Nós US

A renda ficou muito cara

Sacha
4 de abril de 2018

A inflação é uma praga que atinge não só o bolso do brasileiro. A crise que se passou em 2008 não deixou um canto do mundo livre de seus efeitos, mais tarde ou mais cedo. Depois de uma queda meteórica no mercado imobiliário no Ocidente, os preços têm voltado a níveis insustentáveis nas zonas de maior atividade econômica. Nos Estados Unidos hoje, em nada se nota tanto os efeitos da crise como na moradia.

Uma década perdida

Se está caro arrendar uma casa tanto no Rio de Janeiro quanto em cidades como Vancouver, São Francisco, ou Londres, o que há por trás disso? É preciso começar com a crise de 2008 e os efeitos no mercado financeiro.

Há uma década, a construção era financiada em grande parte por linhas de crédito pedidas aos bancos. Esses mesmos bancos em grande número faliram na crise financeira, levando à cessão da atividade de construtoras. Os bancos que restavam dificultaram o acesso a crédito.

Sem projetos, as construtoras começaram a encerrar ou especializar em projetos de luxo que pudessem pagar as contas. A bola de neve foi descendo durante anos, deixando muitas cidades com uma década inteira (ou mais) de construção perdida.

As populações, entretanto, não esperavam as construtoras recuperarem as condições. Entradas em plena recuperação econômica, essas cidades tornaram-se pólos migratórios sem que tivessem a capacidade de acolher todos que queriam habitá-las.

Não é por acaso que as cidades mais baratas para se viver são as mesmas que têm permitido a construção de capacidade adequada ao crescimento de emprego na última década.

O deslocamento de populações antigas às mãos de recém-vindos com mais dinheiro é o que se tem chamado gentrificação. Algumas cidades, já sentindo essa pressão, tentaram legislar proteções contra o fenômeno. Em cidade alguma isso tem resultado da forma desejada. Em alguns casos, a situação até foi agravada.

Com espaço limitado e pouca ação tomada para deixar lugar para todos, os mais privilegiados ganham. Os preços continuam a subir apesar de qualquer esforço. É o caso de toda a Califórnia, especialmente a área da Baía de São Francisco.

Não há uma causa única

Aqui não há nenhum mistério. O princípio de oferta e procura é bastante simples: quando existe um bem pelo qual há pouca oferta e muita procura, o preço sobe. E os preços subiram muito. As cidades e estados tampouco souberam construir habitação social o suficiente para as necessidades da população. Esta é a base dos males de comprar ou arrendar uma casa hoje em dia.

Isto se aplica tanto em casos extremos como na Espanha, quanto em áreas menos afetadas, como nas cidades da região chamado o Sun Belt (Cinturão do Sol) americano. Mas não explica tudo.

O ponto em comum de toda a explicação é o desejo de controlar e bloquear o crescimento populacional das cidades. Os motivos são vários para bloquear o crescimento. Argumentos superficiais defendem uma melhoria em qualidade de vida ou escolas públicas. Outros são mais discretos. Entre eles é o desejo de preservar o preço imobiliário por esta via artificial. Assim, enriquece-se quem já teve o privilégio de comprar casa no lugar e tempo certo.

As cidades americanas sofrem de um câncer de zoneamento excessivo

Outro fator agravante, eminente na Califórnia, é o zoneamento restritivo das cidades. O zoneamento dita os usos dos edifícios, permitindo a atividade comercial ou industrial, a residência, usos agrícolas e etc. Também dita a forma que podem tomar os edifícios. Isto é, restringe ou não o tamanho dos edifícios e determina se podem ser juntos ao estilo urbano ou somente separados ao estilo suburbano. Usos mistos são raros e frequentemente relegados a diferentes tipos de atividade comercial: torres parcialmente ocupadas por hotéis e escritórios, por exemplo.

Concebido como forma de regular os usos do território de um município, o zoneamento tem sido aplicado para bloquear crescimento de qualquer elemento indesejado nas cidades americanas. As origens do zoneamento remontam à época de integração e o movimento para direitos civis. Esta é a mesma época do processo de fuga dos brancos dos centros das cidades.

O zoneamento começa como uma forma discreta, entre muitas, de restringir o acesso de pessoas negras e outras inúmeras minorias às comunidades preferidas pelos brancos de classe média até alta.

