Eu escrevo histórias. Histórias para crianças, histórias que ouvi, contos, adoro. Quando estava grávida do meu primeiro filho, imaginava tudo o que ia fazer com ele. Os passeios, as brincadeiras, a bagunça. Mas o que eu mais sonhava mesmo era com as histórias que iria inventar pra ele. Com as histórias que iríamos criar juntos.
Ele nasceu. Brincadeiras, passeios, bagunça. Tudo aconteceu melhor do que eu esperava. Comecei a ler histórias pra ele desde muito cedo. Ele era bebezinho e lembro de uma moça que limpava o aeroporto parar ao meu lado e ficar me observando contar história pra ele. Quando acabei, ela perguntou: “mas ele entende?” Conversei com ela e, no final da conversa, ela confessou: nunca leram pra mim. E ficou ali, ouvindo a história conosco. Aquilo me comoveu muito e desde esse dia li com mais paixão ainda. Temos uma combinação de ler três histórias por noite.
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Só que a minha tão sonhada vontade de inventar as histórias, nunca passou disso: vontade. A história mesmo, nunca chegou!
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Meu marido inventa mil histórias. No outro dia, as crianças pedem pra contar a mesma de novo. Ele tenta relembrar, eles vão corrigindo os detalhes esquecidos. Comigo, não sei o que acontece. Até começo a inventar. Nos dias bons, consigo ir até a terceira frase e logo chego ao fim.
Quando escrevo uma história, ela sai rápida, como se já estivesse toda comigo. Ainda bem que eles gostam das histórias lidas pela mamãe e das inventadas pelo papai!
