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OUÇA Bendita Sois Vós #45 Violência contra as mulheres

Geórgia Santos
3 de fevereiro de 2020

É imperativo que a sociedade brasileira discuta os casos de violência contra a mulher e relacionamentos abusivos. A desinformação ficou escancarado na última semana quando Micheli Schlosser pediu autorização para beijar o namorado. O problema? Lisandro Rafael Posselt, de 28 anos, estava sendo julgado por tentativa de feminídio. Contra a própria Micheli. Em agosto do ano passado, após uma discussão, ele disparou sete vezes contra a namorada. Acertou cinco.

Ele foi condenado a sete anos de prisão pelo Tribunal do Júri em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul. Ele estava preso mas vai ficar em liberdade, pois não possui antecedentes e a pena foi menor do que oito anos. No tribunal das redes sociais, o julgamento foi bastante rápido. O julgamento de Micheli.

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“O amor venceu”, diziam alguns
“Mulher gosta de cafajeste”; “Ela é doida”; “Essa gosta de apanhar”, diziam outros
“Não tem amor próprio”; “Quem sou eu pra criticar o amor?”
“Da próxima vez que acontecer, sim porque vai acontecer novamente, espero que ela se lembre disso e não invente de ligar pra polícia, pois a partir do momento que beijou quem tentou lhe matar ela jogou no lixo o trabalho da policia e da justiça”
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No fim, é a demonstração do quanto é difícil quebrar um ciclo de abuso e violência. Por isso, vamos ouvir a psicóloga Daniela Zanetti, que vai contar quais são os sinais de um relacionamento abusivo e quais os passos para quebrar essa corrente de violência.

O tema vem na esteira de uma reportagem produzida pelo Vós, que venceu a primeira edição do Prêmio C6 Bank de Jornalismo. Na matéria, as jornalistas Flávia Cunha e Geórgia Santos falam sobre outros tipos de violência, como a psicológica, moral e patrimonial.

Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha e Tércio Saccol. 

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OUÇA Bendita Sois Vós #44 Liberdade de imprensa a perigo – de novo

Geórgia Santos
27 de janeiro de 2020

Neste episódio, os jornalistas do Vós falam sobre liberdade de imprensa no Brasil.Ou melhor, sobre mais uma tentativa de cercear a liberdade de imprensa no Brasil.

Todos estamos familiarizados com os constantes ataques do presidente da República aos jornalistas e da recusa de Jair Bolsonaro em conceder entrevista ao que ele chama de grande mídia. Agora, no entanto, foi a vez do Ministério Público Federal. O jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, foi denunciado pelo MPF em função da produção das reportagens que ficaram conhecidas como Vazajato, que revelaram a comunicação ilegal entre procuradores do Ministério Público e o então juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato. Glenn e outras seis pessoas foram denunciadas por associação criminosa para invasão de equipamentos de comunicação e interceptação ilegal de comunicações.

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Glenn Greenwald não foi investigado, Não foi indiciado, não cometeu qualquer irregularidade

Ele está sendo punido por fazer jornalismo

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Os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha e Tércio Saccol conversam com Marcelo Träsel, presidente da Abraji e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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OUÇA Bendita Sois Vós #32 Precarização do trabalho

Geórgia Santos
22 de setembro de 2019

Nesta semana, trazemos para o centro do debate a precarização das relações de trabalho. A reforma trabalhista prometia aumentar salário após flexibilizar a legislação e terceirizar a mão de obra, mas o mercado só gera postos de trabalho com rendimentos precários. Segundo o IPEA, praticamente todas as novas vagas com carteira de trabalho assinada geradas no país em 2019 possuem uma remuneração máxima de até dois salários mínimos.

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Para compreender melhor essa realidade, conversamos com Ludmilla Costhek Abílio, doutora em Ciências Sociais, autora do livro “Sem Maquiagem, o trabalho de um milhão de revendedoras de cosméticos”, da Boitempo Editorial
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No Sobre Nós, Raquel Grabauska traz Os Ratos, de Dyonélio Machado. Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. A edição é da jornalista Evelin Argenta.

Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.

Tércio Saccol

Apesar da crise

Tércio Saccol
12 de setembro de 2016

A abordagem da imprensa tradicional na cobertura econômica costuma ser alvo constante das discussões ideológicas que circulam – prensadas entre discursos de ódio, ironias e ofensas – nas redes sociais. Entre as correntes mais heterodoxas, ressaltaram-se as reportagens encabeçadas pelo “apesar da crise” uma espécie de mote para ressalvar conquistas e méritos mesmo em meio à recessão atribuída, em grande escala, à ausência de planejamento do governo brasileiro.

O apesar da crise tem muito de piada, mas é a máxima que simplifica e traduz, de certa forma, parte da linha que norteia a maior parcela do jornalismo econômico produzido atualmente. A ausência de contexto, de reconhecimento e análise sobre os emissores das mensagens recorta uma realidade apenas parcial. Ao exaltar o apesar da crise como exceção meritória em meio a um lamaçal entendido como criado exclusivamente por gestão pública, reverbera-se, na realidade, uma visão de mundo. E é justo que ao acertarmos nossos acordos com ouvintes, espectadores e leitores, o façamos ler as letras miúdas.

Recentemente, uma reportagem sobre o pós-governo Temer, o título “PIB deve melhorar, mas desemprego e inflação devem piorar”, ressalvando, em uma unanimidade de economistas a correção providencial de rumo na economia, quase que suavizando o momento tão conturbado. Ora, se por um lado, as políticas macroeconômicas visam alto nível de emprego, estabilidade de preços, distribuição de renda e crescimento econômico de forma minimamente equânime, por outro, não se pode esquecer a dimensão de cada um desses temas para nossos públicos. Desemprego e inflação podem ser mais do que tópicos para alguns milhões.

O espectro do recorte que exalta a necessidade de severos ajustes e reformas capitaneadas por grupos de economistas, também ecoa uma corrente de pensamento. Nem todo ajuste encontra concordância e naturalidade unânime. Atrás dos microfones e das canetas que conduzem as palavras, há sempre interlocutores. É justo que, seja amparada pela Escolas Austríaca, Keynesiana, Marxista ou de Chicago, não se traduza um discurso como universal, como verdade exclusiva, como linha única para o jornalismo econômico. Para uma ciência multifacetada, uma visão plural.