Geórgia Santos

Quando o Instagram deprime

Geórgia Santos
17 de julho de 2017

Eu larguei o Facebook de mão há muito tempo. É muita tese e lição de moral e mensagens de anjinhos pra o meu gosto. O Twitter é minha rede social preferida, uso basicamente como meu personal gatekeeper. Facilita o acesso às informações de múltiplos portais e empresas de comunicação. Sem contar que não tem espaço pra textão – apesar de o mimimi correr solto. E eu sempre gostei do Instagram. Tá ali, espalhando fotinha bonita pra o mundo e reduzindo a possibilidade de blá blá blá.

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Mas de uns tempos pra cá, a existência do Instagram me deprime e, às vezes, faz com que eu fique de mal comigo

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Isso porque se o meu feed estiver correto, enquanto eu estou sentada em frente ao computador trabalhando ou estudando, a maioria das pessoas ganha dinheiro se divertindo. Enquanto eu estou acima do peso, a maioria das pessoas é sarada. Enquanto eu luto contra espinhas e linhas de expressão (sim, as duas coisas ao mesmo tempo), a maioria das mulheres tem uma pele maravilhosa e impecável. Eu mencionei os abdomens e os drinques?

É verdade que tem sido uma ferramenta interessante de empoderamento e aceitação pra algumas mulheres, como Allison Kimmey, que admiro demais. Mas o que mais vejo é a perfeição esfregada em minha cara. E ao que tudo indica, eu não estou sozinha nesse complexo de instagranidade.

Um relatório divulgado pela UK’s Royal Society for Public Health (RSPH) and the Young Health Movement mostra o impacto das redes sociais na saúde mental de jovens entre 14 e 24 anos. O estudo revelou que o Instagram é a mais prejudicial das redes sociais quanto o assunto é ansiedade, depressão, autoestima e problemas com a própria imagem corporal – seguido por Snapchat e Facebook. Os pesquisadores indicam que os famosos filtros são parte do problema. Algumas meninas inclusive mencionaram que se sentem mais feias que absolutamente todo mundo. Algo que prejudica inclusive o sono das adolescentes.

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Ficar stalkeando também não ajuda quando o assunto é desencanar

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Segundo o estudo, passar horas com o telefone em mãos só agrava o problema, óbvio. Aparentemente, adolescentes que passam mais de duas horas na rede social tem maiores chances de desenvolver algum distúrbio de ansiedade relacionado à autoestima e imagem corporal.

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Lembro da tortura que é passar pela adolescência e não ter a cara e o corpo de quem vai estar na Vogue do próximo mês. E o Instagram não deve melhorar isso…

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É claro que eu exagerei quando falei do impacto que causa em mim. Apesar de ainda ser insegura com relação ao meu corpo (estou trabalhando nisso, no corpo e no psicológico), os meus quase 30 anos me ajudam a perceber que eu não posso me resumir a isso, ao meu tamanho. Sou mais que minhas estrias e celulites. E se eu uso filtros, o resto da humanidade também usa.

Tudo isso pra dizer que talvez a gente precise de menos Instagram e mais vida real. Não é boicote, longe disso, eu ainda gosto de postar minhas fotos por lá e de acompanhar amigos queridos. Inclusive tento postar algo todos os dias sobre experiências positivas que tenho ou simplesmente porque estou me sentindo bem. Só acho que talvez a gente possa usar menos filtros, afinal, não é uma opção na hora de encarar o mundo. E a gurizada que está crescendo diante da tela de um celular precisa saber que a maioria das pessoas não é igual à Kendall Jenner, não tem a pele da Gigi Hadid e não tem o abdômen da Bella Falconi. E tá tudo bem.

Fotos: Pixabay

Tão série

Game of Thrones – O que esperar do primeiro capítulo

Geórgia Santos
16 de julho de 2017

O inverno está chegando, finalmente. E não, não me refiro à massa de ar polar que deve arrefecer o clima no sul do Brasil. Falo, obviamente, de Game of Thrones, umas das mais aclamadas séries da atualidade – e de outros tempos também.

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Logo vamos matar a curiosidade, mas enquanto isso, que tal tentar decifrar as pistas que a HBO vem dando nas últimas semanas?

