Voos Literários

Maravilha de Feminismo

Flávia Cunha
2 de maio de 2017

O que um livro sobre a Mulher Maravilha, personagem clássica de HQs, faz na seção de Ciências Sociais de uma livraria na Califórnia? Foi essa intrigante questão que me trouxe a editora-chefe do Vós, a jornalista Geórgia Santos. Em uma pesquisa a respeito da obra The Secret History of Wonder Woman (A História Secreta da Mulher Maravilha, em tradução livredescobri o motivo, até então desconhecido para mim: a criação da super-heroína teve influência do movimento feminista e das sufragistas, que lutaram pelo direito de voto feminino.

“Nunca tinha parado para pensar no ambiente social em que a super-heroína foi criada, o que é desvendado pelo livro escrito pela historiadora (e jornalista) norte-americana Jill Lepore”

Meu amor à Mulher Maravilha nada tem a ver com literatura ou feminismo, duas outras paixões da minha vida. Na verdade, remete ao meu desejo infantil (não realizado) por uma fantasia da personagem, com aquele emblemático shortinho de estrelas. Depois de adulta, desenvolvi uma saudável obsessão pela personagem, o que faz com os mais chegados sempre lembrem de mim quando encontram algo a respeito da MM.

Nunca tinha parado para pensar no ambiente social em que a super-heroína foi criada, o que é desvendado pelo livro escrito pela historiadora (e jornalista) norte-americana Jill Lepore. Conforme a publicação, a personagem foi criada por um psicólogo excêntrico, chamado William Moulton Marston, que atuava como uma espécie de consultor pela editora DC Comics.

O comunicado à imprensa na época do lançamento, em 1941, tem um tom extremamente arrojado e feminista

“A Mulher Maravilha foi concebida pelo Dr. Marston para estabelecer entre as crianças e os jovens um padrão de feminilidade forte, livre e corajosa; para combater a idéia de que as mulheres são inferiores aos homens, e para inspirar as meninas a terem autoconfiança para conquistas no atletismo, nas ocupações e nas profissões monopolizadas por homens, porque a única esperança para a civilização é a maior liberdade, desenvolvimento e igualdade das mulheres em todos os campos da atividade humana.”

 

A obra ainda não tem tradução para o português (alô, editoras!!). Para quem se interessou, aqui é possível saber mais a respeito do livro. Para quem domina o inglês, tem um texto ótimo do The Economist, a respeito do que eles intitulam como as estranhas raízes de um ícone norte-americano. 

E confesso que depois de saber mais detalhes a respeito dos bastidores da criação da Mulher Maravilha, minha porção intelectual ficou mais tranquila em gostar tanto desse ícone da cultura pop.