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Reunião de Pauta #3 A obsolescência não programada das reuniões online

Geórgia Santos
2 de agosto de 2023

Hoje a gente traz pra vocês o terceiro episódio da Reunião de Pauta e a a obsolescência não programada das reuniões online.

 

Vós Pessoas no Plural · Reunião de Pauta #3 A obsolescência não programada da reunião online

A essa altura vocês já sabem que a Reunião de Pauta é o espaço para os nossos devaneios mais diversos, aquele momento em que a gente conversa livremente, sem filtro e muito deboche. Nesta semana, a obsolescência não programada das reuniões online.

Fomos obrigados, por circunstâncias diversas, a gravar um episódio de forma remota e fomos tomados por um profundo ódio às novas tecnologias e videochamadas. E, ao que parece, há mais gente incomodada com as internets da vida. Além dos golpistas do oito de janeiro que acessaram a rede do Congresso usando o próprio nome e CPF e, assim, gerando provas contra si, há a investida da Polícia Federal contra Carla Zambelli e o Hacker de Araraquara.

A apresentação é de Geórgia Santos, com participação, reclamando das reuniões online, de Igor Natusch e Marcelo Nepomuceno. E tu, gosta de uma reunião online? Responde aí na caixinha.

Imagem: “A Última Ceia”, Leonardo Da Vinci (1452-1519)

Reporteando

Vamos compartilhar um incômodo?

Renata Colombo
31 de outubro de 2017

O que vocês pensam sobre o futuro do jornalismo e da comunicação? Já pararam para pensar que a forma como produzimos conteúdo está em profunda transformação e ainda vai mudar muito, mas muito mais, nos próximos anos? Eu já, e decidi compartilhar esse incômodo.

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Fui buscar um curso para abrir a caixola

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Pois bem, quase saí correndo, confesso, já na primeira aula. Meu professor e alguns colegas trataram com a maior naturalidade do mundo a ideia de viver em uma realidade virtual, ter uma casa em que os aparelhos se comunicam e tomam decisões, andar em carros voadores, comer comida impressa e transplantar uma cabeça inteira. Mas não saí correndo. Sou muito curiosa pra isso. Em vez disso, passei a pensar mais nesta tal de disrupção, que parece mais difícil de enxergar na comunicação do que na tecnologia, já que estamos falando de um produto subjetivo.

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Disruptar é ousar, dar um salto em vez de seguir a linha reta da evolução natural das coisas. Mas como inovar ainda mais na forma de se comunicar?

Uma coisa é certa: ouvintes, leitores, internautas e telespectadores, querem muito mais de nós

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Eles não querem simplesmente ser informados. Isso eles têm em segundos, num simples acesso ao Facebook, Twitter ou site de notícias. Precisamos dar aos nosso público o diferencial, o além da informação, algo que pode estar na opinião, na personalização, na análise.

E aí me pergunto: até quando vai durar esta forma de fazer jornalismo, respondendo aquelas seis perguntinhas básicas do lead e pronto? Até quando teremos que nos isentar da análise ou da opinião ou do comentário porque foi assim que aprendemos e é assim que as redações fazem?

Quem está do lado de fora da nossa bolha pode não querer exatamente o que estamos oferecendo. Até que ponto estamos ouvindo nosso consumidor de informação? Espero que vocês compartilhem do mesmo incômodo.

Catraqueanas

A Obsolescência Programada das Pessoas

Gustavo Mittelmann
15 de maio de 2017

Eu tenho um iPhone. Ainda não deu tempo de riscar a carcaça ou rachar a tela. Mas já deu tempo dele ficar defasado. Com rumores de protótipo do modelo iPhone 8 pulando na timeline, ele está prestes a ficar 3 modelos pra trás. Logo não vai ter mais assistência ou atualizações disponíveis. Obsolescência programada; assustador como o prazo de vida útil de um dispositivo ou bem de consumo é cada vez mais curto. Mas, muito mais assustador é ver que esse conceito se alastrou dos produtos para a sociedade, agravado pela crise dos setores convencionais da economia e a supervalorização das startups – tecnológicas, modernas e… jovens.

Com isso, surge uma nova fase de vida: passamos pela adolescência, temos um intervalo de alguns anos de vida adulta produtiva e logo chegamos à obsolescência; um hiato imposto a ser encarado antes da velhice. Ao passo em que a expectativa de vida aumentou, temos um governo que demanda nossa contribuição até uma idade igualmente mais avançada, porém, do outro lado, temos uma expectativa de utilidade no mercado de trabalho com um limite etário cada vez menor.

Obviamente, por conta da relação de forças entre governo, mercado e você, já sabemos quem vai sair frustrado com essa nova realidade. É uma falácia essa crença de que útil é sinônimo de novo. Na verdade é na coexistência de gerações dentro de um espaço que habita a disrupção.

O vinil e o streaming, a aquarela e o vetorial, 35mm e 4k. Existe um papel fundamental de referência e consistência que não deve ficar de fora dos processos; inclusive, e principalmente, do processo de inovação. É preciso uma carga de conhecimento do que se fez e de como se fez ao longo dos anos, e o que se errou no caminho, para saber fazer um diferente melhor. Existe uma geração que eu considero privilegiada, e da qual faço parte –  mesmo que ainda antes dos 40 anos – que viveu boa parte dos processos de inovação das últimas décadas, e que consegue ter a compreensão da importância de todas as etapas e, principalmente, de sua complementaridade.

Existe toda uma construção de raciocínio diferente na criação de um texto datilografado, ou na edição linear de uma ilha VHS. Isso não é saudosismo; e, sim, facilita a vida digitar e apagar e rediagramar, ou trocar o plano do meio quantas vezes quiser. Mas é importante ter o conhecimento e a experiência de ter passado por esses diferentes tipos de raciocínio de construção para saber o que é evolução e o que é involução.

Bastam alguns ciclos temporais dentro de empresas com essa filosofia de juventude produtiva para que esse conhecimento acumulado rume à extinção, trazendo à tona erros recorrentes e outrora ultrapassados. Ou seja, umas poucas gerações pensando em quais as dificuldades de determinado nicho no momento apenas, e as dificuldades históricas desse mesmo nicho vão ressurgir. O resultado vai ser a proliferação da mudança pela mudança, e a inovação vai se tornar um cachorro correndo atrás do próprio rabo.