Raquel Grabauska

Dia de praça

Raquel Grabauska
2 de novembro de 2018

Hoje fui para uma praça com os meus filhos. Com a cidade violenta, isso que era um hábito diário, virou artigo de luxo. Mas não é disso que quero falar. Os guris estão com 4 e 7 anos. Então já são mais independentes. Consegui sentar algo em torno de 28 segundos sem ter que atender nenhum deles. Quase deu para tomar um gole de água!

Fomos cedo, então tinha todo o espaço só para eles. Para eles, as manhas, as brincadeiras de dois irmãos capetas. Cúmplices. Inimigos. E inseparáveis com a chegada de uma terceira criança que ameaça a qualquer um dos dois. Não importa o quão brabos estejam um com o outro, é só sentir que o outro está sendo ameaçado por um intruso que toda a briga desaparece. O sentimento de proteção que brota de um pro outro é umas das coisas mais fortes e lindas que já vi.

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Seguindo pela praça, tem um casal desesperado. Um pai e uma mãe correndo atrás de UMA criança, não estão dando conta

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O menino deve ter perto de dois anos, não acordou em um bom dia. Chora porque quer ir no balanço ocupado (o único dos seis balanços que está ocupado), chora porque alguém olhou pra ele, chora por… E corre. E os dois correm atrás dele. Duas irmãs brincam enquanto a mãe está no telefone. As três estão tranquilas, quase nem percebem que tem mais gente por ali. E vão chegando pessoas. E entre um joelho esfolado de um filho e a vergonha do outro por ter caído do balanço, vou olhando aquelas crianças todas e reconhecendo as fases pelas quais já passei como mãe. Estranho ver isso como num filme.

Os primeiros passos, o bebê que come areia, as primeiras quedas, a disputa pelo balanço, a corrida pro colo em busca de proteção… Estamos todos fazendo a mesma coisa, deixando essas crianças crescerem. Eles vão crescer. Cabe a nós estarmos presentes.

Raquel Grabauska

Música de gente grande pra todo mundo ouvir

Raquel Grabauska
9 de março de 2018

Uma das muitas coisas boas que aprendi com meus irmãos mais velhos foi ouvir música. Mais que tudo, ouvir música boa. Eu lembro da sensação de confiança que eu tinha. O que eles ouviam, eu sabia que deveria parar e ouvir também. Cantava as músicas muitas vezes sem nem fazer ideia do que tava sendo dito.

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Como foi com a Rita Lee: “se a Débora quer que o Gregor lhe pegue”

Essa era a minha versão, cantada com todo o entusiasmo.

A dela era: “se a Deborah Kerr que o Gregory Peck”

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Muitas dessas músicas boas faço questão de mostrar aos meus filhos. Flutuo feliz e emocionada quando vejo eles gostando e cantando também. Acho que a mais óbvia de todas, mas que figura em todas as listas é O Leãozinho. E segue:

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Mestre Jonas, de Sá e Guarabyra
A Lenda do Pégaso, de Moraes Moreira e Jorge Mautner
O Vira – ou, na nossa versão, “O gato preto cruzou a estrada”
Vida de Cachorro – também conhecida por nós como “Vamos embora cachorrinho”
Peixinhos do Mar, do Milton Nascimento – melhor chamada de “Quem me ensinou a nadar”
Borboleta, de Marisa Monte – mais fofamente conhecida por “Borboleta pequenina”
Pombo Correio, do Moraes Moreira
Acabou Chorare, dos Novos Baianos

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Recentemente descobri essa de DaniBlack feat. Milton Nascimento

Raquel Grabauska

As crianças e os bebês

Raquel Grabauska
21 de julho de 2017

O nosso filho mais velho tem seis anos, um irmão de três e ainda me pede mais outro irmão. Antes  de termos ele, perdemos um bebê aos três meses de gestação.

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Ele ouviu eu contar essa história (que eu achei que ele não tava ouvindo), me perguntou apavorado: mamãe, como tu PERDEU um bebê?

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Depois de um tempo ele falou: pensando bem, até que foi bom tu ter perdido aquele bebê, mamãe. Porque tu fica com o mano no colo, o papai comigo. Quem iria segurar o bebê? Meu carinho e respeito aos pais de gêmeos. Pais de trigêmeos pra cima, merecem um altar!

Nosso filho mais novo tem três anos. Acha os bebês adoráveis. Fomos almoçar na casa de uma amiga que tem um bebê de três meses. Ela foi tomar um banho e fiquei com o bebê.  Ele fez carinho, gostou e logo quis mudar de assunto.  Me disse: mamãe, ele não te gostando do teu colo. Ele precisa ir pra cama dele.

Eu sempre converso com os guris sobre o que vou escrever aqui na semana. A partir da conversa eles fazem as ilustrações. Hoje o Benjamin me ouviu e disse: é, mamãe. Tá bom assim, só eu e o mano. Esses são os meus meninos. Me fazem rir e me emocionam (também me irritam muitas vezes, mas sobre isso falo outro dia)