Após um novembro marcado por manifestações e campanhas de combate à violência contra a mulher, começamos dezembro com a repercussão de diversas denúncias de assédio moral e sexual envolvendo o humorista e ex-diretor da TV Globo Marcius Melhem. O ator reconhece ter sido “um homem tóxico”, mas nega as acusações de violência sexual.
LÓGICA PERVERSA
Infelizmente, acusações de assédio e de outros tipos de violência contra a mulher em geral têm uma característica bastante perversa. Inverte-se o jogo e o relato da assediada é que necessita de provas, duvidando-se da veracidade de testemunhos e questionando-se o comportamento feminino.
INCISIVA
Refletindo a respeito do assunto, lembrei da leitura recente que fiz do livro de crônicas/contos Aqui Dentro, de Nathallia Protazio. No texto “Incisiva”, a escritora relata a história de uma mulher que vê-se obrigada a receber, à noite sozinha em casa, um ex. Este homem, alcoolizado, faz chantagens para dormir na casa da protagonista. Ela, exausta, cede, mesmo com medo. Enquanto seu assediador está na sala do apartamento, a personagem permanece no quarto, onde começa a fazer digressões sobre o que pode acontecer a seguir:
“Transformá-lo em criminoso me transformava em vítima e eu não queria ser vítima de nada. Ou pior, vítima-cúmplice, afinal, fui eu quem abriu a porta. Sem querer assumir a verdade que eu estava, sim, sendo uma vítima e sem encontrar uma forma de sair daquela situação, à beira do desespero psicológico eu chorei.”
VIOLÊNCIA DIÁRIA
Sabemos que a situação vivida pela personagem criada pela escritora Nathallia Protazio no texto “Incisiva” está longe de ser uma fantasia. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam que 45% das mulheres em situação de violência são agredidas diariamente. Em média, a cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil.
No texto-título de sua obra, “Aqui Dentro”, Nathalia Protazio alerta para os inúmeros problemas enfrentados pelas mulheres:
“Cansada de amar o fato de ser mulher e viver num mundo contrário a isso. Todo mundo já enjoou de ouvir falar em como tudo é injusto. Feminismo. Machismo. Tudo que está errado. Salário mais baixo; mais títulos e menos carreira; violência doméstica; descaso governamental e preconceito institucional. A gente não pode se maquiar e colocar uma saia sem se lembrar que nascemos no planeta errado, e ainda tentam nos fazer acreditar que o que tá errado é o nosso gênero.”
Mas como Nathalia anuncia, no início do texto ‘Aqui Dentro”: “Amanhã eu amanheço e renasço.”
Que tenhamos força para renascer, seguir resistindo (e tendo coragem para denunciar abusadores da vida real).
SOBRE A AUTORA E O LIVRO:
Nathallia Protazio é pernambucana, farmacêutica e escritora. Já morou em muitos lugares, incluindo São Paulo e Lausanne, Suíça. Hoje vive em Porto Alegre/RS, onde acaba de lançar o título Aqui Dentro, na coleção de bolso “A voz da Ancestralidade” pela Editora Venas Abiertas. O livro está disponível pelo Instagram da autora: @nathalliaprotazio.
Pois que para tudo há um propósito, alguém me disse
E travestida de ilusões
Pude então seguir.
O texto acima é de autoria de Dani Espíndola e integra o recém-lançado e-book Tanto fiz que deu poema, lançamento independente que pode ser baixado gratuitamente. A escrita surgiu de forma intensa na vida da autora depois de ser diagnosticada com Covid-19, no início da quarentena no Brasil, como relatei na coluna Voos Literários em 15 de agosto de 2020. No total, o livro tem 30 poemas, acompanhados de uma seleção de obras de arte que “conversam” com a escrita da autora.
UM MERGULHO NA POESIA E NAS ARTES VISUAIS
No poema Existência?, por exemplo, a obra escolhida pela autora é Retrato de Maude Abrantes, do artista italiano (radicado na França) Amedeo Modigliani. Pois o quadro em questão é de 1908, porém só uns 100 anos depois é que especialistas descobriram que o pintor havia usado a mesma tela para, anteriormente, pintar uma mulher nua, de chapéu. O curioso é que Modigliani não apenas fez outro retrato por cima, ele virou a tela de cabeça para baixo. Como se quisesse, talvez, mudar seu ponto de vista a respeito daquela figura feminina, que se tornaria uma de suas obras mais famosas. Descobri essa curiosidade na pesquisa para escrever o post e não sei se Dani Espíndola sabia dessa história ao escolher justamente esta pintura do artista plástico.
Ao acabar a leitura do livro, concluo que este acaba sendo mais um mérito de Tanto fiz que deu poema. Além de nos ofertar (gratuitamente) poesia de qualidade, a autora ainda instiga o leitor a querer saber mais sobre o mundo das artes visuais, no jogo de procurar entender o nexo entre texto e imagem.
