PodCasts

Todo Dia Oito #9 Francisca, a pianista que veio do futuro

Geórgia Santos
8 de novembro de 2021

No nono episódio do podcast, Francisca, a pianista que veio do futuro. Chiquinha Gonzaga foi a primeira pianista de choro do Brasil; a primeira mulher a reger uma orquestra no país; a primeira compositora de ritmos populares; e, muito provavelmente, a primeira “moça de boa família” a se integrar à boemia. E como alguém que não pertence ao tempo em que está, tornou-se um alvo da sociedade empertigada que vivia às voltas de aparência.

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OUÇA

Uma criação do Vós

Produção: Flávia Cunha, Geórgia Santos e Raquel Grabauska

Pesquisa: Flávia Cunha

Roteiro: Flávia Cunha e Geórgia Santos

Apresentação e edição: Geórgia Santos

Trilha sonora original: Gustavo Finkler

Ao longo do episódio, você ouviu algumas das canções de Chiquinha Gonzaga, que estão em domínio público. A gravação faz parte de disco da Casa Edison gravado entre 1911 e 1912 com o Grupo Chiquinha Gonzaga.

PodCasts

Todo Dia Oito #8 Aracy, a justa que adorava batom vermelho

Geórgia Santos
8 de outubro de 2021

Todo Dia Oito. Todo dia oito, uma história, todo dia oito, uma mulher

No oitavo episódio do podcast, Aracy, a justa que adorava batom vermelho. Ela conviveu com uma das grandes injustiças enfrentadas por mulheres casadas com homens notáveis. Viver à sombra do marido. Ser a “esposa de alguém”. Aracy Guimarães Rosa é a Ara a quem é dedicada uma das maiores obras da literatura brasileira. Mas como uma certa ironia do destino, para uma mulher que tanto enfrentou injustiças, depois de viúva, ela foi reconhecida como uma Justa Entre As Nações.

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Pesquisa: Flávia Cunha e Geórgia Santos

Roteiro: Geórgia Santos e Flávia Cunha

Locução: Raquel Grabauska, como Aracy Carvalho Guimarães Rosa

Apresentação e edição: Geórgia Santos

Trilha sonora original: Gustavo Finkler

Os áudios com a vozes de Eduardo Tess, Margarethe Levy e Bella Herson foram extraídos do documentário “Esse viver ninguém me tira”, de Caco Ciocler. Além dos livros citados ao longo do episódio e do documentário, para a pesquisa sobre a vida de Aracy foram consultados artigos de Daniel Reizinger Bonomo , Tânia Biazoli e Neuma Cavalcante, e reportagem da jornalista Eliane Brum publicada na revista Época em 2008. Além da trilha original, ouve-se trecho de Casinha Feliz, de Gilberto Gil, e o tema de abertura da minissérie da Globo, Grande Sertão: Veredas.

PodCasts

Todo Dia Oito #7 Laudelina, uma lutadora que gostava de dançar

Geórgia Santos
8 de setembro de 2021

Todo dia Oito. Todo dia oito, uma história. Todo dia oito, uma mulher

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No sétimo episódio do podcast, Laudelina, uma lutadora que gostava de dançar. Ativista. Ex-combatente na Segunda Guerra Mundial. Presa pela ditadura militar brasileira. Organizadora de bailes e concursos de beleza negra.  Líder sindical e pioneira na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas, Laudelina de Campos Melo fundou o primeiro sindicato da categoria.

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Pesquisa: Flávia Cunha e Geórgia Santos

Roteiro: Geórgia Santos e Flávia Cunha

Produção: Raquel Grabauska

Apresentação e edição: Geórgia Santos

Trilha sonora original: Gustavo Finkler

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Os áudios com a voz da sindicalista foram extraídos do documentário “Laudelina, Suas Lutas e Conquistas”, produzido pelo Palácio dos Azulejos e o Museu da Cidade. Você também ouviu depoimentos reais de empregadas domésticas brasileiras, que relataram as dificuldades que ainda enfrentam.

