BSV Especial Coronavírus #11 Enfim, o vídeo de Bolsonaro
Geórgia Santos
22 de maio de 2020
E como já é de praxe, estamos sextando! De novo por culpa de Jair Bolsonaro. O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, derrubou o sigilo do vídeo da famigerada reunião ministerial do dia 22 de abril. Segundo Sérgio Moro, foi nesta reunião em que o presidente ameaçou interferir na Polícia Federal.
O vídeo é bastante claro com relação a tentativa de interferência e confirma a denúncia de Moro. Mostra que Bolsonaro incorreu em crime de responsabilidade. Mas o vídeo mostra mais que isso.
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Mostra que somos governados por pessoas ignorantes, grosseiras, ineptas e cruéis
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O ministro da educação, Abraham Weintraub, pede a prisão de ministros do STF e destila podridão. O ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, quer aproveitar que a mídia só fala em Covid para afrouxar regulação ambiental. O ministro da Economia, Paulo Guedes, garante que o Brasil surpreendera o mundo. Já está surpreendendo. Estamos perto de ser o país com o maior número de mortes por dia em função do coronavírus.
Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natuch e Tércio Saccol.Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Estamos durante a pandemia de coronavírus e, no Brasil, a crise política também perdura. Nelson Teich, que substituiu Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde há pouco mais de um mês, pediu para sair.
Tudo leva a crer que a saída de Teich tem relação com divergências com o presidente Jair Bolsonaro, especialmente sobre questões como isolamento social e a famosa cloroquina. Ainda não há substituto definido. Por enquanto, a pasta fica nas mãos de um militar, o general Eduardo Pazuello.
Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Já são nove edições especiais do Bendita Sois Vós e, ao longo desse tempo, uma coisa fica cada vez mais clara: a pandemia de coronavírus não afeta a todos de forma igual.
Enquanto o presidente brinca – OU NÃO -, sobre fazer churrasco pra uma galera no final de semana, mais de 13 mil pessoas morrem vítimas de coronavírus no Brasil até o momento, oficialmente. E a resposta de Jair Bolsonaro? Andar de jet ski. O presidente, claramente, faz parte da turma mais preocupada em salvar CNPJs do que salvar vidas.
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Enquanto isso, enquanto a preocupação é com salvar empresas, a desigualdade floresce no país
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Nem todos conseguem ficar em casa, nem todos conseguem ficar isolados. Nem todos TEM casa. Milhares perderam o emprego. Milhares não tem o que comer. E o auxilio emergencial do governo não chega a todos. Por isso, conversamos com a assistente social Paola Carvalho, Diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica.
?Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Mais de 7 mil pessoas morreram e o presidente fez o que Paulo Cintura – sim, aquele mesmo da Escolhinha do Professor Raimundo – chamou de FESTA MARAVILHOSA. Mais de 7 mil pessoas morreram e, no Twitter, o governo federal celebra os números do combate ao coronavírus no Brasil. Segundo o texto postado pelo perfil da secretaria de comunicação do Palácio do Planalto, os números seguem amplamente positivos.
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E nesse caldeirão de negação e irresponsabilidade que poderia ser classificado como criminoso, há milhares de brasileiros que escutam o presidente, defendem o presidente
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Há milhares de brasileiros que lutam por um projeto econômico que ninguém entende; que minimizam a doença; que fazem pouco caso das mortes; que protestam contra profissionais da saúde, contra quem defende o isolamento social amplamente apoiado pela ciência.
É dessas pessoas que vamos falar hoje. Na verdade, a ideia é tentar entender se há maneira de falar com essas pessoas, que acreditam que o coronavírus é uma gripezinha, e qual retórica usar para combater o bolsonarismo. Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol.Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
Os canalhas no poder não suportam poesia, arte, solidariedade e empatia. Os canalhas no poder não suportam senso crítico, estado de bem-estar social e apoio governamental para minimizar os danos da pandemia no combate à miséria e ao desemprego.
Os canalhas no poder não suportam comércio fechado e trabalhadores em segurança em casa. Os canalhas no poder não respeitam as vítimas de um vírus mortal. Não suportam humanidade.