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A estreia desta sétima temporada é similar à anterior, afinal, não há livro que a preceda. As Crônicas de Gelo e Fogo tem “apenas” cinco livros e o sexto e sétimo volumes ainda não foram escritos. Ou seja, não sabemos como a saga da Guerra dos Tronos continua.

A HBO vem dando algumas pistas vagas sobre o que deve acontecer no primeiro capítulo, que vai ao ar hoje à noite. Como não fomos convidados para a pré-exibição, que aconteceu em Los Angeles na última quarta-feira, só nos resta tentar decifrar o mistério.

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Episódio 61 – “Dragonstone” / “Pedra do Dragão”

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Jon (Kit Harington) organizes the defense of the North. Cersei (Lena Headey) tries to even the odds. Daenerys (Emilia Clarke) comes home.

Jon (Kit Harington) organiza a defesa do Norte. Cersei (Lena Headey) tenta igualar as probabilidades. Daenerys (Emilia Clarke) volta para casa.

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Retomando da última temporada, Jon Snow foi nomeado Rei do Norte. Como não poderia ser diferente, ele está tentando unir as forças que estavam divididas sob o reinado de Ramsay Bolton. O problema é que ele tem Mindinho em seu caminho, que está fazendo de tudo para afastar Sansa de Jon – provavelmente com o intuito de faze-la assumir o reino e destronar o (meio) irmão.

Mas afinal, contra o que ou quem o Norte precisa ser defendido? Juntando algumas teorias aqui e ali, podemos pensar no mais provável. Para ele, o maior inimigo está do outro lado da muralha. Por outro lado, desde a queda dos Boltons, Cersei sabe que já não tem amigos no norte e Jon pode estar armando uma defesa contra um possível ataque vindo das Terras Ocidentais.

Quanto a Cersei, não é segredo que ela está cercada por inimigos, logo, tentar igualar as (suas?) chances não é propriamente uma surpresa. A surpresa deve estar em COMO ela fará isso. Qual será o truque na manga, desta vez? Acredito que ela não consiga fazer nada sem a garantia de pelo menos um aliado, portanto, aposto que a tentativa de igualar as probabilidades é justamente a busca por uma nova aliança. Euron deve ser o nome que ela procura.

Daenerys voltar pra casa também não é propriamente uma grande novidade, afinal, a vemos sentada no trono no trailer que foi divulgado há mais de um mês. Trono do castelo que era a casa dos Targaryen.

Não é muito, mas ajuda a passer a ansiedade pelo novo episódio. Enquanto isso, dá uma curtida no trailer.

ECOO

Eu testei – Depilação sustentável (what?)

Geórgia Santos
9 de julho de 2017

Nessa nossa jornada para tentar causar menos impacto no meio ambiente, há coisas mais fáceis de se fazer, como deixar de usar sacolas plásticas, e outras menos confortáveis, como aderir a cosméticos naturais. E há outras sobre as quais simplesmente não pensamos, como depilação. Sim, esse hábito não é nem um pouco verde. Mesmo assim, não vou deixar de me depilar, óbvio. Então precisei encontrar alternativas para não usar cera ou mil gilettes, que são caras e rendem poucos usos.

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Depilação definitiva

Meu primeiro passo foi procurar um método de depilação definitiva. Escolhi usar a luz pulsada e fiz na axila e virilha. Os resultados são realmente impressionantes. O número de sessões necessárias varia de acordo com o contraste do tom da pele e do pelo, mas em geral de cinco a seis sessões é mais do que suficiente. Eu não fui disciplinada. O correto é ter um intervalo de 20 dias entre cada sessão. Eu ficava meses e, consequentemente, meu tratamento ainda não terminou. Mesmo assim, só uso gilette para depilar minha axila uma vez por mês e olha lá.

 

Em Porto Alegre, o melhor custo benefício é no salão Wall Cabelos, no centro. A Cris é responsável pela depilação e faz um ótimo trabalho. E vale a pena cortar o cabelo por lá, também hehe =)

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Safety razor

Como não terminei o tratamento, ainda preciso da gilette. Além do mais, ainda tenho pernas e o orçamento não permite laser no corpo inteiro. O problema é que elas são caras e não tem uma vida útil muito longa. Sem contar a quantidade de lixo não reciclável que gera – como mistura plástico e metal, não tem como ser separado corretamente. Já o problema da cera é que é cara e causa um impacto grande no meio ambiente (especialmente as de roll-on), além de DOER. E vamos combinar que tem que ser feito no salão, em casa fica uma meleca e não é prático – eu até já usei aquelas folhas de cera fria, mas são caras e produzem um montão de lixo.