Isto se efetua principalmente por meio de restringir a construção de casas em grande número. Esquece qualquer tipo de construção densa, como apartamentos ou condomínios, onde pessoas menos afortunadas podiam viver.

Uma vez designada uma área atrativa para se viver, ordenanças e ação civil completam o processo de negar a concessão de casas às minorias indesejadas. Chegou a tal ponto na Califórnia que algumas cidades sequer permitiram licenças para a construção de mais do que uma dúzia de casas novas durante a última década, enquanto a crise imobiliária se agravou nas suas respectivas áreas metropolitanas.

Uma nova política emergente quer corrigir esta falha

Nos últimos anos, tem surgido um movimento político que se centra na questão de ter casa para todos. Na legislatura californiana, várias iniciativas ganharam tração nos últimos três anos para facilitar o livramento de mais vivendas. Agora, um projeto-lei pretende forçar os municípios do estado a permitirem tipologias densas em torno de transporte público. Há candidaturas de vereadores em São Francisco focadas em transformar a cidade numa que constrói mais casas para acalmar os preços astronómicos na cidade. Assim se vai espalhando não só pela Califórnia, mas o país inteiro.

Toda a gente já começou a dar-se conta de que a renda está demasiada cara. Agora falta pôr em prática soluções para uma situação uma década atrasada.

Nós US

Trumpism Doesn’t Win Everything

Sacha
15 de novembro de 2017
(pode ler este artigo em português aqui)

Let there be hope for the difficult political times we’re going through. It had seemed that all the rules of the game were turned on their head. The 2017 election, however, showed that politics isn’t (yet) a lost cause.

This month’s elections showed that Trump is not immune to his historically unpopular presidency and the effects it has on his party. In a number of states, Democrats made large gains in local and statewide races. This was especially the case in Virginia, where they have nearly flipped one house of the state legislature—unthinkable leading up to the election.

.

The results were in line with polling expectations

.

Given last year’s losses, however, Democratic supporters were nervous about the possibility of further surprises. Instead, they made gains in friendly states like Virginia and inroads in more difficult places like Georgia, Montana, and South Carolina. Far from retreating further, the party appeared to solidify its position ahead of the 2018 midterm elections.

In Virginia’s governor race, the Republican candidate attempted to use Trump-style media tactics while maintaining a more reasonable profile in campaign rallies. That strategy backfired. If the new rules of the game were supposed to be Trump-style sensationalism at all costs, it appears at least the voters in Virginia didn’t fall for it. For all his flaws, the Democratic candidate managed to win by roughly 9 percentage points.

.

The formula wasn’t a perfect elixir

.

Politics, like most social sciences, is about sussing out trends over time as opposed to one-off revolutions of facts. What we know in American politics is that the president’s party is usually at a disadvantage in midterm and special elections. We also know that how low a president’s approval rating sinks tends to correlate with how well the opposition is poised to do in the next round of elections. As a sort of official testing ground, these elections proved that even in the era of Trump, that holds true.

That a bombastic campaign of populist cliches and scaremongering didn’t manage to succeed on Virginia voters should call into question what exactly made the formula work for Trump. The Republican Party is facing stiff challenges in upcoming elections. Whether it should embrace Trumpism and go full steam ahead on that particular brand of toxic populism, or change course to account for more popular public policy, is now more open a question than ever.

Image: Ben Shafer
Nós US

Importa quem se opõe a Trump

Sacha
25 de outubro de 2017
(you can read this post in English here)

O senador Jeff Flake gerou polêmica quando anunciou que não ia se recandidatar em 2018, com uma mensagem plenamente anti-Trump. A abordagem consolou o establishment republicano pouco confortável com Trump, mas relutante a exprimir isso publicamente. A oposição de Flake a Trump também deixa margem para a esquerda afirmar que o apoio partidário a Trump está fraturando. É cedo, porém, chegar a essas conclusões, por alguns motivos.

.

Quem critica o presidente importa

.

O senador Flake é um dos poucos republicanos no Congresso que se opõem abertamente a Trump, questionando a sua aptidão para o cargo. Por mais que se opusessem a Trump nas primárias, os republicanos têm se unificado em apoio a ele desde a sua nomeação. As diatribes e posições repreensíveis de Trump não têm levantado nenhuma voz republicana contrária em público. O silêncio em torno dos piores comportamentos do presidente tem sido a forma preferida do partido lidar com ele.

