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BSV Especial Coronavírus #69 Afeganistão não é o Brasil

Geórgia Santos
18 de agosto de 2021

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Nesta semana, Sérgio Reis cantando onde não foi chamado, Bolsonaro despencando nas pesquisas e, principalmente, a volta do Talibã ao poder no Afeganistão. Uma situação que é MUITO diferente da do Brasil.

Por aqui, o cantor sertanejo Sérgio Reis está convocando uma manifestação com caminhoneiros e pessoas ligadas ao agronegócio para setembro. O protesto é uma mobilização A FAVOR de Jair Bolsonaro. Segundo o ex-deputado, o movimento pede a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal e, é claro, o voto impresso. ‘Se em 30 dias não tirarem os caras nós vamos invadir, quebrar tudo’, disse.

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Ou seja, a tentativa de golpe da semana

Mas Sérgio Reis, que podia ficar em casa cantando Menino da Porteira, não recebeu o apoio que imaginava. Inclusive, diz-se que ficou chateado com a repercussão negativa da investida, que não tem apoio nem dos caminhoneiros. Afinal, o combustível está caro. 

Só Jair Bolsonaro gostou da mobilização do cantor, afinal, ele também não consegue ficar sem a ameaça da semana. Mas é só o que lhe resta, porque ele está despencando nas pesquisas. Levantamento da XP Ipespe mostra que a vantagem de Lula passou de 12 para 16 pontos. Agora, o ex-presidente aparece com 40% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 24%. 

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Mas se no Brasil estamos sob ameaça, o que acontece no Afeganistão é infinitamente mais grave

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Após a retirada das tropas americanas de solo afegão, o Talibã retornou ao poder. Então, nós vamos conversar com o jornalista e professor Luiz Antonio Araújo, autor dos livros “Binladenistão – um reporter brasileiro na região mais perigosa do mundo” e  ORIENTE EM REVISTA – de que o jornalismo fala, quando fala do islã.”

Participam os jornalistas Geórgia Santos, Flávia Cunha, Igor Natusch e Tércio Saccol. Você também pode ouvir o episódio no SpotifyItunes e Castbox

Vós Pessoas no Plural · BSV Especial Coronavírus #69 Afeganistão não é o Brasil
Voos Literários

Talibã e o risco iminente às mulheres afegãs

Flávia Cunha
17 de agosto de 2021

A retomada do controle do grupo extremista Talibã no Afeganistão deixou em desespero a população, em especial as mulheres. Ironicamente, líderes do grupo extremista declararam estar surpresos que as pessoas tenham medo do Talibã. Além disso, garantem que as mulheres “não serão vítimas” do novo sistema.

Enquanto isso, no Brasil, a repercussão dos extremos ideológicos foi simplesmente bizarra. De um lado, bolsonaristas trumpistas tentavam colocar na conta do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a culpa pela ascensão do Talibã. Do outro, integrantes do Partido da Causa Operária (PCO) comemoravam o fim do imperialismo norte-americano em território afegão. Duas visões distorcidas da realidade, que em nada contribuem para chegar o que realmente interessa a quem tem preocupações humanitárias. Afinal, é evidente a ameaça aos direitos humanos em um país historicamente marcado por apedrejamentos, amputações e execuções públicas de mulheres e pessoas LGBT.

Sugestões de leitura

Sendo assim, nada mais natural o ceticismo por parte da população do Afeganistão contrária ao Talibã pelo discurso moderado e as promessas de uma sociedade sem violência de gênero. Para nós, ocidentais, cabe estudar e analisar com profundidade e empatia as questões do Oriente Médio. Por isso, selecionei dois livros com enfoque na questão feminina.

O segredo do meu turbante, de Agnès Rotger e Nadia Ghulam

A obra relata a história real de Nadia Ghulam, uma afegã que precisou assumir a identidade do irmão falecido para poder sustentar a família. Ao fazer isso, ela subverte as leis do Talibã, que proíbem mulheres de estudar e trabalhar. O livro foi lançado no Brasil em 2020 e retrata a infância de Nadia, que aos 21 anos conseguiu imigrar para a Espanha.

As meninas ocultas de Cabul: Em busca de uma resistência secreta no Afeganistão, de Jenny Nordberg

Imaginem um país onde ser mulher é tão difícil que as famílias preferem esconder o gênero de suas filhas. Pois foi essa prática que a repórter Jenny Nordberg investigou durante 5 anos. Apesar do Talibã ter saído anteriormente do poder em 2001, os resquícios fundamentalistas ainda existiam na sociedade afegã. Com a nova ascensão dos talibãs o risco às mulheres volta a ser iminente.

Um alerta final

Aqui, do nosso Brasil democrático porém com figuras conservadoras e misóginas no governo, só temos a lamentar o ocorrido no Afeganistão. E destacar uma triste porém verdadeira frase da filósofa e escritora Simone de Beauvoir: 

“Basta uma crise política, econômica e religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados.”

Imagem: Joel Heard/ Unsplash