PodCasts

BSV Especial Coronavírus #57 Tratoraço e CPI

Geórgia Santos
12 de maio de 2021

Nesta semana, o tratoraço, a CPI e o STF. Reportagem do jornal Estado de São Paulo revelou um esquema montado pelo governo para conquistar apoio por meio de um orçamento secreto. No ano passado, o governo destinou R$ 3 bilhões em emendas para parlamentares do Centrão. Esses parlamentares puderam escolher onde os recursos de emendas de relator seriam aplicados. E foram aplicados inclusive na compra de tratores superfaturados. O caso foi apelidado de “tratoraço” nas redes sociais.

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Jair Bolsonaro reagiu xingando jornalistas, por isso a gente resolveu fazer um bingo de respostas prontas do presidente
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Mas como desgraça pouca é bobagem, em depoimento à CPI da Covid, o diretor presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, confirmou que houve, sim, uma tentativa de se alterar a bula da cloroquina, conforme havia alertado o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.

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Falando em CPI, ainda tem as mentiras no depoimento de Fábio Wajngarten, ex-secretário de comunicação do Governo Federal, que quase saiu preso da reunião de quarta-feira
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E como se não bastasse, a Polícia Federal pediu ao STF a abertura de inquérito para investigar suspeita de pagamentos ao ministro Dias Toffoli por venda de decisões. O pedido tem como base o acordo de colaboração premiada de Sérgio Cabral. E ainda tem o jornalista colombiano Daniel Guarín, que vai explicar alguns paralelos entre Brasil e Colômbia nessa crise decorrente da pandemia.

Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no SpotifyItunes e Castbox

Vós Pessoas no Plural · BSV Especial Coronavírus #57 Tratoraço e CPI
Imagem: Arquivo / Agência Pública
Gustavo Chagas

América Latina, 2019 – Parte 2

Gustavo Chagas
26 de dezembro de 2019

O ano de 2020 da América do Sul será uma extensão do turbulento 2019. A observação não é tanto um exercício de futurologia, senão uma análise das pautas que marcaram os últimos 12 meses. Peguemos alguns exemplos…

A Venezuela tem alguma perspectiva de solução do impasse político que iniciou neste ano? Nicolás Maduro não parece disposto a negociar e ainda conta com a sustentação da cúpula militar do país. O líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, desidratou e não parece mais ser o “autoproclamado” presidente que se vendeu no primeiro semestre. A violência segue nas ruas, com ataque a bases militares, e a escassez de alimentos persiste, com mais uma ceia de Natal suprida com aves russas. A Colômbia, ao lado, com todos os seus problemas, vive reflexos da situação venezuelana.

Do norte, vamos para o sul. A Argentina, mesmo com troca de governo, não apresenta sinais de recuperação. É verdade que Alberto Fernández não completou um mês na Casa Rosada, mas as políticas implementadas pelos peronistas repetem as que fracassaram com o neoliberalismo de Mauricio Macri. Aumentos de impostos foram aprovados pelo Congresso e também devem vigorar na populosa província de Buenos Aires, que cerca a capital do país.

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O tranquilo Chile entrou em erupção e até agora o presidente Sebastian Piñera não acertou a medida capaz de satisfazer uma população incomodada com anos de desequilíbrio econômico e social. A crise prossegue, bem como as incertezas sobre o futuro político do país

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A Bolívia, com a renúncia de Evo Morales, vive expectativa de uma nova eleição, com garantias de transparência. As primeiras pesquisas apontam uma divisão entre Carlos Mesa, ex-presidente moderado e opositor de Evo, e um jovem líder cocaleiro do partido do líder de origem indígena. Os artífices da ruptura colocada em prática vão aceitar os resultados das eleições organizadas por eles próprios?

Peru e Equador viveram dias intensos pela corrupção e decisões econômicas controversas, respectivamente, que acabaram desaguando nas ruas, em protestos e reações oficiais violentos. Já Brasil e Paraguai estão em um período de estabilidade, no qual, de forma contraditória, a instabilidade é a regra. A novidade mesmo vai ficar com o Uruguai, com novo governo.

