BSV Especial Coronavírus #35 A vacina que o Brasil não quer
Geórgia Santos
9 de dezembro de 2020
Finalmente, uma vacina. Finalmente, uma luz no fim do túnel. O Reino Unido começou a vacinar a população contra a Covid-19 na última terça-feira, 8. Os britânicos estão sendo imunizados com a vacina da farmacêutica norte-americana Pfizer e da empresa alemã de biotecnologia BioNTech. Margaret Keenan, uma senhora de 90 anos, Margaret Keenan, foi a primeira a receber a dose da vacina que o Brasil não quer – pelo menos o governo age como se não quisesse.
Por aqui, o presidente da República Federativa do Brasil, um país em que mais de 178 mil pessoas morreram em função da Covid-19, não faz nada. Não, faz sim. Jair Messias Bolsonaro inaugurou uma exposição com as roupas que ele e a primeira-dama, Michelle, usaram na posse.
O governo de São Paulo anunciou que pretende começar a imunização com a CoronaVac em janeiro.A vacina está sendo desenvolvida no Brasil pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Mas depende da aprovação da Anvisa. E não nos esqueçamos que Bolsonaro colocou militares na Anvisa para controlar as vacinas.
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É quase como se ele não quisesse que a pandemia acabe
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Participam do programa os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
BSV Especial Coronavírus #29 Bolsonaro, as emas e Robinho
Geórgia Santos
21 de outubro de 2020
Neste episódio, mostramos como a ineficácia no combate à pandemia, a corrupção, os dados do anuário da segurança e a repercussão do caso Robinho estão ligados a Bolsonaro.
A pandemia não acabou. Acreditem. E falando em pandemia, Jair Bolsonaro disse que não apostou na cloroquina. O cara que fez vídeo tomando cloroquina, que ofereceu cloroquina para as emas do Planalto, que falou sobre esse remédio por meses, que determinou que se aumentasse a produção do medicamento sem comprovação de eficácia contra a Covid -19, que importou caixas e mais caixas dos Estados Unidos, disse que não apostou, nem jogou, na hidroxicloroquina.
E por falar em Bolsonaro, o senador Chico Rodrigues, vice-líder do governo, levou o transporte de dinheiro na cueca a um outro nível. O curioso é que isso aconteceu na semana em que Jair Bolsonaro disse que acabou com a Lava-Jato porque não tem corrupção no governo.
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Enquanto isso, O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou o Anuário da Segurança e as más notícias são muitas
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Foram quase cinco mil mortes violentas de crianças no ano passado. 75% de crianças negras. Também em 2019, mais de 13 mil mortes não esclarecidas que sequer entraram nas estatísticas de homicídio. Houve ainda um Aumento de 120% nos registros de arma de fogo em 2020 e queda nas apreensões. Mais de seiscentas mulheres vítimas de feminicídio no primeiro semestre deste ano. Mas isso mobiliza menos que futebol.
O jogador Robinho foi condenado por estupro na Itália, mas para o novo clube, isso só foi problema quando os patrocinadores entraram na jogada. O tal do craque, apesar da condenação, se comparou a Bolsonaro, disse que é perseguido pela “emissora do demônio” – Rede Globo – e que o problema são as feministas.
Participam do programa os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
BSV Especial Coronavírus #20 O vírus do autoritarismo e a máscara de Bolsonaro
Geórgia Santos
12 de agosto de 2020
Enquanto a gente se protege desse vírus novo, o governo de Jair Bolsonaro infecta a democracia brasileira com um vírus antigo, o do autoritarismo.
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Na última semana, o Vós lançou um documentário em áudio chamado Democracia Infectada, justamente mostrando os traços do autoritarismo de um governo extremamente militarizado e centrado na figura de Bolsonaro
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Passados alguns dias, uma série de eventos corrobora o nosso argumento. Na edição deste mês da Revista Piauí, uma reportagem da jornalista Monica Gugliano reconstrói o dia em que Bolsonaro decidiu intervir no Supremo Tribunal Federal. No dia dois de agosto, reportagem de Raquel Lopes na Folha de São Paulo indica que o governo Bolsonaro tem uma média de uma denúncia de assédio moral por dia por parte de servidores. Eles relatam perseguição ideológica e toda uma sorte de constrangimentos.
Sem contar o dossiê do Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre quase 600 servidores públicos ligados a movimentos antifascistas. Tudo isso associado a um comportamento antidemocrático de Jair Bolsonaro que, convenhamos, não é novidade.
Para discutir a desintegração da democracia brasileira, participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox e outros agregadores.
BSV Especial Coronavírus #19 Aglomerações, centrão e a nota de 200
Geórgia Santos
4 de agosto de 2020
O Brasil está em um momento bastante delicado. Já passamos do 90 mil mortos em função do novo coronavírus, mas o presidente Jair Bolsonaro, que há algumas semanas testou positivo, parece não se preocupar, afinal, está em viagem pelo Brasil, provocando aglomerações, cumprimentando as pessoas e, é claro, removendo a máscara.
