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Renomeando minhas “falhas”

Geórgia Santos
6 de setembro de 2018

Li um artigo maravilhoso no Man Repeller que me inspirou a fazer um experimento: renomear aquilo a que chamo de falhas. O título é bastante explicativo: Maybe the Secret to Embracing Your Flaws Is Renaming ThemTalvez o Segredo para Aceitar suas Falhas seja Renomeá-las (tradução livre). Gostei da ideia. E vou começar pelo começo.

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A partir de agora, quando se trata das características do meu corpo, não tenho falhas. Tenho COISINHAS

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Tirar a carga do nome pejorativo é um passo enorme no caminho da aceitação. Há pouco tempo, falei aqui sobre minhas inseguranças e a decisão de aceitar meu corpo e amar meu corpo. E parar de chamar os traços do meu corpo de “falhas” é um passo enorme. Então, vou renomear todas as minhas “coisinhas.”

Adorei algumas das sugestões do texto. Aquele bigodinho chato virou “angel hair“, pêlo ou cabelo de anjo. Gente, pêlo todo mudo tem, algumas mais, outras menos, mas todo mundo tem. Bora largar os pelinhos de mão. Outra ideia boa é o novo nome para as olheiras que agora se chamam “nature´s contouring“, ou contorno de natureza. As rugas são celebrações.

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O meu favorito, no entanto, é o nome novo para os cabelos com frizz:

CABELOS EM FESTA

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Muito mais adequado, não é mesmo. Mas, apesar de gostar dos nomes sugeridos por Amelia Diamond, acho que parte do processo de cura é que cada uma renomeie suas coisinhas. Nossa cara tem que estar nessa atitude. Então arrisquei e agora as coisas estão mais leves por aqui.

Esse foi um começo, um ensaio. Mas há mais inseguranças e muitos outros nomes para inventar. Me ajuda?

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“Hoje eu uso roupas que eu jamais pensei em usar”

Fernanda Ferrão
31 de agosto de 2018

Ontem foi um dia muito massa. Todas lembramos das gurias do Rouge, todas lembramos do sucesso de Asereje. Mas ontem à noite, Aline Wirley, Fantine Thó, Karin Hils, Li Martins e Lu Andrade lançaram o clipe do single Dona da Minha Vida. A música é um berro, um hino do empoderamento feminino que lembra que nós somos donas das nossas vidas e escolhas.

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E eu estou nesse clipe

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É muito louco participar de uma coisa que tem uma repercussão dessas. É muito louco e muito bom, porque nesse processo eu também conheci várias mulheres muito legais. Aliás, nos momentos em que eu participo de alguma coisa assim, mesmo em rodas de conversa ou encontros, a quantidade de mulher foda com história diferente que a gente encontra, é muito legal. Não é surpreendente, mas é muito legal.

É legal porque a gente compartilha experiências. A nossa relação com o corpo está sendo construída todos dias e eu enxergo as mudanças. Eu vejo o quanto aceitar as coisas que sempre foram apontadas pelos outros, e muitas vezes por mim, como defeitos, fez com que  um brilho aparecesse. Mas é um processo.  Eu preciso brigar constantemente com uma pessoinha aqui dentro de mim, que fica dizendo:  “Pára, tá se achando, não é assim.”

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Eu tento não dar ouvidos porque eu me inspirei em outras minas que estavam aparecendo com esse brilho. Foi por ver essas minas assim que eu comecei a me libertar de várias coisas

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Se isso servir pra uma mina botar um top e uma hot pant, ou uma roupa mais curta do que a sociedade diz que ela pode usar, já é muito maravilhoso. Hoje eu uso roupas que eu jamais pensei em usar, eu me porto de uma maneira que  jamais imaginei que poderia e eu ainda acho que tem um absurdo de coisas pra (des)construir.

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Hoje, eu resolvi me amar

Geórgia Santos
17 de agosto de 2018

No início da semana, decidi fazer uma drenagem linfática. Estava inchada e desconfortável. Tinha exagerado no final de semana  – muita comida e muita bebida – e tinha exagerado nas semanas anteriores. O resultado era visível no meu corpo. Eu precisava murchar. Chegando ao centro estético, a Lisiane Garroni, massoterapeuta, perguntou o que me incomodava. Eu respondi: tudo.

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Eu respondi que tudo no meu corpo me incomodava. Tudo.