Voos Literários

Batalha literária . Inglaterra x Colômbia

Flávia Cunha
3 de julho de 2018

Inspirada pelas oitavas de final da Copa do Mundo, proponho uma espécie de super trunfo de livros dos países classificados . E este é o último duelo, afinal, as quartas já começam na próxima sexta-feira. Para a escolha das obras, criei o seguinte critério: escritores contemporâneos e ainda em atividade. E neste final, dois países famosos pelos prodigiosos escritores e escritoras.

Representante da Colômbia . Andrea Cote, 37 anos

Minibiografia . Professora universitária, fotógrafa e ensaísta, Andrea lançou seu primeiro livro de poesias em 2003. Logo obteve reconhecimento, com premiações e traduções de suas obras para outros idiomas, algo difícil de ocorrer com quem escreve poemas. De acordo com especialistas, sua escrita tem elementos que assinalam a urgência de seus fantasmas pessoais e a necessidade de transformar a experiência em palavra.

Livro escolhido para essa batalha . Puerto Calcinado, ainda sem tradução para o português

Motivo da escolha . É difícil a gente dissociar a literatura colombiana de García Márquez e seu realismo fantástico. Por isso mesmo, a intenção foi destacar um estilo literário completamente diverso do de Gabo. A poesia de Andrea Cote é forte e envolvente, com uma sonoridade que atrai os leitores que gostam de ler poemas em voz.

Bônus:  

Puerto quebrado

Si supieras que afuera de la casa,

atado a la orilla del puerto quebrado

hay un río quemante

como las aceras.

Que cuando toca la tierra

es como un desierto al derrumbarse

y trae hierba encendida

para  que ascienda por las paredes,

aunque te des a creer

que el muro perturbado por las enredaderas

es milagro de la humedad

y no de la ceniza del agua.

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Representante da Inglaterra . Zadie Smith, 42 anos

Minibiografia . Nascida em um distrito de Londres, é descendente de ingleses e jamaicanos. Formada em Literatura Inglesa pela Universidade de Cambridge. Lançou seu primeiro romance com 24 anos. Dentes Brancos obteve sucesso imediato. A fama repentina provocou um bloqueio criativo na escritora, que conseguiu vencer o problema algum tempo depois.

Livro escolhido para essa batalha . O caçador de autógrafos, de 2002 (o primeiro depois do bloqueio criativo)

Motivo da escolha . A trajetória do caçador de autógrafos é narrada com maestria por Zadie Smith. Como pano de fundo, a globalização e a miscigenação presente na Europa do século XXI. O protagonista, por exemplo, é filho de uma mãe judia e de um chinês convertido ao judaísmo. A cultura de massa e a supervalorização das celebridades também é um dos temas desse romance.

Bônus . “Como os filmes de Woody Allen, este livro é uma grande piada judaica: a busca do amor e o medo da morte são tratados com muito humor e ironia.” – The Sunday Telegraph

Guia de Viagem

San Andres – A comida suspeita

Geórgia Santos
14 de abril de 2017

Passamos pelos mosquitos de Cartagena, pelos sicários de Playa Blanca e, finalmente, chegamos ao final da saga da lua-de-mel nas ilhas caribenhas de San Andres e a comida mais do que suspeita.

Não tinha ouvido falar de San Andres até começar a pesquisar roteiros em potencial para relaxar com meu marido antes de voltar à realidade da vida. E conforme eu pesquisava, mais me convencia de que seria o final perfeito para um roteiro montado com muito amor. Afinal, é um pedaço de terra abençoado pelo universo e banhado pelo mar do caribe – sem custar os olhos, o nariz e a boca da cara como costuma ser com Cancuns da vida.

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É, sem dúvida, um dos lugares mais lindos que já conheci na minha vida. E o melhor: é Zona Franca. Isso mesmo, gentes, muitas compras e nenhum imposto. Agora me digam se não é a definição de paraíso?

