Geórgia Santos

Quando o Instagram deprime

Geórgia Santos
17 de julho de 2017

Eu larguei o Facebook de mão há muito tempo. É muita tese e lição de moral e mensagens de anjinhos pra o meu gosto. O Twitter é minha rede social preferida, uso basicamente como meu personal gatekeeper. Facilita o acesso às informações de múltiplos portais e empresas de comunicação. Sem contar que não tem espaço pra textão – apesar de o mimimi correr solto. E eu sempre gostei do Instagram. Tá ali, espalhando fotinha bonita pra o mundo e reduzindo a possibilidade de blá blá blá.

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Mas de uns tempos pra cá, a existência do Instagram me deprime e, às vezes, faz com que eu fique de mal comigo

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Isso porque se o meu feed estiver correto, enquanto eu estou sentada em frente ao computador trabalhando ou estudando, a maioria das pessoas ganha dinheiro se divertindo. Enquanto eu estou acima do peso, a maioria das pessoas é sarada. Enquanto eu luto contra espinhas e linhas de expressão (sim, as duas coisas ao mesmo tempo), a maioria das mulheres tem uma pele maravilhosa e impecável. Eu mencionei os abdomens e os drinques?

É verdade que tem sido uma ferramenta interessante de empoderamento e aceitação pra algumas mulheres, como Allison Kimmey, que admiro demais. Mas o que mais vejo é a perfeição esfregada em minha cara. E ao que tudo indica, eu não estou sozinha nesse complexo de instagranidade.

Um relatório divulgado pela UK’s Royal Society for Public Health (RSPH) and the Young Health Movement mostra o impacto das redes sociais na saúde mental de jovens entre 14 e 24 anos. O estudo revelou que o Instagram é a mais prejudicial das redes sociais quanto o assunto é ansiedade, depressão, autoestima e problemas com a própria imagem corporal – seguido por Snapchat e Facebook. Os pesquisadores indicam que os famosos filtros são parte do problema. Algumas meninas inclusive mencionaram que se sentem mais feias que absolutamente todo mundo. Algo que prejudica inclusive o sono das adolescentes.

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Ficar stalkeando também não ajuda quando o assunto é desencanar

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Segundo o estudo, passar horas com o telefone em mãos só agrava o problema, óbvio. Aparentemente, adolescentes que passam mais de duas horas na rede social tem maiores chances de desenvolver algum distúrbio de ansiedade relacionado à autoestima e imagem corporal.

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Lembro da tortura que é passar pela adolescência e não ter a cara e o corpo de quem vai estar na Vogue do próximo mês. E o Instagram não deve melhorar isso…

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É claro que eu exagerei quando falei do impacto que causa em mim. Apesar de ainda ser insegura com relação ao meu corpo (estou trabalhando nisso, no corpo e no psicológico), os meus quase 30 anos me ajudam a perceber que eu não posso me resumir a isso, ao meu tamanho. Sou mais que minhas estrias e celulites. E se eu uso filtros, o resto da humanidade também usa.

Tudo isso pra dizer que talvez a gente precise de menos Instagram e mais vida real. Não é boicote, longe disso, eu ainda gosto de postar minhas fotos por lá e de acompanhar amigos queridos. Inclusive tento postar algo todos os dias sobre experiências positivas que tenho ou simplesmente porque estou me sentindo bem. Só acho que talvez a gente possa usar menos filtros, afinal, não é uma opção na hora de encarar o mundo. E a gurizada que está crescendo diante da tela de um celular precisa saber que a maioria das pessoas não é igual à Kendall Jenner, não tem a pele da Gigi Hadid e não tem o abdômen da Bella Falconi. E tá tudo bem.

Fotos: Pixabay

Glow

Sexo para seguir

Fernanda Ferrão
20 de abril de 2017
Ilustrações eróticas. @regardscoupables

Se quiser, clique e leia ouvindo: Rihanna – Sex with Me

Ui!

Toda mulher já fingiu gozar. Tá, posso estar exagerando. Mas tenho absoluta certeza que quase todas as mulheres já fingiram e, infelizmente, muitas dessas ainda fingem (assim, no presente mesmo).

