. Uma representação. Entre o bem e o mal, há o pecado. Esse quadro foi pintado em 1504.

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Quase tenho vontade de rir quando penso no retrocesso a que estamos testemunhando, de tão esdrúxulo

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A representação das artes plásticas chocam as mentes fechadas e hipócritas. “Nudez não é arte”, dizia um. “Pouca vergonha”, escrevia o outro. Me disseram inclusive que Michelangelo e Caravaggio não precisavam provocar ninguém. “Se tu é pervertida, o problema é teu, apologia à zoofilia não é arte”, disse alguém em algum momento daquele triste final de semana. Não precisamos todos gostar ou apreciar, isso não torna menos arte. Conseguimos perder, enfim, a capacidade de abstração.

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Assim estamos, perdidos em algum tempo da história

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A propósito, O Jardim das Delícias Terrenas também é um dos mais populares do museu. Também comprei um quebra-cabeça.

Geórgia Santos

O dia em que a mediocridade calou a arte – e alguns esclarecimentos

Geórgia Santos
11 de setembro de 2017

É triste quando a mediocridade e ignorância calam a arte. Não, não falo de um episódio ocorrido durante a Idade das Trevas, embora Porto Alegre tenha perdido a luz nesse dia. Também não é um ensaio sobre o repúdio da Igreja ao corpo nu em um período em que o Renascimento era novidade. Tampouco me refiro à Hitler e a queima de obras que considerava “arte degenerada”, embora essa expressão tenha vindo à baila. Essa referência também não vem do tempo da Ditadura Militar, em que a arte era sistematicamente censurada.

 

É de agora. Sobre agora

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A capital da nossa pequena província não suportou a ousadia da exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira. Bem, não sejamos injustos com Porto Alegre. Quem não aguentou foram os jovens cidadãos de bem do MBL – Movimento Brasil Livre (?), o mais esquizofrênico dos movimentos conservadores da contemporaneidade. Segundo eles, a mostra com 250 obras assinadas por 85 artistas, entre eles Portinari e Lygia Clark, era devassa.

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O grupelho berrou por aí que a exposição fazia apologia à zoofilia, à pedofilia e era uma blasfêmia contra os cristãos. Pobres cristãos. E colou.

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Cidadãos de bem, pais e mães de família, ficaram horrorizados com a possibilidade de seus filhos estarem expostos à tamanha devassidão. Grupos de pessoas constrangiam, aos berros, e com câmera na mão, a qualquer pessoa que quisesse ver a exposição. Chamavam de “pedófilos”, “tarados”, “degenerados” – olha aqui a palavrinha de que falei no começo do texto. A representante do MBL no Rio Grande do Sul, Paula Cassol, disse à Zero Hora que não entende que aquilo seja arte. Imagino que ela tenha um diploma de Artes Plásticas ou História da Arte.

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Tenho dúvida, no entanto, se posso creditar o episódio à ignorância ou se o grupo simplesmente viu uma oportunidade política no episódio. Oportunidade de angariar os últimos conservadores da província

Tenho a leve impressão que é a segunda opção

E colou

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A exposição foi encerrada pelo Santander Cultural, onde estava em exibição. E pra continuar a verborragia de equívocos históricos, a organização pediu desculpas num ato deprimente de covardia. Ah, quase esqueço, o Santader recebeu uma contrapartida de renúncia fiscal para expor os trabalho de R$ 1 milhão de reais. Segundo o MBL, foi principalmente ISSO que incomodou aos cidadãos de bem. Claro.

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Ficou curioso pra ver quais são essas obras tão controversas?

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Resolvemos mostrar quais são as obras e explicar o contexto na qual estão inseridas e o que representam. Pensamos muito sobre se deveríamos esclarecer a realidade dos quadros que tanto incomodaram. Porque afinal, se estamos aqui explicando obras de arte perfeitamente legítimas, talvez eles tenham vencido. Por outro lado, algumas pessoas foram arrastadas a uma rede de mentiras e sequer sabem do que se trata. Se uma pessoa perceber a perversidade das acusações, já é um grande e importante passo.