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San Andres tem um probleminha, no entanto, não tem muitos lugares legais pra comer. Circulamos bastante pelo centro e após um jantar não muito agradável, chegamos à conclusão que o restaurante do nosso hotel era melhor e que era jogo comer por lá. E assim fizemos pelos cinco dias que ficamos por lá. E tudo correu bem, até que não correu mais – ou correu demais.

No último dia, já estávamos “empacotados” e vestidos para vazar. Almoçamos e fomos nos sentar em umas poltroninhas interessantes. Claro, eu comecei a passar mal. Minha pressão baixou de repente e eu senti um forte enjoo. Tentei jogar água no rosto, tirei os tênis e não passava. Me “pelei” ao máximo e me deitei na recepção mesmo e fiquei em posição fetal até o momento de sair. Quando fomos ao aeroporto, eu estava melhor, mas não 100%. Embarcamos e o enjoo voltou. Fui estranha até o Panamá.

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No Panamá, tomei um Coca e tal e melhorei. Achei que o sufoco havia passado. Que nada. Comecei a jantar e já vi que não ia descer. A essas alturas, minha dor de barriga já havia ultrapassado todos os limites da vida. Quando nos aproximamos de Porto Alegre, ficou insustentável. Corri pro banheiro e fiquei lá. Por muito tempo. Muito. Voltei desmilinguida

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Poucos minutos antes de aterrissarmos, comecei a suar. Estava correndo pra o banheiro que acolheu tão bem quando uma aeromoça me interrompe: “vuelve a su asiento, vamos aterrar”, ou algo assim. Eu só lembro de olhar pra ela e dizer: “não”. E quando o piloto iniciava a descida, eu iniciava outra coisa.

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Voltei, apertei o cinto e combinei com o Cléber: “Assim que essa merda parar (o avião, no caso), eu vou sair correndo. Então tu pega nossas coisas e me encontra na esteira de bagagem.” E assim foi. Saí correndo

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Fui ao banheiro mais duas vezes somente antes de as nossas malas chegarem. Imaginem como foi o resto do dia. Ou não. É melhor.

Não sei o que foi, não sei se foi algo que comi, se foi a água, se foi a pressão, se foi vírus, se foi bactéria. Mas que foi suspeito, foi. E, óbvio, não podia terminar uma viagem sem algo dar errado.

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Lugares para ver

Centro

Na verdade, deveria ter uma categoria especial chamada “lugares para comprar”. O centro de San Andres é bem agradável à noite – nem adiante ir durante o dia, não existe. Com um calçadão enorme e uma série de barzinhos, é ótimo pra uma caminhada. Mas é melhor ainda pra torrar dinheiro na Zona Franca que tanto amamos. Perfumes, cosméticos, bebidas, acessórios e usa série de coisas legais. Fiz um rancho.

Johnny Cay

É um dos lugares mais lindos que já vi na minha vida. Daquele tipo que não parece de verdade, como se estivéssemos dentro de uma fotografia. Os barcos saem em dois horários do centro, às 11h30 e às 12h50. O passeio inclui almoço.

A ilha é paradisíaca, absolutamente linda, com um mar de um azul que chega a doer, comida boa, música divertida e ótimos drinques. Sim, ali na foto não é água de coco.

Rocky Cay

É uma ilha minúscula, mas bem bonitinha. É um passeio legal, mas só se estiver no teu caminho. Não vale desviar pra isso. Nós tínhamos o privilégio de ter acesso pelo nosso hotel.

El Acuario

A ilha é, de fato, um aquário natural. Há uma série de piscinas formadas por bancos de corais e uma diversidade incrível, de peixes pequenos a ouriços-do-mar, pepinos-do-mar (bizarros) e arraias. A ilha tem uma pequena infra, que inclui barracas que oferecem comida, bebida e ainda armários (guarda-volumes) e venda e aluguel de equipamentos para mergulho. Além de um sapato de neoprene, que eu achei basante útil pra caminhar por lá.