PodCasts

Todo Dia Oito #6 Bertha, a mulher que era muitas

Geórgia Santos
8 de agosto de 2021
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Todo dia Oito. Todo dia oito, uma história. Todo dia oito, uma mulher
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No sexto episódio do podcast, Bertha, a mulher que era muitas. Ela tentou quebrar o sistema fazendo parte dele – e em todas as frentes possíveis. Bertha Lutz foi estudante, professora, cientista, poetisa, sufragista, política, deputada federal, ativista, feminista. E , de certa forma, conseguiu. Conquistou avanços importantes e foi responsável por incluir os direitos das mulheres na carta da ONU. Mas será que todo mundo sabe disso?
 
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Produção: Vós
Pesquisa: Flávia Cunha e Geórgia Santos
Roteiro: Geórgia Santos e Flávia Cunha
Direção Artística: Raquel Grabauska
Apresentação e edição: Geórgia Santos
Trilha sonora original: Gustavo Finkler
Raquel Grabauska como Bertha Lutz
Os áudios de Bertha Lutz fazem parte do acervo do Fundo da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino do Arquivo Nacional.

PodCasts

Todo Dia Oito #4 Luciana, a feminista do século 19

Geórgia Santos
8 de junho de 2021
Todo dia Oito. Todo dia oito, uma história. Todo dia oito, uma mulher
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No quarto episódio do podcast, Luciana, a feminista do século 19. Achou que o feminismo tinha sido inventado no Twitter? Pois Luciana de Abreu já defendia a equidade de gênero nos idos de 1870, em Porto Alegre. O direito ao estudo e ao trabalho. Ela defendia a independência das mulheres em tribunas e na prática.

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QUEM FAZ

Produção: Vós

Pesquisa: Flávia Cunha

Roteiro: Geórgia Santos e Flávia Cunha

Direção Artística: Raquel Grabauska

Apresentação e edição: Geórgia Santos

Locução:

Raquel Grabauska como Luciana de Abreu,

Andrea Almeida como a mãe de Luciana;

Participação especial de Mirna Spritzer, Juçara Gaspar e Boina Galli

Trilha sonora original: Gustavo Finkler

Voos Literários

Mafalda, ícone feminista

Flávia Cunha
3 de outubro de 2020

Questionadora, crítica e interessada por política. Assim é a pequena Mafalda, criação do genial cartunista argentino Quino. Certamente, ela pode ser considerada uma personagem com comportamento feminista, ao subverter o papel tipicamente atribuído ao sexo feminino. Um exemplo disso é o fato dela pouco se interessa por distrações tradicionalmente associadas a meninas, como brincar de boneca. Também não pensa em no futuro casar ou ser dona de casa.  Ela é o oposto de Susanita, a amiga da mesma idade que tem uma postura mais conservadora e fútil.

FEMINISMO NOS ANOS 1960/70

Se observarmos apenas a temática de questionamento do papel da mulher na sociedade, a criação de Quino já chama a atenção. O mérito é ainda maior por todas essas discussões terem começado em 1964, em tirinhas publicadas em jornais argentinos. Em 1966, um golpe de Estado deu início a uma ditadura militar na Argentina, que durou até 1973, mesmo ano em que Quino decide encerrar as publicações de histórias inéditas. Sendo assim, é bastante corajoso que o cartunista tenha abordado, por meio da menina feminista, temas como democracia, liberdade e desigualdade social em pleno período de ditadura. Talvez para abrandar eventuais censuras, o autor fazia uso do humor e trazia à tona outros assuntos, como o amor de parte dos personagens pelos Beatles e o ódio mortal de Mafalda por sopa.


MAFALDA E OS DIREITOS HUMANOS

Mesmo sendo raros os materiais inéditos da personagem após 1973, ela permanece um sucesso mundial, com as obras já tendo sido traduzidas para mais de 30 idiomas. Um raro exemplo de conteúdo produzido depois disso são desenhos que acompanharam uma campanha da ONU de divulgação da Declaração Universal dos Direitos da Criança, em 1976. O material é bastante difícil de ser encontrado na íntegra e localizei apenas algumas imagens esparsas em pesquisas na Internet., como essa.

