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BSV Especial Coronavírus #60 Fora Bolsonaro

Geórgia Santos
2 de junho de 2021

Nesta semana, as manifestações contra Bolsonaro, a Copa América e o PIB.

No último sábado, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra o governo de Jair Bolsonaro. Milhares de pessoas que chegaram à conclusão de que ele é mais perigoso que o vírus. Milhares de pessoas que lamentam a morte de quase 500 mil outras pessoas e a destruição de quase 500 mil famílias.

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Milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra a inoperância e irresponsabilidade de um governo negacionista, que tem projeto de morte
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O presidente Jair Bolsonaro, em resposta, disse que as manifestações foram pequenas e ironizou. Pra citar uma figurinha de WhatsApp da qual eu gosto muito, banhou-se nas águas do equívoco.Bolsonaro tanto se banha nas águas do equívoco que está disposto a oferecer o Brasil para sediar a Copa América, às vésperas de uma terceira onda e do novo pior momento da pandemia no país. Copa América ou Cova América, ou Cepa América…

E ainda vamos falar do porque não podemos ficar otimistas com a alta do PIB no primeiro trimestre.

Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no SpotifyItunes e Castbox

Vós Pessoas no Plural · BSV Especial Coronavírus #60 Fora Bolsonaro
Imagem: montagem a partir de foto de Marcos Corrêa/PR
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BSV Especial Coronavírus #23 Queda do PIB, 4 anos do golpe e eleições

Geórgia Santos
2 de setembro de 2020

A queda do PIB fez com que o episódio desta semana fosse uma espécie de viagem no tempo. Isso porque a economia brasileira sofreu um tombo recorde, com uma queda história de 9,7% no segundo trimestre. Assim, o Brasil voltou ao patamar de 2009. O desempenho é parecido com o de países ricos durante a pandemia de coronavírus, mas, por aqui, também é reflexo da falta de liderança. O resultado ainda impactou diretamente na decisão do presidente Jair Bolsonaro, que resolveu prorrogar o auxilio emergencial com redução de 50%. Agora, o benefício será de R$300 reais, pago em quatro parcelas até o final do ano.

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Parece, afinal, que não bastava “tirar a Dilma”
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Aliás, nesta semana, dia 31 de agosto, fez quatro anos do golpe jurídico e institucional que tirou Dilma Rousseff do poder, em 2016. Algumas das repercussões desse evento ainda podem ser observadas hoje. Porém, talvez o momento exija uma guinada de discurso por parte da esquerda.

E do passado a gente dá pulinho no futuro porque as eleições municipais estão chegando e já mostram uma rearticulação das direitas brasileiras em torno de Bolsonaro. Quem sabe mostrando algo que pode acontecer em 2022. Afinal, já tem crítico arrependido, não é mesmo, governador Ronaldo Caiado?

Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no SpotifyItunes e Castbox e outros agregadores.

Vós Pessoas no Plural · BSV Especial Coronavírus #23 Queda do PIB, 4 anos do golpe e eleições
Tércio Saccol

Sobre PIBs e polarização

Tércio Saccol
5 de março de 2018

Como toda temática – de Neymar à intervenção federal no Rio de Janeiro – uma grande polarização tomou redes sociais, fóruns mais e menos qualificados e alguns diálogos na última semana, quando foi divulgada a alta de 1% do Produto Interno Bruto, o PIB.

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E a lógica média dessas discussões, só para variar, resvalou em análises desprovidas de sentido, percepções enviesadas e um esforço enorme para desqualificar ou catapultar a relevância desse número

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Importante citar o contexto desse crescimento: 1% após uma recessão histórica, que alavancou o desemprego, fragilizou a indústria e abriu um campo de ação para reformas que, vestidas com a armadura da urgência, atropelaram discussões e consultas públicas.

Ministério da Agricultura/Divulgação

“Ah, mas no governo Dilma, quando cresceu 1%, o destaque foi negativo”, diz o fórum alinhado a ex-presidente derrubada em um processo de cunho político. É verdade. Mas também é verdade que, despida a nossa inocência para entender de onde vêm as fontes de informação, que um crescimento de 1 após um crescimento de 2 é diferente de um crescimento de 1 após uma queda.

“Mas então, você está defendendo…” Não. Não se trata de um respaldo a euforia de Henrique Meirelles, o possível candidato insípido de um governo marcado por rejeição massiva e coleções invejáveis de casos de corrupção. É importante lembrar que o crescimento dessa medida dos bens e serviços está ancorado em um desempenho extraordinário do setor agrícola, especialmente o milho e a soja.

Não menos importante destacar que uma das medidas para injeção de fôlego no poder de compra, a liberação do saque do FGTS, não poderá se repetir em 2018, e que o crescimento de consumo das famílias, também festejado, tem algum respaldo nessa medida.

Aliás, propõe-se perceber que o quarto trimestre de 2017 teve virtual estagnação da economia e que houve nova queda de investimentos, motor para reativação econômica. Soma-se a essa discussão inúmeras pesquisas recentes, como a Pesquisa Desigualdade Mundial 2018, de Thomas Piketty, o fato de que a concentração de renda está em processo de ascensão ou manutenção, mostrando que esse crescimento não está incidindo de forma direta na distribuição.

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Há ainda quem associe a sustentação desse incremento a reformas e mudanças estruturais, embora essa discussão não mereça ser tratada de forma tão efêmera – como foi a trabalhista, decidida em meia dúzia de gabinetes em alguns meses

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Mas esse PIB

E aí? E aí que é óbvio que ninguém está pedindo uma análise dissociada da economia política, mas não dissociada do bom senso. Claro, como defende Thomas Straubhaar, o PIB já não deveria ser a única métrica de geração de valor, já que não consegue mensurar com precisão dados digitais e economia compartilhada.

Acrescenta-se aí que ainda é bastante difícil dizer qual a base – se há uma – para confirmação ou não da continuidade do crescimento e da diminuição do desemprego. Mesmo assim, o dado não é desprezível (nem passível de celebração).

Reprodução

Quanto às manchetes? Aí que não há simplificação capaz de sintetizar a complexidade de um contexto econômico, e como tal, é ainda mais difícil traduzir isso em uma manchete, que aliás, já deve ser vista como parte de um contexto maior.

Há, dependendo dos elementos usados e da ótica do recorte, possibilidade de múltiplas perspectivas sobre o dado apresentado. Provavelmente, ainda é muito cedo para garantir alguma celebração, especialmente por um governo com graves problemas de legitimidade, mas antes tarde do que mais tarde para voltar ao patamar de 2011 na economia, o que se atingiu com o famigerado 1%.