Há um passeio de barco muito legal que ajuda a conhecer melhor a região. O fundo da embarcação é de vidro, então dá pra ver uma quantidade imensa de animais marinhos. Até eu, que tenho medinho, curti.

Nesse passeio é possível notar sete cores diferentes no mar de San Andres.

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Onde comer

Não sei mesmo, te vira. Mas os passeios incluem almoço.

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Onde ficar

Hotel Cocoplum Beach

Um hotel maravilhoso, com praia particular, de frente para a ilha Rocky Cay. Serviço impecável, quartos enormes, espaçosos e confortáveis. Café da manhã incluso e é uma delícia. Os drinques são uma perdição. Essa era a vibe, ó.

Como se movimentar

Táxi e barco no caso das ilhas, óbvio. Mas não tem muito mistério. Pergunte à gerência do seu hotel para providenciar os transportes.

Guia de Viagem

Cartagena 2 – As praias e os sicários

Geórgia Santos
8 de abril de 2017

Já falei aqui sobre as maravilhas de Cartagena, uma das cidades mais belas e procuradas da Colômbia. Só tem um probleminha: as praias são decepcionantes. Uma vibe meio litoral gaúcho – com todo o respeito que tenho pelo litoral gaúcho. O mar é escuro, bastante agitado, areia estranha, enfim, não são praias bonitas. Mas há opções belíssimas no entorno: a Playa Blanca Baru e o Arquipelago de Rosario. E mesmo parecendo duas lombrigas pálidas que fogem do sol, Cléber e eu não perdemos a oportunidade e começamos pela Playa Blanca. Mas foi aí que tudo começou a dar errado. Óbvio.

As pessoas podem escolher ir à Playa Blanca de barco ou carro – há uma ponte que liga a ilha ao continente. Nós conversamos com a gerente do hotel em que estávamos e ela disse que se fôssemos por terra teríamos uma experiência exclusiva, digamos assim. Iríamos sozinhos e teríamos atendimento personalizado em vez de viajarmos em um barco atrolhado de gente. E foi o que fizemos. Acontece que o irmão da moça fazia isso eventualmente (ele era mecânico originalmente) e ficou de viajar conosco. Às 7h da manhã estava nos esperando com um carro limpinho, cheiroso, aguinha e umas cumbias no rádio. Muy bueno.

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“Após uma hora e alguma coisa de viagem, avistamos um grupo de oito motoqueiros parados em uma encruzilhada”

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Aos poucos fomos nos afastando de Cartagena e indo em direção a um local bastante remoto, digamos assim. Estrada de chão batido, casebres, raras pessoas no entorno e coisa e tal. Após uma hora e alguma coisa de viagem, avistamos um grupo de oito motoqueiros parados em uma encruzilhada. Todos encostados em suas motos, como se esperassem algo acontecer. Ou alguém aparecer.

Não seguimos adiante, viramos à direita. Foi a deixa para os rapazes simpáticos montarem em suas motos e acelerarem na direção do carro. Conforme avançávamos pela via estreita e coberta pelo mato, eles se aproximavam. Até que nos cercaram. Dois ultrapassaram o carro e guiavam o caminho; quatro avançavam ao nosso lado na mesma velocidade como um pequeno comboio; Outros dois nos seguiam.

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Eram sicários, eu tinha certeza. Seríamos assassinados ali

No meio do nada

Na Colômbia

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Cléber me olhou mais pálido do que o normal, com um semblante ligeiramente apavorado, agarrou minha mão e eu senti que ele havia entendido o que estava acontecendo: estávamos paranoicos de tanto assistir Narcos e El Patrón del Mal. Lógico.

Eram apenas vendedores ambulantes, todos vindos de uma vila de pescadores vizinha, esperando os turistas para achacar. Estávamos entre os primeiros a chegar à praia e, por isso, fomos seguidos. Foi colocar o pé pra fora do carro para começar a oferta de tudo o que se possa imaginar. Até massagem, veja só.

