Todo Dia Oito #7 Laudelina, uma lutadora que gostava de dançar
Geórgia Santos
8 de setembro de 2021
Todo dia Oito. Todo dia oito, uma história. Todo dia oito, uma mulher
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No sétimo episódio do podcast, Laudelina, uma lutadora que gostava de dançar. Ativista. Ex-combatente na Segunda Guerra Mundial. Presa pela ditadura militar brasileira. Organizadora de bailes e concursos de beleza negra.Líder sindical e pioneira na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas, Laudelina de Campos Melo fundou o primeiro sindicato da categoria.
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Pesquisa: Flávia Cunha e Geórgia Santos
Roteiro: Geórgia Santos e Flávia Cunha
Produção: Raquel Grabauska
Apresentação e edição: Geórgia Santos
Trilha sonora original: Gustavo Finkler
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Os áudios com a voz da sindicalista foram extraídos do documentário “Laudelina, Suas Lutas e Conquistas”, produzido pelo Palácio dos Azulejos e o Museu da Cidade. Você também ouviu depoimentos reais de empregadas domésticas brasileiras, que relataram as dificuldades que ainda enfrentam.
Angela Davis, filósofa, escritora e ativista do feminismo negro, participará de eventos culturais em São Paulo e no Rio de Janeiro em outubro. Uma das atividades é a conferência de encerramento do seminário internacional “Democracia em Colapso?”. A fala de Angela Davis no evento deve ser inspirada no livro A Liberdade é Uma Luta Constante, lançado por aqui pela editora Boitempo, em 2018.
O livro é uma compilação de entrevistas, artigos e discursos da intelectual que defende a liberdade das populações pobres frente a um Estado cada vez mais opressor. Uma das questões abordadas na obra é a violência policial contra negros, presente em países como Estados Unidos (e Brasil). Uma das ponderações mais interessantes da escritora é que o racismo institucional na polícia é tão grande que pode existir mesmo em países em que a função policial é exercida por negros:
Bem, o que é muito interessante na África do Sul é o fato de que várias das posições de liderança de que as pessoas negras foram excluídas durante o apartheid são agora ocupadas por pessoas negras, inclusive no âmbito da hierarquia policial. Vi recentemente um filme sobre os mineiros de Marikana, que foram atacados, feridos e muitos deles mortos pela polícia. Os mineiros eram negros, os agentes policiais eram negros, a chefe de polícia da província era uma mulher negra. A chefe da força policial nacional é uma mulher negra. […] O racismo é tão perigoso porque não depende necessariamente de atores individuais, ao contrário, está profundamente enraizado no aparato.”
Espera-se que a presença de uma figura tão representativa da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos sirva de inspiração e alerta para o quanto a violência está presente em território brasileiro. O que Angela Davis dirá se souber do hediondo caso de chicoteamento dentro de um supermercado, promovido por seguranças a um adolescente negro?