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Corrigi imediatamente, mostrando as áreas de maior retenção de líquido, mas não tinha como esconder que eu falei que tudo me incomodava a respeito do meu corpo com uma velocidade impressionante, sem nem pestanejar. Ela terminou a drenagem e o efeito foi impressionante, eu estava menor, mais à vontade, mais confortável. Eu realmente precisava daquilo. Mas saí de lá pensando se eu realmente detestava tudo a respeito do meu corpo. 

Fui pra casa e fiquei pensando nisso. Olhei meu corpo no espelho e analisei cada detalhe. Cada celulite, cada estria, cada pelinho. A papada, os cravos e espinhas, as dobras e os pneuzinhos. Os pés chatos, as mãos gordinhas. O nariz batatinha, o cabelo arrepiado. O braço grande de polenteira, Tudo.

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Ali, parada e analisando todo o meu corpo, lembrei de todas as vezes em que me senti feia ou inadequada e as tantas vezes em que chorei por isso e fiquei chocada

Voltei pra quanto eu tinha 13 anos

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Desde os 13 anos eu sinto a pressão de não ser magra. Desde os 13 anos eu entro e saio de dietas. Desde os 13 anos eu comparo o meu corpo ao de outras meninas e mulheres. Desde os 13 anos eu me torturo psicologicamente para caber em um estereótipo que não é meu e que eu não quero.

Eu tinha 14 anos na foto da esquerda, em que estou com minhas amadas amigas de infância – e de até hoje. Me sentia horrível. Hoje, olho pra essa foto e amo cada detalhe. Na foto da direita, estava em uma viagem que fiz com meus pais. Eu lembro que me sentia enormeeee naquela época.

 

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Há 17 anos eu me sinto feia e inadequada, mas eu me recuso a seguir vivendo dessa forma
Ali, parada e analisando todo o meu corpo, lembrei de todas as vezes em que me senti feia ou inadequada e as tantas vezes em que chorei por isso e decidi que não mais
Hoje, eu resolvi me amar

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Fiz 30 anos em fevereiro. Chega. Não vou mais me martirizar por algo que sequer é um problema. Estou em processo de reeducação alimentar, comecei a fazer yoga, tento controlar meu peso e, eventualmente, faço procedimentos estéticos. Continuo reclamando da papada, do braço, da celulite e outras coisas. Mas agora eu também me acho bonita e não vou me sentir mal por isso.

Qual minha desculpa? Nenhuma. Eu faço o que quero e não faço o que não quero. Eu estou bem e quero continuar assim. Fazendo as coisas que gosto, comendo as coisas que gosto e, ao mesmo tempo, cuidando da saúde do meu corpo e, principalmente, da minha saúde mental. Hoje, eu resolvi me amar. E é muito bom – finalmente – dizer isso.

Nessa reminiscência, fui catar fotos da criança feliz – e gordinha – que eu era. Saca só as curvas da fofura =)

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Que uma mulher nunca deixe de acreditar que é maravilhosa

Fernanda Ferrão
28 de junho de 2018

Quando eu vi a foto da minha amiga Daylane Cerqueir comemorando um ano de pole dance, fiquei muito feliz. Fiquei feliz porque ela estava linda. Mas também fiquei triste, porque sabia que em breve eu também completaria um ano desde que comecei a praticar. É estranho dizer que eu ficaria triste com uma façanha dessas, mas eu tinha absoluta certeza que não tinha nada para me orgulhar.

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A cabeça das mulheres é assim, nunca está bom. E não de um jeito perseverante, mas de um jeito destrutivo, triste, desanimador

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Mas tudo bem, continuamos. E que bom que continuamos. De repente, em uma mesma semana, subi três andares na barra na segunda-feira e, na sexta, fiquei no devil sozinha e soube, inclusive, sair da barra – vi a Bianca Castanho fazer isso tantas vezes e achei que não ia rolar. Mas assim, de repente uma ova, né? Trezentos e sessenta e cinco dias olhando esse corpo grande no espelho, de hot pant e top, esticando, puxando, forçando e pensando que vai mais mas o peito grande não deixa. Foram vários dias fugindo da aula, matando a sequência de giros porque back hook é muito ruim e nem é tão bonito, vários dias em que a mão escorregava, alguns dias dando caô porque eu não queria enfrentar. Fiz duas aulas praticamente chorando, segurando mesmo e em uma delas a Eloísa De Souza Honorato me disse:“Tu consegue fazer, tu só não consegue ver”.

