Nesta semana, o diploma. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em uma cerimônia que foi especialmente emocionante para o petista, que compartilhou o diploma com todos aqueles que defendem a democracia.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, muito aplaudido, reafirmou o compromisso do tribunal com a proteção do sistema democrático e garantiu, sem mensagens subliminares ou meias palavras, que não haverá anistia para golpistas. “Essa diplomação atesta a vitória plena e incontestável da Democracia e do Estado de Direito contra os ataques antidemocráticos, contra a desinformação e contra o discurso de ódio proferidos por diversos grupos organizados que, já identificados, garanto serão integralmente responsabilizados”, disse o ministro Moraes.
Durante a tarde, quando ocorreu a diplomação de Lula, havia meia dúzia de gatos pingados uniformizados insistindo no golpe. Nada demais. Mas à noite, viu-se outra coisa nas ruas de Brasília: bolsonaristas radicais tentaram invadir a sede da Polícia Federal (PF) e atearam fogo em ônibus e carros particulares.
Até o momento em que esse podcast foi gravado, não há informações sobre prisões. Tampouco de alguma ação por parte do poder público federal para conter os atos golpistas. O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, diz que todos serão responsabilizados.
A apresentação é de Geórgia Santos. Participam Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no Spotify, Itunes e Castbox.
OUÇA Bendita Sois Vós #5 Como lidar com as Fake News?
Geórgia Santos
21 de outubro de 2018
No quinto episódio do podcast Bendita Sois Vós, Geórgia Santos conversa com os jornalistas Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol sobre o problema das Fake News.
Evelin Argenta entrevista Luiz Fernando Martin Castro, membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil e do Conselho Consultivo do TSE para acompanhar o processo eleitoral.
Confira também uma entrevista com o sociólogo Rogério Barbosa, do projeto Brasil Em Dados, que mostra, por meio de uma série de indicadores, as melhores que a democracia trouxe para o Brasil.
No quadro Sobre Nós, Raquel Grabauska traz Instruções para Esquivar o Mau Tempo, de Paco Urondo.
O governo Michel Temer é um cadáver que não apodrece
Igor Natusch
31 de maio de 2017
er Campanato/Agência Brasil
O governo Michel Temer tenta brincar de Lázaro. Esteve imensamente morto, logo depois da devastadora gravação de sua conversa com Joesley Batista, e continua bastante morto desde então – afinal, não conseguiu sair da defensiva, passa os seus dias a rebater acusações e demonstra fragilidade absoluta no trato com o Congresso, sendo incapaz de evitar que os agregados discutam a partilha do espólio, mesmo antes do capitão dar o grito de abandonar o navio. O país está paralisado, a economia definha, as instituições funcionam com a harmonia e a fluidez de um moedor de carne enferrujado.
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Ainda assim, está se dando com o cadavérico governo Temer um estranho fenômeno: ao mesmo tempo que decompõe-se de forma visível, suas feições ganham uma cor mais viva, sua aparência dá ligeiros sinais de melhora, a carcaça esquenta ao invés de esfriar. Enquanto morre, dá sinais de que pode reviver. Como explicar tal coisa?
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Na verdade, quem enxerga esses tempos de incerteza em termos de Michel Temer está visualizando apenas uma parcela do todo. Ninguém quer realmente que Temer sobreviva politicamente, possivelmente nem ele próprio: a batalha é para manter vivo um grupo político, que se alastra por alguns partidos, e que chegou a poder menos por estratégia e muito mais por senso de oportunidade. Ter o poder é ter dívidas caras a pagar e pouca margem para perdões ou parcelamentos. Basta olhar para Lula e Dilma para entender o peso dessa afirmação.
Michel Temer e sua entourage chegaram ao Planalto assumindo uma tarefa clara: estabilizar a economia e entregar as reformas encomendadas não apenas pelo sistema financeiro, mas pelo alto empresariado e pelos barões do agronegócio, entre outros. Atingir essa meta é mais do que uma prerrogativa do atual governo: é um dever inalienável para qualquer um desse grupo que deseje ter futuro na política.
Como se vê, a dificuldade para cumprir a missão é cada vez maior. E os recentes acontecimentos não ajudaram muito um presidente que, antes dos áudios, já tinha uma popularidade ridícula e necessitava rastejar diante de deputados para aprovar, mesmo nas primeiras votações, suas polêmicas iniciativas.
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Em meio a essas duas urgências – a de salvar o projeto delineado e também o próprio pescoço – a conta que Michel Temer e seus aliados fiéis fazem é em termos de calendário. Cada dia que passa é um pequeno respiro, um passo de bebê para fora da área de tempestade.
Na panela de pressão que cozinha o ex-vice, a esperança de seus parceiros é que o gás do fogão acabe antes que a carne esteja no ponto para servir. É uma engenharia difícil, mas não inviável – ainda mais em um cenário onde vários setores tentam diminuir a intensidade do fogo, e os grupos capazes de colocar mais chamas em ação ainda buscam a melhor maneira de acender os fósforos. A briga mais importante está ali, no entorno do fogão. É para lá que me parece mais conveniente olhar.