A escolha do jurista Joaquim Falcão como imortal na Academia Brasileira de Letras me chamou a atenção nos últimos dias. Um especialista em Supremo Tribunal Federal em plena época de comoção em torno das decisões do STF em questões sensíveis como a Lava-Jato e a prisão do ex-presidente Lula? Não é, no mínimo, curioso?
Em entrevista à Agência Brasil em sua posse, no dia 19 de abril, Falcão foi questionado sobre sua opinião a respeito do Supremo:
“O Supremo representa o sentimento de justiça do Brasil, assim como os intelectuais representam a consciência do povo brasileiro”, afirmou.
Ao comentar o papel do STF no momento atual, Falcão foi direto: “O Supremo não vai falhar ao Brasil.”
.
O interessante é que não é de hoje que Joaquim Falcão analisa o papel do STF na política brasileira. Em pleno processo de impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, ele escreveu o seguinte em uma coluna assinada no jornal O Globo:
Quem mais pede para o Supremo interferir em si mesmo tem sido o próprio Congresso. Desconsiderando–se em sua própria independência. É quase automutilação. Na maioria das vezes é armadilha. Contra isto, o Supremo já poderia ter construído jurisprudência, uma autodefesa contra o abuso de seu uso. Não construiu. Estará construindo agora?
O resultado tem sido a centralização, a suprema judicialização inclusive dos destinos de uma nação.
Leia o artigo completo aqui.
__ . __
O adeus a Nelson Pereira dos Santos
Poucos dias depois da posse de Falcão, a Academia Brasileira de Letras perdeu o primeiro cineasta a ser integrante da ABL: Nelson Pereira dos Santos.
Sua filmografia tinha tudo a ver com a literatura: levou para as telonas Vidas Secas – um dos filmes brasileiros mais premiados de todos os tempos – e Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos, por exemplo. No velório. em plena Academia Brasileira de Letras, foi homenageado com a exibição de trechos de filmes inspirados em livros. Teve uma inegável contribuição para a cultura brasileira.