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Teve um outro dia em que eu vi uma foto minha e a posição estava diferente das gurias –  óbvio, já que cada uma tem um corpo. Eu não consegui não chorar

Porque ser diferente do padrão é difícil mesmo quando a gente está em um ambiente com companhia acolhedora e também fora do padrão

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Mas foram muito mais dias segurando meu peso todo numa barra; muitos dias de respira e puxa; de força e alongamento; de mostrar para as amigas como eu fazia aquilo. Foram todinhos esses dias olhando nos olhinhos da Lolô e tendo certeza que ela acredita em mim, que ela me segura e me coloca pra cima. Quero que todo mundo encontre uma relação de amor e confiança como a que eu encontrei na Eloísa, que vocês encontrem um lugar sagrado  como eu achei o Maravilhosas (não tem nada mais legal que um lugar colorido, com música e mina andando pra cima e pra baixo quase pelada).  E mais, que vocês se encontrem em alguma atividade (se for física, melhor) que te prove todo dia que sim, tu podes! Gracias, Graziela Meyer, por ter criado essa loucura toda. Tu transformas vidas.

Amigos todos que se espantam e incentivam, continuem me chamando de maravilhosa. Quando eu deixo de acreditar, eu penso “Ah, fulano não ia se dar ao trabalho de mentir isso, né?”. Aí volto e seguimos el baile! 

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Clitóris ou Ovário?

Fernanda Ferrão
22 de junho de 2017
Clipe música Lalá da cantora Karol Conka Clipe música Lalá da cantora Karol Conka

Se quiser, clique e leia ouvindo: Karol Conka – Lalá

Sabe o boquete? Sabe, né? Já parou para pensar que não existe uma palavra equivalente para sexo oral em mulheres? A Karol Conka pensou. A rapper paranaense de 30 anos é uma das mulheres símbolo do que chamamos de terceira onda do feminismo. O último lacre foi lançado na primeira semana de junho: a música Lalá. O termo foi criado pela própria Karol.

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Sexo oral feminino é ‘lalá’

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É claro que o clipe foi lançado acompanhado de “””””””polêmica”””””””. Afinal, tem muita gente para dar pitaco em todo e qualquer assunto relacionado ao feminino. A equipe que criou o vídeo lindo que acompanha a música é composta apenas por mulheres. O vídeo tem quase dois milhões e meio de visualizações.

Camila Cornelsen e Vera Egito dividiram a direção. Camila teve sua conta extinta e foi bloqueada do Instagram depois de postar 01 minuto do vídeo em seu perfil. Vera, em conversa com a Dani Arrais, do Don’t Touch My Moleskine, disse:

“Na celebrada música brasileira – poderia dizer de todo o mundo também – o sujeito do desejo é masculino e o objeto desse desejo é feminino tradicionalmente. Mas agora a moça bonita que vem, não passa. Ela fica e fala do que está afim. Deixa claro também quais são suas vontades, preferências, e toma o eu lírico do tesão pra si. Karol é essa mulher inteligente, de personalidade, independente e corajosa. Ela é linda também. Provavelmente o rosto mais simétrico que eu já filmei, impressionante. Linda em qualquer enquadramento. Mas já é tempo do atributo da beleza não ser mais o principal ao se falar de uma mulher. Especialmente uma mente criativa como Karol Conká. Foi de uma honra e de uma felicidade enormes realizar esse trabalho para ela. Especialmente ao lado da Camila Cornelsen, minha mana fotógrafa inspiração e apoio pro meu trabalho e pra minha vida. ‘Direitos de prazer iguais’, clama Karol. É isso aí. Celebremos esses novos tempos. Não tem retrocesso. Desse lugar de fala a gente não sai mais.”. Punto y basta.

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Nos dias seguintes ao lançamento, Karol postou frames e imagens do clipe sempre lembrando o quanto tem sido atacada apenas por falar de um assunto que incomoda aqueles que estão acostumados a dominarem todos os cenários: os homens.