Foi aí que cheguei no barbeador de metal Safety Razor. Sim, aqueles com cara de antiguinho que os tios das barbearias usam. Ele é reutilizável (tipo pra sempre), tem dois lados para depilar ou barbear e como a lâmina é feita só de metal, é reciclável. A troca da lâmina depende do uso, mas se for toda a semana pode ser trocada uma vez por mês.

Vantagens – É mais eficiente porque as lâminas são mais afiadas – e são recicláveis; dura uma vida inteira; é sustentável; bonitinho =); e é mais barato no longo prazo. Se comprar no exterior, o custo é ainda menor, eu paguei $18 dolares pelo meu Safety Razor com cinco lâminas incluídas.

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Desvantagens – a chance de ser cortar é ENORME, realmente não é tão fácil quanto com uma gilette tradicional. E, claro, em comparação com a cera, o pelo vai crescer mais rápido. De qualquer forma, eu espero que a essas alturas tu saibas que a história de que o pelo cresce mais grosso é a mais absoluta bobagem.

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Como se depilar?

Essa questão é BEM delicada, porque exige uma série de cuidados. Mas depois que a gente se acostuma, fica mais fácil.

  1. Lave bem a pele e utilize algo para facilitar que a lâmina deslize. Não precisa ser creme de barbear, pode ser um sabonete hidratante, um xampu sólido, ou até condicionador;
  2. Cuidado com o ângulo, não pode ser 90graus, senão a gente se corta. O ideal é acompanhar a curvatura do barbeador e da pele (o vídeo abaixo mostra direitinho)
  3. Não pressione, a lâmina vai funcionar apenas deslizando pela pele;

Dá uma olhada nesse vídeo e vê como é fácil. Eu testei e super recomendo. Pode comprar online, mesmo. 

Tão série

Três maratonas para curtir durante as férias de julho

Geórgia Santos
8 de julho de 2017

As férias de julho estão aí, trazendo com elas o friozinho do inverno. E nada combina melhor com o inverno do que passar horas em frente à televisão – embaixo de um cobertor, claro. E comendo pipoca, óbvio. Por isso, pensamos em três maratonas para curtir durante as férias. São séries que estrearam no último mês no Netflix e que acomodam essa necessidade urgente de deixar a marca do bumbum no sofá.

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House of Cards

Já discutimos a nova temporada de House of Cards por aqui, e como se uma indicação não bastasse, aqui vai a segunda. Tem estômago para encarar um político de moralidade dúbia dando um jeitinho na legislação e contornando a Constituição para permanecer no poder? Não, eu não estou falando do Temer, só do casal Underwood. A maratona é perfeita para as férias de Julho, afinal, frieza é o que não falta. Prepara o cobertor!

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Orange Is The New Black

A nova temporada começa três dias após a morte de Poussey Washington (Samira Wiley), é de partir o coração. Mas mais do que isso, as detentas abordam temas que tem permeado a nossa realidade durante uma rebelião, como o movimento Black Lives Matter. A gente vê, através das grades da Penitenciária de Litchfield, o preconceito do nosso mundo enquanto mulheres tentam encontrar sua voz. É possível verVale cada minutinho, cada grão de pipoca.

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GLOW

Toda a exuberância da década de 80 transborda em GLOW – Gorgeous Ladies of Wrestling. Em tradução livre, Damas Maravilhosas da Luta. A série retrata os desafios de Ruth Wilder (Alison Brie), uma atriz cuja última chance em Hollywood é participar de um programa de TV sobre luta feminina. Collants, drogas, meias de lurex e mais um monte de coisas inapropriadas e engraçadas. A trama toda é baseada em uma história real, de um programa real.

ECOO

Eu testei – Desodorante natural

Geórgia Santos
2 de julho de 2017

Desodorante é sempre assunto delicado, especialmente a falta dele. É impossível sobreviver a um dia quente sem usar desodorante após o banho – com exceção do meu pai, que não usa e é cheiroso e é um mistério da natureza. Mas e se esse produto nos deixar doentes?