Esse silêncio é o fator determinante para a continuidade da administração. Os republicanos convergem na perspectiva de promulgar a sua agenda em virtude de controlar a presidência juntamente com a legislatura. Acreditam, devidamente, que se conseguissem passar legislação, ela seria assinada por Trump. Com a expectativa de que os democratas se oporiam à legislação republicana, nas câmaras de poder, a resistência democrata importa pouco para a sobrevivência da Casa Branca.

.

Os republicanos estão altamente unidos

.

Apoio republicano a Trump, ou falta de oposição, tem sido inabalável desde o início da sessão legislativa. Qualquer oposição ao extremismo de Trump tem encontrado resposta em votos unificados em todos os temas. Sejam nomeações, seja a legislação em si, dissidência republicana tem sido ausente. Com um partido tão qualitativamente unificado, qualquer crítica se destaca.

Destaquemos momentos cruciais em que republicanos votaram em contra de legislação própria, tais como as tentativas de derrubar o ACA. Em cada instância, o desejo republicano de revogar o Affordable Care Act (Lei de Proteção e Cuidado ao Paciente/PPACA em português) foi derrubado por um trio de senadores críticos da legislação, do impacto previsto, ou até do processo de lei mesmo. Esses senadores são mais dispostos a contrariar Trump e manter-se firmes em contra das suas propostas menos populares. Ainda assim, para qualquer tema há, no máximo, seis senadores que bloqueiam a legislação.

.

Vozes críticas da maioria precisam manter o cargo para contar

.

O senador Flake não tem sido, de acordo com o seu histórico de votação, um dos republicanos mais opositores à agenda de Trump. Contudo, em anunciando que não ia se recandidatar, começou a ser mais mordaz com o presidente. Embora votos importem mais como medida qualitativa para o partido da maioria decidir que assuntos são os mais importantes, a agenda é determinada pelo presidente. Por isso, sem se preocupar com muitos votos discordantes, críticas e dissidência por dentro do partido da maioria são tão importantes.

No entanto, para vozes republicanas críticas serem ouvidas e influenciarem a agenda legislativa da administração, é necessário que sejam representadas. É evidente que não se candidatar alivia o peso de fazer campanhas em que as palavras ditas podem ser mal-interpretadas. Flake parece que teria sido um candidato fraco contra candidatos nas primárias e na campanha geral. Outros senadores que decidiram não se recandidatar têm motivos semelhantes, ou bem da saúde.

Contudo, a liberdade de exprimir insatisfação num lugar onde isso implica contrariar a agenda legislativa não devia ser relegada apenas aos que não têm mais a perder politicamente. De cara com o extremismo, o freio mais importante são as vozes dissidentes entre as no poder. Precisamos dessas vozes agora e precisaremos delas depois de 2018, quando se constituirá a próxima legislatura.

Sem essas vozes, o Partido Republicano corre o risco de se render aos seus próprios elementos mais extremos. Se não houver figuras críticas dentro do seu partido, Trump terá a legitimação completa da sua agenda política. Essa é uma perspectiva inaceitável.

Imagem: Amanda Nelson
Nós US

It Matters Who Is Opposing Trump

Sacha
25 de outubro de 2017
(pode ler este artigo em português aqui)

Senator Jeff Flake’s recent announcement not to run for reelection is getting a lot of attention for the starkly anti-Trump message he’s paired with it. His approach pleases the Republican establishment that is uneasy with the president but unwilling to speak out about him. His opposition to the president also allows for those on the left to claim the president’s support is fracturing even among his party base. These takes are premature, for a few reasons.

.

Who is criticizing the president matters

.

Senator Flake is one of only a handful of Republican congressmen to openly oppose Trump and question his suitability for office. However opposed Republican politicians appeared to be to Trump during the primary, since the campaign, they have coalesced around him. Trump’s objectionable positions and tirades have done nothing to dampen the silence that has characterized the Republican method of dealing with him.

That silence is the determining factor for the continuity of the Trump administration. Republicans converge on the prospect of getting their agenda enacted by virtue of the president belonging to the same party. They believe, rightfully, that should they manage to pass legislation, he will sign it. Because the Democrats are expected to oppose Republican legislation, in the annals of power, their resistance matters little for the survival of the White House.