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As obras que geraram a polêmica sobre pedofilia

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BIA LEITE: Adriano bafônica e Luiz França She-há (2013)

BIA LEITE, Travesti da lambada e deusa das águas (2013)

O mais interessante é tentar descobrir aonde é que enxergaram pedofilia em uma obra que apenas aborda a questão de crianças homossexuais. O catálogo da exposição é bastante claro, inclusive. “Bia talvez seja uma das poucas artistas brasileiras a enfrentar com desenvoltura e coragem esse tema tabu, que é a homossexualidade na infância e o portentoso sofrimento que crianças atravessam na fase escolar e no início da adolescência. A artista produziu essas pinturas a partir da combinação de fotografias das crianças retiradas do Tumblr Criança Viada, onde são postadas fotografias as da infância dos próprios usuários LGBT com comentários.” Pedofilia é o que leva um indivíduo adulto a se sentir sexualmente atraído por uma criança. É doente associar esse trabalho a algo tão grave.

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A obra que gerou a polêmica sobre zoofilia

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ADRIANA VAREJÃO: Cena de interior II, 1994

O quadro é uma compilação sobre práticas sexuais existentes, mas que existem na sombra. A ideia da artista não é julgar as práticas, e sim lançar uma reflexão sobre a exploração. O que chocou foi a cena em que um homem segura um animal enquanto outro o estupra. Para alguns, é apologia à zoofilia, e não um retrato do que há de mais obscuro na natureza humana. Sim, é repulsivo, mas não é menos verdadeiro por ser repulsivo. Se alguém acha que isso não é parte da natureza humana, sugiro a leitura do livro “O barranco na formação sexual do gaúcho“. Sim, é isso mesmo. E não, não tem nada a ver com orientação sexual.

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A obra que gerou a polêmica sobre blasfêmia

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FERNANDO BARIL: Cruzando Jesus Cristo com Deusa Schiva, 1996

A arte ocidental contemporânea tem uma longa história de usar ícones religiosos como ponto de partida para uma série de críticas. Nesse caso, a crítica ao consumismo e à hipocrisia da cultura ocidental e da própria igreja saltam da tela, bastante diferente da acusação de vilipêndio. Além dessa obra, houve acusações de profanar hóstias com palavras profanas. Eu não sou uma católica praticamente, mas até onde eu sei, se não há consagração, é só uma bolacha, não?

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O mais interessante é que há obras equivalentes ou ainda mais gráficas espalhadas por museus de todo o mundo. Mais do que isso, exposições com esse viés já foram realizadas em outros três países (EUA; Polônia e Inglaterra) e só aqui foi problema, só aqui foi CENSURADA.

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Sim, porque o que aconteceu foi censura

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A arte sempre provoca, ela nasceu para isso, não para agradar. Nasceu para provocar reflexões profundas sobre a natureza humana, sem ser confundida com propaganda, como os engessados xucros do MBL acreditam ser – ou querem que você acredite. Ou alguém vai ter coragem de dizer que a Guernica, de Picasso, é uma apologia a bombardeios? Alguém vai dizer que o David, de Michelangelo, é pornografia em mármore? Ou alguém vai dizer que Jesus pregado na Cruz é apologia à tortura?

A apreciação da arte gira em torno do gosto, é verdade. Mas alguém não gostar, independente do motivo, não pode retirar a legitimidade de uma obra. Alguém se sentir ofendido com a natureza humana é normal, além de triste, mas não é motivo para censura. Não é motivo para calar. Por fim, a arte não é necessariamente explícita, mesmo que pareça. E no caso dessa mostra, a ideia era questionar a heteronormatividade. Eu não sou crítica de arte, obviamente. Inclusive entendo muito pouco. mas desde que esse episódio todo aconteceu, há bons textos esclarecendo alguns dos principais equívocos. Um dos melhores foi escrito pela curadora e crítica de arte Daniela Name, para o jornal O Globo.