Os canalhas no poder são misóginos, machistas e precisaram ser pressionados no Congresso para dar uma renda emergencial diferenciada às milhares de mães solo que precisam garantir o sustento de seus filhos. Os canalhas no poder não se importam com as aglomerações e filas nas agências bancárias de trabalhadores informais desesperados. Os canalhas no poder enxergam apenas como um gasto esse auxílio emergencial e não como um direito, por estarmos vivendo um grave problema sanitário. Os canalhas no poder só se importam como eles mesmos.
E agora, o que faremos?
Poesia. No sentido literal e artístico.
Ou poesia metafórica, com ações solidárias e manifestações contra o governo. Que o feriado do Dia do Trabalhador sirva como inspiração para pensarmos estratégias para essa luta. Porque se governo e grandes empresários priorizam somente a economia, cabe, a nós, a resistência.
Quem é o autor dos cartuns
São de Rafael Corrêa as imagens usadas nesse texto. O cartunista, ilustrador e designer gráfico já ganhou mais de 50 prêmios nacionais e internacionais. Desde abril de 2018, o cartum sobre os canalhas que não suportam poesia circula pelas redes sociais, muitas vezes sem crédito. Em entrevista à coluna Voos Literários, o cartunista comentou que chegou a receber ameaças na época das eleições, por ter feito campanha contra o então candidato Jair Bolsonaro. Mas isso não fez ele desanimar. Continua firme e forte com seu trabalho durante a pandemia. “Está sendo um desafio. Me sinto na obrigação de fazer um retrato ilustrado deste período histórico. A função do cartunista não é só a de fazer rir, mas também de registrar seu tempo, como um cronista mesmo.”
Apesar de o presidente Jair Bolsonaro querer indicar um amigo para o comando da Polícia Federal e proteger o 01, 02, 03 e sabe-se lá quem mais, hoje nós voltamos a falar da pandemia de coronavírus propriamente dita.
No último final de semana, a influenciadora Gabriela Pugliesi deu uma festinha em casa – com convidados. No dia seguinte, ela pediu desculpas, disse que estava super mal. Essa não foi a primeira vez que ela foi irresponsável com relação ao novo coronavírus. No início da pandemia, ela foi infectada no casamento da irmã, assim como dezenas de pessoas. E sem a menor noção de coletividade, ela agradeceu ao vírus.
Assim como Pugliesi o fez, tem sido rotina furar a quarentena em inúmeras cidades do país. Em grandes capitais, parques cheios de pessoas confraternizando. Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com o agravante do chimarrão compartilhado. Do Rio Grande do Sul também vem outro exemplo de falta de coletividade, já que a secretaria estadual da Saúde tem identificado diversos focos de surto de coronavírus em frigoríficos. Empresas que não tem oferecido segurança aos funcionários e, quase como que atendendo a um desejo do governo federal, é como se estivesse cada um por si.
Mas o que a Pugliesi tem a ver com os frigoríficos e com as pessoas passeando nos parques? Talvez a pandemia tenha exaltado a fragilidade do nosso senso de comunidade. Será que sairemos melhores dessa ou teremos um rompimento maior?
Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flavia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol.Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
BSV Especial Coronavírus #5 Pode ficar menos pior?
Geórgia Santos
22 de abril de 2020
Cá estamos nós em mais uma edição especial sobre o coronavírus. A questão é que, graças ao presidente da República, temos falado pouco do vírus e da doença em si. Em vez disso, estamos discutindo a maneira brilhante pela qual Jair Bolsonaro domina o debate público e desvia o foco das imensas falhas do governo federal na condução da crise. A começar pela troca do ministro da Saúde. Sai Henrique Mandetta, entra Nelson Teich, um médico respeitado, sem experiencia no serviço público e, obviamente, alinhado com as ideias do capitão.