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Foi o que ele fez no Piauí, por exemplo, descumprindo TODOS os protocolos de segurança
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Bem, Ele pode não estar preocupado com a pandemia, mas há uma movimentação de bastidores que deve estar tirando o sono de Jair Bolsonaro. O racha do BLOCÃO. O Blocão da Câmara é um grupo de partidos formado, basicamente, por grande parte do Centrão e por deputados da base aliada do governo. Já o Centrão é o grupo informal de partidos que costumam buscar proximidade com o governo em troca de vantagens, sem muita solidez ideológica. O que acontece agora é que partidos que fazem parte do centrão como MDB, DEM, PTB e PROS estão desembarcando do blocão e isso pode ser um pepino enorme para o governo.
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Mas isso levanta uma questão maior. É possível governar sem o Centrão?
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Ah, não podemos deixar de falar, ainda, na nova nota de 200 reais. Que estampará o Lobo-Guará, embora o lugar de honra seja, nos nossos corações, da querida ema.
Participam Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
A eleição de Jair Bolsonaro infectou a democracia brasileira com um vírus antigo
O vírus do autoritarismo
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Desde 2013 testemunhamos a fragilização do regime democrático no Brasil. No começo de tudo, as manifestações, depois um derrotado que não admite o resultado das eleições, o que leva a mais manifestações e um golpe institucional. Depois a preferência por um candidato autoritário. Até que chegamos à militarização do governo, mesmo conhecendo a experiência da Ditadura. Tudo isso levou a uma constante perda de direitos, aumento da já profunda desigualdade social e um crescimento da radicalização política no país. Como se não bastasse, em 2020, o mundo é assolado por um vírus novo. O novo coronavírus, que no caso do Brasil acentua os problemas gerados pelo vírus antigo e hoje temos milhares de mortos por completa inaptidão de um governo autoritário e militarizado.
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Vivemos, hoje, em uma democracia infectada
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Produção: Geórgia Santos e Raquel Grabauska. Texto, apresentação e edição: Geórgia Santos. Direção artística e locução: Raquel Grabauska. Trilha Sonora: Gustavo Finkler
No Rio de Janeiro, um homem disse que pagava o salário dos fiscais sanitário e sua companheira foi rápida em dizer aos servidores que ele não era um cidadão, mas um engenheiro civil, “muito melhor do que você”. Em Santos, São Paulo, desde o dia primeiro de maio é obrigatório o uso de máscaras na cidade. Mas o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo Eduardo Siqueira resolveu não usar. E ainda agrediu verbalmente os guardas municipais que estavam cumprindo sua função, chamando-os de analfabetos.
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Esse país é construído sobre a percepção do status. E isso é doente
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E por mais ridículo que seja, esse elitismo aparece em todos os cantos. Até na reportagem em que uma mulher que não usava máscara aparece dizendo que não usaria a proteção e que era advogada, “meu amor”. Em Porto Alegre, empresários decidem se haverá lockdown ou não, uma questão de saúde pública. Enfim, há muitas pessoas que se acham acima da pandemia. Ricos, doutores, professores, jornalistas, intelectuais que querem acabar com o novo coronavírus por decreto.
Para falar sobre a cultura do “você sabe com quem está falando?” e as diversas formas em que isso afeta a pandemia, participam do programa os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Nesta edição, falamos da epítome da pauta que une coronavírus e política. O presidente da República Federativa do Brasil, senhor Jair Messias Bolsonaro, disse que testou positivo para o novo coronavírus. Após esconder os testes há alguns meses, ele convocou uma entrevista coletiva PRESENCIAL para dizer que está infectado.
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Bolsonaro ainda prestou o desserviço de retirar a máscara ao final da entrevista, colocando em risco os repórteres que estavam no local. E, é claro, reafirmou a eficácia da cloroquina no tratamento contra a Covid-19, mesmo sem eficácia comprovada cientificamente
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Desinformação à parte – ou não – a declaração do presidente gerou muita suspeita, afinal, ninguém nunca sabe se o que Bolsonaro diz é verdade ou mentira. De todo modo, isso ainda tem inúmeras implicações tanto no combate ao Covid-19 quanto na política brasileira. Depois de ele confirmar que está infectado, vimos pessoas torcendo pra que ele morra; outras dizendo que essa torcida é falta empatia; notamos o nítido enfraquecimento da popularidade de Bolsonaro; e, é claro, testemunhamos o presidente da República virando garoto-propaganda de um remédio que ele estocou sem respaldo cientifico e agora não tem onde desovar.
Participam do programa os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
BSV Especial Coronavírus #16 Fake News em tempos de pandemia
Geórgia Santos
9 de julho de 2020
Desde março, os jornalistas do BSV discutem os diversos aspectos da pandemia e da política brasileira. Hoje, eles falam sobre as Fake News, que não só bagunçaram e bagunçam a política como já são um problema para quem quer se informar a respeito do coronavírus.