O curador da exposição, Gaudêncio Fidelis, explicou o contexto da montagem da mostra em texto publicado por Zero Hora:

“Também não há homofobia em Queermuseu, embora se pense sobre o tema como meio de explicitar como esta é pervasiva na cultura. Trata-se de um campo de batalha em exasperação, já que as obras exibidas coexistem em atrito contínuo. Afinal, elas são o reflexo do mundo lá fora, e seus pressupostos conceituais, estéticos e ideológicos encontram equivalência na vida contemporânea. Arte e vida mostram-se próximas nesta exposição.”

Se ainda assim, meu caro leitor, acreditas que a mostra deveria ter sido fechada e a arte calada, só posso lamentar. Quanto a mim, não, não vi a exposição. Não deu tempo.

Geórgia Santos

Escandalopédia – Os CINCO escândalos do dia

Geórgia Santos
6 de setembro de 2017

Ontem foi pesado, mesmo. Por isso criamos nossa Escandalopédia. O brasileiro tomou uma pedrada atrás da outra nessa terça-feira, 5. Quando acordamos, acreditávamos ter uma pedra no meio do caminho. Quando fomos deitar, tínhamos convicção de que estávamos soterrados. Veja quais foram os cinco principais escândalos do dia.

  1. 1. No meio do caminho, tinha o Geddel

O dia começou e terminou com as malas de Geddel. Pela manhã, acordamos com as fotografias de um apartamento de Geddel Vieira Lima (PMDB), ex-ministro dos governos de Michel Temer e Lula, entupido de dinheiro. Numa apreensão digna de séries de televisão – e estou falando de Narcos, não de House of Cards – vimos uma sala lotada de MUITA grana. À noite, fomos dormir com o barulho das máquinas da Polífica Federal contando o dinheiro apreendido: R$ 51 milhões e uns trocados. Aparentemente, ele guardou até as moedinhas.

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Mas e no meio?

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  1. 2. No meio do caminho, tinha o Joesley

O mais famoso delator da Lava-jato, Joesley Batista, foi gravado discutindo seus privilégios com o judiciário brasileiro. Nos áudios entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR), o empresário fala em “dissolver o Supremo” com a ajuda de José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça do governo Dilma. Em conversa com o também empresário Ricardo Saud, podemos ouvi-lo dizer: “Eu vou entregar o Executivo e você vai entregar o Zé e o Zé vai entregar o Supremo.”

Mas não termina aí, essas descobertas podem levar a uma mudanças nos acordos de delação premiada. Afinal, os áudios indicam que Joesley omitiu informações em seus depoimentos e, pior, estava no comando da situação.

Mas ainda não termina aí. A gravação ainda implica o ex-procurador Marcelo Miller. Segundo os executivos da JBS, ele atuava em favor da empresa antes da exoneração. Agora é aguardar, porque tudo indica que Joesley perderá seus privilégios. Não por ter mentido, mas por ter omitido e manipulado a própria delação premiada. Parece mentira, mas é Brasil.

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  1. 3. No meio do caminho, tinha a Olimpíada

Como desgraça pouca é bobagem, o mar de lama chegou aos Jogos Olímpicos do Rio. A nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã de ontem (05), investiga um esquema de corrupção de compra de votos para a escolha do Rio como sede da Olimpíada. Durante a Operação Unfair Play (Jogo Sujo, em inglês), a Polícia Federal apreendeu R$480 mil na casa de Carlos Arthur Nuzman, presidente no Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Mas não termina por aí, claro que não. Há uma série de outras investigações em torno da Olimpíada do Rio que envolvem acusações de propinas e superfaturamentos.

