Raquel Grabauska

Pra quem fazemos cultura?

Raquel Grabauska
14 de dezembro de 2018

Das primeiras coisas que lembro da infância, era minha mãe cantando pra eu dormir. Meus irmãos cantando pra eu crescer. Os livros que fui aprendendo a amar. Os quadros que eu não saberia pintar. Tem um filme que se chama Um dia sem mexicanos. Todos os mexicanos desaparecem de uma cidade americana, na Califórnia, e não há quem faça o trabalho pesado. Pensa num dia sem arte. Tua vida sem música, sem filme, sem, sem, sem…

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A arte está em tudo, o tempo todo. E porque não se valoriza isso? Porque sempre se acha o ingresso caro? Porque se pergunta se criança paga um ingresso em um espetáculo infantil? Porque acusam artista de vagabundo?

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Segundo dados atuais do IBGE, o orçamento da Lei Rouanet representa apenas  0,3% da renúncia fiscal da união, produzindo 400% de retorno e incremento pra cadeia produtiva. As atividades culturais e criativas já representam 2,6 do PIB do país. Vagabundos?

Ontem estava olhando um Edital da Petrobrás, em que pretendo inscrever um trabalho. Esse projeto vai ser para os teus filhos, para os filhos dos outros, para os filhos de quem não conhecemos. E li um comentário (nunca leio comentários, mas ontem, idiotamente eu li). O super mega inteligente e sensível escreveu: pra que arte? Outro: e continuamos pagando R$ 5,00 a gasolina. E outro: enquanto os hospitais estão sem recursos, essa bobagem…

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Sério que a arte faz todo esse mal?
Não seria o contrário? Tenta. Tenta ficar sem arte. 

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Essa semana lançamos um projeto no Catarse, sistema de financiamento coletivo. Não estamos esperando o governo ou um milagre. Contamos com nós mesmos e com quem aprecia e respeita a arte. Se puder, colabora. Senão puder colaborar, compartilha. E seguimos!

Raquel Grabauska

O drama da Feira do Livro

Raquel Grabauska
9 de novembro de 2018

Desde que foram concebidos os guris estiveram no palco. Criei espetáculos com eles na barriga, apresentei até 15 dias antes do parto, voltei a apresentar quando tinham três meses. Crianças de cochia. Familiarizados com a arte, com o palco, com a movimentação do ofício da mãe.

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Agora, tenta ir numa peça com eles!!!!!

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Fui na Feira do Livro. Para convencer a entrar no auditório, quase rolou chantagem. Da minha parte, é claro. Quando o espetáculo começou, os ouvidos doíam que iam explodir. Sendo que o era no mínimo mil vezes mais baixo do que qualquer grito deles.

O mais velho tinha um livro nas mãos. Isso foi ajudando. Um pouco olhava o livro, um pouco a peça. Lá pelas tantas, via algo bem legal no livro e eu tinha que fazer um delicado “psssssst!” para os mil comentários sobre o que ele tinha visto. O mais novo teve a ideia genial de levar um boneco de Lego.

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Claro, quando o mais velho estava concentrado na peça, o boneco maldito caiu arquibancada abaixo. Mas não todo o boneco. Só o capacete. Preto. No paralelepípedo. Embaixo da arquibancada.

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Adivinhem quantos dois segundos demorou para o choro? O pai das crianças já estava embaixo da arquibancada procurando. Eu tentando manter alguma dignidade. A peça lá no palco. Aí mais velho fala: “mamãe, o papai não pode ir ali! Eles avisaram que não podia ir! Se caísse algo era pra chamar alguém de azul!” E explica pra ele. O pai embaixo. O irmão chorando. A peça acabou.

Alguns bons samaritanos do público, entendendo o drama, ajudaram a procurar. A equipe de produção TODA ajudou a procurar. Quando as lágrimas já estavam secas e ele quase conformado, nós já indo embora, o pai achou. Super pai, super herói. Me deu vontade de acender fogos de artifício.

Enquanto isso,  filha da minha amiga que não é do teatro, depois de assistir a peça toda, estava olhando os livros.

Raquel Grabauska

Livrinho é o teu #*zinho!

Raquel Grabauska
30 de março de 2018

Trabalho com arte para crianças há pouco mais de 20 anos. Vi muita criança crescendo e me dizendo das boas memórias da infância: livros, teatros, músicas. Leio para os meus filhos todas as noites. Levo a programas culturais sempre que posso.

Deparei com esse texto do autor Caio Riter em seu perfil do facebook:

“Noite do Açorianos de Literatura 1

A cerimônia começa com uma homenagem a autores gaúchos que foram importantes (segundo o texto em off) na construção de nossa literatura. Sucedem-se no telão rostos de escritores falecidos. Não vejo entre eles a Maria Dinorah, o Carlos Urbim, a Mary Weiss, o Hermes Bernardi, o Sérgio Napp. O que teriam em comum para não merecerem a homenagem? Ah, claro, escreviam para a infância.”

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Ele disse tudo o que há pra dizer. Quem trabalha com teatro infantil, faz pecinha. Quem faz música para crianças, faz musiquinha. Livro, livrinho.

Criança= criancinha= sem cerebrinho

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Alguém pode achar que estou exagerando. Talvez eu esteja. Mas esse é um pensamento geral. Me diz que tu nunca ouviu alguém se referir às questões infantis no diminutivo e eu recuo. Ouço o tempo todo. Essas crianças que ouvem histórias, que leem livros, se tornam adultos. Que leem ou não. Certamente uma infância com leitura, influencia numa vida adulta com vontade de ler.