Mas passado o susto, a viagem valeu a pena. Cada minuto de sol, mojito, pescado e mar transparente compensou o medo de morrer. Até voltarmos e o motorista quase nos enfiar embaixo de um carro durante uma ultrapassagem.

 

PLAYA BLANCA

Desculpem pelos pés do Cléber, mas o cenário era esse. E aquele pontinho acima do pé direito sou eu.

Como chegar

O lugar é absoltamente incrível: uma areia branca (rá), mal azulzinho, drinques e espreguiçadeiras. Um ótimo lugar pra passar o dia. Há duas formas de chegar: barco ou carro. Os barcos saem de um porto próximo à Torre do Relógio e tem uma desvantagem: o passeio é em grupo. Ou seja, horário pra sair, pra voltar, almoço no restaurante ao estilo refeitório com bandeja. E uma galera no entorno pra infernizar. Já de carro, que me parece a melhor opção, é uma viagem privada. Os pacotes também incluem uma refeição (pescado, arroz con coco e patacones), a diferença é que o guia entrega o almocinho na espreguiçadeira e a gente finge que é rico. É só falar com a gerência do hotel em que se está hospedado e eles arranjam a viagem, seja de barco ou carro.

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O que fazer

É um dia na praia, sem preocupações e com uma água quentinha. Há, porém, algumas atividades como mergulhos, trilhas e passeios de barco. Nós, como bons preguiçosos, passamos o dia embaixo do guarda-sol, lindamente deitados e ociosos.

Cuidados

A praia é lotadassa de ambulantes. Sério. Nós, brasileiros, estamos relativamente acostumados com isso, mas lá a coisa toma outra proporção. E eles vendem de colares a mariscos. De pulseiras a…. massagens. Sim. Aliás, as minas massagistas já chegam te pegando pra cobrar depois. Eu tava deitadona lá e uma delas chegou me apalpando. Não rolou.

A recomendaçãoo é não comer nada que os ambulantes oferecem e só aceitar massagens das meninas credenciadas. Enquanto descansávamos rolou um barraco entre duas massagistas, foi massa. Rolou até tapa na cara. A nossa deixa pra sair de lá.

ISLA DEL SOL

Como chegar

Nesse caso, o barco é a única alternativa. Também parte da Torre do Relógio, mas é uma viagem bastante longa e é feita em uma espécie de lancha – não conheço barcos. Não vista nada que não possa molhar, porque vai molhar. E guarde qualquer coisa eletrônica, porque vai molhar. Confesso que detestei a viagem, me borrei toda e achei que morreríamos afogados. Mas a gente chegou e voltou e valeu a pena. O pacote inclui um belo almoço tradicional. Esse passeio também pode ser organizado pela gerência do seu hotel.

O que fazer

É uma ilha pequena e faz parte do Arquipelago de Rosario – ou seja, há outras ilhas. Mas também há passeios, trilhas e mergulhos. Nós, novamente, ficamos deitados ao sol sem fazer absolutamente nada. Há mar, piscinas naturais e piscinas artificiais. Cabanas e redes. Ócio pra que te quero…

Cuidados

Nenhum. É uma ilha privada, tudo muito seguro e as únicas pessoas no local são as pessoas com as quais se divide o barco. Mas eu me preocupei muito com os lagartos.

Guia de Viagem

Cartagena – O calor e o mosquito

Geórgia Santos
10 de março de 2017

Lua de mel é daqueles momentos que a gente espera com certa ansiedade, por uma série de motivos bastante óbvios, e planeja minuciosamente. Quando era criança, eu dizia a todos que viajaria para as ilhas gregas após a celebração de meu matrimônio. Não rolou.

Por uma grata surpresa do destino e uma combinação de conveniência e curiosidade, Cléber e eu resolvemos passar nossa lua de mel em Cartagena de Indias, na Colômbia. E que bela decisão. Fomos de Porto Alegre ao Panamá e, rapidinho, chegamos ao nosso destino final.

