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Bendita Sois Vós #68 Os debates e o jogo do certo ou errado

Geórgia Santos
27 de julho de 2022

Nesta semana, o jogo do certo ou errado. Começamos por estratégias de campanhas que não incluem debates ou confrontos, passamos pelo desabafo de Dilma e chegamos à vida fácil de Bolsonaro. Quem erra e quem acerta na política brasileira?

Depois de não participar dos debates da eleição de 2018, Jair Bolsonaro repete a dose. O agora presidente e candidato a reeleição se dedica às lives, sem filtro e sem contestação. Ou seja, mais do mesmo. Ele não se expõe à questionamentos e, assim, fica menos vulnerável. A novidade de 2022 é que essa também parece ser a estratégia do candidato do PT. Luiz Inácio Lula da Silva não aceitou participar das sabatinas da Globonews, por exemplo, e agora fica a dúvida se comparecerá aos debates ao longo da campanha.

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Ele está certo? Há quem diga que sim, há quem diga que não. E a gente, é claro, vai dar esse pitaco

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Mas o jogo do certo ou errado não para por aí. A semana na política brasileira foi agitada. O ex… presidente … Michel Temer deu uma entrevista em que disse que a ex-presidenta Dilma Rousseff é uma mulher honestíssima. Ela respondeu: ‘Não use minha honestidade para aliviar sua traição’. E então, ela fez bem ou pode ter atrapalhado a campanha de Lula?

E continuando a brincadeira, ainda tem uma articulação para tornar Bolsonaro um senador vitalício e o pedido de arquivamento das conclusões da CPI da Pandemia. Bom, essas duas últimas é bem fácil de responder se é certo ou errado.

A apresentação é de Geórgia Santos. Participam Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.

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BSV Especial Coronavírus #23 Queda do PIB, 4 anos do golpe e eleições

Geórgia Santos
2 de setembro de 2020

A queda do PIB fez com que o episódio desta semana fosse uma espécie de viagem no tempo. Isso porque a economia brasileira sofreu um tombo recorde, com uma queda história de 9,7% no segundo trimestre. Assim, o Brasil voltou ao patamar de 2009. O desempenho é parecido com o de países ricos durante a pandemia de coronavírus, mas, por aqui, também é reflexo da falta de liderança. O resultado ainda impactou diretamente na decisão do presidente Jair Bolsonaro, que resolveu prorrogar o auxilio emergencial com redução de 50%. Agora, o benefício será de R$300 reais, pago em quatro parcelas até o final do ano.

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Parece, afinal, que não bastava “tirar a Dilma”
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Aliás, nesta semana, dia 31 de agosto, fez quatro anos do golpe jurídico e institucional que tirou Dilma Rousseff do poder, em 2016. Algumas das repercussões desse evento ainda podem ser observadas hoje. Porém, talvez o momento exija uma guinada de discurso por parte da esquerda.

E do passado a gente dá pulinho no futuro porque as eleições municipais estão chegando e já mostram uma rearticulação das direitas brasileiras em torno de Bolsonaro. Quem sabe mostrando algo que pode acontecer em 2022. Afinal, já tem crítico arrependido, não é mesmo, governador Ronaldo Caiado?

Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no SpotifyItunes e Castbox e outros agregadores.

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Geórgia Santos

VIVA EL CANCER

Geórgia Santos
10 de setembro de 2018

Essa foto me choca. Parece impossível que alguém seja capaz de dizer isso, quanto mais escrever com tinta em pedra. Não é algo que se apague com água e sabão, nem do muro nem da memória de quem ouve e de quem diz. Ainda assim, foi dito e escrito no período que sucedeu a morte de Eva Perón, em 1952, então primeira-dama da Argentina.

Fui lembrada desse episódio na semana passada, enquanto visitava o Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires,  onde Evita descansa não em paz. À época, os inimigos políticos do General Juan Domingo Perón picharam uma parede com a frase “Viva el cancer”, celebrando a morte da chamada líder espiritual da argentina e heroína dos descamisados.

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Celebrar a morte de alguém que faleceu vítima de uma doença devastadora
Vibrar diante de tragédias pessoais
Alegrar-se com a miséria de adversários
Já viu algo parecido? 

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As pessoas gostam de acreditar que suas tragédias são exclusivas. Só acontece comigo, gostamos de dizer. Mas não. Tragédias são universais, assim como a maldade se encontra em qualquer lugar. As pessoas gostam de acreditar que suas tragédias são fruto de seu tempo. Antigamente não era assim, gostamos de dizer. Mas não. Tragédias são atemporais, assim como a mesquinhez se encontra em qualquer momento.

Nós éramos assim antes, em 1952, e somos assim agora, em 2018

No Brasil, a morte da ex-primeira dama Marisa Letícia, esposa de Lula, também foi celebrada. Também já ouvi muitas pessoas desejarem, com fervor, a morte do ex-presidente. Assim como se encontra em qualquer esquina de Twitter as diversas celebrações pelo assassinato de Marielle Franco, que, segundo alguns, mereceu o seu destino. Em 2015, na ocasião do processo de Impeachment, Jair Bolsonaro disse em alto e bom som que Dilma Rousseff deveria sair de qualquer jeito, nem que fosse “infartada; com câncer”. Em um comício no Acre, o candidato do PSL ainda falou em “fuzilar a petralhada”.  No início do ano, a senadora Ana Amelia Lemos (PP) parabenizou os gaúchos que “deram de relho” nos petistas. Na semana passada, após Bolsonaro levar uma facada durante atividade de campanha, houve quem dissesse que foi pouco, que foi bem feito. E esses foram apenas os exemplos mais recentes aos quais minha memória se apegou.