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  1. 4. No meio do caminho, tinha o Funaro

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou a delação premiada do corretor Lúcio Funaro. Ele admitiu ser o operador financeiro do PMDB na Câmara dos Deputados e citou autoridades com foro privilegiado no STF. Inclusive o excelentíssimo presidente da República, Michel Temer. Espera-se que a denúncia contra Temer seja apresentada ainda essa semana. Funaro era aliado de Eduardo Cunha, inclusive. Temer cada vez mais enrolado.

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  1. 5. No meio do caminho, tinha o Lula – e a Dilma

Quando a gente achou que tinha acabado, a cereja do bolo. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou, nesta terça (05) os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Eles são acusados de participar de organização criminosa para desviar dinheiro da Petrobras. O inquérito recebeu o apelido de “quadrilhão do PT”. O Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também denunciou os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega; a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e seu marido, o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo; e os ex-tesoureiros João Vaccari e Edinho Silva. Não há novidades em termos de investigação, é mais do mesmo, mas a denúncia é um balde de água fria aos admiradores do ex-presidente, principalmente porque não vem do “aqui-inimigo”, o Juiz Sérgio Moro. A denúncia parte de Janot, até este momento acusado de ser petista. E o mesmo balde serve pra Dilma, que até então vinha sendo inocentada e, agora, precisa mudar o discurso.

E isso que não listei aqui as discussões sobre a reforma política, a proposta de privatizar ou acabar com a UERJ, os R$ 350,00 que os professores gaúchos receberam, e por aí vai.

Carlos Drummond de Andrade disse que havia uma pedra no meio do caminho. Mal sabia ele que os brasileiros teriam pedreiras inteiras a bloquear o futuro.

Geórgia Santos

Nada de leite mau para os caretas (um ensaio sobre intolerância)

Geórgia Santos
4 de setembro de 2017

Meu amado marido me deu um disco da Gal. O Profana tem na primeira faixa uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos: Vaca Profana, de Caetano Veloso. Ouvi a canção. Ouvi de novo. E de novo e de novo. Eu amo tudo a respeito desse som e do que ele diz. Comecei a pensar no porquê quando a letra respondeu à minha pergunta. Sim.

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Respeito muito minhas lágrimas

Mas ainda mais minha risada

Inscrevo, assim, minhas palavras

Na voz de uma mulher sagrada

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Sim. É isso. Mas vai além. Eu gosto do tom de berro e desabafo tão atuais. Em tempos de ódio e intolerância, é difícil ser amoroso e tolerante, eu confesso. E essa canção me dá a licença poética que eu preciso.

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Dona das divinas tetas

Derrama o leite bom na minha cara

E o leite mau na cara dos caretas

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Sim. Derrama o leite mau na cara dos caretas. Conforme vou ouvindo a música que consegue ser baiana e global ao mesmo tempo, mais eu cedo ao caminho fácil da intolerância. A canção vai me abrindo as portas da intransigência e eu não quero ser legal com os caretas. Quero que eles provem do próprio veneno.

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Vaca de divinas tetas

La leche buena toda en mi garganta

La mala leche para los “puretas”

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Sim. Quero que eles provem do leite mau. Mas será que quero, mesmo? Será que intolerância combate intolerância? Tenho a impressão que só funciona na matemática essa história de que “negativo” com “negativo” dá “positivo”. Conforme a música vai evoluindo, Gal canta sem ressentimentos e vai acalmando minha sanha.

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Caretas de Paris e New York

Sem mágoas, estamos aí

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Sim. Caretas de Sampa e Porto Alegre, sem mágoas, estamos aí. Tá, talvez não tão sem mágoas assim, mas acho que não vou desistir de me livrar delas. Não desistirei de me livrar das mágoas nem da intolerância. E conforme a agulha vai correndo o vinil, mais me convenço de que precisamos de muito amor e paciência pra resistir a essa batalha barulhenta.

