Estávamos no carro e na estrada, vimos duas crianças vendendo frutas numa banquinha improvisada. Janeiro, Nordeste, perto de 36 graus. Sol escaldante. E vi um dos sorrisos mais lindos do mundo.
Me pareceram duas irmãs. Felizes com a venda. A mais velha foi me dar o troco, eu disse que não precisava. O olhar feliz entre as duas me desmontou. Era pouco o troco. Quis ter dado mais. Muito mais. Quis tirar as meninas dali. A mais nova das irmãs regulava de idade com meu filho mais velho. Que segundos atrás regateava conosco um presente que queria. E eu vinha explicando que não iria dar, que fazia poucos dias que ele havia ganhado um brinquedo, que a vida… e apareceram as meninas vendendo manga.
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Meus meninos ficaram espantados com as crianças trabalhando. Já nos ouviram falando mil vezes sobre, mas nunca tinham visto de perto
De tão perto
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Fiquei pensando no quanto o lugar onde nascemos define quem somos. As oportunidades, o que seremos. O que o futuro nos reserva, não sabemos. Mas hoje me doeu pensar no futuro daquelas meninas. Não me permiti sentir pena delas. Quero admirá-las. Admiro. Pequenas valentes. Nosso carro retomou o caminho e as lágrimas puderam cair. Aquele sorriso vai me iluminar por muito tempo.
