Raquel Grabauska

Qual a quantidade ideal de filhos?

Raquel Grabauska
16 de março de 2018

Uma amiga muito querida dia desses me confidenciou que estava triste por ter sido posta contra a parede por não querer o segundo filho. A Cunhada – que não tem filhos – disse para ela que era muito egoísmo criar um filho só.

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Fiquei pensando sobre ter dois filhos. O segundo filho traz uma mudança estrondosa pra família

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O primeiro já traz, claro. Mas, numa situação confortável,  um tu consegue dividir com o companheiro. Se vocês tão passeando e a cria precisou de colo, reveza. Se tem dois, os dois estarão com o colo ocupado. Dei um exemplo bobo, mas é isso que acontece com tudo. É muito lindo a relação de irmãos. É lindo ver o amor multiplicar. Mas não é fácil. Vejo muita gente querendo ter o segundo filho pelos motivos que a cunhada falou. Muitas!

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Tenho conversado com muita gente, muitas famílias, muitas mães. E vejo gente que tem/ teve o segundo filho, pra quem a vida vira um inferno

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A questão financeira é muito importante. Não dá pra pensar que a gente não vai dar bola pro colégio. E vai precisar de roupa, de comida, de sapato. Médico, plano de saúde. Brinquedo. Lavar roupa, pentear… Vai sim. Conheço muitas famílias com irmãos que não se falam. E muitas famílias com um filho só que estão sempre atentos às necessidades desse filho. De todos os tipos!

O mundo ia ser mais leve se cada um cuidasse da sua vida. Ter um filho é lindo. Ter dois, também é. Não ter, é uma opção. Que pode ser linda também. Qual a quantidade ideal de filhos? Não existe.

Raquel Grabauska

Meu filho ama o lado escuro da força

Raquel Grabauska
1 de dezembro de 2017

Meu filho mais velho tem seis anos. Quando era bebê, fugia de todas as situações mais tensas. Não era bem uma fuga, era uma defesa. Eu admirava a sensibilidade dele. Se chegava uma criança mais agressiva na praça, instantaneamente ele mudava de lugar. Evitava o conflito. Sempre. Era mesmo impressionante essa distância que ele tomava das situações de confronto. Além disso, nós nunca deixamos assistir TV por muito tempo, sempre fomos cuidadosos na seleção do que ia assistir, também evitando ao máximo cenas violentas.

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Quando nasceu nosso segundo filho, recebemos visitas de uns amigos muito queridos. Eles trouxeram um brinquedo de pano lindo para o bebê. Adorável. E um Darth Vader para o irmão. Sim! Um Darth Vader

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Já não achei os amigos tão queridos. Na verdade, nem eram meus amigos. Eram amigos do meu marido. E eu ali, olhando pra aquele brinquedo, pensando no quão rápida eu poderia ser para fazer sumir aquilo sem que o filho notasse, sem que os amigos percebessem meu desconforto. Nesses dois segundos, paixão à primeira vista! O Darth Vader tinha sido um encontro lindo! Uma criança completamente feliz com o brinquedo novo! Completamente feliz mesmo. Respirei, sequei as três lágrimas que já tinham caído e pensei: tudo bem, é só um boneco. Até que outro dia…

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Uma amiga muito querida mostrou um vídeo do Vader pra ele. Assim, sem falar comigo. Pegou o celular e mostrou. Suei frio, gelei, ri de nervoso, respirei e tentei desmontar a cara de louca que devia estar

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Ele adorou. Amou. Venerou. Feliz da vida! Andava pela casa cantarolando a música. Realmente muito empolgado. O bebê cresceu. O irmão mais velho seguiu gostando do lado escuro da força. Os dois brincam muito de serem o Vader. Adoram. Seguem sem assistir. Seguem amando. Respirei e entendi que tem o boneco, tem a música, tem a fantasia. E tem eles. Eles vão brincar, experimentar, fantasiar. E seguirão sendo eles. Meus adoráveis Vaders.

Raquel Grabauska

Sobre julgamentos sem fim

Raquel Grabauska
11 de agosto de 2017

Tenho lido muitas brigas/críticas sobre partos, criação de filhos, enfim, assuntos que envolvem a maternidade. Sempre fui entusiasta do parto natural. Daí tive perda de líquido e acabei numa cesárea. Com o segundo filho, consegui o tão desejado parto: sem interferências, sem anestesia, como eu queria. O resultado? Amos os dois filhos da mesma forma. Sou mãe dos dois, do mesmo jeito. Se tivesse um terceiro filho, tentaria de novo o natural. Mas paramos por aqui.

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Eu nunca quis ter filhos. Quando tive o primeiro, quis ter dois. Quando tive o segundo, quis ter vinte. Meu marido, ouvindo eu contar isso pra uma amiga, disse: quando eu tive o primeiro, quis ter vários.

Quando tive o segundo, quis ter dois

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Quando eu dizia que não queria ter filhos, ouvia que ia ficar sozinha, que só filhos completam vida da pessoa. Eu amo meus filhos mais que tudo no mundo. Muito mais que tudo. Mas não acho que ter filhos é garantia de felicidade. Porque com filhos tu dorme menos, come quando dá, namora quando dá, toma banho quando dá… Claro que isso é por um tempo. Mas que tempo!

Então, cesária ou natural, com filhos ou sem filhos, um filho, dois, três ou quatro… São escolhas muito pessoais. Seria bom que nós pais, responsáveis por ensaiar os filhos a respeitarem os outros, aprendêssemos isso também.

Raquel Grabauska

Meu marido não me ajuda

Raquel Grabauska
10 de março de 2017

Tenho dois filhos e, sem querer me exibir, creio que tenho o melhor marido do mundo. Do meu mundo. Meu marido não me ajuda, ele faz a parte dele. Meus filhos são metade dele. E ele cuida da metade, do todo, do dobro.

“Ele tem que poder fazer do jeito dele, afinal, não precisamos concordar em tudo, precisamos concordar no principal”

Não foi fácil criar isso. Dá vontade de que ele faça as coisas do jeito que quero. Dá sim. Daí respiro e me seguro. Ele tem que poder fazer do jeito dele, afinal, não precisamos concordar em tudo, precisamos concordar no principal. Às vezes, os guris saem com uma calça listrada e camiseta de bolinhas. Tudo bem. Eles são tão bonitos que isso até pode virar tendência.

Às vezes chego em casa e meu marido está mais interessado no desenho que passa na TV que os dois, que já estão correndo pela casa e brincando de outra coisa. E eu fico com vontade de reclamar, mas fico quieta, pois eu estava na rua porque tinha ele ali pra cuidar dos nossos filhos.

Tenho tentado não ter razão. Não preciso ter razão. Preciso ter paz. E acho que estamos num bom caminho.