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Dona das divinas tetas

Quero teu leite todo em minha alma

Nada de leite mau para os caretas

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No final das contas, nós, não caretas, também somos cheios de falhas e inconsistências. Temos nossos vícios e cometemos nossas injustiças. Ainda não aprendemos a tolerar o diferente, mesmo que nos cubramos de razão em nome do bom senso e, vejam só, da tolerância. Também sabemos ser hipócritas. Também nos deixamos cegar. A gente também sabe ser careta.

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De perto, ninguém é normal

Às vezes, segue em linha reta

A vida, que é “meu bem, meu mal”

Deusa de assombrosas tetas

Gotas de leite bom na minha cara

Chuva do mesmo bom sobre os caretas

 

Geórgia Santos

Sobre bunda e política

Geórgia Santos
31 de julho de 2017

 

Vivo nos Estados Unidos há alguns meses por conta de uma pesquisa de doutorado na área da Ciência Política. Isso fez com que, naturalmente, eu passasse a conhecer movimentos que não nos são familiares no Brasil. Alguns interessantes, outros menos; alguns produtivos, outros desprezíveis. Faz parte. Um deles é o Alt-Right, conhecido como uma espécie de direita alternativa e que ficou “famoso” no mundo ao endossar a candidatura de Donald Trump com fervor.

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De maneira superficial, pode-se dizer que na base do seu pensamento está o nacionalismo e a supremacia branca, ou europeia como gostam de denominar com eufemismo desavergonhado. Eles defendem o nacionalismo branco

Uau! – só que não

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Fiquei intrigada e decidi pesquisar mais sobre qual é a desses caras. A verdade é que apesar do nome “moderninho” e do trocadilho batido com a tecla “alt”, esse povo representa o que há de mais antigo e retrógado do mundo. São basicamente racistas e preconceituosos, são homofóbicos, islamofóbicos, TUDOfóbicos. Com frequência, seus interesses se misturam aos do neonazismo. Delícia.

Richard Spencer é considerado um dos líderes da Alt-Right. O comediante W. Kamau Bell conversou com ele no programa United Shades of America (algo como “Tons Unidos da América”, tons se referindo aos diferentes tons de pele) e foi absolutamente brilhante. A conversa é bastante esclarecedora para quem não está familiarizado com o movimento.

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Mas afinal de contas o que tudo isso tem a ver com bunda,

dona Geórgia?

Perdão por este nariz de cera, como chamamos no jornalismo. Mas é importante para dar contexto. Acontece que durante minhas pesquisas sobre esses caras, encontrei um texto em que um ser humano falava que os Estados Unidos estavam dando um testemunho de mediocridade a partir do momento em que os americanos estavam deixando os SEIOS de lado e preferindo as BUNDAS. Sim, é isso mesmo.

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Ele dizia que POR CULPA DA ESQUERDA, o país estava ficando cheio de imigrantes latinos e de negros, e que isso estava fazendo com que os homens passassem a gostar mais de BUNDAS do que de SEIOS e que isso era sinal de decadência.

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Vocês acreditam nisso? Eu não vou colar o link aqui porque me recuso a dar mais audiência para um imbecil desses. Mas o argumento dele se organiza em torno do fato de que homens ricos, sofisticados e DE BERÇO preferem os seios das mulheres. E homens pobres e sem modos preferem a bunda, porque são primitivos e era como as mulheres atraíam os homens quando ainda não éramos Homo Sapiens Sapiens. Logo, se a preferência nacional se tornar a bunda, será um testemunho de decadência.

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Agora me diz se pode um negócio desses?

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Eu juro que comecei a rir. Aquilo era tão absurdo, tão vulgar, tão grotesco e tão pequeno que simplesmente não valia a pena. Isso que nem mencionei o quanto isso é agressivo com as mulheres, né. Mas pensei que era só um maluco berrando sozinho na internet e pronto.

