PodCasts

Sobre Nós # 3 |  Machismo

Geórgia Santos
4 de outubro de 2018

O movimento #elenão não surge à toa. É um grito de desabafo. São as mulheres dizendo que não vão mais aguentar. No Sobre Nós desta semana, atores interpretam relatos reais de mulheres que sofreram com o machismo no ambiente de trabalho – extraídos do projeto Everyday Sexism. E relatos reais  de homens machistas – extraídos de comentários em sites de notícia. A direção é da Raquel Grabauska.

 

Igor Natusch

Jair Bolsonaro nos ameaça. Quem ele pensa que é?

Igor Natusch
30 de setembro de 2018
Mulheres protestam contra o presidenciável Jair Bolsonaro no centro do Rio

Jair Bolsonaro é um golpista e uma figura nefasta para o Brasil. Suas últimas falas (em especial esse absurdo inominável de só aceitar o resultado das urnas se ele for eleito) deixam claro que ele não deseja servir à democracia, mas sim sequestrá-la. Bolsonaro é a pura vulgaridade política, no sentido mais grotesco de preconceito, ódio e despreparo, mas nem é disso que estamos falando: o que pega, aqui, é a declaração clara de que deseja usar o processo democrático apenas como ponte – e se a ponte não servir, a democracia que se lasque.

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Seu desprezo pelas regras do jogo é um insulto a quem tenta construir uma democracia, ou ao menos algo perto disso, no Brasil. Nenhuma condenação é pouca para seus disparates. É dever de quem preza nossa ainda frágil tentativa de democracia enfrentar essa figura funesta e sua candidatura, deixando claro o engodo e o suicídio político que ela representa.

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Antes dessas falas, repudiar Bolsonaro ainda poderia, para alguns, parecer uma questão de preferência política. A partir delas, em especial, essa posição torna-se impossível sem uma dose considerável de desapego à realidade. Nada – muito mesmo o antipetismo, essa versão caricatural e fascista que o ódio aos pobres e/ou diferentes toma em nosso país – justifica jogar ao fogo o pouco de representatividade que temos, o muito de liberdade e coesão social que ainda precisamos construir. Há outros candidatos, há outras formas de combater o petismo, se isso é mesmo tão importante. Votar Bolsonaro, em termos de solução, equivale a incendiar o prédio porque não se consegue consertar um vazamento no terceiro andar.

Mas é ainda mais que isso.

Bolsonaro não é apenas uma ameaça conceitual: é concreta. Ele ameaça a nós todos. Sem disfarces. De modo arrogante – pois o que é dizer que “não pode falar pelos comandantes militares” caso Fernando Haddad vença, senão arrogância e disposição golpista? Ele diz que devemos nos ajoelhar não ao resultado das urnas, mas à vontade dele, Bolsonaro, e de mais ninguém. Isso é um insulto a todos nós – inclusive a seus eleitores, mesmo que esses não percebam. Me elejam, ou vou tocar o terror.

Quem Bolsonaro pensa que é, para falar com o Brasil inteiro desse jeito?

O fascismo é um ideário de morte. Celebrar a vida, e a liberdade de existir que é inerente ao viver, é um poderoso ato de resistência. E o Brasil, liderado pelas mulheres (nossa grande força transformadora, desde sempre e mais do que nunca), disse no último sábado que a morte se enfrenta vivendo, e que não vamos – nós, o que recusamos a ameaça personificada em Jair Bolsonaro – nos encolher em um canto, com medo da morte.

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O resultado das urnas ninguém sabe qual será. Pode ser inclusive a eleição de Jair Bolsonaro, por que não? Se a nação brasileira optar por jogar-se no abismo, assim será. Mas a liberdade não é algo que se entregue de mão beijada ao valentão que grita mais alto. Cabe enfrentar a ameaça,  lutar até o fim para vencê-la e tentar sair mais fortes disso tudo.

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Derrotar Bolsonaro nas urnas, é claro, não resolve problema algum. O Brasil seguirá cindido, talvez mais do que nunca, e as inúmeras angústias que alimentam esse flerte coletivo com a autodestruição seguirão existindo e exigindo respostas. Reconstruir as pontes incendiadas nos últimos anos será uma tarefa imensa, talvez até irrealizável. Mas nenhuma solução, por mais difícil e dolorosa que seja, poderá nascer do que esse cidadão diz, pensa e faz. Bolsonaro não é um candidato comum: é um opressor e oportunista que deseja, de forma tosca e às nossas custas, transformar-se em tirano.

Não existe neutralidade possível diante da infâmia. Que todas as vozes e bandeiras alinhadas com a busca da democracia sigam se erguendo e, juntas, derrotem essa figura vulgar de volta à irrelevância da qual jamais deveria ter saído.

Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

Voos Literários

O poder feminino na decisão eleitoral #elenão

Flávia Cunha
25 de setembro de 2018

Se o direito de falar, de ter credibilidade, de ser ouvido é uma espécie de riqueza, essa riqueza agora vem sendo redistribuída. Por muito tempo houve uma elite com audibilidade e credibilidade e uma subclasse de destituídos de voz. Com a redistribuição da riqueza, a perplexidade e a incompreensão afloram incessantemente. […] Essas vozes, ouvidas, subvertem as relações de poder.”

O trecho acima, do ensaio Uma Breve História do Silêncio, um dos capítulos do livro A Mãe de Todas as Perguntas, da autora feminista Rebecca Solnit, pode ser usado como uma analogia à tentativa de hackear o grupo do Facebook Mulheres Unidas Contra Bolsonaro (que conta hoje com cerca de 3 milhões de participantes). A iniciativa de cunho apartidário incomodou  seguidores do candidato à presidência pelo PSL. Houve, então, a invasão hacker ao grupo, logo revertida pelas administradoras. Depois, tentou-se desqualificar a iniciativa, com afirmações inverídicas de que havia sido comprado um grupo já existente e simplesmente havia sido trocado seu nome.

A verdade é que a tentativa de silenciamento não deu certo e a campanha #elenao ganhou adesão de mulhereres famosas e começa a ter engajamento no Exterior, adaptada para #nothim. Mas o que significa mulheres de diferentes partidos e ideologias estarem unidas contra uma determinada candidatura? De acordo com os eleitores de Bolsonaro, essa seria uma reação de mulheres feias, peludas e mal-amadas. Tanto é que, às pressas, foram criados grupos femininos de apoio ao candidato, em que os atributos físicos das participantes são exaltados, como se isso tivesse alguma importância dentro de um debate complexo que envolve riscos à democracia.

O movimento #elenão sem dúvida é feito por feministas, mulheres a favor de direitos iguais entre homens e mulheres e é uma contraponto direto ao discurso misógino e propagador da violência feito por Bolsonaro e seu vice general Mourão. Mas, como bem lembra a autora Rebecca Solnit, os homens também são vítimas do machismo patriarcal, sendo silenciados no que diz respeito a poderem demonstrar fraquezas e expor sentimentos:

A masculinidade é uma grande renúncia. O cor-de-rosa é apenas uma miudeza, mas meninos e homens bem-sucedidos renunciam a emoções, à expansividade, à receptividade [….] e homens que ocupam áreas masculinizadas – esportes, Forças Armadas, trabalhos exclusivamente masculinos como construção ou extração de recursos minerais – muitas vezes precisam renunciar a outras coisas mais. […] No mainstream heterossexual, as mulheres ficam com a tarefa de portar e expressar emoções pelos outros.”

O discurso que flerta com o fascismo e o ódio a mulheres, gays, negros e indígenas não está sendo combatido apenas pelas feministas. Um manifesto assinado por empresários e artistas famosos como Caetano Veloso ganhou visibilidade nos últimos dias. Quem sabe com isso uma candidatura perigosa para os rumos da nossa frágil democracia possa ser esvaziada.

Entre meus motivos para dizer “Ele Não” estão relativizar a tortura e a perseguição política ocorridas durante o regime militar, propagar fake news e destilar aos quatro ventos falas repletas de misoginia, racismo e homofobia. Por isso,  me juntarei a milhares de mulheres em um protesto  marcado para esse sábado em diversas capitais brasileiras e também no Exterior. Não nos calarão!

 

 

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OUÇA Bendita Sois Vós #1 Que eleição é essa?

Geórgia Santos
24 de setembro de 2018

No primeiro episódio do Bendita Sois Vós, jornalistas  discutem “Que eleição é essa?” O programa é apresentado pela jornalista Geórgia Santos e conta com a participação de Evelin Argenta, Igor Natusch e Tércio Saccol em um debate sobre os aspectos atípicos das eleições, o fenômeno Bolsonaro e a ameaça autoritária. 

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Essa eleição é, de fato, estranha. Até pouco tempo tinha candidato preso, candidato esfaqueado, candidato jejuando no monte. Por isso separamos algumas declarações de candidatos à presidencia da República, ou relacionados a eles, que exemplificam um pouco da anormalidade do pleito de 2018. Além disso, uma conversa com o cientista político Augusto de Oliveira, professor da PUCRS,  sobre como e porquê surge o fenômeno Bolsonaro.

Falar de Bolsonaro implica discutir, ainda, viabilidade democrática. Afinal, o candidato ainda não afirmou que vai respeitar o resultado das eleições caso perca.  Sem contar as declarações do vice do candidato do PSL, General Hamilton Mourão, que deixou clara a possibilidade de autogolpe em entrevista à GloboNews.