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No aeroporto, estavam nos esperando a gerente do hotel em que nos hospedamos, um calor infernal de 57 graus e uma horda de mosquitos

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Ao longo do trajeto, já deu pra sentir a vibe da cidade. Um lugar diferente, em que o antigo e o novo conversam em meio a uma explosão de cores, luzes e som. Era janeiro e o verão estava na pele das pessoas, que passeavam pelas ruas da cidade. Livres. Tudo naquela cidade transpirava liberdade, calor e movimento.

Estávamos cansados e resolvemos dormir, mas só depois de bebermos um espumante rosé em temperatura perfeita sobre as flores espalhadas pela cama. Phynos. Acordamos cheios de energia e bem cedo para aproveitar o café da manhã e a piscina do hotel.

O calor e os mosquitos

Era 7h da manhã e a temperatura era de 32 graus. Delícia. Estávamos de férias, mesmo, e uma aguinha nos aguardava – não todo aquele concreto da capital gaúcha. Dei uma mordida em um patacón e o primeiro mosquito atacou. Sem problemas, já estou acostumada. Um gole no suco de abacaxi e o segundo avançou, também nas pernas. Foi colocar a granola na boca e o terceiro veio sem dó nem piedade.

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Foi aí que me deu um estalo. Cedo da manhã, calor, mosquitos aos montes, voando baixo e picando nas pernas e pés. Isso tem nome e é nome de rico: Aedes Aegypti

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Sim, a nossa viagem à Cartagena foi durante o surto de Zyka que acometeu o Brasil e, também, a Colômbia.

A partir daí eu fiquei completamente paranoica, especialmente ao lembrar que não havia levado repelente. Eu empacotei laxante mas esqueci do repelente (se bobear tinha até supositório). Fomos à piscina – que ficava no terraço do hotel – e tudo o que eu fiz foi obcecar com insetos que boiavam bem belos e faceiros. Eu olhava cada mosquito, um por um, procurando por patas compridas e listradas. A cada suspeita, eu pirava. Só descansei depois de umas 13 picadas, uma coceira infernal e a compra de um repelente.

Depois disso, aí sim, eu pude aproveitar Cartagena do jeito que a cidade de Gabo merece: com atenção, dedicação e deleite. E valeu cada minutinho. Cada picadinha. Ah, e Zyka free.

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Lugares para ver

Por mais que Cartagena fique no litoral colombiano, não espere praias bonitas. É um lance meio litoral gaúcho, nada de marzinho verde e coisa e tal. Porém, há ilhas e praias próximas à cidade como o Arquipélago de Rosário e Playa Blanca. Mas pra isso vale outro post. Quanto à Cartagena, é um lugar histórico, colorido e com uma culinária maravilhosa.

Cidade Amuralhada

Cartagena é a cidade amuralhada. As Muralhas de Cartagena tem 11 km de extensão e foram construídas para proteger a região dos piratas e outros invasores no século 16. Dentro das muralhas estão muitos dos principais pontos turísticos da cidade. Ela pode ser visitada por dentro e por cima, ou seja, é possível caminhar por ela ou simplesmente sentar para apreciar o por-do-sol. Dentro das muralhas estão as melhores lojas, restaurantes e passeios. Vale bater perna, mesmo, e explorar cada cantinho.

Torre do relógio

É uma das entradas da cidade murada. O melhor: há um sebo com livros incríveis e diversos exemplares de livros de Gabriel García Márquez. Inclusive primeiras edições. Eu garanti um exemplar da primeira edição de O Amor Nos Tempos do Cólera, que está devidamente protegido por uma caixa de vidro em minha estante.

Portal de los Dulces

Em frente à torre há um caminho de bancas de doces com as coisas mais deliciosas do mundo. Cocadas de todos os tipos e sabores e uma variedade interessante de doces de leite. Como essas cabeças de bonecas bizarras e docinhas.