Qual não é minha surpresa quando vejo um JORNALISTA da REDE GLOBO DE TELEVISÃO, conceituadíssimo (por muitos, não por mim), escrevendo isso:

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Então cá estamos, lendo que os americanos são mais evoluídos porque gostam de seios e os brasileiros merecem as merdas que acontecem com eles porque gostam de bunda

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Isso foi escrito por um jornalista do mainstream, fora do submundo dos Alt-Right na internet – e curtido por MILHARES DE PESSOAS;

Isso foi escrito pelo mesmo cara que acha que o aquecimento global é uma farsa porque faz frio no sul do Brasil;

Isso foi escrito pelo mesmo cara que acha que precisamos revisar a idade penal;

Isso foi escrito pelo mesmo cara que ficou chocado com os “maus modos” das senadoras que protestavam contra a reforma trabalhista;

Isso foi escrito pelo mesmo cara que diz que Direitos Humanos é pra defender bandido;

Isso foi escrito pelo mesmo cara que debochou DO LATIM do relator da denúncia contra Temer – e cometeu um erro ao fazê-lo;

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Isso foi escrito por um comentarista político e econômico da Rede Globo, âncora de telejornais da Globo News e que é seguido por mais de 250mil pessoas

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Então cá estamos, lendo que os problemas políticos e sociais que os brasileiros enfrentam todos os dias é culpa da bunda. E isso, claro, é culpa da esquerda. Agora me digam se não tá tudo errado nesse mundo. Ou com esse cara, pelo menos.

Foto: Pixabay

Geórgia Santos

Quando o Instagram deprime

Geórgia Santos
17 de julho de 2017

Eu larguei o Facebook de mão há muito tempo. É muita tese e lição de moral e mensagens de anjinhos pra o meu gosto. O Twitter é minha rede social preferida, uso basicamente como meu personal gatekeeper. Facilita o acesso às informações de múltiplos portais e empresas de comunicação. Sem contar que não tem espaço pra textão – apesar de o mimimi correr solto. E eu sempre gostei do Instagram. Tá ali, espalhando fotinha bonita pra o mundo e reduzindo a possibilidade de blá blá blá.

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Mas de uns tempos pra cá, a existência do Instagram me deprime e, às vezes, faz com que eu fique de mal comigo

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Isso porque se o meu feed estiver correto, enquanto eu estou sentada em frente ao computador trabalhando ou estudando, a maioria das pessoas ganha dinheiro se divertindo. Enquanto eu estou acima do peso, a maioria das pessoas é sarada. Enquanto eu luto contra espinhas e linhas de expressão (sim, as duas coisas ao mesmo tempo), a maioria das mulheres tem uma pele maravilhosa e impecável. Eu mencionei os abdomens e os drinques?

É verdade que tem sido uma ferramenta interessante de empoderamento e aceitação pra algumas mulheres, como Allison Kimmey, que admiro demais. Mas o que mais vejo é a perfeição esfregada em minha cara. E ao que tudo indica, eu não estou sozinha nesse complexo de instagranidade.

Um relatório divulgado pela UK’s Royal Society for Public Health (RSPH) and the Young Health Movement mostra o impacto das redes sociais na saúde mental de jovens entre 14 e 24 anos. O estudo revelou que o Instagram é a mais prejudicial das redes sociais quanto o assunto é ansiedade, depressão, autoestima e problemas com a própria imagem corporal – seguido por Snapchat e Facebook. Os pesquisadores indicam que os famosos filtros são parte do problema. Algumas meninas inclusive mencionaram que se sentem mais feias que absolutamente todo mundo. Algo que prejudica inclusive o sono das adolescentes.

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Ficar stalkeando também não ajuda quando o assunto é desencanar

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Segundo o estudo, passar horas com o telefone em mãos só agrava o problema, óbvio. Aparentemente, adolescentes que passam mais de duas horas na rede social tem maiores chances de desenvolver algum distúrbio de ansiedade relacionado à autoestima e imagem corporal.

