Chega um dia na vida em que nossas verdades caem por terra. Há pouco, passei por uma situação dessas. Não, eu não estava errado; eu fiquei errado. Novos momentos trazem novas verdades, subvertem a ordem e convertem o outrora errado, ou disruptivo, em regra.
Por isso, cá estou, um arrogantão que já postou gifs debochando de quem gravava vídeos com o celular de pé, tendo que admitir que, além de ser válido, o formato vertical se tornou o melhor pro anunciante, ao menos quando estamos falando de redes sociais. Por quê? Eu explico.
Mais da metade das pessoas tem acessado as redes prioritariamente através dos seus aplicativos para smartphones. Estamos falando de dispositivos verticais por essência, com usuários cada vez mais exigentes com relação à experiência. Faz sentido demandar dele um esforço físico para ter a experiência certa de um vídeo que, na maioria das vezes, ele não pediu para assistir? As pessoas são espectadoras preguiçosas. Essa é uma verdade que não mudou desde a época de ouro da TV aberta. Por isso, os veículos retardaram tanto a entrada da tecnologia de controle remoto no Brasil; o público assistia, passivo, aos comerciais para não ter o esforço de ir até o televisor trocar de canal. E mais: ao gerar uma ação você também gera uma distração, interrompendo a experiência imersiva dos usuários.
“No Snap, os anúncios em vídeos verticais já estão sendo 9 vezes mais efetivos que os horizontais. Já no Facebook, os primeiros resultados já apontam para uma eficiência 3 vezes maior”
Claro que minha verdade não caiu sozinha. Teve muita gente grande que se deu conta disso antes e ajudou a derrubá-la. Facebook, Instagram (e Stories), Snapchat e Twitter eliminaram as barras laterais pretas dos vídeos verticais e expandiram sua visualização com aproveitamento de tela. Com algumas peculiaridades, claro, como a proporção 3:2 do Facebook.
Os resultados já começaram a aparecer: no Snap, os anúncios em vídeos verticais já estão sendo 9 vezes mais efetivos que os horizontais. Já no Facebook, os primeiros resultados já apontam para uma eficiência 3 vezes maior. É o que podemos chamar de um negócio win-win-adapt. Os dois primeiros a vencer com esses números são os anunciantes. Logicamente, com os anunciantes empolgados com tamanha efetividade e anunciando mais, Mark e companhia estão rindo à toa também.
Por fim – no último elo dessa corrente – estou eu, estão as outras produtoras e estão as agências, nos virando de cabeça pra cima e, mais uma vez, tendo de nos adaptar, reciclar, e evoluir linguagem e técnicas. Tudo isso para você ver mais anúncios e se incomodar menos, sem nem perceber.
*Dados: socialmediatoday.com