Há algum tempo, fiz um extenso exame de sangue e descobri que tenho uma quantidade excessiva de alumínio no organismo. Não sabia exatamente o que signifcava, mas fui pesquisar. Para minha surpresa, há uma forte relação desse metal com doenças como o mal de Alzheimer, câncer de pulmão e inflamações em geral. Fiquei bastante alarmada e já comecei a rever panelas e formas nas quais eu estava cozinhando, porque certamente isso vinha da ingestão.

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Mas havia outro motivo (além da comida) pra o aumento de alumínio no meu organismo: desodorantes e antitranspirantes.

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Sim, há uma quantidade bastante grande de alumínio nos desodorantes antitranspirantes a que estamos tão acostumados. Para piorar, estudos recentes indicam que o alumínio dos desodorantes podem estar associados ao aparecimento do câncer de mama. São pesquisas preliminares e talvez precipitadas, mas cientistas detectaram a absorção do alumínio em aplicação tópica através dos sais de alumínio que estão, adivinhem, em antitranspirantes.

Comecei, então, uma pesquisa para encontrar alternativas. Eu não quero ficar fedendo, mas também quero cuidar da saúde e do meio ambiente. Foi aí que encontrei os desodorantes naturais. Só há uma questão: eles não são antitranspirantes.

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Diferença entre desodorante e antitranspirante

Desodorante é um produto que contém uma ou mais substâncias capazes de combater ou disfarçar o odor. Antitranspirante é o produto que reduz a quantidade de suor, seja inibindo a produção ou dificultando a eliminação do suor pelas glândulas sudoríparas.

No caso dos produtos naturais, eles são desodorantes. Isso significa que a gente sua normalmente, fica com a axila úmida e, eventualmente, aquela famosa marca de pizza embaixo do braço. Conforme o produto, isso acontece mais ou menos. Mas ficamos sempre cheirosos. Há soluções muito simples como passar LEITE DE MAGNÉSIA na axilas (com um algodão, bem simples); BICARBONATO DE SÓDIO (com os dedos, espalha o pó pelas axilas); ou mesmo uma mistura dos dois.

Mas também há desodorantes naturais, elaborados com fórmulas especiais. Não foi uma adaptação fácil, até porque usei várias marcas e diferentes tipos até descobrir o meu. Aí vai o que descobri e qual o meu preferido.

1 – T´EO – Lush

Foi o primeiro que usei. É um desodorante sólido feito com ingredientes em pó. Promete excelente absorção e pele seca. Segundo o fabricante, controla a transpiração e absorve odores.

Vantagem –  tem um toque seco, é cheiroso e, apesar de ser uma barrinha, a forma de passar é a mesma do roll´on. Realmente absorve a umidade e não deixa cheiro ruim. Além de não ter embalagem, o que é ótimo pra o ambiente.

Desvantagem –  a barra precisa ser acondicionada em uma caixinha longe de qualquer tipo de umidade. Ou seja, não rolou guardar no banheiro. Com a umidade do chuveiro, o pozinho grudou e eu precisava raspar a barrinha antes de passar. Nada prático.

PS.: transformei em pó e uso como “talco” para os pés

2 – Aromaco – Lush

À primeira vista, perfeito. Parece um sabonete e o fabricante promete uma pele renovada e seca graças a ingredientes que fecham os poros.

Vantagem – com o formato de sabonete, é bem prático para passar e pode ser acondicionado de qualquer maneira. Também não tem embalagem.

Desvantagem – a pele não fica seca e tem um cheiro estranho, a ponto de eu não saber se era mau cheiro na minha axila ou era o olor do desodorante.

PS.: assim como o primeiro, ajuda como chulé.

3 – Schmidt´s – Potinho

Descobri esse por acaso enquanto vasculhava as prateleiras da TJ-Max. O fabricante promete auxiliar na neutralização dos odores e absorção da umidade.

Vantagem – O aroma é delicioso (testei o de lavanda e sálvia) e funciona durante o dia inteiro. O pote é de vidro e pode ser reutilizado (o ambiente agradece). Além disso, ajuda a controlar a transpiração, é uma beleza.