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Eu poderia falar muitas outras coisas sobre este assunto, falar das conversas que tenho com amigas, sempre cheias de relatos de homens que não conhecem o corpo feminino e de como o pudor imposto pela sociedade faz com que essas mulheres que reclamam dos homens muitas vezes nem saibam instruí-los. Porém, deixo aqui apenas a íntegra da letra escrita por Conka. Te juro que vais entender do que estamos falando! #melambelá

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Lalá – Karol Conka

Lá lá lá

Moleque mimado bolado que agora chora
Só porque eu mandei ajoelhar
Fazer um lalá por várias horas

Ele disse por aí que era o tal
Pega geral e apavora
Seduzi pra conferir
E percebi que era da boca pra fora

Dá pra perceber que existem vários
Falam demais, fingem que faz
Chega a ser hilário
Mal sabe a diferença de um clitóris pra um ovário
Dedilham ao contrário
Egoístas criando um orgasmo imaginário

Pouco importa pra ele se você também tá satisfeita
Esses caras ainda não aprenderam que 10 minutos é desfeita
Nem a bomba que toma não aguenta o molejo da lomba
Se desmonta, tem medo e no final só me desaponta

Já fico arrependida
Seca, desacreditada e fria
Desse jeito desanima
Quero ser bem atendida

O que me anima é a habilidade na lambida
Malícia, muita saliva enquanto eu queimo uma sativa

Lá lá lá, me lambe lá
Lá lá lá, me lambe, me lambe, me dê uma lambida lá

É inacreditável, eles ficam sem ação
Quando a gente sabe o que quer e já mete a pressão
Tem que saber fazer se não gera contradição
Direitos de prazer iguais, mais compreensão

Isso daqui não tá de enfeite
Dá um jeito, se ajeite
Sem ser fake, então vai se deite
Se eu quero, respeite

O clima deixa de ser quente, confundiu minha mente
Falam de mais, quando chega na hora a ação não é equivalente
Nem vem, sou apenas mais uma com experiência e sabe quem tem
Vejo vários convencidos achando que no final mandou bem

Minhas amigas concordam também
Vocês podem ir mais além
Sem dedicação espantam um harém

Curvem-se, encostem os lábios na flor
Quebra esse tabu, isso não é nenhum favor

O que me anima é a habilidade na lambida
Malícia, muita saliva
Enquanto eu queimo uma sativa

Lá lá lá
Lá lá lá, me lambe lá
Lá lá lá, me lambe, me lambe
Me dê uma lambida lá
Lá lá lá
Lá lá lá, me lambe lá
Lá lá lá, me lambe, me lambe
Me dê uma lambida lá

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Sexo para seguir

Fernanda Ferrão
20 de abril de 2017
Ilustrações eróticas. @regardscoupables

Se quiser, clique e leia ouvindo: Rihanna – Sex with Me

Ui!

Toda mulher já fingiu gozar. Tá, posso estar exagerando. Mas tenho absoluta certeza que quase todas as mulheres já fingiram e, infelizmente, muitas dessas ainda fingem (assim, no presente mesmo).

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Duvida? Faça uma pesquisa rapidinha com as mulheres que convivem contigo. Não importa idade, aparência, nacionalidade. Uma informação meio triste para falar de algo muito feliz: sexo, corpo, nudez

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Acredito que a medida em que cresce a naturalidade com que encaramos o sexo, o nosso corpo e o corpo do outro, também aumentam nossas chances de acerto nessa arte tão prazerosa. Um jeito relativamente fácil para começar é tentar conviver com pornografia – assunto polêmico, eu sei. Mas, mais fácil ainda, erotismo em rede social, que é pra não ferir o pudor e o moralismo de ninguém (credo!). Nem o teu.

Selecionei alguns perfis de Instagram que trabalham o erotismo, a nudez, o tesão, o sexo, o pornô (ufa!) de um jeito delicado. É arte pra dar aquela sensação de calorzinho, sabe? As imagens falam bem melhor que eu aqui. A ver:

http://www.instagram.com/p/BTJ9NTbFW5U/?taken-by=regards_coupables

http://www.instagram.com/p/BSifIGXBwg7/?taken-by=petitesluxures

https://www.instagram.com/p/BRLre_8Fyi_/?taken-by=nudegrafia

https://www.instagram.com/p/BRwGvmYDZ5p/?taken-by=nataliejhane

https://www.instagram.com/p/BR-ClZDF-Mu/?taken-by=fridacastelli

https://www.instagram.com/p/BSAEc2ChS7k/?taken-by=alphachanneling

https://www.instagram.com/p/BSULY8JgoOe/?taken-by=apolloniasaintclair_

Mais sobre numa matéria da TPM.

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Não é fácil ser maravilhosa

Fernanda Ferrão
2 de março de 2017
Maravilhosas Corpo de Baile durante saída do bloco Pilantragi em São Paulo/2017.

