Dia desses aconteceu uma situação tensa. Uma mãe estava indo buscar seus dois filhos. Para não atrapalhar o trânsito, ela resolveu colocar o carro parcialmente na calçada. Não atrapalhou o trânsito, mas atrapalhou demasiadamente uma vizinha que passava em frente ao local nesse momento.
A vizinha sinalizou que aquilo estava errado. A mãe disse: é rapidinho, só vou pegar as crianças.Nisso, aquela pacata vizinha virou um leão e fez um super discurso: ela também tem uma filha. E quando não tem vaga, estaciona na outra quadra.
As duas discutiram acirradamente. Foram embora nervosas. As pessoas que presenciaram a cena, tomaram partido da mãe.
Ao saber da história, eu pensei: mas a vizinha tá certa. Todas as justificativas da mãe faziam sentido. Mas a vizinha estava certa.
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E se passasse um cadeirante? E se passasse alguém com um carrinho de bebê? E se todos quisessem fazer a mesma coisa? E se passasse uma vizinha que gosta de fazer as coisas bem de acordo com as regras? Eram tantos “e se”…
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Encontrei a mãe no outro dia. Perguntei o que tinha ocorrido, pois só sabia da história contada por outros. A primeira coisa que ela me disse foi: eu fiz errado. Ela me emocionou tanto com essa fala! Porque é assim mesmo. Todos temos os nossos motivos particulares. Mas fazemos parte de um todo. E se cada um conseguir respeitar um pouquinho o todo, ai, que bom seria.
Estava eu nesses pensamentos, no quanto admirei a reflexão dessa mãe, quando passou a vizinha e fomos conversar. Ela me disse: fiquei mal, não precisava ter falado com ela daquele jeito.
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Bom, daí quase fui aos prantos, mesmo. Duas pessoas passaram por uma situação de conflito, se exaltaram, se desgastaram… E pensaram a respeito. E refletiram. E conseguiram enxergar uma à outra.
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O argumento da mãe tinha sido: só vou pegar as crianças.
A vizinha respondeu: que belo exemplo tu tá dando pros teus filhos!
Isso foi no auge da briga. Passado tudo isso, digo: que belo exemplo que essas duas deram para os seus filhos. E para mim. E para todos nós.