O livro Tanto fiz que deu poema pode ser baixado aqui.
Por que devemos valorizar a literatura escrita por mulheres? Os motivos são inúmeros, mas podemos citar o simples fato de que livros de autoria masculina são consumidos por ambos os gêneros, enquanto as obras criadas por mulheres acabam sendo lidas apenas pelo sexo feminino. Uma espécie de misoginia literária, como se as mulheres não tivessem a capacidade de criar um conteúdo profundo e interessante o suficiente para agradar a exigência masculina. Outra razão, essa muito mais cruel e assustadora, é o fato da violência contra a mulher ter crescido muito, em nível mundial, nesse período de pandemia e isolamento social. Muitos homens seguem vendo suas parceiras como sua propriedade e não como seres humanos autônomos, independentes e protagonistas de suas histórias.
ENTREVISTADA QUE FOI ALÉM
Todas essas reflexões passaram pela minha cabeça enquanto entrevistava a pesquisadora e escritora Lélia Almeida na semana passada. Enquanto eu me limitava a fazer perguntas diretas a respeito da personagem Maria Valéria, de O Tempo e o Vento, Lélia ia além. A escritora fez reflexões sobre o quanto uma personagem feminina tem limitações ao ser escrita por um homem, por mais talentoso que Erico Verissimo fosse. E incluiu em suas respostas muitas informações relevantes sobre a literatura feita por mulheres e pontuou o fato de manter, há anos, um grupo permanente de estudos de literatura de mulheres. O resultado vocês conferem abaixo, na segunda parte da entrevista com a escritora.
VOOS LITERÁRIOS ENTREVISTA LÉLIA ALMEIDA
Escritoras mulheres como foco de interesse
“Faço há cerca de 30 anos um trabalho de leitura de mulheres e acabei sendo ‘alfabetizada’ nesse sentido. De ler obras sem o ponto de vista dos homens. Com o passar do tempo, fui me distanciando da pesquisa que fiz sobre O Tempo e o Vento, a ponto de chegar a recusar uma oficina que faria usando como ponto de partida as personagens femininas do livro de Erico Verissimo. Acabei indo por outros caminhos, então esse trabalho não me diz mais respeito.”
Crítica feminista
“Os primeiros estudos da crítica feminista trabalham com dois caminhos: um deles é analisar como as personagens femininas são representadas pelos homens. O outro caminho é a escrita das mulheres. Nesse sentido, acredito que exista uma limitação quando se lê personagens como a Maria Valéria, por ser uma figura feminina escrita por um homem. Apesar de que Erico Verissimo, talvez de forma até inconsciente, tenha conseguido captar algo diferente nessa personagem e colocado nela elementos fora do convencional, ao apresentar uma mulher que não casou mas tem autoridade dentro do enredo.”
Mulher só, mulher maldita
“No grupo permanente de estudo de literatura de mulheres que mantenho, já estudamos a figura da solteirona. Essa personagem meio maldita, socialmente amaldiçoada, que não tem a proteção do pai e nem de um marido, como é o caso das heroínas góticas. São grandes personagens, cheios de pulsões, sentimentos e contradições. A figura da mulher só é interessante, pois ela se nega a cumprir determinações sociais, como ser esposa e mãe.”
O mito do amor romântico
“Toda a cultura feminina tradicional está baseada no mito do amor romântico. Essa ilusão provoca prejuízos às mulheres até hoje. A gente vê casos de mulheres muito empoderadas que se deixam abalar por uma rejeição masculina. Acredito que substituímos algumas armadilhas por outras. Antes havia a obrigação da virgindade, de casar de branco, de ter determinado número de filhos. Hoje, existe a obrigatoriedade do parto natural, da doula, da amamentação. As mulheres sempre acabam envolvidas por regras que ditam como elas devem viver e se comportar.”
Sexualidade feminina
“Outro erro atual, na minha visão, é reduzir a sexualidade feminina à questão da violência. Enfrento muitas críticas quando falo isso, mas seguirei defendendo essa ideia. A minha geração [a escritora nasceu em 1962] brigou pela expressão da sexualidade tanto na literatura quanto na vida, pelo direito da mulher sentir prazer na experiência da sensualidade. A sexualidade é muito maior e mais abrangente do que apenas a violência, a vitimização e a cultura do estupro.”
Relações virtuais
“As relações por aplicativos e pela Internet também afetam as mulheres de uma forma que me surpreende. Vejo alunas minhas, na faixa dos 40 anos, fazendo confidências que vi em mulheres da geração anterior à minha. Todas com muitas dúvidas e inseguranças, temos muito o que avançar nesse sentido.”