Eu quero emagrecer. Acho que quase todo mundo sofre da síndrome “eu poderia ter uns quilinhos a menos, né?” Mas não é essa a questão.

A questão é que as mulheres são ensinadas a não se sentirem bem com os seus corpos. E eu não acho isso, tenho certeza. Absoluta, eu arrisco. E o motivo dessa certeza é apenas ter nascido mulher e ser rodeada de outras delas.

Tenho uma amiga linda, magra, alta, elegante, sabe? Mas ela acha que as pernas são longas demais. Outra amiga é malhada, a bunda mais durinha que você já viu e isso depois de já ter dois filhos, mas ela não gosta da barriga, diz que é flácida. Infelizmente, eu poderia preencher muitas linhas com exemplos de mulheres detonando seus corpos. Se tu ainda não acreditas e achas que pode ser mimimi (credo), tem uma pesquisa recente que fala sobre isso. A chamada diz assim: “Pesquisa britânica mostra que apenas 61% das meninas entre 7 e 21 anos se sentem atualmente felizes com a própria aparência?”.

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Uma meninade  S E T E   anos ?já não gostada sua aparência

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E ela ainda nem sabe exatamente o que é a sociedade e como ela nos manipula.

E agora que estamos alinhados sobre esse absurdo que é viver num mundo onde o normal é não se aceitar, onde a distorção de imagem pode chegar a casos sérios e resultar em doenças como anorexia, bulimia, depressão… Peço licença para falar de uma experiência pessoal, recente e ainda não digerida totalmente. Faço parte do grupo Maravilhosas Corpo de Baile. Uma junção de mulheres incrivelmente diferentes lideradas pela Grazi Meyer. O que fazemos? Nos encontramos para dançar e trabalharmos nossa confiança.

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“Além do exercício físico, de entender e gostar de vermos o que nosso corpo é capaz de fazer, vamos incentivando umas as outras a aceitarmos os elogios que recebemos”

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Na primeira aula, fui apresentada às únicas duas regras: todas se apoiam e se (auto)elogiam. Chega de reagirmos ao elogio com “imagiiiina, você que é!” Além do exercício físico, de entender e gostar de vermos o que nosso corpo é capaz de fazer, vamos incentivando umas as outras a aceitarmos os elogios que recebemos. A reação deve ser “sim, meu cabelo tá bom hoje, né? o teu também tá bonito, guria”. É uma rede de apoio.

No dia 19 de fevereiro de 2017, um domingo muito calorento, eu e outras 24 mulheres desfilamos a frente do Bloco Pilantragi na zona oeste de São Paulo. De maiô. Apenas maiô, flores na cabeça e glitter, muito glitter. E amor, apoio, olho no olho, mãos dadas e corpos rebolativos.

Entender que eu posso sair por aí exibindo o meu corpo fora do padrão é um acontecimento quase sem descrição. Mas ver nos olhos de outras mulheres a felicidade de se sentir representada, é melhor ainda. Também recebi olhares e palavras de homens incentivando o que estava acontecendo ali. Na falta de palavras melhores, indico a entrevista da sábia e corajosa Grazi para o Hypeness. Através do Maravilhosas, eu estou começando a descobrir uma Ferrão que um monte de gente já me dizia que existia. Humildemente indico que tu também vá atrás do que pode te libertar.
Teu corpo e tudo em ti é lindo demais, pode confiar!

Outra leitura legal sobre o tema: http://ind.pn/2lq2asP

Maravilhosas Corpo de Baile.

 

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Música brasileira para alinhar a vibe

Fernanda Ferrão
9 de fevereiro de 2017

 

A imagem não bate com o que tu esperas do som? AINDA BEM. Hoje o espaço é dedicado a esses três musos da nova música brasileira – Jaloo, Liniker e Johnny Hooker. Estilos bem particulares mas que têm em comum essa “imagem que faz questionar”. Se depois de olhar, ouvir, tu seguires com alguma estranheza, recomendamos uma booooa reflexão. Se não, é só dar o play.

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A nova música brasileira tem um lineup de chorar de tão bom e, graças a Dios, tem levantado questionamentos e bandeiras sobre sexualidade, gênero, racismo e todo preconceito

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Jaloo tem um ímã. Para mim, ele tem um canto de sereia, uma coisa que hipnotiza. Jaime Melo tem 28 anos, veio do Pará, faz as vezes de modelo, é tímido e contou em entrevista ao HuffPost que acabou aprendendo a cantar para acompanhar as batidas que já fazia. Nos dois shows que fui, encontrei um Jaloo calmo, com looks e apresentações marcantes e acompanhado por duas bailarinas. Os clipes do artista e os remixes que circulam por aí (como do BossInDrama) merecem o seu tempo. Uma amiga diz que “o som dele não é fácil de consumir”. E talvez não seja mesmo, mas eu prefiro classificar como “música para dançar e sentir de olhos fechados”.

