Raquel Grabauska

O Museu Desmiolado

Raquel Grabauska
3 de agosto de 2018

Me senti desmiolada por quase perder. Uma exposição linda, completamente interativa e gratuita. Não tem desculpa para não ir no Museu Desmiolado.

Aqui vão os depoimentos de como foi vista por cinco crianças diferentes

Joana levantou, sentou na cama. Sorrisão no rosto: “Mãe! Tem muita coisa! Muita coisa naquele museu…”, deitou e voltou a dormir.
Joana, 4 anos

Tem uma coisa muito macia. Eu me joguei e não conseguia sair (rindo muito). É amarela. E tinha a vermelha também.
Tom, 4 anos

Adorei poder desenhar e deixar o desenho na parede. E desenhei aquelas obras que deram medo: o castelo da bruxa e as fitas.
Anita, 5 anos

Gostei das fitas coloridas que balançam e voam não me lembro direito, e em segundo, daquela outra das pedras preciosas.
João , 5 anos

Gostei do relógio gigante , porque dava pra mexer e ele girava. Gostei muito dos pufes macios.  Da mesa que tava pra tirar todas as peças de encaixe e não precisava arrumar depois.
Benjamin, 7 anos

 

A inspiração para tudo isso é o livro Museu Desmiolado, de Alexandre Brito.

Museu Desmiolado
Onde: Santander Cultural
Quando: até 12 de agosto
Horário: de terça a sábado das 10 às 19h
Domingo: das 13 às 19h

Raquel Grabauska

Férias para brincar, sem pressão

Raquel Grabauska
13 de julho de 2018

As férias chegaram. E é aquele momento em que os pais e mães sempre ficam confusos sobre o que fazer. De qualquer forma, precisamos lembrar que é importante que as crianças brinquem e se divirtam, sem pressão. Há pouco tempo,  dessas coisas que agente vê por acaso e depois vira fã, encontrei isso:

“Ensine uma criança escrever aos 7 anos e ela aprenderá em menos de 1 mês. É próximo aos 7 anos que o cérebro está preparado para a aprendizagem da escrita. Nessa idade o cérebro completa o desenvolvimento das áreas 23, 44 e área de Brodmann, que são importantes para a transformação do grafema em fonema.
A função da pré-escola é a estimulação. O brincar é um importante incentivador da leitura (lembre-se que as palavras são símbolos e o faz-de-conta é simbólico, como dar vida aos bonecos, fingir que está comendo de mentirinha, etc.).
As crianças não aprendem quando forçadas, mas sim por prazer. Chega de pressão, castigos e diagnósticos de desatenção. O processo acontecerá paralelamente com a troca dos dentes. Antes não é melhor. 

Psicóloga Márcia Tosin

Virei mesmo fã. De seguir no Facebook – eu detesto Facebook. Para quem acredita nisso, para quem não acredita, para quem não sabe o que achar: as férias estão aí, e o Espaço Cuidado Que Mancha segue com a programação de sempre e ainda preparou uma programação especial para o mês de julho. Levando em conta tudo o que está dito aí em cima, que as crianças precisam brincar e aprender por prazer. Sem pressão, sem castigos.

Raquel Grabauska

Precisa-se de tédio

Raquel Grabauska
6 de julho de 2018

Faz tempo que sinto vontade de ficar entediada. O tédio nunca fez muito parte da minha vida. Depois de dois filhos então, tédio inexiste. Cada dia é completamente diferente e inusitado. E olha, sou bem fã de rotina!

Na última sexta-feira eu estava de aniversário. Comemorei com amigos queridos. No sábado de manhã, trabalhei. Depois do trabalho, confraternização com os colegas e amigos. Esquecendo a idade que completei, resolvi sair pra dançar. Praticamente um Kerb!

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Voltei às 4:30h!

Meus filhos acordam cedo. Sempre. Já estava preparada pra ter sono o dia todo. Mas…

 

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Às 7h da manhã ouço um choro. Meio sem conseguir acordar, vou cambaleando em direção ao barulho. Meu marido já estava com o filho no colo. O filho com a mão na cabeça. Muita dor, lágrimas escorrendo. Acabou o meu sono. Isso foi domingo. Estou escrevendo na terça. Contem os dias comigo.

Na segunda-feira, quando a dor de cabeça cedeu, um dente resolveu nascer. Uma noite inteira de choro. Inteira. Uma agonia. Noite acordada, tentando dar carinho e conforto para aliviar a dor. Dia de zumbi. Hoje ele acordou completamente abatido. Olhos fundos. Dava para sentir todos os ossinhos do corpo.

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No fim da manhã, parece que alguém ligou a criança na tomada. Riu, comeu, brincou. Respiramos novamente! Filho doente deixa a gente sem ar…

 

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Como já estava disposto, resolveu se limpar depois de fazer cocô. Foi bonito. As costas, então, ficaram lindas. Arruma tudo pra dar banho – em Porto alegre, inverno, 11 graus. Aquece o banheiro, pega a roupa, pega toalha. Olho pro chão e tem uma bolinha que tá quase embaixo do meu pé. Não dá tempo de desviar, pisei.

