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OUÇA Bendita Sois Vós #44 Liberdade de imprensa a perigo – de novo

Geórgia Santos
27 de janeiro de 2020

Neste episódio, os jornalistas do Vós falam sobre liberdade de imprensa no Brasil.Ou melhor, sobre mais uma tentativa de cercear a liberdade de imprensa no Brasil.

Todos estamos familiarizados com os constantes ataques do presidente da República aos jornalistas e da recusa de Jair Bolsonaro em conceder entrevista ao que ele chama de grande mídia. Agora, no entanto, foi a vez do Ministério Público Federal. O jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, foi denunciado pelo MPF em função da produção das reportagens que ficaram conhecidas como Vazajato, que revelaram a comunicação ilegal entre procuradores do Ministério Público e o então juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato. Glenn e outras seis pessoas foram denunciadas por associação criminosa para invasão de equipamentos de comunicação e interceptação ilegal de comunicações.

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Glenn Greenwald não foi investigado, Não foi indiciado, não cometeu qualquer irregularidade

Ele está sendo punido por fazer jornalismo

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Os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha e Tércio Saccol conversam com Marcelo Träsel, presidente da Abraji e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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OUÇA Bendita Sois Vós #32 Precarização do trabalho

Geórgia Santos
22 de setembro de 2019

Nesta semana, trazemos para o centro do debate a precarização das relações de trabalho. A reforma trabalhista prometia aumentar salário após flexibilizar a legislação e terceirizar a mão de obra, mas o mercado só gera postos de trabalho com rendimentos precários. Segundo o IPEA, praticamente todas as novas vagas com carteira de trabalho assinada geradas no país em 2019 possuem uma remuneração máxima de até dois salários mínimos.

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Para compreender melhor essa realidade, conversamos com Ludmilla Costhek Abílio, doutora em Ciências Sociais, autora do livro “Sem Maquiagem, o trabalho de um milhão de revendedoras de cosméticos”, da Boitempo Editorial
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No Sobre Nós, Raquel Grabauska traz Os Ratos, de Dyonélio Machado. Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. A edição é da jornalista Evelin Argenta.

Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.

Samir Oliveira

Abrindo as porteiras da diversidade no tradicionalismo gaúcho

Samir Oliveira
15 de julho de 2019

Fui criado no campo. Tinha tudo para me tornar um tradicionalista de primeira linha. Cresci envolvido em todas as atividades do universo rural: acordar cedo para tirar leite de vaca, encilhar cavalo, brincar de laçar vaca parada, colher ovos no galinheiro, dar lavagem aos porcos e tocar o gado para a mangueira. Na infância, era comum andar pilchado e comparecer aos rodeios e às invernadas. 

Aquele era o meu mundo. Sempre foi. Eu me sentia bem. Gostava do contato com a natureza, de pescar no açude, de tomar banho de valo, de conviver cercado de animais por todos os lados. Ainda hoje lembro de tudo e penso: “Como era bom”.

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E por que mesmo deixou de ser?
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À medida em que eu ia crescendo, ficava cada vez mais evidente que eu não me encaixava naquele mundo. Meu comportamento se distanciava à galope da rígida masculinidade esperada de um menino do campo no interior do Rio Grande do Sul.

A notícia da homenagem à prenda transexual Gabriella Meindrar de Souza no CTG Cancela da Tradição me encheu de esperança. Esperança de que muitos meninos e meninas por este Rio Grande afora consigam conciliar o estilo de vida rural – se for o que desejarem – com sua sexualidade ou identidade de gênero. Que possam viver em um ambiente seguro e acolhedor. Afinal existem muitos LGBTs no campo, na zona rural e nas fazendas, e o avanço civilizatório é imparável. Em algum momento todos os armários serão rompidos, mesmo aqueles localizados nos rincões mais distantes do país.

Foto: Julian Kettermann (Divulgação)

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Tradicionalismo e discriminação

A história de discriminação no tradicionalismo gaúcho não é recente, mas felizmente vem mudando. Em 2002 o folclórico Capitão Gay, candidato a deputado pelo antigo PPB, atual PP, provocava a gauderiada ao se apresentar como um tradicionalista e militante pelos direitos dos homossexuais. Chegou a ser recebido a pedradas no Acampamento Farroupilha e surrado com relhos no desfile de 20 de setembro daquele ano.

Em 2008 o tradicionalista Ademir Canabarro publicou um artigo denunciando o “avanço assustador do homossexualismo” no MTG. Sem meias palavras, saiu batendo as esporas, horrorizado com peões que dançam nos CTGs “disputando com a prenda doçura e meiguice”, a tal ponto que parecem “duas prendas dançando”. Ecoando o sentimento da parcela mais atrasada do tradicionalismo, cravou que CTG não é lugar para “cultura homossexual”.