Mas não basta a troca no ministério. No último domingo, dia 19, houve protestos pedindo não apenas o fim da quarentena, mas também uma intervenção militar, o fechamento do STF e o fechamento do Congresso. No Rio Grande do Sul, os machões agrediram mulheres e jornalistas. Bolsonaro participou de um dos atos e deu razão aos manifestantes.No dia seguinte, voltou atrás. Disse que não se pode falar em fechamento de Congresso e deu uma de rei sol em 2020 e disse que ele é a constituição.
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E ele pode voltar atrás, porque Bolsonaro não enfrenta nem nunca enfrentou consequências pelo que diz ou faz
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O que alguns insistem em chamar de flerte com autoritarismo já virou orgia e os chefes dos outros poderes se protegem com notas de repúdio. Wow. Portanto, diferente do resto do mundo, em vez de debatermos maneiras de frear a pandemia, estamos discutindo se existe a possibilidade de sofrermos um golpe militar ou não. Será que pode ficar pior?? Ou melhor, que tal invertemos a pauta na ideia do copo meio cheio e perguntar se pode ser uma oportunidade ficar menos pior?
Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flavia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol.Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
“Se os velhos manifestam os mesmos desejos, os mesmos sentimentos, as mesmas reivindicações que os jovens, eles escandalizam. […] A imagem sublimada deles mesmos que lhes é proposta é a do sábio aureolado de cabelos brancos, rico de experiência e venerável. Se dela se afastam, caem no outro extremo: a imagem que se opõe à primeira é a do velho louco que caduca e delira e de quem as crianças zombam.”
A Velhice, de Simone de Beauvoir
É raro haver tanto destaque nos noticiários a respeito dos idosos como está acontecendo nesse momento de pandemia. O motivo não é positivo. Uma das razões – a mais grave – é o fato de pessoas acima de 60 anos estarem dentro do grupo considerado de risco entre os pacientes do coronavírus. Mas o fato de supostamente o vírus ser mortal apenas para idosos e pacientes com doenças preexistentes fez com que o presidente Jair Bolsonaro e parte dos grandes empresários minimizassem a importância do isolamento social horizontal e defendessem o chamado isolamento vertical (que colocaria novamente os mais velhos na berlinda, sendo eles que deveriam ser apartados do convívio com os jovens, que teriam menos risco ao se infectar). Os fatos vem contrariando a hipótese defendida por bolsonaristas. Informações divulgadas pela imprensa apontam que a proporção de mortos com menos de 60 anos era de 11% em 27 março e subiu para 25% nos últimos dias.
IDOSOS ALVO DE MEMES
Além disso, logo que começou a recomendação de isolamento social, supostamente os idosos seriam os mais resistentes ao fato de não poderem sair de casa. O estereótipo do velho infantilizado e sem capacidade intelectual para compreender a gravidade da situação generalizou-se como regra, inclusive em memes na Internet.
Mas será que somente idosos estão entre os negacionistas? As imagens dos noticiários e redes sociais mostrando pessoas nas ruas revelam diferentes faixas etárias, incluindo jovens famílias com filhos pequenos. Parece que o grave problema de saúde pública que estamos vivendo gerou, mais uma vez, o preconceito com os mais velhos.
TODAS AS VIDAS IMPORTAM
Simone de Beauvoir já alertava para o “silêncio” relacionado aos idosos no livroA Velhicepublicado em 1970, como se eles estivessem fora da humanidade. Cinquenta anos depois, no Brasil, podemos observar a relativização da importância das mortes dos mais velhos devido ao coronavírus, como se algumas vidas valessem menos do que outras. Simone observa uma tendência a enxergar os idosos como um refugo, principalmente quando não são mais economicamente ativos:
“Os velhos que não constituem nenhuma potência econômica não dispõem de recursos para fazer valer seus direitos: os empresários têm todo interesse em destruir a solidariedade entre trabalhadores e inativos de modo que estes não sejam defendidos por ninguém.”