.

Republicans are strongly united

.

Republican support for, or lack of opposition to, Trump has been remarkably strong since the start of the legislative term. Any vocal opposition to the extremist theatrics Trump puts on has been met with a resounding, unified vote on all issues put forward. From government appointments to legislation itself, Republican dissent has been largely absent from this term. With such a qualitatively unified party, any critical opposition stands out.

We can point to moments where handfuls of Republicans have voted down crucial legislation, such as with the ACA repeal attempts. In each instance, Republicans’ desire to repeal the Affordable Care Act has been derailed by a trio of senators consistently critical of the legislation, its effects, or even the process. These senators are seen as being more generally willing to contradict Trump and hold firm against his less popular proposals. Yet there are for any issue, at most, six senators standing in the way of smooth passage.

.

Critical majority voices need to hold office to count

.

Senator Flake has not, per his voting record, been one of the strongest Republican deniers of the Trump agenda. Yet in announcing that he will not seek reelection, he has struck a sharper tone toward the president. Although votes matter most as a qualitative measure of how the majority party decides what issues are most important, the political agenda is still largely set by the president. That is why, even without many opposing votes, criticism and dissent from within the majority party is so important.

However, for critical Republican voices to be heard and to shape the Trump administration’s agenda, they must be represented among their ranks. Evidently, not seeking reelection frees the binds of running campaigns that could see words be twisted around. Flake appeared to have been a weak candidate against primary and general campaign challengers. Other retiring senators have similar motives, if not their health.

Yet the freedom to speak up and express discontent in a place where that cuts against the legislative agenda ought not to be relegated only to those who have nothing left to lose politically. In the face of extremity, the primary check on influence are the dissenting voices among the ranks of those in power. Those sorts of voices are needed now, and they will be needed after 2018, when the next legislature will be constituted.

Without their voices, the Republican party runs the risk of turning itself over fully to the most extreme elements within it. If no Republican voices end up left to criticize and critique him, Trump will have gained full legitimation of his political agenda. That is an unacceptable prospect.

Image: Amanda Nelson
Nós US

O carvão não voltará tão cedo

Sacha
11 de outubro de 2017
(you can read this article in English here)

O Brasil é afortunado em ter uma abundância de fontes de energia renováveis, fazendo com que a rede brasileira seja uma das mais limpas entre todos os grandes países do mundo. Já os Estados Unidos não contam com o mesmo luxo. Lá, o carvão mineral foi o principal recurso energético nas usinas do país até 2016, ano em que foi ultrapassado pelo gás natural. A queda do carvão, em suma, é devida às forças do mercado. O preço dos combustíveis fósseis tem caído drasticamente nos últimos anos. Junto com isso, avanços tecnológicos têm contribuído a uma queda ainda maior no preço dos renováveis.

.

Tudo isso é relevante por causa da reversão do Clean Power Plan (Plano para Energia Limpa) instaurado no mandato de Obama

.

O que a administração de Trump pretende conseguir com a reversão do Clean Power Plan é uma revitalização da indústria de carvão mineral, que tem sofrido grandes quedas em produção e receitas. Isto pode ser visto como apelo a dois dos princípios mais importantes para Trump: a lealdade e a negação da mudança climática. Primeiro, porque os mineiros de carvão e chefes dessa indústria foram entre os primeiros a dar apoio absoluto à candidatura de Trump. Segundo, simplesmente porque o carvão é altamente poluente. O carvão mineral tem as taxas de emissão mais altas de todas as formas de produção elétrica. O pensamento é simples: retirar os regulamentos da indústria para a aplacar e dar um golpe simultâneo à ciência climática e às políticas de Obama.

O problema com isso é que a deterioração da indústria de carvão é devida a uma queda de demanda por causa da viabilização de tecnologias mais eficientes e menos poluidoras. O gás natural tem desenvolvido no meio do fluxo do preço de petróleo para ser uma opção mais barata e flexível, com o benefício de poluir menos do que outros combustíveis fósseis. Energia solar e eólica têm beneficiado de caídas nos custos de produção e operação. Isso é fruto de avanços tecnológicos, principalmente com silicone. Devido a isso, 2016 foi o ano em que o gás natural ultrapassou o carvão em volume de produção. Assim, virou a fonte principal de energia nos Estados Unidos pela primeira vez na história.