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Duvida? Faça uma pesquisa rapidinha com as mulheres que convivem contigo. Não importa idade, aparência, nacionalidade. Uma informação meio triste para falar de algo muito feliz: sexo, corpo, nudez

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Acredito que a medida em que cresce a naturalidade com que encaramos o sexo, o nosso corpo e o corpo do outro, também aumentam nossas chances de acerto nessa arte tão prazerosa. Um jeito relativamente fácil para começar é tentar conviver com pornografia – assunto polêmico, eu sei. Mas, mais fácil ainda, erotismo em rede social, que é pra não ferir o pudor e o moralismo de ninguém (credo!). Nem o teu.

Selecionei alguns perfis de Instagram que trabalham o erotismo, a nudez, o tesão, o sexo, o pornô (ufa!) de um jeito delicado. É arte pra dar aquela sensação de calorzinho, sabe? As imagens falam bem melhor que eu aqui. A ver:

http://www.instagram.com/p/BTJ9NTbFW5U/?taken-by=regards_coupables

http://www.instagram.com/p/BSifIGXBwg7/?taken-by=petitesluxures

https://www.instagram.com/p/BRLre_8Fyi_/?taken-by=nudegrafia

https://www.instagram.com/p/BRwGvmYDZ5p/?taken-by=nataliejhane

https://www.instagram.com/p/BR-ClZDF-Mu/?taken-by=fridacastelli

https://www.instagram.com/p/BSAEc2ChS7k/?taken-by=alphachanneling

https://www.instagram.com/p/BSULY8JgoOe/?taken-by=apolloniasaintclair_

Mais sobre numa matéria da TPM.

Catraqueanas

Minha Verdade Sobre Vídeos Caiu; E Caiu De Pé

Gustavo Mittelmann
13 de fevereiro de 2017

Chega um dia na vida em que nossas verdades caem por terra. Há pouco, passei por uma situação dessas. Não, eu não estava errado; eu fiquei errado. Novos momentos trazem novas verdades, subvertem a ordem e convertem o outrora errado, ou disruptivo, em regra.

Por isso, cá estou, um arrogantão que já postou gifs debochando de quem gravava vídeos com o celular de pé, tendo que admitir que, além de ser válido, o formato vertical se tornou o melhor pro anunciante, ao menos quando estamos falando de redes sociais. Por quê? Eu explico.

Mais da metade das pessoas tem acessado as redes prioritariamente através dos seus aplicativos para smartphones. Estamos falando de dispositivos verticais por essência, com usuários cada vez mais exigentes com relação à experiência. Faz sentido demandar dele um esforço físico para ter a experiência certa de um vídeo que, na maioria das vezes, ele não pediu para assistir? As pessoas são espectadoras preguiçosas. Essa é uma verdade que não mudou desde a época de ouro da TV aberta. Por isso, os veículos retardaram tanto a entrada da tecnologia de controle remoto no Brasil; o público assistia, passivo, aos comerciais para não ter o esforço de ir até o televisor trocar de canal. E mais: ao gerar uma ação você também gera uma distração, interrompendo a experiência imersiva dos usuários.

“No Snap, os anúncios em vídeos verticais já estão sendo 9 vezes mais efetivos que os horizontais. Já no Facebook, os primeiros resultados já apontam para uma eficiência 3 vezes maior”

Claro que minha verdade não caiu sozinha. Teve muita gente grande que se deu conta disso antes e ajudou a derrubá-la. Facebook, Instagram (e Stories), Snapchat e Twitter eliminaram as barras laterais pretas dos vídeos verticais e expandiram sua visualização com aproveitamento de tela. Com algumas peculiaridades, claro, como a proporção 3:2 do Facebook.

Os resultados já começaram a aparecer: no Snap, os anúncios em vídeos verticais já estão sendo 9 vezes mais efetivos que os horizontais. Já no Facebook, os primeiros resultados já apontam para uma eficiência 3 vezes maior. É o que podemos chamar de um negócio win-win-adapt. Os dois primeiros a vencer com esses números são os anunciantes. Logicamente, com os anunciantes empolgados com tamanha efetividade e anunciando mais, Mark e companhia estão rindo à toa também.

Por fim – no último elo dessa corrente – estou eu, estão as outras produtoras e estão as agências, nos virando de cabeça pra cima e, mais uma vez, tendo de nos adaptar, reciclar, e evoluir linguagem e técnicas. Tudo isso para você ver mais anúncios e se incomodar menos, sem nem perceber.

*Dados: socialmediatoday.com