NOVO LIVRO COM ABORDAGEM FEMINISTA

Ao longo dos anos, diversas coletâneas foram lançadas, inclusive no Brasil, onde os livros da personagem foram publicados pela primeira vez em 1982. Em breve, será lançada por aqui uma obra contendo somente tirinhas com conteúdo feminista. Em espanhol, a publicação dessa obra ocorreu no ano passado. O livro Mafalda: Feminino Singular, será lançado em dezembro de 2020, pela editora Martins e Fontes. Sem dúvida, uma boa notícia para os fãs de Quino e de sua criação mais famosa.

Esse texto é uma singela homenagem ao cartunista Quino, falecido nessa semana. Em 2017, a coluna Voos Literários também mencionou outros aspectos a respeito da personagem Mafalda.

Imagem: Contracapa livro Mafalda: Femenino Singular/Editora Lúmen

Geórgia Santos

Guardem as flores, meninos – estejam ao nosso lado

Geórgia Santos
8 de março de 2018

Dia 8 de março é um dia poderoso e um tanto curioso. Mulheres são mimadas, paparicadas. Recebemos flores, um carinho aqui e acolá, um chocolatinho no restaurante, um abraço dos colegas de trabalho, mensagenzinhas pré-fabricadas e poeminhas medíocres espalham-se pelo Facebook. Obrigada. É gentil. Mas parem, não tem mais graça.

Não, não estou mal-humorada, apenas cansada. Exausta, eu diria. O Dia Internacional da Mulher não é uma data para celebrar nossa sensibilidade, nosso cuidado, nosso amor inato; não é uma data para celebrar nossa beleza, nossa vaidade, nossa feminilidade; não é uma data para agradecer a quem cuida da casa, dos filhos, da louça, da roupa, das plantas.

A ideia de um Dia da Mulher surgiu entre o final do século 19 e início do século 20, entre movimentos socialistas e operários, justamente no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho e pelo direito ao voto. Em 1975, o 8 de março foi adotado como Dia Internacional da Mulher pelas Nações Unidos com o objetivo de celebrar conquistas sociais, políticas e econômicas. Mas principalmente para lembrar o quanto ainda precisamos lutar. E aqui estamos nós, em 2018 e dadas as devidas proporções, lutando por melhores condições de vida e trabalho.

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Por isso, meninos, guardem as flores por hoje e estejam ao nosso lado

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Homens e mulheres são diferentes, sim, mas possuem as mesmas capacidades e habilidades. Homens não são superiores. Mulheres não são superiores. Homens e mulheres são equivalentes e precisam ser tratados como tal. O feminismo busca isso e tem espaço para todos os gêneros nesse movimento que, mesmo múltiplo e com muitas vertentes, luta por justiça e igualdade. E unidade é particularmente importante em um mundo em que as pessoas acreditam que ser feminista é sinônimo de recalque.

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“Feminismo é discurso de mulher macho recalcada, que fica se fazendo de vítima. Mulher tem as mesmas oportunidades que os homens e essas feministas ficam querendo botar as mulheres contra os homens”, dizia um comentário infame na nossa rede social favorita

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Vamos aos fatos

Dados do Fórum Econômico Mundial indicam que, no ritmo atual, precisará de um século para acabar com a disparidade entre homens e mulheres. Levará cem anos para que alcançar a igualdade de gênero tanto nas tarefas domésticas quanto no trabalho ou política. Precisa de mais motivos?

No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as mulheres tem nível de escolaridade mais alto, mesmo assim, recebem salários menores. Em média, 76,5% do salário dos homens. Ainda não se convenceu?

A cada dez minutos uma mulher é assassinada pelo parceiro (ou ex) no mundo. No Brasil, uma mulher é assassinada a cada duas horas apenas por ser mulher.

Então não, não estou mal-humorada, apenas cansada. Exausta, eu diria. O Dia Internacional da Mulher não é uma data para celebrar futilidades, é um dia para lembrar de todas as mulheres que sobreviveram à invisibilidade e foram rebeldes e desobedientes o suficiente para mostrar ao mundo que nós podemos fazer qualquer coisa. Porque nós podemos.

 

Foto: Pixabay