.

O carvão foi expulso do ápice pelo mesmo mercado que o colocou aí

.

Por certo, a indústria de energia solar emprega mais do que o dobro de funcionários que emprega a indústria de energia de carvão mineral. A solar, juntamente com outras fontes renováveis de energia, tem a vantagem de poder empregar pessoas em qualquer parte do país. Carvão, no entanto, depende de extração limitada a poucas regiões. Enquanto caírem os preços, haverá cada vez mais incentivos de instalar renováveis, com ou sem subsídios. Ao contrário, a indústria de carvão necessitará de subsídios para sobreviver durante a implosão do setor.

O carvão também está sendo eliminado por uma indústria elétrica cada vez mais diversificada. Sem depender de uma única fonte para a maioria de produção, o risco de flutuações repentinas de preço é reduzido. Sustentabilidade é apenas mais economicamente segura. É melhor não ficar à espera que volte com força, por mais que Trump e os seus votantes o gostassem.

Imagem: Patrick Moore
Nós US

Coal’s Not Coming Back Any Time Soon

Sacha
11 de outubro de 2017
(pode ler este artigo em português aqui)

Brazil is fortunate in having abundant sources of renewable energy, making its grid one of the cleanest among large countries in the world. The United States is less fortunate in this regard. Coal served as the primary energy resource in power plants across the country until 2016, when it was overtaken by natural gas. The decline of coal is due, in sum, to market forces. The price of fossil fuels has dropped dramatically in recent years. Along with that, technological advances have contributed to an even greater drop in the price of renewables.

.

All of this is relevant because of the Trump administration’s recent reversal of the Clean Power Plan instated under Obama

.

What the Trump administration intends to set in motion by reversing the Clean Power Plan is revitalize the coal industry, which has seen dramatic declines in production and revenue. This can be seen as an appeal to two of Trump’s most important tenets: loyalty and denial of climate change. First, because coal miners and industry bigwigs were among the first unwavering supporters of the Trump campaign. Second, simply because coal is highly polluting. It is the highest-emitting of all energy sources. The thought behind this is simple: remove the regulations on the industry to appease it and hit back against climate science and Obama’s policies simultaneously.

The problem here is that the coal industry’s deterioration is spurred by lowering demand as a result of cleaner, more efficient technologies becoming more readily available. Natural gas has developed in the wake of fluctuating oil prices to become a much more affordable and flexible option, with the benefit of polluting less than both coal and oil. Solar and wind energy have seen dramatic declines in their costs of production and operation. This is the fruit of technological advances, especially with silicone. Because of this, 2016 saw natural gas overtake coal as the main source of energy production in the United State for the first time ever.

.

Coal has been kicked out of the top spot by the same market that put it there

.

Indeed, solar power alone employs over twice the amount of workers than the entire coal industry. It, along with other renewable energy sources, has the advantage of being able to employ workers anywhere in the country, instead of relying on region-specific extraction. As prices continue to drop, incentives to install more renewables will continue to rise, with or without subsidies. On the contrary, the coal industry will require subsidies in order to extend its practical lifespan somewhat longer as the industry implodes.

Coal is also being eliminated by an electric industry in ever-increasing diversification. Not relying on one source for the majority of production puts the market at lower risk for sudden price fluctuations. Sustainability, simply put, is more economically sound. Don’t expect it to come roaring back, however much Trump and his voters would like it to.

Image: Patrick Moore
Nós US

White People Are Responsible, Really

Sacha
16 de agosto de 2017
(pode ler este artigo em português aqui)

.

The president of the United States of America can not manage to renounce, with a shred of conviction, white supremacy

.

Is it shocking to read a sentence like that? Yes, it is. But it’s nonetheless true. The president’s response to the extreme-right and neo-nazi’s marches in Charlottesville, Virginia last weekend, went just as such. First he denounced what had happened in uproar over “multiple bad sides”. Then, he backtracked, renouncing more fully the neo-nazi groups presents in the acts and the violence that occurred. But it didn’t last more than a couple of days, since he then backtracked again in an incoherent and bizarre press conference, where he had some Freudian slips of support for the “alt-right”. In sum, the president can not cover up his sympathies for the movements most bound to the ideas of white supremacy. We already knew about this from his electoral campaign.

