A tragédia do fim de semana em Charlottesville traz um alerta sobre o avanço do neonazismo e dos supremacistas brancos nos Estados Unidos. Muito já se falou sobre o assunto na mídia, mas ao pensar em que livro poderia trazer uma reflexão sobre o assunto, pensei em pesquisar sobre a obra de Nietzsche, erroneamente associado ao nazismo e ao anti-semitismo.
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Em sua obra Para Além do Bem e do Mal, o filósofo alemão demonstra não ter preconceito contra os judeus:
“É certo que os judeus [por serem a raça mais forte e mais rija que vive na Europa], se quisessem – ou, se fossem obrigados a tal, como os anti-semitas parecem querer -, poderiam desde já ter a preponderância, mais ainda, falando de modo completamente literal, o domínio da Europa; é também certo que não trabalham nem fazem projetos nesse sentido. Ao contrário, o que pretendem e querem, no momento, até com certa insistência, é ser absorvidos e integrados à Europa, pela Europa; desejam se fixar seja onde for e ser admitidos, respeitados e dar um fim à vida nômade, ao “judeu errante”
Já no livro Ecce Homo, Nietzsche, posteriormente reverenciado por Hitler, demonstra seu desprezo pelos próprios alemães.
O filósofo, que morreu no ano de 1900, foi associado postumamente ao nazismo em razão de sua irmã, Elizabeth Foster-Nietzsche, ter utilizado e deturpado suas obras em favor da ideologia de extrema-direita. Ela foi a responsável por uma compilação chamada Der Wille zur Macht (Vontade de Potência) e ajudou a construir essa associação equivocada de Nietzsche com o regime criado por Hitler.
Quem dera os extremistas da atualidade entendessem que propagar o ódio, o racismo e a intolerância não passam da mais pura estupidez e a prova de que o conceito de Super-Homem criado pela filosofia nada tem a ver com esse tipo de comportamento (para dizer o mínimo) reprovável.