O presidente do MTG na época, Oscar Grehs, lamentavelmente assinou embaixo do artigo, alertando para o perigo da ameaça gay à cultura gaúcha, que estaria determinada a “transformar os CTGs num mundo cor-de-rosa”. Desesperado, chegou a dizer: “Que Deus me tire a vida se o MTG virar isso”.

Quem pensa que essas bravatas são coisas do passado deveria dar uma olhada mais atenta ao presente. Em 2014 o CTG Sentinelas do Planalto, em Santana do Livramento, sofreu um atentado após o anúncio de que lá seria realizado um casamento coletivo que contaria, entre tantos casais, com a celebração da união entre duas mulheres. O local foi incendiado e o casamento acabou sendo transferido ao Fórum da cidade.

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Por isso é tão importante que Gabriella tenha sido homenageada como a prenda que sempre foi
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Suas palavras traduzem bem o significado deste reconhecimento: “Sou e sempre serei aquela tradicionalista que ama nosso estado! Que este momento não seja tratado como afronta ao movimento, mas um momento de transformações, desconstruções, para de um movimento mais fraterno, humano e igualitário”, disse, repetindo as palavras estampadas na bandeira do Rio Grande do Sul.

Pessoalmente, não sou um grande admirador do tradicionalismo. Tenho severas críticas ao movimento e não compactuo com a romantização de uma suposta tradição que se instituiu a ferro, fogo, escravização e misoginia em nosso Estado. Mas vou defender até o fim o direito que a população LGBT tem de estar onde ela quiser, inclusive no tradicionalismo gaúcho, se assim desejar.

Peões e prendas LGBTs ajudam a construir este movimento, algo reconhecido pela atual diretoria. É muito positivo que o presidente do MTG, Nairo Callegaro, não repita os erros de seus antecessores e se coloque como alguém disposto a tornar o tradicionalismo um ambiente mais acolhedor, sem compromisso com o preconceito.

A homenagem à Gabriella não escapou à insanidade destes tempos em que o ódio saiu do armário. Brutamontes inconformados chegaram a ameaçar colocar fogo na sede do MTG, repetindo o atentado ao CTG em Santana do Livramento.

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Pois eu digo que não haverá brasa o suficiente para reduzir a pó os avanços civilizatórios
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Que Gabriella e muitos outros abram as porteiras da diversidade no tradicionalismo e percebam que suas vozes importam para milhares de crianças no interior do Rio Grande do Sul que, assim como eu, um dia sentiram que jamais poderiam conciliar quem são com o ambiente em que vivem.

Ps: Já que estamos falando sobre a situação da população LGBT no meio rural, não posso deixar de recomendar aqui a música perfeita do Gabeu: Amor Rural. Orgulho imenso dessa nova geração de artistas que está desbravando fronteiras e quebrando paradigmas. Gabeu tomou para si a missão de ajudar a construir o pocnejo: uma espécie de sertanejo voltado ao público gay. E está indo muito bem!  

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OUÇA Bendita Sois Vós #23 Vazajato

Geórgia Santos
15 de junho de 2019

O primeiro episódio da segunda temporada do Bendita Sois Vós trata do mais recente escândalo da política brasileira. No domingo nove de junho, o Brasil foi surpreendido pelo que agora conhecemos por Vazajato. O The Intercept Brasil publicou uma série de reportagens que desnudam a Operação Lava Jato e mostram uma colaboração não permitida entre procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e o então juiz Sérgio Moro. A operação baseada na Mãos Limpas se mostrou suja.

Além do debate entre os jornalistas Geórgia Santos, Igor Natusch e Tércio Saccol, o depoimento do jornalista Alexandre de Santi, um dos editores do The Intercept Brasil. 

No Sobre Nós, Raquel Grabauska dirige a tradução de um trecho da famosa entrevista que o jornalista britânico David Frost realizou com o ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon. Uma forma de lembrar a importância do bom jornalismo – que pode derrubar presidentes.

Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.

 

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OUÇA Sobre Nós #1 | Tortura

Geórgia Santos
31 de março de 2019

Eram choques pelo corpo todo. Na vagina, no ânus, nos mamilos, nos ouvidos. E os meus filhos me viram dessa forma. Eu urinada, com fezes. Por fim, o meu filho chegou para mim e disse: “Mãe, por que você ficou azul e o pai ficou verde?”. O pai estava saindo do estado de coma e eu estava azul de tanto… Aí que eu me dei conta: de tantos hematomas no corpo.

Maria Amélia de Almeida Teles  foi presa com o marido, em 1972, e teve os filhos raptados

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Memória. É disso que se trata, é isso que não se pode apagar. Memória. Precisamos nos apegar à memória para não repetir os mesmos erros, não normalizar a brutalidade, não institucionalizar a violência, a morte. Memória.