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Lembro da tortura que é passar pela adolescência e não ter a cara e o corpo de quem vai estar na Vogue do próximo mês. E o Instagram não deve melhorar isso…

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É claro que eu exagerei quando falei do impacto que causa em mim. Apesar de ainda ser insegura com relação ao meu corpo (estou trabalhando nisso, no corpo e no psicológico), os meus quase 30 anos me ajudam a perceber que eu não posso me resumir a isso, ao meu tamanho. Sou mais que minhas estrias e celulites. E se eu uso filtros, o resto da humanidade também usa.

Tudo isso pra dizer que talvez a gente precise de menos Instagram e mais vida real. Não é boicote, longe disso, eu ainda gosto de postar minhas fotos por lá e de acompanhar amigos queridos. Inclusive tento postar algo todos os dias sobre experiências positivas que tenho ou simplesmente porque estou me sentindo bem. Só acho que talvez a gente possa usar menos filtros, afinal, não é uma opção na hora de encarar o mundo. E a gurizada que está crescendo diante da tela de um celular precisa saber que a maioria das pessoas não é igual à Kendall Jenner, não tem a pele da Gigi Hadid e não tem o abdômen da Bella Falconi. E tá tudo bem.

Fotos: Pixabay

Geórgia Santos

Quando uma menina de cinco anos traduz meu pensamento

Geórgia Santos
26 de junho de 2017

“Why did he go? Where did he go? Why did he leave it, anyway?”

Crianças são sábias de um jeito todo diferente. Enquanto a gente fica aqui estudando Ciência Política e tentando entender os caminhos tortuosos da democracia, eles verbalizam tudo de uma maneira bem mais simples. A Taylor, 5, faz uma série de perguntas que a mãe não consegue necessariamente responder. E, arrisco dizer, nem um professor conseguiria. Aliás, perguntas que me faço todos os dias.

Em uma série de três vídeos que vitalizaram – por motivos óbvios de fofura explícita – a menina lamenta a saída de Obama e, aparentemente, lê o meu pensamento – e o de muita gente, aposto.

“Porque nós temos outro presidente? Por que ele saiu? Pra onde ele foi?”, ela pergunta sobre Obama, de maneira frustrada e irritada e fofa e engraçada. 

https://www.instagram.com/p/BUhIdhPgJJV/

Ela não consegue entender porquê Hillary perdeu, não lembra o nome do OUTRO CARA (Donald Trump) e não consegue entender muito bem o fato de muitas pessoas escolheram a ele. Além do mais, ela afirma que ela votou por PIZZA. Eu disse, ela lê o meu pensamento.

https://www.instagram.com/p/BUhStsgAmZG/

Quando ela começa a interrogar sobre o lance do colégio eleitoral (tenho mil perguntas sobre isso também), a mãe desiste: “É uma longa história.” E ela não esconde a frustração.

 

https://www.instagram.com/p/BUhTC5ygYzF/

“De qualquer forma, eu não quero que ele seja nosso presidente”

Eu disse que ela verbaliza o que a gente pensa.

Geórgia Santos

10 coisas que odeio em vocês, os do Twitter – e em mim

Geórgia Santos
21 de junho de 2017

Fiquei umas duas semanas relativamente afastada do Twitter. É impressionante o nosso poder de não evoluir em duas semanas. E falo de mim, de ti e de vocês, que continuaram no Twitter. Hoje foi a primeira vez em 15 dias que parei efetivamente para ler o que as pessoas estão a dizer no infame microblog e descobri dez coisas que odeio em vocês, os do Twitter – e em mim, claro

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1. Somos malvados

Já perceberam a facilidade que temos pra xingar alguém com base em 140 caracteres? E a gente acha bonito. Retuita e curte e comenta e xinga e fala da bunda daquela, da celulite daquela outra, fulano é ladrão, sicrano é assassino, vai estudar, vai se enxergar, tu não sabe nada, sua ridícula.