E assim, com o passar do tempo e em qualquer espaço, em nome da política, vamos deixando nossa humanidade pelo caminho e normalizando a barbárie. 

Geórgia Santos

Escandalopédia – Os CINCO escândalos do dia

Geórgia Santos
6 de setembro de 2017

Ontem foi pesado, mesmo. Por isso criamos nossa Escandalopédia. O brasileiro tomou uma pedrada atrás da outra nessa terça-feira, 5. Quando acordamos, acreditávamos ter uma pedra no meio do caminho. Quando fomos deitar, tínhamos convicção de que estávamos soterrados. Veja quais foram os cinco principais escândalos do dia.

  1. 1. No meio do caminho, tinha o Geddel

O dia começou e terminou com as malas de Geddel. Pela manhã, acordamos com as fotografias de um apartamento de Geddel Vieira Lima (PMDB), ex-ministro dos governos de Michel Temer e Lula, entupido de dinheiro. Numa apreensão digna de séries de televisão – e estou falando de Narcos, não de House of Cards – vimos uma sala lotada de MUITA grana. À noite, fomos dormir com o barulho das máquinas da Polífica Federal contando o dinheiro apreendido: R$ 51 milhões e uns trocados. Aparentemente, ele guardou até as moedinhas.

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Mas e no meio?

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  1. 2. No meio do caminho, tinha o Joesley

O mais famoso delator da Lava-jato, Joesley Batista, foi gravado discutindo seus privilégios com o judiciário brasileiro. Nos áudios entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR), o empresário fala em “dissolver o Supremo” com a ajuda de José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça do governo Dilma. Em conversa com o também empresário Ricardo Saud, podemos ouvi-lo dizer: “Eu vou entregar o Executivo e você vai entregar o Zé e o Zé vai entregar o Supremo.”

Mas não termina aí, essas descobertas podem levar a uma mudanças nos acordos de delação premiada. Afinal, os áudios indicam que Joesley omitiu informações em seus depoimentos e, pior, estava no comando da situação.

Mas ainda não termina aí. A gravação ainda implica o ex-procurador Marcelo Miller. Segundo os executivos da JBS, ele atuava em favor da empresa antes da exoneração. Agora é aguardar, porque tudo indica que Joesley perderá seus privilégios. Não por ter mentido, mas por ter omitido e manipulado a própria delação premiada. Parece mentira, mas é Brasil.

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  1. 3. No meio do caminho, tinha a Olimpíada

Como desgraça pouca é bobagem, o mar de lama chegou aos Jogos Olímpicos do Rio. A nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã de ontem (05), investiga um esquema de corrupção de compra de votos para a escolha do Rio como sede da Olimpíada. Durante a Operação Unfair Play (Jogo Sujo, em inglês), a Polícia Federal apreendeu R$480 mil na casa de Carlos Arthur Nuzman, presidente no Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Mas não termina por aí, claro que não. Há uma série de outras investigações em torno da Olimpíada do Rio que envolvem acusações de propinas e superfaturamentos.

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  1. 4. No meio do caminho, tinha o Funaro

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou a delação premiada do corretor Lúcio Funaro. Ele admitiu ser o operador financeiro do PMDB na Câmara dos Deputados e citou autoridades com foro privilegiado no STF. Inclusive o excelentíssimo presidente da República, Michel Temer. Espera-se que a denúncia contra Temer seja apresentada ainda essa semana. Funaro era aliado de Eduardo Cunha, inclusive. Temer cada vez mais enrolado.

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  1. 5. No meio do caminho, tinha o Lula – e a Dilma

Quando a gente achou que tinha acabado, a cereja do bolo. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou, nesta terça (05) os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Eles são acusados de participar de organização criminosa para desviar dinheiro da Petrobras. O inquérito recebeu o apelido de “quadrilhão do PT”. O Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também denunciou os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega; a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e seu marido, o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo; e os ex-tesoureiros João Vaccari e Edinho Silva. Não há novidades em termos de investigação, é mais do mesmo, mas a denúncia é um balde de água fria aos admiradores do ex-presidente, principalmente porque não vem do “aqui-inimigo”, o Juiz Sérgio Moro. A denúncia parte de Janot, até este momento acusado de ser petista. E o mesmo balde serve pra Dilma, que até então vinha sendo inocentada e, agora, precisa mudar o discurso.

E isso que não listei aqui as discussões sobre a reforma política, a proposta de privatizar ou acabar com a UERJ, os R$ 350,00 que os professores gaúchos receberam, e por aí vai.

Carlos Drummond de Andrade disse que havia uma pedra no meio do caminho. Mal sabia ele que os brasileiros teriam pedreiras inteiras a bloquear o futuro.