It’s unacceptable to have a president of a democratic country who supports these ideas, much less in such a flagrant manner.

So that it’s not ambiguous for anyone: the march that was held in Charlottesville was in protest of the removal of a Confederate monument. The Confederate States of America were a vain attempt to maintain the system of slavery, in full rebellion against the Union and growing public opinion of the time, by way of the succession of declared slave states in the American South. Nothing less. Accordingly, white supremacist groups (and yes, neo-nazis themselves) have adopted the symbols of the Confederacy.

These same groups threatened for weeks to invade the city of Charlottesville in response to the removal of the Confederate statue. Last weekend, they invaded it, marching with all sorts of chants against non-white minorities. It wasn’t, alas, a march of two side, nor however many others, against each other. It was the reunion of extremist groups, united for the preservation of the white race. They invaded a city that dared to go against their beliefs.

.

Without the coexistence of minorities with the majority,

there is no democracy

.

The inconvenient truth of having a president that demonstrates any kind of level of sympathy with these ideas is that racial questions will be, during his entire term, a central issue of public debate. That is, even white people accustomed to ignoring racial problems can no longer ignore them. Not taking a stand against racism—truly structural, even from within the annals of power—is choosing to be passively on the side of the oppressor. It is vital and a unique responsibility for white people to renounce white supremacy. Not doing anything in the face of growing clamor of white supremacist groups is being complicit with their desires: to maintain the power of being indifferent to the condition of other races in the country. Minorities don’t have that luxury. That’s exactly what the extremists were marching for.

It’s time to demand that all sympathizers of intolerance leave the government. If the president was already embroiled in governability problems, now it will be all the more so. Without the coexistence of minorities with the majority, there is no democracy.

Image: fabrizio turco
Nós US

Não espere de pé para a Casa Branca cair

Sacha
13 de julho de 2017
(you can read this article in English here)

Esta semana parece ter-se confirmado o caso de colusão da campanha Trump. Ninguém menos que o filho do presidente, Donald Trump Jr., divulgou uma série de emails em que se revela disposto a receber informações ilícitas sobre Hillary Clinton vindas de agentes russos. Sem sequer considerar o que havia por trás da oferta de informação, Trump Jr. responde com um simples “adoro isso.” Adorou tanto que não lhe importava a negligência de ética em aceitar o que foi apresentado. Adorou tanto que nem tentou esconder a troca. Entre o tanto barulho após o tweet revelador, há quem o classifique como alta traição. Agora só falta ver quais serão as repercussões legais.

Voltamos uns passos. Embora a revelação dos emails seja uma evidência clara de conluio, o caso ainda não tem processo judicial pendente. Até a publicação da íntegra dos emails, a informação foi vazando à imprensa pouco a pouco. De tal modo que Trump Jr. se viu obrigado a tentar controlar os danos possíveis, publicando a informação incriminatória de vez. Por uma campanha centrada num escândalo do servidor privado dos emails de Hillary, este escândalo resulta mais surreal ainda.

Num Congresso tão ineficaz como vem sendo, não há margem para contemplar o abandono total do projeto

 

Muitos representantes republicanos negavam a ligação entre Trump e a Rússia antes do caso dos emails. Reservavam comentários sobre o caso para informação nova e concreta. Agora tendo-a em mão, muitos ainda recusam a proclamar sobre as possíveis ligações Trump-Rússia. Eis o problema.

Caso confirmado, este escândalo seria uma violação de ética e comportamento político sem precedentes nos Estados Unidos. Nem Watergate chegou a ser tão flagrante quanto o que vemos agora. Ainda assim, o estabelecimento republicano continua hesitante. O motivo? Não querem desacelerar o já lento ritmo de legislação.

Visto que o ciclo político aponta para uma perda provável do controle absoluto da legislação nas eleições de 2018, os republicanos não estão dispostos a interferir na oportunidade única que têm para passar os seus projetos de lei mais importantes. O procedimento de destituição do presidente não só parava a atividade do executivo, senão toda a agenda legislativa. Num Congresso tão ineficaz como vem sendo, não há margem para contemplar o abandono total do projeto. Nem quando a evidência se empilha.

