Voos Literários

Por que tanto ódio a Frida Kahlo?

Flávia Cunha
5 de junho de 2018

Há algum tempo, tenho observado nas redes sociais ataques a artista plástica Frida Kahlo (1907-1954), que também ficou conhecida na área literária pelo grande sucesso editorial de seu diário, recentemente relançado pela editora José OlympioO curioso das críticas à Frida é que elas partem tanto de setores mais conservadores da sociedade quanto de vertentes do feminismo.

Dos grupos posicionados mais à direita no espectro político, a popularidade da pintora é questionada com insultos inaceitáveis como “peluda” e “feia”, quando, por exemplo, houve o lançamento de uma Barbie em homenagem à artista mexicana.

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Da parte das feministas, as críticas são para um certo “glamour” em torno do amor de Frida pelo marido Diego Rivera. O casamento tem fortes indícios de ter sido uma relação abusiva por parte do pintor.

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Para os caretas que xingam a aparência física dessa artista notável, dou um conselho: pesquisem mais a respeito dela e terão argumentos mais válidos para suas críticas. Spoiler: Ela era comunista e chegou a ter um envolvimento afetivo (e sexual) com Trótski, um dos principais líderes e organizadores da Revolução Russa. Que bafo, amigos do MBL! Isso sim é argumento para falar mal dela, né?

Para as manas do feminismo, fica meu apelo para levarem em conta que, mesmo que Frida tenha vivido uma relação abusiva, isso não a impede ter sido uma pintora genial e dona de um estilo próprio. Ao contrário do que algumas das críticas dizem, ela também trabalhou em prol da justiça social, seja por meio da militância ou de sua arte. Também não apaga o fato de que não ter se rendido a convenções e de ter tido personalidade suficiente para se vestir de uma forma “diferente” e de bancado uma aparência considerada “exótica” para os padrões da época em que viveu.

Uma de suas frases mais famosas de Frida refere-se justamente à aparência física:

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“A beleza e a feiura são uma miragem, pois os outros sempre acabam vendo nosso interior.”

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E, encerro esse texto com essa reflexão da pintora, que tem tudo a ver com a sua arte:

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“Eu costumava pensar que era a pessoa mais estranha do mundo, mas então pensei, há muita gente no mundo, tem que existir alguém como eu, que se sinta bizarra e danificada da mesma forma que eu me sinto. Consigo imaginá-la, e imagino que ela também deve estar por aí, pensando em mim. Bom, eu espero que se você estiver por aí e ler isso, saiba que, sim, é verdade, eu estou aqui e sou tão estranha quanto você.”

 

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Para saber mais: Frida, a biografia  – autor Hayden Herrera

 

 

Voos Literários

Diretas Já, feminismo e literatura

Flávia Cunha
13 de junho de 2017

No último final de semana, aconteceram manifestações pelas Diretas Já em diversas cidades brasileiras. Em São Paulo, o protesto realizado nesse domingo teve um enfoque diferente: colocar em pauta os direitos das mulheres. A ideia partiu da escritora Clara Averbuck, sobre quem já escrevi aqui.

Eu respeito o trabalho literário da Clara e também sua coragem em se posicionar politicamente em um período de tanto ódio nas redes sociais e fora delas. A trajetória pessoal de escritores e outras personalidades nem sempre é admirável. Mas existem muitas mulheres que fizeram a diferença e servem de exemplos para todos com suas histórias de vida.

Em homenagem ao ato feminista pelas Diretas Já, selecionei cinco biografias de mulheres poderosas de diferentes áreas. Inspirem-se!!

 Carmen Miranda – A trajetória da pequena notável é contada com maestria por Ruy Castro em Carmen, Uma Biografia.

Clarice Lispector – A obra Clarice, é uma referência para os amantes da literatura, mostrando a vida e obra da escritora pela visão do norte-americano Benjamin Moser.

Frida Kahlo – O livro mostra a intimidade da pintora que transformou sua vida em arte. Frida – A Biografia foi escrita por Hayden Herrera.

Janis Joplin – A roqueira transgressora pela visão da irmã na obra Com Amor, Janis Joplin, de Laura Joplin.

Elis Regina – A cantora Elis Regina têm mais de uma obra dedicada à sua trajetória. Indico Elis, Uma Biografia Musical, escrita pelo gaúcho Arthur de Faria.