2. Somos desonestos intelectualmente

Todo mundo tem uma agenda e não tem nada de errado com isso. Vou escrever e retuitar o que me interessa e colocar as coisas nos meus termos. O problema é quando a gente fala algo sabendo que não é verdade, especialmente quando temos grande audiências. Só um exemplinho de hoje: o deputado estadual Marcel Van Hattem (PP) disse que a repórter Vitória Famer, da Rádio Guaíba, é uma “militante de esquerda radical” e disse que ela tem “postura de militante de extrema esquerda”. Nem vou entrar no mérito da competência da Vitória porque não precisa, mas o deputado Van Hattem é um cara informado e familiarizado com a Ciência Política, até onde sei. Sendo assim, ele sabe que nem a Vera Guasso é extrema esquerda e, mesmo assim, coloca esse rótulo em uma repórter que simplesmente falou algo que ele não gostou. Porque cola com o público dele, pronto. Temos dois problemas aí: ele está atingindo a integridade do trabalho de uma repórter e está fazendo isso com uma afirmação que ele sabe que é não é verdade. E a verdade é que a gente tem uma tendenciazinha a fazer isso com nossas coisas, também. A menos que eu esteja superestimando as pessoas.

PS.: a desonestidade intelectual do deputado acometeu muitos dos seus seguidores, que passaram a atacar a repórter de várias maneiras nas redes sociais. Não estou dizendo que foi a gênese, mas é parte de um fenômeno bizarro. 

3. Somos obcecados com a dupla Grenal

Eu sou gremista, torço, choro, sofro e todo o pacote. Falo de Grêmio, corneteio o colorado e tudo o mais, mas a gente é obcecado. Hoje teve a tal da coluna pedindo pra parar com a corneta, o que foi ridículo. Mas é motivo pra passar o DIA INTEIRO FALANDO DISSO?

4. Somos cegos politicamente

Não precisa de explicação, né? É nosso, é lindo. É deles, é feio. Essa é nossa base política.

5. Não temos senso de humor

Assim como xingamos a galera rapidinho, nos ofendemos com QUALQUER COISA com a mesma velocidade. E não, não estou falando de preconceito, assédio, agressão verbal etc. Estou falando de escrever uma cornetinha, fazer uma piadinha e receber MIL replies de pessoas que precisam de umas 12 horas de sono. É muito ressentimento, muita desconfiança. Por exemplo, meu marido é comentarista esportivo, e no Twitter, QUALQUER coisa que ele diga tem o objetivo de DESTRUIR Grêmio ou Inter (voltando ao ontem 3). Sério mesmo?

6. Juramos ser especialistas

Desse aqui sou culpada até o pescoço. Temos uma necessidade IMPRESSIONANTE  de comentar todo e qualquer evento que aconteça na Via Láctea e juramos ser especialistas de absolutamente tudo. A gente tem certeza que tem as respostas certas e soluções para todos os males do mundo. Preguiiiiiça.

7. Somos preconceituosos

A todo instante é possível ler algum tuíte em que alguém fala mal de gays, estrangeiros, refugiados, mulheres, negros, pobres, ricos, petistas, tucanos, de direita, de esquerda, disso, daquilo. E quando paramos pra pensar, há nenhuma lógica por trás do preconceito puro e simples. É normal ter receio com o desconhecido, afinal, não conhecemos. Mas a quantidade de discursos inflamados sobre o desconhecido é assustadora. A quantidade de discursos inflamados contra a pura e simples existência de determinadas pessoas é desoladora.

8. Somos provincianos

É impressionante como somos atrasados, simples assim. A impressão que dá é que ficamos andando em círculos. Vocês se deram conta que, de uma forma ou outra, ainda rivalizamos sobre a Revolução Farroupilha? Sem falar nesse papo de somos melhores em tudo.

9. Não conseguimos mudar de assunto

É sempre a mesma coisa.

10. Odiamos demais

Quer prova maior do que eu fazer uma lista sobre o que odeio?