“An artist’s duty, as far as I’m concerned, is to reflect the times.
Nina Simone
Em tradução livre, Nina Simone diz que o dever do artista, até onde ela sabe, é retratar o período em que vive. Obviamente é uma afirmação da qual um pintor ou um poeta podem se apropriar, mas ela se referia à música. A sua arte, a arte que ela levava tão a sério. Não sei se essa frase foi a inspiração de Dwayne Johnson (ele mesmo, The Rock) para produzir o programa “Soundtracks – Songs that defined history”, mas certamente é a isso que o programa se refere.
A nova produção da CNN, é um tributo ao que a música é capaz de fazer em uma sociedade em constante movimento
A ideia é identificar a trilha sonora de grandes acontecimentos de nosso tempo, identificar ou relembrar as “Canções que marcaram a história”, como diz o título. No primeiro episódio, ouvimos Nina Simone e Stevie Wonder, entre outros, durante a luta pelos direitos civis. Sete décadas de protestos por um mundo melhor; no segundo episódio, Billy Joel e o seu “New York State of Mind” após o 11 de setembro e Bruce Springsteen externando toda a dor de um povo em um álbum.
O programa foca em eventos históricos para a população norte-americana, já que é exibido nos Estados Unidos, mas isso não significa que não possa ser apreciado por um outsider. Afinal, a luta pelos direitos civis na década de 60 em solo americano foi também a luta da população negra de todo o mundo por uma sociedade mais justa e igual. Martin Luther King Jr é um herói da humanidade e, ainda hoje, todos os que batalham contra o racismo querem gritar “Mississipi Goddam”.
O primeiro episódio mostrou que o protesto está na voz de todos os inconformados e a música nos ajuda a verbalizar as reivindicações e a imortalizá-las
Já o segundo episódio mostra o quanto a música pode mexer com nossas emoções. Pode curar, mas também pode abrir uma ferida
Ainda há seis episódios pela frente – ao menos dessa primeira temporada – e, confesso, estou ansiosa. É raro ver uma produção com tamanha qualidade e sensibilidade. Sem cair no clichê, no óbvio. Sem recorrer ao mais fácil. Mas cavando fundo no que a nossa sociedade tem de mais dolorido e papel da música para na constante rotação da terra.
