Guia de Viagem

Cartagena 2 – As praias e os sicários

Geórgia Santos
8 de abril de 2017

Já falei aqui sobre as maravilhas de Cartagena, uma das cidades mais belas e procuradas da Colômbia. Só tem um probleminha: as praias são decepcionantes. Uma vibe meio litoral gaúcho – com todo o respeito que tenho pelo litoral gaúcho. O mar é escuro, bastante agitado, areia estranha, enfim, não são praias bonitas. Mas há opções belíssimas no entorno: a Playa Blanca Baru e o Arquipelago de Rosario. E mesmo parecendo duas lombrigas pálidas que fogem do sol, Cléber e eu não perdemos a oportunidade e começamos pela Playa Blanca. Mas foi aí que tudo começou a dar errado. Óbvio.

As pessoas podem escolher ir à Playa Blanca de barco ou carro – há uma ponte que liga a ilha ao continente. Nós conversamos com a gerente do hotel em que estávamos e ela disse que se fôssemos por terra teríamos uma experiência exclusiva, digamos assim. Iríamos sozinhos e teríamos atendimento personalizado em vez de viajarmos em um barco atrolhado de gente. E foi o que fizemos. Acontece que o irmão da moça fazia isso eventualmente (ele era mecânico originalmente) e ficou de viajar conosco. Às 7h da manhã estava nos esperando com um carro limpinho, cheiroso, aguinha e umas cumbias no rádio. Muy bueno.

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“Após uma hora e alguma coisa de viagem, avistamos um grupo de oito motoqueiros parados em uma encruzilhada”

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Aos poucos fomos nos afastando de Cartagena e indo em direção a um local bastante remoto, digamos assim. Estrada de chão batido, casebres, raras pessoas no entorno e coisa e tal. Após uma hora e alguma coisa de viagem, avistamos um grupo de oito motoqueiros parados em uma encruzilhada. Todos encostados em suas motos, como se esperassem algo acontecer. Ou alguém aparecer.

Não seguimos adiante, viramos à direita. Foi a deixa para os rapazes simpáticos montarem em suas motos e acelerarem na direção do carro. Conforme avançávamos pela via estreita e coberta pelo mato, eles se aproximavam. Até que nos cercaram. Dois ultrapassaram o carro e guiavam o caminho; quatro avançavam ao nosso lado na mesma velocidade como um pequeno comboio; Outros dois nos seguiam.

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Eram sicários, eu tinha certeza. Seríamos assassinados ali

No meio do nada

Na Colômbia

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Cléber me olhou mais pálido do que o normal, com um semblante ligeiramente apavorado, agarrou minha mão e eu senti que ele havia entendido o que estava acontecendo: estávamos paranoicos de tanto assistir Narcos e El Patrón del Mal. Lógico.

Eram apenas vendedores ambulantes, todos vindos de uma vila de pescadores vizinha, esperando os turistas para achacar. Estávamos entre os primeiros a chegar à praia e, por isso, fomos seguidos. Foi colocar o pé pra fora do carro para começar a oferta de tudo o que se possa imaginar. Até massagem, veja só.

Mas passado o susto, a viagem valeu a pena. Cada minuto de sol, mojito, pescado e mar transparente compensou o medo de morrer. Até voltarmos e o motorista quase nos enfiar embaixo de um carro durante uma ultrapassagem.

 

PLAYA BLANCA

Desculpem pelos pés do Cléber, mas o cenário era esse. E aquele pontinho acima do pé direito sou eu.

Como chegar

O lugar é absoltamente incrível: uma areia branca (rá), mal azulzinho, drinques e espreguiçadeiras. Um ótimo lugar pra passar o dia. Há duas formas de chegar: barco ou carro. Os barcos saem de um porto próximo à Torre do Relógio e tem uma desvantagem: o passeio é em grupo. Ou seja, horário pra sair, pra voltar, almoço no restaurante ao estilo refeitório com bandeja. E uma galera no entorno pra infernizar. Já de carro, que me parece a melhor opção, é uma viagem privada. Os pacotes também incluem uma refeição (pescado, arroz con coco e patacones), a diferença é que o guia entrega o almocinho na espreguiçadeira e a gente finge que é rico. É só falar com a gerência do hotel em que se está hospedado e eles arranjam a viagem, seja de barco ou carro.

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O que fazer

É um dia na praia, sem preocupações e com uma água quentinha. Há, porém, algumas atividades como mergulhos, trilhas e passeios de barco. Nós, como bons preguiçosos, passamos o dia embaixo do guarda-sol, lindamente deitados e ociosos.

Cuidados

A praia é lotadassa de ambulantes. Sério. Nós, brasileiros, estamos relativamente acostumados com isso, mas lá a coisa toma outra proporção. E eles vendem de colares a mariscos. De pulseiras a…. massagens. Sim. Aliás, as minas massagistas já chegam te pegando pra cobrar depois. Eu tava deitadona lá e uma delas chegou me apalpando. Não rolou.

A recomendaçãoo é não comer nada que os ambulantes oferecem e só aceitar massagens das meninas credenciadas. Enquanto descansávamos rolou um barraco entre duas massagistas, foi massa. Rolou até tapa na cara. A nossa deixa pra sair de lá.

ISLA DEL SOL

Como chegar

Nesse caso, o barco é a única alternativa. Também parte da Torre do Relógio, mas é uma viagem bastante longa e é feita em uma espécie de lancha – não conheço barcos. Não vista nada que não possa molhar, porque vai molhar. E guarde qualquer coisa eletrônica, porque vai molhar. Confesso que detestei a viagem, me borrei toda e achei que morreríamos afogados. Mas a gente chegou e voltou e valeu a pena. O pacote inclui um belo almoço tradicional. Esse passeio também pode ser organizado pela gerência do seu hotel.

O que fazer

É uma ilha pequena e faz parte do Arquipelago de Rosario – ou seja, há outras ilhas. Mas também há passeios, trilhas e mergulhos. Nós, novamente, ficamos deitados ao sol sem fazer absolutamente nada. Há mar, piscinas naturais e piscinas artificiais. Cabanas e redes. Ócio pra que te quero…

Cuidados

Nenhum. É uma ilha privada, tudo muito seguro e as únicas pessoas no local são as pessoas com as quais se divide o barco. Mas eu me preocupei muito com os lagartos.