Porque a arte para a criança é vista como algo menor? E não é só na literatura. Em todas as áreas. Tenta escrever um livro para uma criança. Tenta. Para escrever uma livro é preciso um autor. Isso vale para o livro adulto, infanto juvenil, infantil.

Autor de livro infantil = autor

Autor de livro adulto = autor

Autor de livro infantil = autor de livro adulto

Para escrever uma história, é preciso um tema. Aí a coisa muda. Para as crianças, são usadas temáticas infantis. É aí que a coisa muda. Se ao escrever tu trata a criança com inteligência, sem menosprezar seu entendimento, respeitando o leitor, tu vai ter um bom livro. Infantil. Vai me dizer que é diferente para um livro adulto?

Então, por favor, parem de ler livrinhos, ir a pecinhas e ouvir musiquinhas! Tratem as crianças com respeito. E respeitem quem dedica seu tempo a criar coisas boas para elas.

Aí embaixo tem bastante coisa boa pra ler. Esses livros são publicados por uma Editora que publica só para o público infanto-juvenil. Aproveitem!

https://www.facebook.com/EditoraProjeto/videos/1117700945037440/?hc_ref=ARSK9wSapVFT17Mr2Ewo3wHmawmlSI-_yLruafhG_12qf9Rd0LyVYKaLp9mcReBlo3k

Raquel Grabauska

Cuidado Que Ronca – Um espetáculo gestado por muito tempo

Raquel Grabauska
15 de setembro de 2017

O “Cuidado que Ronca” é inspirado em muitas barrigas, um espetáculo gestado por muito tempo

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Estava indo pra São Paulo para uma apresentação do Cuidado Que Mancha. No avião, estava emocionada pensando no filho do meu sócio que estava para nascer. Pensando em como seria lindo vê-lo crescer assistindo nossas peças. Nesse momento pensei que seria legal fazer um espetáculo para ele. Um espetáculo de canções de ninar para bebês. Inscrevi um projeto no Programa Petrobras Cultural e ganhamos o concurso para a criação do Livro/CD.

Ganhamos esse projeto quando eu estava grávida do meu filho mais velho. Passou o tempo, pesquisamos, criamos, trabalhamos… Ficou pronto o Livro-CD. Foi lançado pela Editora Projeto na Feira do livro de Porto Alegre e fizemos um mini-show nesse dia. Na plateia, a presença ilustre do meu bebê. Meu segundo filho foi criado junto com o livro. Ele na barriga, inspirava. Essa semana tivemos ensaio do espetáculo. No meu colo estava a Olívia, filha da Bárbara Borges, cantora do espetáculo. E assim vamos, cantando para os bebês que estão nas barrigas e fora delas.

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Mini Temporada do Cuidado Que Ronca

Onde: Espaço Cuidado Que Mancha (Rua Vicente Lopes dos Santos, 250)

Quando: dias 16 e 17 de setembro (com duas sessões extra)

Horário: 17h

Ingresso: R$ 20,00

 

Raquel Grabauska

Programa imperdível pro fim de semana

Raquel Grabauska
2 de junho de 2017

Nesse fim de semana tem dois espetáculos ímpares pra gurizada!

TEM GATO NA TUBA

 

Um cortejo carnavalesco abre o espetáculo em clima de festa. É um ambiente antigo de carnaval dos anos 50/60, com certa ingenuidade no ar. A música Tem Gato na Tuba faz as personagens lembrarem as canções e histórias do compositor João de Barro, o Braguinha. Esta trupe resolve, então, contar as histórias que antigamente fizeram sucesso na colorida coleção Disquinho. Interpretam, cantam e narram três histórias muito divertidas: História da Baratinha, A Festa no Céu e Chapeuzinho Vermelho. Cada história acentua uma linguagem para ganhar vida no palco, passando por teatro de máscaras, mímica, teatro de animação e manipulação de objetos. Tudo entrecortado por marchinhas carnavalescas e famosas canções de Braguinha.

PITOCANDO

Sensível, expressivo e lúdico. Combinação de sons, brincadeiras e cores que a criançada e toda a famílias tem aplaudido e repetido. Uma delícia! Indicado para bebês e crianças de 0 a 8 anos, Pitocando é acústico, com duração de 45 minutos. Resgate de canções, lendas e ditos! Resultado, 16 músicas pinçadas deste rico repertório folclórico, 9 composições que costuram esse passeio musical, 3 lindas vozes e 40 instrumentos de origens das mais variadas (indiana, indígena, africana, portuguesa) dividindo espaço com materiais musicais alternativos (vidrofone, megafone e apito de PET, celofanes, jornal). No palco, as cantoras/instrumentistas dão significado para as canções, com muito afeto. Flautas costuram “Bambalalão” à textura instrumental da tambura com o vidrofone. Caxixis embalam o metalofone em “Saci”. A platéia é convidada a participar com a trupe, tocando clavas coloridas, caxixis, cantando, brincando de adivinhas e se remexendo.

Eu, se fosse vocês, ia nos dois!

 *As informações foram fornecidas pela produção dos espetáculos.
** A arte da máscaras foi feita pelo Benjamin. Segundo ele: “nossa coluna é ilustrada com desenhos, hoje fizemos um exceção e usamos massinha de modelar”.