Tão série

Soundtracks – Canções que marcaram a história

Geórgia Santos
29 de abril de 2017
USA. Alabama, Montgomery. The Great Freedom March. Martin Luther KING Jr. led a group of marchers from Selma to Montgomery to fight for black suffrage.

“An artist’s duty, as far as I’m concerned, is to reflect the times.

Nina Simone

Em tradução livre, Nina Simone diz que o dever do artista, até onde ela sabe, é retratar o período em que vive. Obviamente é uma afirmação da qual um pintor ou um poeta podem se apropriar, mas ela se referia à música. A sua arte, a arte que ela levava tão a sério. Não sei se essa frase foi a inspiração de Dwayne Johnson (ele mesmo, The Rock) para produzir o programa “Soundtracks – Songs that defined history”, mas certamente é a isso que o programa se refere.

A nova produção da CNN, é um tributo ao que a música é capaz de fazer em uma sociedade em constante movimento

 

A ideia é identificar a trilha sonora de grandes acontecimentos de nosso tempo, identificar ou relembrar as “Canções que marcaram a história”, como diz o título. No primeiro episódio, ouvimos Nina Simone e Stevie Wonder, entre outros, durante a luta pelos direitos civis. Sete décadas de protestos por um mundo melhor; no segundo episódio, Billy Joel e o seu “New York State of Mind” após o 11 de setembro e Bruce Springsteen externando toda a dor de um povo em um álbum.

O programa foca em eventos históricos para a população norte-americana, já que é exibido nos Estados Unidos, mas isso não significa que não possa ser apreciado por um outsider. Afinal, a luta pelos direitos civis na década de 60 em solo americano foi também a luta da população negra de todo o mundo por uma sociedade mais justa e igual. Martin Luther King Jr é um herói da humanidade e, ainda hoje, todos os que batalham contra o racismo querem gritar “Mississipi Goddam”.

O primeiro episódio mostrou que o protesto está na voz de todos os inconformados e a música nos ajuda a verbalizar as reivindicações e a imortalizá-las

 

 

Já o segundo episódio mostra o quanto a música pode mexer com nossas emoções. Pode curar, mas também pode abrir uma ferida

 

Ainda há seis episódios pela frente – ao menos dessa primeira temporada – e, confesso, estou ansiosa. É raro ver uma produção com tamanha qualidade e sensibilidade. Sem cair no clichê, no óbvio. Sem recorrer ao mais fácil. Mas cavando fundo no que a nossa sociedade tem de mais dolorido e papel da música para na constante rotação da terra.