Uma pesquisa realizada pela Avaaz, uma comunidade de mobilização online que leva a voz da sociedade civil para os espaços de tomada de decisão em todo o mundo, indica que as Fake News sobre a pandemia atingem 110 milhões de pessoas no Brasil.E o estudo mostra que sete em cada 10 brasileiros acreditam em pelo menos uma notícia falsa sobre o coronavírus.
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E qual a resposta institucional? Aprovar, às escuras e às pressas, o PL das Fake News
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Parece bom, um projeto de lei que visa combater a desinformação, mas o buraco é mais embaixo. Apesar de ter sido submetido a mudanças, o texto aprovador pelo Senado no dia 30 de junho implica em sérios riscos à privacidade, à liberdade de expressão, abre caminho para a autocensura e para a perseguição a jornalistas.
O convidado desta semana é o jornalista Marcelo Trasel, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), uma das entidades que mais criticou o fato de o projeto ter sido aprovado sem discussão com a sociedade civil e com sérios problemas. Participam os jornalistas Geórgia Santos, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
BSV Especial Coronavírus #14 Bolsonaro subindo no telhado
Geórgia Santos
20 de junho de 2020
Abraham Weintraub não é mais Ministro da Educação, para felicidade geral da nação e daqueles que, segundo ele, não tem Deus no coração. Mas muita água rolou nesta semana antes da saída de Weintraub. Muita.
Na segunda-feira, 15, a extremista bolsonarista Sara Winter foi presa pela Polícia Federal (PF) em função de sua participação em manifestações antidemocráticas. A prisão foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).
Na terça-feira, 16, como parte do mesmo inquérito que investiga a origem de recursos e a estrutura de financiamento desses grupos suspeitos da prática de atos antidemocráticos, a PF bateu à porta de aliados de Jair Bolsonaro. A polícia cumpriu uma série de mandados de busca e apreensão solicitados pela PGR. A ação atingiu parlamentares como o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) e influenciadores como o blogueiro Allan dos Santos. Fernando Lisboa, outro alvo, outro blogueiro, até chorou.
Na quarta, 17, o pleno do Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou um pedido para fazer um levantamento do número de militares da ativa e da reserva nos últimos três governos. E, é claro, fazer um levantamento especialmente sobre os militares no governo Bolsonaro. A ideia é verificar se há uma militarização excessiva do serviço público. ?Mas o TCU seguiu dando o que falar na quinta-feira, 18, já que o Ministério Público (MP) solicitou que se investigue uma suspeita de compra superfaturada de cloroquina pelo exército.
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Mas a quinta-feira não acabou por aí
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Fabricio Queiroz foi preso. O Queiroz. O próprio. Acusado de gerenciar as rachadinhas dos salários de servidores dos gabinetes da família Bolsonaro, em especial o senador Flávio Bolsonaro. Ele também é apontado como uma das conexões do clã com milicianos e com o Escritório do Crime, no Rio. Queiroz foi preso em Atibaia (SP), em um imóvel de Frederick Wassef, advogado de Jair Bolsonaro. O próprio.
Bolsonaro fez questão de defender Queiroz publicamente, dizendo que foi uma prisão espetaculosa, como se ele fosse o pior bandido da face da terra. Bolsonaro ainda fez questão de dizer que ele não estava foragido e que não havia mandado de prisão impetrado contra ele.
Mas a quinta-feira ainda não acabou. Foi justamente na quinta-feira que os brasileiros se despediram do inadequado Abraham Weintraub do Ministério da Educação e testemunharam o abraço mais estranho de todos os tempos, como mostra a foto de capa. Aliás, bizarro e, assim como o ministro, inadequado em tempos de pandemia.
Na sexta-feira, 19, o nosso país, governado por um grupo criminoso e altamente disfuncional, atinge o número de um milhão de casos de coronavírus e quase 50 mil mortes.
Para fazer uma análise sobre o impacto de todos esses fatos no governo Bolsonaro, participam os jornalistas Geórgia Santos, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
BSV Especial Coronavírus #13 Sobre protesto, violência e quem pode ter a carteirinha de antifa
Geórgia Santos
5 de junho de 2020
Há mais de uma semana, multidões estão nas ruas de algumas das principais cidades dos Estados Unidos em protesto contra o assassinato de George Floyd, um homem negro, por um policial branco em Mineappolis. O racismo emerge, então, como uma das questões centrais do nosso tempo e a luta antirracista ganha uma nova força com os movimentos que se articulam inclusive no Brasil.
Mas a presença de Jair Bolsonaro na presidência da República impõe também outros debates. Porque ao mesmo tempo em que há uma mobilização antirracista, um grupo de racistas, sim racistas, fez uma caminhada com tochas em Brasília. Os 300 do Brasil.
E como consequência, vemos uma crescente mobilização também do movimento antifascista – Antifa. Que o presidente Bolsonaro, a exemplo do seu muso Donald Trump, diz que é coisa de terrorista.
E cá estamos nós pra tentar compreender como esse movimento pode se sustentar por aqui e de que forma ele pode ajudar a restaurar a democracia. Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.