Pelo direito de não ser mãe
“Uma das vertentes na literatura escrita por mulheres são obras que buscam garantir a possibilidade das mulheres não serem mães. Uma dessas autoras é a chilena Lina Meruane [autora da obra Contra os Filhos, um ensaio que questiona os modelos de maternidade e família]. Nessa obra, Lina cita diversas escritoras que foram contra a maternidade, como Virginia Woolf.
Cuidar dos outros ou de si?
“Para além da questão da maternidade, o que está impregnado nas mulheres é a cultura do cuidar do outro contra o cuidar de si mesma. O cuidar é sempre feminino. O problema é que em geral as mulheres esquecem de olhar para suas vontades ao se dedicarem aos cuidados e vontades de outras pessoas.”
Meninas más
“As mulheres não são sempre boazinhas na vida real. Por isso, admiro escritoras que saem desse padrão estereotipado. A espanhola Carmen Martín Gaite aborda no artigo La Chica Rara, no livro Desde La Ventana, as meninas más. Já a argentina Silvina Ocampo usa o termo “menina terrível” na antologia Cuentos de la nena terrible.
Preconceito literário
“Temos casos clássicos de mulheres transgressoras na literatura que acabam morrendo no final do enredo ou sofrendo grandes punições. Uma delas é Madame Bovary. Assim como a representação da loucura. Nos homens, é algo genial. Nas mulheres, sempre é apresentada de forma negativa. Tudo isso é estudado fartamente pela crítica feminista. Por isso, precisamos ler mulheres. Mas devemos ficar atentos, pesquisar e dar preferência para escritoras que não sejam machistas, que pactuam e reproduzem o discurso vigente. Outra barreira a ser rompida é a dos leitores homens. Por mais inteligentes e evoluídos que pareçam, dificilmente são leitores de obras escritas por mulheres.”
Como as mulheres estão presentes na mídia? Foi para ter uma resposta para essa pergunta que comecei uma pesquisa em busca de trabalhos que retratem como a mulher aparece na imprensa. Trabalho com produção diária de notícias há quase 10 anos (eita!) e foi somente nos últimos dois que comecei a questionar a presença de mulheres como FONTE de informação.
A prevalência masculina nas agendas jornalísticas nem precisa de pesquisa para ser comprovada. Você, amigo jornalista, faça um teste. Pense em uma fonte para falar sobre o discurso do presidente Jair Bolsonaro nas relações internacionais do governo, por exemplo. Se o primeiro nome que veio a sua mente foi um nome feminino, parabéns! É de gente como você que a difusão de conhecimento precisa.
As mulheres são maioria em todos os níveis de ensino e nas bolsas de iniciação científica e mestrado do CNPq. Olhando os dados do próprio CNPq e do Inep percebi que as mulheres representam 57% do público nos cursos de graduação, 55% dos cursos de iniciação científica, 52% dos programas de mestrado e 50% no doutorado. A curva começa a inverter quando o caminho traçado é a docência.
Apesar de serem minoria durante todo o caminho acadêmico, os homens chegam à docência universitária e têm o reconhecimento à pesquisa em menos tempo. Eles lideram 53% dos grupos de pesquisa. Cinquenta e quatro por cento dos professores universitários são homens e 64% das bolsas de produtividade em pesquisa são destinadas aos homens.
Em 2018 eles chegaram ao topo da vida acadêmica aos 50 anos. Elas, aos 55. E a maternidade é apontada como uma das causas do “atraso”. Há uns dois anos, produzindo uma reportagem para retratar o número cada vez maior de mulheres que não queriam ter filhos no Brasil, conversei com a presidente da ONG Artemis, Raquel Marques. Se quiser ouvir a reportagem, ela está aqui
Depois de uma longa conversa sobre os fatores que levam as mulheres e quererem menos filhos, ela me fez refletir sobre algo que, apesar de óbvio, ainda não tinha aparecido no meu raciocínio. Raquel disse que, normalmente, o ápice profissional das mulheres coincide com o limite biológico para gerar filhos. É que muitas de nós, aos 40 anos, estamos com a seguinte pergunta em mente: “ser a teta das galáxias na minha área ou desacelerar e ter um filho?”
Se a resposta for a primeira, você vai ser julgada como insensível e irresponsável. A Previdência precisa de seus úteros, meninas! Se você escolher a segunda opção, prepare-se. Quando você voltar ao trabalho, precisará concorrer com o seu colega que, na mesma idade que você, não terá que “deixar o trabalho” eventualmente para cuidar da cria. Ah, sim…mesmo que ele seja pai.
