Nós US

Trumpism Doesn’t Win Everything

Sacha
15 de novembro de 2017
(pode ler este artigo em português aqui)

Let there be hope for the difficult political times we’re going through. It had seemed that all the rules of the game were turned on their head. The 2017 election, however, showed that politics isn’t (yet) a lost cause.

This month’s elections showed that Trump is not immune to his historically unpopular presidency and the effects it has on his party. In a number of states, Democrats made large gains in local and statewide races. This was especially the case in Virginia, where they have nearly flipped one house of the state legislature—unthinkable leading up to the election.

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The results were in line with polling expectations

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Given last year’s losses, however, Democratic supporters were nervous about the possibility of further surprises. Instead, they made gains in friendly states like Virginia and inroads in more difficult places like Georgia, Montana, and South Carolina. Far from retreating further, the party appeared to solidify its position ahead of the 2018 midterm elections.

In Virginia’s governor race, the Republican candidate attempted to use Trump-style media tactics while maintaining a more reasonable profile in campaign rallies. That strategy backfired. If the new rules of the game were supposed to be Trump-style sensationalism at all costs, it appears at least the voters in Virginia didn’t fall for it. For all his flaws, the Democratic candidate managed to win by roughly 9 percentage points.

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The formula wasn’t a perfect elixir

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Politics, like most social sciences, is about sussing out trends over time as opposed to one-off revolutions of facts. What we know in American politics is that the president’s party is usually at a disadvantage in midterm and special elections. We also know that how low a president’s approval rating sinks tends to correlate with how well the opposition is poised to do in the next round of elections. As a sort of official testing ground, these elections proved that even in the era of Trump, that holds true.

That a bombastic campaign of populist cliches and scaremongering didn’t manage to succeed on Virginia voters should call into question what exactly made the formula work for Trump. The Republican Party is facing stiff challenges in upcoming elections. Whether it should embrace Trumpism and go full steam ahead on that particular brand of toxic populism, or change course to account for more popular public policy, is now more open a question than ever.

Image: Ben Shafer
Guia de Viagem

Globalização – Medo, Preconceito e Visão

Ana Martins
1 de março de 2017

Globalização ou não? É esta a escolha dos eleitorados europeus em 2017. Paira ainda no ar a poeira do terramoto político de 2016 no Ocidente. Ao longo deste ano, vamos ver onde a poeira irá assentar. Por cá, aguardam-se ansiosamente os resultados da onda de eleições que começa já em março nos Países Baixos, passando por França em maio e pela Alemanha em setembro – três países onde a extrema-direita tem hipóteses de chegar ao poder. Depois da reviravolta do Brexit e das eleições americanas, teme-se o pior na Europa. Mas pode ser que do caos instalado por aquela nuvem de poeira possa ainda emergir um projeto europeu com novo alento.

“Inflamam-se os sentimentos recalcados pela moral prevalente; promete-se um regresso às origens idealizadas, a um passado que nunca existiu; culpam-se as elites e os imigrantes por um presente terrível que também não existe”

Bem antes do aberrante fenómeno Trump atingir os EUA, a retórica populista e os movimentos nacionalistas que alimenta já vinham ganhando tração na Europa. Inflamam-se os sentimentos recalcados pela moral prevalente; promete-se um regresso às origens idealizadas, a um passado que nunca existiu; culpam-se as elites e os imigrantes por um presente terrível que também não existe. A única coisa que existe, aliás, é o medo de que o populismo se faz valer. Esse, sim, é bem real. E é esta a realidade ignorada, ridicularizada e esquecida pela qual os partidos de centro estão agora a pagar.

“Não admitir a pertinência de cenários alternativos não é argumento, é arrogância”

Bem vistas as coisas, também o centro europeu se serviu da retórica do medo ao fazer a apologia do status quo como direção única e óbvia para os membros da UE. Não admitir a pertinência de cenários alternativos não é argumento, é arrogância. É uma oportunidade perdida para realçar as vantagens da direção que é posta em causa pelos partidos de protesto – neste caso os valores da diversidade e do mercado livre bem como uma visão favorável à globalização – que se tornaram “dogma morto”, usando a expressão de John Stuart Mill.

Pluralismo e liberdade de expressão

As ideias do pluralismo e da liberdade de expressão defendem-se, em parte, precisamente para garantir que o que se aceita como verdade o seja por convicção, não por preconceito. Afinal de contas, quem não consegue defender em debate os valores que lhe são incutidos pela sociedade, não sabe porque os defende de todo. Limitar-se a chamar todas as visões contrárias de ultrapassadas, perigosas e “deploráveis” é já uma desistência do que se pensa defender, e é ignorar o grão de verdade que outras posições podem conter.

O medo é real. O terrorismo existe. A diversidade implica perda de homogeneidade. Uma sociedade aberta convida constante transformação e adaptação. Há razões válidas para as pessoas preferirem o que lhes é familiar ao que lhes é desconhecido. Há também boas razões para vivermos em países com economias abertas, que trazem prosperidade, desenvolvimento e variedade e lidam conscientemente com os desafios que estas implicam.

Talvez Trump tenha sido a melhor coisa que aconteceu à perspetiva da globalização. Talvez a sua administração histérica e caótica enfraqueça o apelo do que os seus homólogos defendem na Europa. Talvez os defensores europeus do nacionalismo, encorajados pela sua vitória, caiam na arrogância que fez os seus rivais perderem território. E talvez estes rivais, agora sensíveis aos medos dos europeus, ofereçam uma visão convincente de uma Europa aberta – entre si e ao mundo.