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Era um cocô. Não sei como. Na tentativa de não pisar com todo o pé no cocô, faço um movimento rápido e derrubo toda a xícara de café recém feito no outro pé. Um pé queimado e o outro… prefiro não rimar.

Preciso de um dia de tédio. Só um, por favor! 

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A ilustração de hoje é do Tom. Ele nunca gostou de desenhar e, com esse desenho (claramente é um dinossauro rex!), inaugurou uma série de ilustrações e não parou nunca mais de  desenhar. Principalmente na hora de dormir.

Raquel Grabauska

Viajar sem filhos

Raquel Grabauska
22 de junho de 2018

Sempre ouvi as pessoas falarem sobre como faz bem ficar longe pra sentir saudades. Tempo de qualidade, quantidade não importa. Respeito as opiniões. Não tem mais mãe ou menos mãe pra mim. Mesmo. Claro que me dá vontade de dar colo pra todos os bebês que ficam em creches ou em qualquer outro lugar que não seja um bom colo quando precisam.  Assim como sinto vontade de dar colo para muitas pessoas adultas que conheço.

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Quando meu primeiro filho nasceu, minha mãe e minha sogra me recomendaram muito sobre o perigo do colo dado aos bebês: estraga a criança

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Confesso que eu estava impressionada. Estava tendendo a não dar colo, não queria “estragar o guri”. Num dos primeiros choros, meu marido me olhou e sem titubear um segundo, deu colo pro filho. Eu falei sobre os comentários das nossas mães e ele: “não vou deixar meu filho chorando”. Chorei eu. Achei tão lindo e sábio. Ele não estava preocupado com a opinião de ninguém. Nem da mãe, nem da sogra, muito menos a minha. Ele só estava sendo pai. Criando vínculo. Foi bonito de ver. Foi bonito sentir o ruir daquela “sapiência da mulher” que tudo sabe sobre ter um filho. Ver ele agindo como um pai que ama e cuida, me ensinou muito sobre ser mãe.

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Fim de semana passado fiquei longe pela primeira vez do meu filho menor

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Quatro aninhos grudados. Não senti alívio. Tinha medo de sentir. Trabalhei, me diverti, dormi, mas foi bem bom voltar e ter a nossa rotina. Estamos todos crescendo. Logo vai ser normal ficarmos tempo longe. Por ora, quero aproveitar.

Raquel Grabauska

Atenção aos sinais

Raquel Grabauska
25 de maio de 2018

Meu filho mais novo sempre teve algumas questões sensíveis que nos colocavam no limite entre manha / necessidade / vontade. Aqui sempre foi uma casa de muitos colos, de carinho, de conversa. Começou uma fase de chiliques que ficamos sem saber como lidar. Qualquer cheiro mais forte, irritava. Sair de casa e dar de cara com o sol, irritava. Barulho então, qualquer som mais alto ou pessoa falando muito, irritava.

Estávamos todos em frangalhos. Muitas variáveis, todos pisando em ovos. Até que tivemos que levar o mais velho na oftalmologista. Aproveitamos a ida e consultamos os dois. Pela reação que ele teve ao pingar a gota no olho, a médica já me alertou: tem grau.

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Fomos na expectativa de que o mais velho precisaria de óculos. Saímos chorando: o mais velho por não precisar de óculos, o mais novo por não estar enxergando por causa da pupila dilatada e eu chorando por causa do diagnóstico.

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Há uma diferença grande de grau entre um olho e outro. Então é como se um olho não tivesse aprendido a enxergar. A instrução é de começar o uso de óculos imediatamente. Esperar três meses e torcer para que os óculos façam o olho aprender a ver. Caso não seja suficiente, em três meses terá que fechar o olho bom para obrigar o outro a focar. Isso foi há três semanas. O início foi bem difícil. Ele não reconheceu os personagens dos desenhos na TV. Na rua foi mais fácil. Em três dias já vimos uma mudança incrível no humor. O cansaço que a falta de visão estava gerando foi transformado em energia. Hoje, ele me falou sobre estar triste que os olhos não funcionam. Mas está usando os óculos, o tempo todo. Aprendeu até a limpar as lentes sozinho.

A oftalmologista disse que isso se trata até a criança ter seis, sete anos. Depois não há o que fazer. Vimos com uma folga de dois anos para tratar. Agora é esperar e torcer. Eu resolvi escrever sobre isso como uma forma de alerta. Independente do problema, precisamos estar sempre atentos aos sinais que as crianças mostram e eventuais mudanças de comportamento. Isso pode indicar algum problema que sequer imaginamos.

Raquel Grabauska

Super paiê! – 11 habilidades que os homens adquirem com a paternidade

Raquel Grabauska
11 de maio de 2018

Há duas semanas escrevi sobre os poderes que adquirimos quando nos tornamos mãe. Quando postei, fiquei pensando nos pais. A maternidade nos torna instantaneamente sábias. Temos todas as respostas, sabemos que roupa vestir nas crianças, como dar banho,  o que é preciso comer em cada fase da vida.