A reforma da Previdência e a tendência a considerarmos os aposentados um fardo a ser carregado pelos trabalhadores é outra falácia a ser combatida no Brasil do século 21. Simone de Beauvoir já alertava para esse fato lá na década de 1970. Agora, em um 2020 transformado por uma pandemia, é necessário revisarmos os valores vigentes. E o amor, a compaixão e o respeito aos mais velhos precisam ser colocados em prática, em uma visão mais humanista que precisamos desenvolver em um momento tão difícil.
BSV Especial Coronavírus #4 Por que o povo sai de casa?
Geórgia Santos
16 de abril de 2020
Apesar da COVID-19 continuar circulando por aí e a todo vapor, há quem diga que o tal do coronavírus vírus está indo embora do Brasil. Leia-se: Jair Bolsonaro.
Não podemos afirmar o quanto as manifestações do Presidente da República impactam na tomada de decisão das pessoas que resolvem sair de casa. Mas o fato é que a cada dia que passa, o isolamento diminui. Em Porto Alegre os parques estavam cheios no final de semana e, em São Paulo, epicentro da crise, nova carreata, com direito a manifestação – com meme do caixão e tudo.
As pessoas também podem estar cansadas do isolamento, afinal, é desgastante ficar preso em casa. Esse pode ser um motivo bastante forte para sair por aí. Mas há, ainda uma terceira camada além do presidente e do emocional, a desinformação. Algumas figuras negacionistas que se dizem amparadas pela ciência tem tido cada vez mais espaço para destilar ideias de jerico.
E nós, jornalistas, temos responsabilidade nisso também. Porque mesmo que os riscos da crise sejam amplamente divulgados e mesmo que haja insistência nisso, há quem se dedique a ouvir as vozes contrárias. Dois ladosem uma pandemia era tudo o que a gente precisava.
Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flavia Cunha, Igor Natusch, Tércio Saccol e o convidado Marcelo Nepomuceno.Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
#coronavírus – Em defesa do SUS e de seus profissionais
Flávia Cunha
10 de abril de 2020
A epidemia do coronavírus no Brasil expõe diversos problemas existentes no país há décadas. Um deles é a dificuldade encontrada pelos profissionais que atuam em hospitais ligados ao Sistema Único de Saúde. Em um momento tão grave da saúde pública, já há inúmeros relatos de falta de itens essenciais para evitar a contaminação desses profissionais, como máscaras cirúrgicas, luvas e aventais.
CRÍTICAS À SAÚDE PÚBLICA
Até bem pouco tempo, antes da pandemia do Covid-19, o SUS recebia constantes críticas por seu mau funcionamento e demora no atendimento. Os motivos seriam uso inadequado de recursos públicos e corrupção. Seus detratores, pessoas com recursos financeiros para serem atendidas na rede privada de saúde, defendem o desmonte do sistema e que a saúde pública seja destinada apenas para os “mais pobres”. De fato, a redução do repasse de recursos para o SUS já vem ocorrendo há alguns anos, em especial durante o governo Temer e durante a gestão de Jair Bolsonaro. O resultado agora é que muito antes do pico de contágio do coronavírus, a realidade já é preocupante em muitas unidades públicas de saúde. O argumento de que o Sistema Único de Saúde não funciona me levou a pesquisar sobre como era a saúde pública no Brasil antes de sua criação.
O QUE É O SUS
Durante essas pesquisas, encontrei um livro confiável (e gratuito) a respeito do assunto. A versão digital da obra O que é o SUS, escrita por Jairnilson Silva Paim, foi lançada em 2015 pela Editora Fiocruz, da Fundação Oswaldo Cruz. O autor da obra é médico e professor universitário, sendo considerado uma das maiores autoridades brasileiras a respeito do assunto. Já a Fundação Oswaldo Cruz é a responsável por coordenar no Brasil uma pesquisa mundial a respeito do tratamento para o Covid-19, entre outros inegáveis méritos.
SUS: ACESSO UNIVERSAL À SAÚDE
O Sistema Único Saúde nasceu em 1988, na esteira da Constituição de 1988, que pregava em seu artigo de número 196:
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
Portanto, o acesso universal, uma das características atualmente criticadas no SUS é um princípio constitucional.