Desvantagem – A única desvantagem é a maneira de passar. Ele tem uma textura de um creme durinho, quebradiço. Vem uma pequena espátula dentro do potinho, que serve para pegar o produto. A gente coloca o desodorante nos dedos e passa na axila conforme ele derrete. Não é difícil, só não é super prático.

4 – Schmidt´s – Bastão

O GRANDE VENCEDOR. Em outra incursão pela TJ-Maxx, descobri que existia outro tipo além do potinho – que eu já estava anunciando como o melhor desodorante natural do mundo. Resolvi comprar.

Vantagem – Fácil de passar (imagina um protetor labial gigante), cheiro maravilhoso (testei o de Ylang e calêndula), aguenta suor o dia inteiro e ajuda a absorver a umidade. Perfeito.

Desvantagem – Não vende no Brasil =/ Mas a internet tá aí pra ajudar.

 

  • *Se o cheiro ainda for muito forte e os desodorantes naturais não sustentarem, faça uma solução de álcool (pode ser o normal ou de cereais) com bicarbonato de sódio e passe na axila antes de dormir. Ajuda a aliviar.
ECOO

Papel reciclado de … cocô de elefante

Geórgia Santos
25 de junho de 2017

Há duas semanas estive no Zoológico de San Diego e enquanto bisbilhotava a lojinha para ver se encontrava algo interessante para comprar, deparei com algo que, confesso, me surpreendeu: papel reciclado de cocô de elefante. Achou pesado? Desculpa pelo o trocadilho.

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Não resisti. Quer algo melhor que um bloquinho de papel reciclado de cocô pra uma jornalista que está tentando levar uma vida sustentável? Foi amor à primeira vista.

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A capa garante: “Made with real Poo!” Ou seja, feito com cocô de verdade. A patente (outro trocadilho, lamento) foi registrada pela marca PooPooPaper TM, que fabrica produtos em papel reciclado E SEM CHEIRO (ufa!) a partir das fezes desses animais fofinhos.

A explicação é bastante lógica: eles usam uma matéria prima que existe em abundância (esse não foi intencional) e fazem produtos funcionais com isso. E ainda salvam um bocado de árvores no processo. O lance é que os elefantes de alimentam quase que exclusivamente de grama e capim, e eliminam quase a mesma quantidade. Mas o sistema digestivo desses animais não consegue romper a fibra das folhas, o que significa que suas fezes estão cheinhas de fibras. Assim, chegamos ao seguinte:

Cocô de elefante tem muitas fibras -> fibras são a base para a pasta de papel -> cocô de elefante pode virar papel

Simples, né?

Geórgia Santos

10 coisas que odeio em vocês, os do Twitter – e em mim

Geórgia Santos
21 de junho de 2017

Fiquei umas duas semanas relativamente afastada do Twitter. É impressionante o nosso poder de não evoluir em duas semanas. E falo de mim, de ti e de vocês, que continuaram no Twitter. Hoje foi a primeira vez em 15 dias que parei efetivamente para ler o que as pessoas estão a dizer no infame microblog e descobri dez coisas que odeio em vocês, os do Twitter – e em mim, claro

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1. Somos malvados

Já perceberam a facilidade que temos pra xingar alguém com base em 140 caracteres? E a gente acha bonito. Retuita e curte e comenta e xinga e fala da bunda daquela, da celulite daquela outra, fulano é ladrão, sicrano é assassino, vai estudar, vai se enxergar, tu não sabe nada, sua ridícula.

2. Somos desonestos intelectualmente

Todo mundo tem uma agenda e não tem nada de errado com isso. Vou escrever e retuitar o que me interessa e colocar as coisas nos meus termos. O problema é quando a gente fala algo sabendo que não é verdade, especialmente quando temos grande audiências. Só um exemplinho de hoje: o deputado estadual Marcel Van Hattem (PP) disse que a repórter Vitória Famer, da Rádio Guaíba, é uma “militante de esquerda radical” e disse que ela tem “postura de militante de extrema esquerda”. Nem vou entrar no mérito da competência da Vitória porque não precisa, mas o deputado Van Hattem é um cara informado e familiarizado com a Ciência Política, até onde sei. Sendo assim, ele sabe que nem a Vera Guasso é extrema esquerda e, mesmo assim, coloca esse rótulo em uma repórter que simplesmente falou algo que ele não gostou. Porque cola com o público dele, pronto. Temos dois problemas aí: ele está atingindo a integridade do trabalho de uma repórter e está fazendo isso com uma afirmação que ele sabe que é não é verdade. E a verdade é que a gente tem uma tendenciazinha a fazer isso com nossas coisas, também. A menos que eu esteja superestimando as pessoas.