Em nome da memória, reeditamos o primeiro episódio do podcast Sobre Nós, que trouxe relatos de vítimas de tortura durante o período da Ditadura Militar no Brasil. O roteiro foi escrito com textos extraídos de depoimentos à Comissão da Verdade e é interpretado pelos atores Angelo Primon, Vinícius Petry, Vika Schabbach e Raquel Grabauska.

Ouça também em Itunes e Spotify. 

Produção – Geórgia Santos e Raquel Grabauska
Direção – Raquel Grabauska

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OUÇA Bendita Sois Vós #12 A bancada evangélica ameaça o estado laico? 

Geórgia Santos
7 de dezembro de 2018

Mesmo antes da eleição já se notava a forte presença da igreja evangélica na política, com a bancada na Câmara dando o tom de discussões sobre gênero, por exemplo. Durante o pleito, os evangélicos comandaram a narrativa. E agora, na transição para o novo governo, dão as cartas inclusive na escolha de ministros. Diante disso, resta a dúvida: a bancada evangélica ameaça o estado laico? Participam do programa os jornalistas Geórgia Santos, Igor Natusch e Tércio Saccol. 

O antropólogo Eduardo Dullo, coordenador do Núcleo de Estudos da Religião da UFRGS, explica como e quando o Brasil se tornou um Estado laico e se o é, de fato, e de que forma as igrejas Católica e Evangélica participam da política nacional. Evelin Argenta ainda conversa com o sociólogo Edin Abumanssur, da PUC-SP, que explica a atuação da bancada evangélica no Congresso.

No Sobre Nós, Raquel Grabauska e Angelo Primon trazem o texto “O que é religião”, de Rubem Alves.

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Sobre Nós # 12 O que é religião?

Geórgia Santos
7 de dezembro de 2018

Religião é daquelas coisas que o homem criou e se tornou maior que o homem em si. Daquelas coisas criadas que não podem ser desfeitas. Está em tudo. De certa forma, está em todos e em todas as coisas. No Sobre Nós desta semana, Raquel Grabauska e Angelo Primon trazem o texto O que é religião? de Rubem Alves.

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OUÇA Bendita Sois Vós #11 Quais os efeitos do discurso de Bolsonaro na segurança?

Geórgia Santos
3 de dezembro de 2018

No episódio 11 do podcast Bendita Sois Vós, o tema é segurança. Provavelmente, um dos temas que mais aflige os brasileiros e que mais foi debatido ao longo das eleições – e depois dela. O presidente eleito, Jair Bolsonaro, soube usar isso muito bem, com um discurso enérgico de endurecimento das leis. E para completar, nomeou uma estrela para o ministério, o agora ex-juiz Sérgio Moro.

Com essa premissa, os jornalistas Geórgia Santos, Igor Natusch e Tércio Saccol perguntam: o discurso da segurança pública de Bolsonaro pode ser implementado na prática?

O sociólogo e pesquisador Rodrigo Azevedo, especialista em Segurança Pública, explica as nuances do problema no Brasil e alerta para as medidas de populismo punitivo do novo governo, que podem piorar o problema. Evelin Argenta ainda conversa com o promotor Lincoln Gakiya, especialista em Primeiro Comando da Capital, o PCC.

No quadro Sobre Nós, com Raquel Grabauska e Angelo Primon, o medo paralisante do Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago.

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Sobre Nós # 8 Pedagogia da Esperança

Geórgia Santos
9 de novembro de 2018

Paulo Freire conta, em a Pedagogia da Esperança, um discurso que ouviu após uma fala sua. Uma das lições mais importantes que recebeu em sua vida de educador. E desse momento que trata o Sobre Nós desta semana, dirigido por Raquel Grabauska. No elenco, alem de Raquel, está Angelo Primon.

 

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OUÇA Bendita Sois Vós #7 É preciso resistir?

Geórgia Santos
4 de novembro de 2018

O sétimo episódio do Bendita Sois Vós vem na sequência do resultado final das eleições de 2018, em que Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente do Brasil. Diante disso, perguntamos, é preciso resistir? Como resistir? Resistir a que?

A jornalista e cientista política Geórgia Santos conversa com os jornalistas Flávia Cunha e Igor Natusch e com o jornalista e professor Tércio Saccol. Além disso, Evelin Argenta traz depoimentos de mulheres e homens que sentem que, mais do que nunca, é preciso resistir a determinadas ideias. Como voz de inspiração, também há a declaração de Pepe Mujica, que diz que “a vida é uma luta permanente. […] Não há derrota definitiva, nem triunfo definitivo.”