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Mas e os pais? Como é pra eles?  Só consegui ser a mãe que sou porque os meus filhos têm o pai que tem

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Aqui, o banho é com ele. Se eu dou banho neles no inverno, ficam gripados.  A sabedoria da maternidade precisa de um apoio para exisitir. Alguém que acorda de noite para ver se as crianças estão cobertas. Alguém que veste o filho sem perguntar se tá bom assim. Alguém que é responsável pelos filhos. Que não é um ajudante em casa. Que é pai da criança, e não o ajudante da mãe. Convidei alguns pais que conheço e admiro pra nos contarem o que têm aprendido depois do nascimento dos filhos.

Super-Habilidades que os homens adquirem com a chegada dos  filhos

Colherada atômica –  a maior quantidade de comida no menor espaço da colher, tudo isso na velocidade da luz pra aproveitar um segundo de boca aberta. Paulo, pai da Anita;

Inventor – sempre tento recriar e inventar brinquedos para meu filho, com o intuito de inovar e reutilizar objetos para aflorar a criatividade dele,  evitando consumismo excessivo. Já fiz garagem para os hotwheels dele com uma gaveta e tubos de pvc, fiz uma pia de cozinha na caixa da impressora, fogão com um gaveteiro e um painel montessoriano só com produtos de ferragens doados. Tailor, pai do Arthur;

Energético – lembrei de uma situação social semana passada em que eu estava absurdamente exaurido, mas tinha q ir porque era uma data bem especial pra uma amiga próxima. Virar pai me ensinou a viver o aconchego e o trabalho de uma imensidão que  deixa em carne viva, a flor da pele, totalmente vulnerável à alegria e ao amor. Pedro, pai do Tomás;

Super Draga – Enquanto ele come no cadeirão eu vou comendo o que tá no chão. Quando termina a refeição, já tá limpo o salão. Só tive que parar com isso recentemente porque ele começou a imitar o papai. Almeidão Mapa, pai do Kaluanan;

Incondicionalidade do amor – porque um homem ama com todas as partes de seu corpo e de maneiras diferentes o que a vida  oferece, mas só quando se é pai tem a possibilidade real de não entender como chegou até aquele momento de sua vida sem que seu filho ali estivesse. Angelo, pai do Lucca e do Franco;

Auto controle – a capacidade de reprimir o pânico ou histeria em uma situação de acidente (com ou sem ferimento) ou perigo.  Claudio, pai do Samuel;

Braço de Popeye –  pra segurar ele no colo sempre que ele quer ou que a gente precisa. Binho, pai do Miguel;

Dormir com um olho aberto e o outro fechado – qualquer ruído estranho, o outro olho abre.
Contorcionismo ninja – limpar e trocar fralda em lugares nada convencionais, tipo no banheiro de um Embraer 190.
Contador de histórias (inventadas) – inventar histórias antes de dormir, o dificil é repetir a mesma coisa todas as noites
Achar tudo lindo – tudo que os filhotes fazem é lindo…nojo de cocô, nunca! Gonza, pai do Benja e do Tom. Exibido e orgulhoso porque essa ilustração de hoje é ele aos olhos do filho mais velho.

 

Raquel Grabauska

Psicotécnico para paternidade/maternidade

Raquel Grabauska
27 de outubro de 2017

Devia ter psicotécnico pra ser pai e mãe. A gente devia fazer um teste antes. Devia mesmo. Pra ver se está apto ou não

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Aquela maternidade de bebê fofinho, quietinho, puro sorrisos não existe. Bebê chora. Faz cocô. Xixi. Chora.  Vomita. Chora. Acorda no meio da noite. Chora. E a gente só fica sabendo disso, de verdade, depois que eles nascem. Por mais que a gente leia e se informe antes, a ficha só cai quando tu passa mais outra e outra noite sem dormir. E chora, igual a um bebê.

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Por isso acho injusto ser assim, de supetão.

Sem aviso. Sem test-drive

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Não dá pra trocar por um que não chore? Não não dá. Sabe aquela massagem que tu ganhava do marido/mulher? Sabe aquele cineminha? Festa? Isso vai virando uma lembrança cada vez mais vaga. A gente troca amigos que bebem por amigos com bebê. Claro que nem todos. Esses exemplares raros existem. Não sou um deles.

Mas o que existe nos filhos que faz a gente passar por tudo isso e amá-los cada vez mais? Existem eles mesmos. Chorando, fazendo manha… mas sorrindo, conversando, brincando. De um jeito tão intenso que faz aquilo tudo desaparecer. E até ter vontade de ter mais outro filho.

Essa foto é de um dos lindos bonecos que a Marta Castilhos produz. Para quem quiser saber mais sobre o trabalho dela, o email é castilhosmarta@gmail.com. Trabalho bom de gente boa! Vale muito.