PS.: a desonestidade intelectual do deputado acometeu muitos dos seus seguidores, que passaram a atacar a repórter de várias maneiras nas redes sociais. Não estou dizendo que foi a gênese, mas é parte de um fenômeno bizarro. 

3. Somos obcecados com a dupla Grenal

Eu sou gremista, torço, choro, sofro e todo o pacote. Falo de Grêmio, corneteio o colorado e tudo o mais, mas a gente é obcecado. Hoje teve a tal da coluna pedindo pra parar com a corneta, o que foi ridículo. Mas é motivo pra passar o DIA INTEIRO FALANDO DISSO?

4. Somos cegos politicamente

Não precisa de explicação, né? É nosso, é lindo. É deles, é feio. Essa é nossa base política.

5. Não temos senso de humor

Assim como xingamos a galera rapidinho, nos ofendemos com QUALQUER COISA com a mesma velocidade. E não, não estou falando de preconceito, assédio, agressão verbal etc. Estou falando de escrever uma cornetinha, fazer uma piadinha e receber MIL replies de pessoas que precisam de umas 12 horas de sono. É muito ressentimento, muita desconfiança. Por exemplo, meu marido é comentarista esportivo, e no Twitter, QUALQUER coisa que ele diga tem o objetivo de DESTRUIR Grêmio ou Inter (voltando ao ontem 3). Sério mesmo?

6. Juramos ser especialistas

Desse aqui sou culpada até o pescoço. Temos uma necessidade IMPRESSIONANTE  de comentar todo e qualquer evento que aconteça na Via Láctea e juramos ser especialistas de absolutamente tudo. A gente tem certeza que tem as respostas certas e soluções para todos os males do mundo. Preguiiiiiça.

7. Somos preconceituosos

A todo instante é possível ler algum tuíte em que alguém fala mal de gays, estrangeiros, refugiados, mulheres, negros, pobres, ricos, petistas, tucanos, de direita, de esquerda, disso, daquilo. E quando paramos pra pensar, há nenhuma lógica por trás do preconceito puro e simples. É normal ter receio com o desconhecido, afinal, não conhecemos. Mas a quantidade de discursos inflamados sobre o desconhecido é assustadora. A quantidade de discursos inflamados contra a pura e simples existência de determinadas pessoas é desoladora.

8. Somos provincianos

É impressionante como somos atrasados, simples assim. A impressão que dá é que ficamos andando em círculos. Vocês se deram conta que, de uma forma ou outra, ainda rivalizamos sobre a Revolução Farroupilha? Sem falar nesse papo de somos melhores em tudo.

9. Não conseguimos mudar de assunto

É sempre a mesma coisa.

10. Odiamos demais

Quer prova maior do que eu fazer uma lista sobre o que odeio?

 

ECOO

Substituindo – Sacolas plásticas por sacolas de pano

Geórgia Santos
18 de junho de 2017

Quando a gente fala em adotar hábitos mais sustentáveis, de imediato imaginamos imensos sacrifícios. Coisas caras, gastos em excesso, investimentos que a gente simplesmente não tem como bancar.

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A verdade é que alguns hábitos não são apenas simples de adotar, são baratos e economizam dinheiro e o planeta.

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A melhor maneira de começar a fazer isso é substituir aquela sacola plástica de supermercado por sacolas de pano – ou outro material, desde que seja grande e possa ser reutilizado. Pode ser até uma bolsa de palha. Tá super na moda e é sustentável, um belo combo. Aquilo que nona chamava de sporta, mesmo =)

É muito simples: é só deixar algumas sacolas de pano no porta-malas e levá-las pra o mercado na hora de fazer as compras do mês ou qualquer outra. Se não dirige, não é problema. Eu não tenho carro e sempre que vou ao mercado levo minha sacola de pano dentro da mochila ou da bolsa e pronto, tá resolvido o problema.