LUTAS PARA A CRIAÇÃO DO SUS
O Sistema Único de Saúde nasceu após muitas lutas que começaram ainda na época da ditadura militar no Brasil, época em que iniciou-se uma crescente redução no sistema público de saúde. Engana-se quem pensa que a corrupção e o desvio de recursos é uma “invenção” recente ou reflexo da democracia. De acordo com Jairnilson Silva Paim, no livro O que é O SUS, a censura que houve a uma análise mais aprofundada da saúde pública no Brasil na década de 1970:
“Um estudo censurado pelo governo militar durante a V Conferência Nacional de Saúde, em 1975, […] descrevia o sistema de saúde brasileiro daquela época com seis características insuficiente, mal distribuído, descoordenado, inadequado, ineficiente, ineficaz. E certamente encontrou, dificuldade de explicitar mais quatro adjetivos que caracterizariam aquele não-sistema: autoritário, centralizado, corrupto e injusto.”
Na obra, o autor reconhece que existem falhas no SUS, porém é importante ressaltar que é um dos maiores sistemas públicos de saúde no mundo em atuação e é impensável no atual momento imaginarmos o Brasil apenas com serviços privados. Exemplos disso são as pesquisas, essenciais na atual crise, capitaneadas por fundações e universidades públicas, além da inegável vantagem no acesso universal à saúde em meio a uma pandemia.
Por isso, é necessário reivindicar mais recursos para o combate ao coronavírus e exigir a anulação imediata da Emenda Constitucional 95, que tirou recursos do SUS.
Saúde é um direito!
Saiba mais – Alguns dados históricos sobre a saúde pública no Brasil (Fonte: Livro O que é o SUS)
Brasil Colônia
Os doentes sem recursos financeiros eram amparados pela caridade cristã,. já que os primeiros hospitais brasileiros foram santas casas, antes mesmo de haver legislação existentes no país.
A Santa Casa de Santos foi criada em 1543, a primeira constituição imperial data de 1824.
Império
Em 1828, houve o entendimento que a saúde pública seria uma responsabilidade das municipalidades.
Na época imperial, foram criados órgãos públicos como a Inspetoria-Geral de Higiene e o Conselho Superior de Saúde Pública.
República Velha (1889 – 1930)
Saúde pública passo a ser uma responsabilidade das unidades da federação.
Prevalência de uma visão liberal, de que o Estado deveria intervir minimamente, apenas quando as pessoas ou a iniciativa privada não pudesse atuar.
Havia desconfiança na descentralização do sistema de saúde e desarticulação na atuação.
Epidemias de febre amarela, peste e varíola obrigaram o governo a impor medidas de saneamento e a vacinação obrigatória. Ainda não havia um Ministério da Saúde.
Nascimento do sistema público de saúde ocorreu, a partir de três vias: saúde pública, medicina previdenciária e medicina do trabalho.
Anos 1930 até o golpe militar
No fim da década de 1940, 80% dos recursos federais eram gastos com saúde pública e 20% com assistência médica individual.
Permanência de campanhas contra doenças como malária, tuberculose e varíola.
Ministério da Saúde é criado em 1953.
Ditadura Militar e Reabertura Política
Governos militares reduziram o investimento em saúde pública.
Criada a modalidade de medicina de grupo.
Empresários que optassem por essa modalidade não precisavam pagar parte das contribuições previdenciárias de seus funcionários.
Motivo: evitavam que os trabalhadores procurassem assistência médica na previdência social.
Nessa época, somente somente os brasileiros que estivessem no mercado formal de trabalho tinha direito à assistência médica da previdência social.
Quem não tivesse carteira assinada, podia pagar pelo atendimento médico, recorrer a instituições filantrópicos ou postos de saúde e hospitais dos estados e municípios.
1977 – Criação do Instituto Nacional de de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps)
1986 – Realização da VIII Conferência Nacional de saúde, com quase cinco mil participantes.
1988 – Promulgação da Constituição Cidadã, que tem o capítulo Saúde inspirado no relatório final da conferência nacional realizada dois anos antes. Criação do SUS.