Palácio da Inquisição

Dentro dos muros também fica o Palácio da Inquisição. A inquisição espanhola instalada em Cartagena em 1610 foi das mais sangrentas e não terminou até 1821. É possível ver alguns dos instrumentos de tortura utilizados, listas de livros proibidos e de pessoas perseguidas e assassinadas como forma de controle da população e fixação do poder da Igreja Católica. É um ambiente tenso e assustador, mas fundamental para entendermos um pouco de nossa história. Funciona de segunda a sábado das 09h às 18h e aos domingos das 10h às 16h. A entrada custa 16mil COPS, cerca de R$20,00.

Castelo San Felipe de Barajas

É a maior obra militar do novo mundo construída pela coroa espanhola. É uma construção imponente que oferece uma vista incrível da cidade. No caminho, é bacana parar para uma foto com os Sapatos Velhos, feito em homenagem ao poeta local Luis Carlos López, autor do poema “A mi ciudad nativa”. Na obra, ele compara a cidade com um par de sapatos velhos, pelo carinho que inspiram. O monument, criado em 1946, é obra de Héctor Lombana Piñeres.

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Onde comer/beber

La Cevicheria

Impossível viajar àquela região e não experimentar uma das iguarias mais apreciadas, o ceviche. Em La Cevicheira, é possível experimentar um dos melhores da cidade. Recomendo pedir o trio, em que é possível provar de três preparações diferentes. O ambiente tem temática marítima e mesas na calçada. Um charme.

Cl. 39 #7 14, Cartagena, Bolívar, Colombia

La Casa de Socorro

Um restaurante com comida típica colombiana, em que se prova um bom peixe, patacones e arroz con coco. O preço é acessível e fica próximo à cidade murada. Parada obrigatório para conhecer o sabor de Cartagena.

Cl. 25 #8B-112, Cartagena, Bolívar, Colombia

La Cocina de Pepina

Serve a cozinha colombiana tradicional e revisitada. Os preços são um pouco mais salgados, mas vale a visita. Os pratos são sofisticados e cheios de sabor.

Cl. 25 #10B-6, Cartagena, Bolívar, Colombia

Bazurto Social Club

O lugar ideal para bons drinques e ouvir uma bela música. Mas o charme especial fica por conta do passado: era o bar favorito de Gabo.

Getsemaní, Av. del Centenario, Cra 9 #30-42.

Teléfono: +57 (5) 664 3124 / +57 317 648 1183

info@bazurtosocialclub.com

Cafe Havana

Uma das casas mais tradicionais da cidade serve bebidas e oferece ótima música cubana ao vivo. Salsa até dizer chega. O ambiente é incrível, como se fosse uma volta ao passado, já que fica em um autêntico clube de jazz dos anos 50. Mas os preços são bastante salgados. Só aguentamos um drinque e umas cervejas. Bem carinho.

ESQUINA, Cra. 10, Cartagena, Getsemaní, Colombia

La Casa del Habano

É uma charuteria. Basicamente um cubículo em que enrolam e vendem charutos cubanos. Mas, meus amigos, serve o melhor mojito de Cartagena e uns sanduíches dos deuses. O Ropa Vieja vale cada mordida. Mas assim, eu andei lendo que há outra (ao menos o endereço é diferente do que eu vi) e que é fake e tal, ou seja, não é parte da franquia a que diz fazer parte e que os charutos são falsificados. Não entrei lá pelos charutos, apesar de ter fumado, então tá de boa. De qualquer maneira, o botequinho em que entramos era perto do Cafe Havana e serviu um almocinho delícia.

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Onde ficar

Hotel Boutique Santa Ana

Além de charmoso, ofrece um café da manhã dos deuses e personalizado. O serviço é impecável e feito sob medida para casais. O hotel conta com piscina no terraço, redes e tem ótima localização. Próximo à Praça da Santíssima Trindade, local de efervescencia cultural. Além disso, é possível ir até a cidade murada a pé. Perfeito.

Calle del Carretero (29) No. 10B – 34 · Getsemaní · Cartagena · Colombia

Teléfono: (+575) 643 6125 · (+575) 643 6451

Móvil: (+57310) 586 1393 · (+57312) 584 8511 Solo Whatsapp

Email: info@casasantaana.net · infousa@casasantaana.net