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Impacto das sacolas plásticas ao meio ambiente

Parece bobagem, afinal, que tanto impacto uma sacolinha pode causar? Uma sacolinha, pouco, o problema é que se estima que cada pessoa use 25 mil sacolas plásticas ao longo da vida. Pra se ter uma ideia, OITO MILHÕES DE TONELADAS vão parar nos oceanos todos os anos. Só os brasileiros consomem um milhão e meio de sacolas plásticas POR HORA.

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Agora junta tudo isso ao fato de que o plástico leva 400 anos para se decompor. Temos um problema

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Como lidar com o problema?

É complicado, óbvio. Primeiro porque não existe substituto perfeito. Há duas alternativas: 1) Sacola reutilizável, que é o que proponho aqui. Ainda assim, uma sacola de pano tem de ser usada mais de cem vezes para compensar a troca, mas é um começo se a pessoa não jogar fora a sacola de pano, né; 2) Sacolas biodegradáveis ou compostáveis. As primeiras se deterioram no meio ambiente e as segundas podem ser recicladas por indústrias especializadas.

Com relação a políticas públicas, observa-se dois movimentos. O primeiro é a taxação, em que as sacolas plásticas não são distribuídas gratuitamente, fazendo com que o consumidor seja estimulado a levar sua sacola reutilizável. O segundo é o banimento completo de sacolas que não são biodegradáveis. A Itália foi o primeiro país a aderir a essa medida, ainda em 2011. Aqui no Brasil, o Ministério do Meio Ambiente tem um programa chamado Saco é um Saco, que trabalha com a conscientização para o uso de sacolas plásticas.

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Aqui tem uma lista de como os países lidam com o problema, se aplicando multas, taxação ou banimento.

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E aí, tá afim de substituir?

Tão série

Arrested Development está de volta (em 2018)

Geórgia Santos
18 de junho de 2017

Nesta semana visitei Balboa (a ilha e a península), na Califórnia. O lance é que não tem como não lembrar de Arrested Development ao ver essa placa, pois é lá que grande parte da série se passa.

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Mas o lance mais lance, mesmo, é que o serviço de streaming Netflix confirmou a tão esperada quinta temporada da série para 2018 e para nooooooooossa alegria. O retorno desse (já) clássico da TV americana mantém o estilo e o formato, já que o criador original, Mitchell Hurwitz, está de volta. Além disso, o elenco regular é exatamente o mesmo das temporadas anteriores.

Arrested Development gira em torno de Michael Bluth (Jason Bateman) e sua (mais do que) excêntrica família. Ele é o primogênito de George Bluth Sr. (Jeffrey Tambor), notório por fraudar absolutamente tudo o que é possível em seus empreendimentos imobiliários e ser preso já no primeiro capítulo, e Lucille (Jessica Walter), uma socialite egocentrica e péssima mãe que oscila entre ser superprotetora e super negligente. Michael ainda é pai solteiro e cria, sozinho, o filho George-Michael (Michael Cera). Sim, o nome dele é esse.

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O desafio desse cara é manter os negócios funcionando após a prisão do pai e tentar impedir que a família mimada gaste o que eles já não tem.

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Após as contas da família e da empresa serem congeladas, ele percebe o quanto seus estranhos irmãos George Oscar Bluth II (Will Arnett), Buster Bluth (Tony Hale) e a irmã Lindsay Funke (Portia de Rossi) gastam. Sem contar no bizarro cunhado, Tobias (David Cross) que teve sua licença de psiquiatra cassada e agora persegue carreira no teatro (e toma banho de short jeans). Os dois tem uma filha, Maeby (Alia Shawkat) – que em inglês soa como Talvez.

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“Foi indicada a 25 Emmy Awards e venceu seis, aclamada pela crítica”

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Originalmente, Arrested Development foi ao ar por três temporadas na Fox, entre 2004-2006. Apesar de nunca ter alcançado grandes índices de audiência, a série se tornou referência como uma das melhores de todos os tempos. Tanto que foi indicada a 25 Emmy Awards e venceu seis, aclamada pela crítica. Hoje é uma das queridinhas do público cult, tanto que a Netflix resolveu contratar o elenco para uma quarta temporada em 2013. E agora, cá estamos no aguardo da próxima etapa.

