Raquel Grabauska

Mãe Careta

Raquel Grabauska
24 de agosto de 2018

Dia desses nos encontramos entre adultos. Começamos a brincar, jogar, rir muito. Todos com filhos. Tava um momento tão lindo dos pais (pais que estão sempre proporcionando momentos lindos para os filhos), que naquele instante focamos em nós. Um filho pediu o celular, o pai deu. Outra pediu, ganhou. E assim foi. Os meus olharam pro meu marido: porque eles podem e nós não? Ganharam. Aquele dia me deu um aperto. Porque se não tivesse celular, eles estariam brincando.

Dois dias depois, encontramos um amigo querido dos guris no almoço. Ele já chegou com celular. Nem almoçaram. Só jogaram. Achei tão triste!

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De uma amiga sobre a filha: “Ela por exemplo tá de férias agora, mas não sinto que tô inteira… porque continuo trabalhando…”

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Viajamos de avião e meu filho menor jogou no celular durante vôo – a gente também não quer ser E.T. Mas foi o próprio inferno. Ele só queria fazer isso. Com o maior, eu conversei e ele entendeu e cedeu. Mas com o menor, precisou eu ter um chilique com o meu marido. Ele é bem legal, e eu também sou, mas disse que se ele desse o telefone de novo, eu ia embora na hora. Imagina o tanto que me irritei.

Então, nas férias, fiz uma desintoxicação. No dia seguinte, comprei canetas, papel e livro de colorir. Brincaram a tarde toda, nem quiseram ver televisão.

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Da minha amiga: “Bah, pior que ela (a filha) quando tem lápis e coisas pra pintar fica muito tempo. Mas tem vezes q eu esqueço disso e parece ser mais fácil ligar a TV, o jogo…”

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E ela é uma ótima mãe. Ótima! Mas a questão é que é fácil na hora, depois, é o próprio inferno. Eu quando chego em casa, sei, só pelo jeito dos guris, se assistiram algum desenho violento ou jogaram. É muito visível o quanto se alteram. Meu filho maior tá questionando sobre quando terá seu próprio celular. Se depender de mim….

Sou atriz, utilizo tratamentos alternativos de saúde, sou a senhora dos orgânicos, nunca imaginei que seria a mãe careta! Mas sou. Assumidamente careta.