Como uma resposta também ao General Mourão, o Bendita Sois Vós traz uma verdade crua revelada por meio da arte. O quadro “SOBRE NÓS” é produzido por Raquel Grabauska, que é atriz, produtora, diretora e está à frente do grupo Cuidado Que Mancha. Toda a semana, um grupo de atores traz relatos reais sobre temas que nos tiram o sono. Na primeira edição, depoimentos  de quem sofreu tortura durante a Ditadura Militar. O texto foi extraído dos relatórios da Comissão da Verdade e mostra a cara desse herói que mata.

* O Bendita Sois Vós, uma parceria do Vós com a Rádio Estação Web e vai ao ar todas quintas-feiras, das 19h às 20h. Clique aqui para saber como ouvir no seu celular e em aplicativos.

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Vós lança podcast sobre política e sociedade

Geórgia Santos
21 de setembro de 2018

Bendita Sois Vós é uma parceria com a Rádio Estação Web e estreou no dia 20 de setembro

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Nesta quinta-feira, 20 de setembro, estreia o Bendita Sois Vós, com apresentação da jornalista Geórgia Santos. O podcast é uma parceria do portal Vós com a Rádio Estação Web, que veiculará o programa todas as quintas-feiras, das 19h às 20h. Depois, o conteúdo ficará disponível em várias plataformas.

A ideia por trás dessa novidade é discutir política e sociedade de uma forma provocadora, como todo o conteúdo do Vós. Haverá entrevistas, debates entre a equipe do portal, reportagens e muita experimentação com novos formatos e linguagens. “A gente quer que as pessoas saiam da zona de conforto e a gente também se abre pra isso no Bendita, a gente se abre à dúvida e à contestação sem perder a essência do Vós, que é de fazer um jornalismo sério e objetivo mas que se posiciona e não se esconde na neutralidade”, explica Geórgia Santos, que idealizou o projeto.

O primeiro episódio se chama “Que eleição é essa?” e discute os aspectos atípicos do pleito de 2018. Além de Geórgia, que também é cientista política, participam  do programa a jornalista Évelin Argenta; o jornalista e escritor Igor Natusch; e o jornalista e professor da Famecos Tércio Saccol. A parte técnica fica por conta do Rogério Barbosa, que também coordena a Rádio Estação Web. O entrevistado da semana é o cientista político Augusto de Oliveira, professor da PUCRS.

Há outros elementos para a estreia, mas permanecem uma surpresa. “A gente ainda quer que as pessoas reflitam sobre os riscos dessa eleição, por isso, além da entrevista e do debate, há um quadro muito especial sendo produzido pela Raquel Grabauska e um grupo incrível de atores. Um quadro que deve ser recorrente no programa e vai mexer com o emocional dos ouvintes. E a gente espera que os faça pensar, também”, adiantou Geórgia.

O Bendita Sois Vós vai ao ar todas as quintas-feiras, entre 19h e 20h, na Rádio Estação Web. O podcast ficará disponível para ouvir e para download no Vós. Então, é possível baixar no celular e ouvir no carro, no transporte público, correndo, fazendo ginástica, lavando a louça, enfim, da mesma maneira que se ouve rádio.

Segue um guia de como acompanhar essa novidade:

1. No computador

Ao vivo, no site da Rádio Estação Web; Para ouvir, basta acessar o site do Vós. Também é possível fazer o download pelo Soundcloud

 2. No celular – Para quem usa Apple

Se você tem um iPhone ou iPad, o aparelho já vem com o aplicativo Podcasts instalado. Basta procurar por Bendita Sois Vós e clicar em assinar. É gratuito. Depois que você assinar, o aplicativo avisa sempre que houver episódio novo e permite que você faça download. Assim, dá pra ouvir sem precisar da internet.

3. No celular – Para quem usa Android

Se você tem um celular que opera no sistema Android, você pode baixar aplicativos para ouvir o Bendita Sois Vós. Algumas opções:

SoundCloud: pode ser acessado por computador, smartphone ou tablet, e está disponível para Android e iOS. Bbasta acessar o perfil do Vós. Ao clicar sobre um episódio, o programa começará a tocar automaticamente. Também é possível adicionar a uma playlist e compartilhar nas suas redes sociais.

•  Spotify (em breve): pode ser acessado por computador, smartphone ou tablet, e também está disponível nos sistemas Android e iOS. Vá até a seção Navegar, clique em Podcasts e use a ferramenta de busca para procurar pelo Bendita Sois Vós. Para salvar o podcast, clique na opção Seguir.

Em breve, também estará disponível em outros apps como Overcast.