Em um comunicado no mês passado, Hurwitz disse que “em conversas com executivos da Netflix, nós todos sentimos que histórias sobre uma família narcisista e de comportamento errático no ramo imobiliário – e seus desesperados abusos de poder – não são representadas adequadamente na TV”, em uma clara e cômica referência à família Trump.

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“Eu sou tão agradecido a eles por esse sonho se tornar realidade e poder trazer os Bluths de volta à vida, George Sr., Lucille e as crianças; Michael, Ivanka, Don Jr., Eric, George-Michael, e quem eu estou esquecendo? Ah, Tiffany. Eu disse Tiffany?”

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Se ainda não viu Arrested Development, todas as temporadas estão disponíveis na Netflix.

Tão série

House of Cards está de volta

Geórgia Santos
3 de junho de 2017

“I will not yield”

Frank Underwood, House of Cards

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“Eu não vou ceder!” É assim que Frank Underwood (Kevin Spacey) começa a quinta temporada de House of Cards, determinado a continuar sentado no Salão Oval da Casa Branca. Custe o que custar, é claro.

A série não está apenas na minha lista das melhores séries da vida mas também aparece como uma das melhores produções de todos os tempos segundo as revistas Time e Rolling Stone, por exemplo. E para alegria de todos e felicidade geral da nação (escolha a sua), o MEU malvado favorito está de volta. E eu diria mais sociopata do que nunca, mas a verdade é que está sombrio como sempre.

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Os novos episódios já estão disponíveis na Netflix. E haja retina para aguentar tantas horas em frente à tela, sem piscar. Porque é exatamente o que eu tenho feito nos últimos dias.

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House of Cards pode parecer inofensiva diante da realidade, seja ela Temer ou Trump. Afinal, o que os roteiristas podem inventar que seja surreal o suficiente para prender nossa atenção e, ao mesmo tempo, não reproduzir manchetes dos jornais que lemos todos os dias? Mas eu não apostaria nisso.

É verdade que há similaridades com o que tem acontecido no mundo – você vai ver como Frank pretende lidar com estrangeiros –, mas não são intencionais (a série foi gravada antes de Trump assumir) e o dark place de House of Cards está mais escuro do que nunca. Sem contar que, na minha opinião, basear críticas negativas à essa temporada porque “a realidade a torna sem relevância” é risível. Por pior que Trump seja, não parece que assassinatos sejam rotina. Variety diz que a série “ganha pontos pela relevância mas se arrasta com um interminável e aterrorizante cinismo – como se já não tivéssemos o suficiente disso”. Ou seja, até ano passado a série era incrível porque era provocadora e agora deixou de ser interessante porque temos cinismo o suficiente na vida real? Fala sério.

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Não acho que seja o melhor momento da série, mas é interessante, atraente e traz a tensão, o absurdo (espero) e as belíssimas atuações de Spacey e Wright, exatamente como as temporadas anteriores.

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A quinta temporada começa de onde parou, Frank e Claire (Robin Wright) disputam a presidência dos Estados Unidos como companheiros de chapa contra o republicano Will Conway (Joel Kinnaman), herói de guerra e governador de Nova York. Enquanto isso, o país sofre com a instabilidade na iminência de uma guerra após um cidadão americano ser decapitado por terroristas domésticos (quarta temporada).

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E Frank está adorando e aproveitando a situação para levar o pânico xenófobo ao limite. Ele se alimenta do medo. Ele gera o medo.

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Com essa tática, Underwood espera provar que ainda é o homem mais poderoso e necessário do mundo, vencer as eleições e desviar a atenção de jornalistas e inimigos políticos que estão perto de descobrir alguns – somente alguns – de seus desvios. A série ainda traz as tramas paralelas que envolvem a sexualidade de Frank e o estranho arranjo que ele fez com Claire e seu amante; dúvidas, vazamentos, traições e, claro, assassinatos.

Então não, não concordo com as críticas de que a série perdeu o seu mojo graças à aterrorizante realidade. Isso sim é cinismo.

E como diria Underwood no final do primeiro episódio:

“You have nothing to be afraid of”

“Você não tem nada pelo que temer”