Reporteando

Jornalista vende (?)

Renata Colombo
14 de fevereiro de 2017

Eu sou fã do jornalismo. A essa altura, penso que é alto que já  ficou bastante claro. Acho uma das profissões mais fantásticas e necessárias. E não somente porque é a minha, mas porque penso que cumpre um papel importante na vida em sociedade. Quando coloco algo aqui mais negativo ou reflexivo não é porque sou algum tipo de mensageira do apocalipse ou uma pessimista compulsiva.  Aliás, que fique claro, se tem algo que eu não faço é reclamar. Mas algumas curiosidades nesta vida reporteira chamam atenção. E às vezes não é algo positivo.

“Já vi jornalista vendendo marmita, brigadeiro, suco, salada de fruta, roupas, obras de arte, e por aí vai”

Que o glamour do jornalismo é totalmente  ilusório não se tem dúvidas, afinal, o colega homenageado ou premiado é o mesmo que pisou no barro, no cocô e voltou fedendo a fumaça. Mas uma coisa que tem crescido nas redações e vai além das agruras naturais da profissão é o famoso “bico”. Já vi jornalista vendendo marmita, brigadeiro, suco, salada de fruta, roupas, obras de arte, e por aí vai. Tudo para engordar o porquinho no final do mês, já que nosso salário não acompanha a inflação há muitos anos.

Piso salarial do jornalista

Para se ter uma ideia, o piso de jornalista no Rio Grande do Sul (entre os mais baixos do país) é de R$ 2.231,69 em Porto Alegre e R$ 1.900,34 no interior do Estado. Diria que é a média do país. No Brasil, nos estados em que o piso é definidos, os valores variam de R$ R$ 1.115,44 para jornalistas do interior do Rio de Janeiro (sim, acredite) a R$ 3.254,92 no Paraná.

Nem sei dizer se é simplesmente um direito do jornalista ganhar salários melhores de maneira geral, porque, afinal, precisamos nos sustentar como qualquer outra classe trabalhadora, ou se passa um merecimento por tanta dedicação e sacrifício a que somos submetidos diariamente, por ser da natureza da profissão. Afinal, não existe jornalista mais ou menos, este não se cria. Nessa profissão o mergulho é de cabeça.

E precisamos é garantir o plano de saúde em caso de afogamento.