É por esse motivo que muitas mulheres são “esquecidas” em suas áreas de trabalho. A ideia de conhecimento foi social e culturalmente ligada ao gênero masculino. É por isso que as agendas jornalísticas (onde estão as fontes para qualquer assunto) são predominantemente masculinas. Tem dúvida? Então olha só esse estudo feito pelo Global Media Monitoring Project (GMMP), em 2015. O Grupo de Monitoramento Global da Mídia (ufa!) analisou 22.136 relatos transmitidos jornalistas de 2.030 veículos de comunicação em 114 países. É o estudo mundial desse tipo mais recente. O resultado:
somente 24% das matérias de rádio, TV ou jornal de 2015 contaram com mulheres como fontes;
quando o assunto foi política ou economia, as mulheres representaram apenas 16% das fontes;
apenas 35% das notas informativas ou programas diários de televisão retrataram mulheres em 2015;
a seleção das fontes para o jornalismo em 2015 se concentrou nos homens. O estudo mostra que a escolha é inclinada à masculinidade ao selecionar personagens e fontes para opinião “especializada” e “testemunhos comuns”;
as mulheres mostram suas opiniões em três casos: como mães/donas de casa (13%), quando são apenas moradoras de uma localidade (22%) ou quando são descritas como estudantes (17%);
somente 4% das matérias produzidas em 2015 questionaram os estereótipos de gênero;
a proporção de mulheres noticiando fatos ficou muito abaixo da paridade nas editorias de política e economia. Somente 31% das notícias que abordam política e 39% das que falam de economia foram produzidas por mulheres;
nos noticiários de televisão, as mulheres predominam quando jovens e, conforme a idade aumenta, elas são substituídas por homens. Na faixa dos 65 anos, as mulheres desaparecem totalmente da ancoragem e da reportagem. Os homens continuam.
O estudo, como podem imaginar, é bem mais complexo e proporciona uma série de outros cruzamentos. Se você ficou curioso pode clicar nesse link e ver o levantamento na íntegra. O original é em inglês, mas existe uma versão em espanhol também.
Para contribuir com a discussão, deixo aqui um site que tenho usado muito como referência quando estou buscando uma fonte para falar de determinado assunto. É uma lista organizada por cientistas sociais, comunicadoras, historiadoras e filósofas para mostrar que #MulheresTambémSabem. O banco de dados é super acessível e colaborativo. Ele contém o nome de professoras, pesquisadoras e profissionais especialistas em uma variedade de áreas das Ciências Sociais, Sociais Aplicadas e Humanidades.
Conceição Evaristo ganhou um prêmio literário. E isso é simplesmente maravilhoso
Flávia Cunha
3 de abril de 2018
Recentemente, a escritora mineira Conceição Evaristo foi eleita na categoria Destaque do prêmio Bravo de literatura. Porque o fato chama a atenção? Além da qualidade indiscutível do seu trabalho na área literária, ela é militante do movimento negro e a gente sabe que se já é difícil para mulheres em geral terem o respeito no meio literário, imagine ainda ter de enfrentar o racismo estrutural existente no Brasil. No discurso durante a premiação, Conceição Evaristo destacou que aquele prêmio era importante não apenas para ela, mas para todas as mulheres, especialmente as negras.
Nascida em uma favela em Belo Horizonte, conciliou os estudos com o trabalho de empregada doméstica. Depois, se mudou para o Rio de Janeiro, onde se formou em Letras, com mestrado e doutorado na área de Literatura. Na década de 1990, teve suas primeiras obras publicadas.
Para homenagear essa baita escritora, escolhi um texto em que ela faz referência a outras duas autoras: Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus, que escreveu o livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada.
Clarice no quarto de despejo
No meio do dia
Clarice entreabre o quarto de despejo
pela fresta percebe uma mulher.
Onde estiveste à noite, Carolina?
Macabeando minhas agonias, Clarice.
Um amargor pra além da fome e do frio,
Da bica e da boca em sua secura.
De mim, escrevo não só a penúria do pão,
cravo no lixo da vida, o desespero,
uma gastura de não caber no peito,
e nem no papel.
Mas, ninguém me lê, Clarice,
Para além do resto.
Ninguém decifra em mim
a única escassez da qual não padeço,
– a solidão –
E ajustando o seu par de luvas claríssimas
Clarice futuca um imaginário lixo
e pensa para Carolina:
– a casa poderia ser ao menos de alvenaria –
E anseia ser Bitita inventando um diário:
páginas de jejum e de saciedade sobejam,
a fome nem em pedaços
alimenta a escrita clariciana.
Clarice no quarto de despejo
lê a outra, lê Carolina,
a que na cópia das palavras,
faz de si a própria inventiva.
Clarice lê :
– despejo e desejos
Conceição Evaristo também será homenageada em Porto Alegre, durante a FestiPoa Literária. O objetivo é chamar a atenção para a produção literária das mulheres, em especial das mulheres negras. A abertura vai ser dia 2 de maio, no Salão de Atos da UFRGS, com entrada franca. Mais detalhes aqui.