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Buena onda e lacração! Para mim, isso define o fenômeno Liniker. No dia 15 de outubro de 2015, o canal Liniker fazia o upload do EP ‘Cru’. Três músicas em três vídeos gravados em casa, em uma sala de estar, para passar exatamente a vibe dos músicos. Liniker comanda sua trupe de companheiros, Os Caramelows, com turbante, saia longa, argolas, colares, brincos, delineador, batom e bigode. Sim, bigode e uma voz grave que canta “deixa eu bagunçar você” com uma potência incrível! Hoje, o vídeo tem milhões de views e o cantor contou em mais de uma entrevista que foi surpreendido pela aceitação e sucesso. O show? Você não para um minuto mesmo que não conheça todo o repertório; ‘Zero’ é cantada a plenos pulmões por todos e ainda tem o momento ‘culto’ quando Liniker e as cantoras que o acompanham fazem um verdadeiro louvor ao lacre, ao poder, ao glitter. Dá uma esperança saber que Liniker faz tanto sucesso e, por onde vai, diz que é “bicha e preta”. O cantor lançou um projeto no Catarse para financiar o disco Remonta e você pode ajudar aqui.

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“Esse é pra sangrar!”, me disse uma amiga quando perguntei qual o clima do show do pernambucano Johnny Hooker. E é a melhor definição. Nem sei se podemos chamar apenas de cantor um cara de 28 anos que é também compositor, roteirista, ator e faz performances inesquecíveis. Johnny tem um timbre rasgado, com sotaque, que marca e canta coisas como “eu vou chamar Iansã, Ogum e Oxalá, vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito”. O clipes também são sempre uma obra à parte e contam histórias de amores latinos, sofridos, barrocos, dramáticos. Que tal começar a assistir os seis minutos de “Amor Marginal”?

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Além de produzirem arte de qualidade com sons, batidas, shows, vídeos, poesias, Hooker, Liniker, Jaloo e outros como As Bahias e a Cozinha Mineira, Filipe Catto, Rico Dalassam estão redefinindo padrões (quebrando com os que existem), rompendo barreiras preconceituosas, fazendo todo mundo se questionar e evoluir através da arte.

 

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COMPARTILHAR É A RAZÃO

Fernanda Ferrão
7 de fevereiro de 2017

A foto da Beyoncé grávida é feia. Beyoncé é incrível mas a imagem que a artista postou no seu perfil do Instagram para divulgar a gravidez de gêmeos pode ser considerada brega, ao menos para os nossos padrões atuais. Ah, os padrões. Ainda assim, é a foto mais curtida da história do Instagram até o momento – são quase 10 milhões de likes. A tal foto faz parte de um dos três ensaios que a cantora divulgou na última semana. O responsável pelos cliques é Awol Erizku, um fotógrafo africano que mora em Nova York.  Para completar o simbolismo, foi postada no primeiro dia do Mês da História Negra.

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Provavelmente, na tua timeline, alguém falou mal da foto. Mas é feio ou é diferente? Quando não gostamos de algo, será que não fomos treinados para isso? Olha os padrões aí de novo

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Esses questionamento chegaram até mim por meio de um post no Facebook de uma jornalista chamada Carol Patrocínio (veja aqui). No post, Carol fala que mudou sua opinião sobre a imagem depois de pesquisar e entender o que estava por trás. Ou seja, que gosto é construção cultural. Vi esse mesmo post em um grupo de discussão que participo e a professora (musa) Cris Lisboa dizia para, a partir disso, discutirmos todos. Todos mesmo. Inclusive eu, inclusive tu.

Compartilhar. Compartilhar uma informação, novidade, referência, uma reflexão diferente do habitual. Textos têm esse poder: mudar o fluxo de ideias. Construir o novo (que também é desconstruir o velho).

Vamos tentar?

(Já que começamos com a família Knowles, assiste um dos clipes da irmã mais nova da família. Solange lançou seu terceiro álbum em 2016, A Seat at the Table. Um dos singles dá voz a alguns aspectos da vida das mulheres negras. Vale!)