Imagem: John evans
Nós US

Don’t Hold Your Breath Waiting for the White House to Fall

Sacha
13 de julho de 2017
(pode ler este artigo em português aqui)

This week, the Trump campaign’s collusion seems to have been confirmed. No one less than the president’s son, Donald Trump Jr., divulged a series of emails in which he appeared willing to receive illicit inside information on Hillary Clinton coming from Russian agents. Without so much as considering what might be behind such an offer, Trump Jr. simply responded “I love it.” He loved it so much that the ethical violation it represents didn’t matter. He loved it so much that he didn’t even try to hide the exchange. Amid all of the noise after the revealing tweet, some qualify it as high treason. Now all that remains is to see what legal repercussions await.

Let’s take a step back. Despite the revelation of the emails being clear evidence of collusion, the case still does not have a judicial case pending. Until the complete publication of the emails, the information was being leaked bit by bit. It was thus that Trump Jr. found himself obliged to stymie possible fallout from the case, publishing the damning information all at once. For a campaign centered on Hillary’s private email server scandal, this scandal is all the more surreal.

In a Congress as ineffectual as this one has been, there is no margin for contemplating the total abandon of its project

Many Republican representatives negated the ties between Trump and Russia before the email case. They reserved their comments on it for new and concrete information to come out. Now, having it in hand, many still refuse to acknowledge possible Trump-Russia ties. Therein lies the problem.

If confirmed, this scandal would be a political and ethics violation on an unprecedented scale in the United States. Not even Watergate managed to be so flagrant as what we’re seeing now. Yet the Republican establishment is still hesitant. Their motive? They don’t want to slow down the already crawling pace of legislation.

Given that the political cycle is pointing to a probable loss of absolute control in the 2018 midterm elections, Republicans are not willing to interfere in the unique opportunity they have to pass their most important legislative projects. The impeachment process would not only halt the executive branch, it would halt the entire legislative agenda. In a Congress as ineffectual as this one has been, there is no margin for contemplating the total abandon of the project. Not even when evidence piles up.

Image: John evans
Nós US

Não, não querem que tenhas cobertura médica mesmo

Sacha
25 de maio de 2017
(you can read this article in English here)

Parecia a nota final em março quando, para a surpresa de ninguém, o Partido Republicano não conseguiu passar o seu esboço de legislação sobre o sistema de saúde dos Estados Unidos. Foi escrita às pressas sem que o partido tivesse uma ideia esclarecida do que queria fazer para revogar e substituir o nomeado Obamacare, já há vários anos em vigor. Foi tudo um fracasso. Porém, passados dois meses, uma versão não mais bem articulada da mesma legislação foi apresentada novamente e, desta vez, passou. O Senado terá a última palavra sobre emendas e mudanças da proposta.

.

Revela-se um desejo cínico de tirar a cobertura médica que as massas agora desfrutam

.

Basta dizer que a proposta de legislação seria um desastre para os milhões que adquiriram plano de saúde com o Obamacare. Para aplacar a facção conservadora do partido, todo tipo de condição médica existente ou deixava de ser incluido na cobertura, ou teria franquias absurdamente altas. Esta legislação é um ataque frontal à saúde e ao bem-estar da população do país. E não é mera coincidência.

Parte da explicação disso tudo é porque assistência médica não é vista como um direito fundamental no lado conservador dos Estados Unidos, senão um privilégio para quem tiver o poder adquisitivo mantê-la. Segundo a lógica, o interesse não reside no paciente ou segurado, mas sim na corporação que ganha com isso. Acham que a cobertura em massa da população americana gera danos para as seguradoras e provedores de assistência médica. Resta constar que nem a população está disposta a uma reforma de tamanho impacto, nem as seguradoras estão contentes com as mudanças propostas. Revela-se, portanto, um desejo cínico de tirar a cobertura médica que as massas agora desfrutam.

A versão nova da legislação aplacou uma divisão dos conservadores suficiente para passar na Câmara. Não é de todo legislação bem pensada, nem apoiada pelo público. Falta ver se o Senado reconhece o cenário como tal, ou se a saúde for o tema que expulsa os republicanos do poder no Congresso em 2018.

Imagem: Maria Kaloudi